DN - 06 de Junho de 2008
Armada está em risco de perder um quinto dos soldados fuzileiros
Defesa. Número de militares voluntários a querer sair das Forças Armadas aumentou em 2008
Milhares de candidatos civis e militares concorrem aos quadros da GNR e PSP
Um quinto dos soldados e cabos do Corpo de Fuzileiros candidatou-se a ingressar nas forças de segurança, no âmbito dos concursos abertos nas últimas semanas, soube ontem o DN junto de fontes militares.
Este é um indicador parcial do conjunto de militares voluntários e contratados dos três ramos das Forças Armadas - cujo limite de permanência nas fileiras é de seis anos - que anunciaram ir candidatar-se aos quadros da GNR, PSP, SEF, Guardas Prisionais, PJ ou Polícia Marítima.
No caso da GNR, o concurso aberto em Maio para 983 vagas atraiu cerca de 11 000 candidatos civis e militares (números provisórios, dada a dispersão dos locais onde os documentos poderiam ser entregues e cujo processo de recolha ainda decorre), disse ao DN um oficial superior da Guarda. A PSP, num concurso quase simultâneo e para um total de "até 1000 vagas", contabilizou 4635 candidaturas (dados igualmente provisórios), adiantou a Polícia.
Fontes da Armada e da Força Aérea confirmaram que houve este ano um aumento no número de militares que disseram ir concorrer a organismos externos aos ramos - situação que também deverá ter ocorrido no Exército, embora os dados deste ramo ainda não sejam conhecidos.
No caso da Força Aérea, que tem 1992 praças e "faltam 958", foram recebidos 288 pedidos de autorização para concorrer a lugares no exterior. No caso dos oficiais, há 1754 e "faltam 274"; em sargentos, existem 2440 e "faltam 350", precisou o ramo.
O Corpo de Fuzileiros - onde uma das últimas incorporações teve apenas "uns 30" mancebos - regista nos últimos anos um défice de quase 250 praças face ao "efectivo necessário" de 1480 soldados e cabos. Os dados disponíveis revelam que duas centenas e meia de fuzas (228 dos quais praças) - um quinto do actual efectivo de 1250 - informou ter-se candidatado às forças de segurança (maioritariamente para os quadros da Polícia Marítima e da GNR).
A "ausência de estímulos [financeiros] internos" (leia-se missões no estrangeiro, para as quais só têm sido enviadas tropas pára-quedistas e comandos), "a percepção de que as vagas para a GNR e a PSP eram muitas este ano", ou o "reduzido número de vagas anuais" para ingresso nos quadros permanentes, foram as principais razões avançadas ao DN por fontes da Marinha. No total das diferentes especialidades, este ramo registou 483 pedidos de saída.
"A Marinha vê com alguma preocupação" a potencial fuga de efectivos. Mais, "se as pessoas concorrem a outros lugares, significa que esperam conseguir melhores condições nesses lugares", frisou uma fonte.