Obama quer diálogo com América Latina e suavizar restrições a Cuba
O candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, manifestou hoje o seu interesse em estabelecer um «diálogo respeitoso» com líderes da América Latina, inclusivamente com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
Obama disse também pensar em «suavizar» as restrições às remessas enviadas pelos cubanos que residem nos EUA para os seus familiares em Cuba.
Em entrevista hoje à Radio Caracol, na Florida, Obama disse que Chávez tem explorado o sentimento anti-americano na América Latina em grande parte porque «os EUA estiveram muito obcecados com o Iraque» e o país não se focou «o suficiente na situação da América Latina».
«Enquanto passámos um ano inteiro a falar do Iraque, só dedicámos uma semana à América Latina, e isto criou um vazio que pessoas como Hugo Chávez conseguiram preencher», declarou o candidato.
Obama afirmou que os EUA devem fazer com que Chávez saiba que não estão interessados em continuar a propagar o sentimento anti-americano na região, mas que estão interessados em «estabelecer um diálogo respeitoso com todos na América para procurar uma forma de melhorar a sua qualidade de vida», declarou.
A campanha do candidato republicano à Casa Branca, John McCain, divulgou na semana passada um anúncio na televisão atacando Obama e usando imagens do presidente venezuelano.
O vídeo começa com declarações de Chávez comunicando a sua decisão de expulsar o embaixador dos EUA em Caracas, Patrick Duddy, e aproveita as imagens para criticar a decisão do democrata de se reunir com líderes estrangeiros.
«Vão para o inferno ianques de m****, pois aqui há um povo digno. Vão para o inferno 100 vezes!», disse então Chávez para expulsar Duddy.
O candidato democrata acrescentou na entrevista que a «liberdade do povo de Cuba é de interesse nacional» e por isso deve pressionar o presidente cubano, Raúl Castro, e o seu Governo para conseguir a libertação dos presos políticos e «criar liberdade política, de expressão, de imprensa e religião».
Para isto, é necessário que os EUA se movam «em direcção a uma nova era de uma política diferente para avançar rumo ao século XXI e não ficarmos no século XX», disse.
«Pode-se começar a afrouxar as restrições sobre as remessas enviadas pelos familiares dos cubanos e também a suspender as restrições para que os cubanos possam visitar os seus parentes na ilha com mais frequência», declarou Obama.
Estas remodelações enviariam um sinal de que os EUA estão «dispostos a contemplar outra via», mas esclareceu que manterá o embargo à ilha até ter um «sinal claro de que há liberdade política em Cuba, para poder manter uma ferramenta caso haja uma negociação directa».
Lusa