« Responder #26 em: Novembro 27, 2007, 05:43:47 pm »
Musharraf, futuro «presidente civil», diz adeus aos militaresO chefe de Estado paquistanês reeleito, general Pervez Musharraf, iniciou hoje uma ronda de de despedida pelos quartéis, forçado a deixar a chefia das Forças Armadas antes de tomar posse quinta-feira como «Presidente civil».
Na chefia das Forças Armadas ficará o general Ashfaq Kiyani, 55 anos, leal a Musharraf, nomeado a 08 de Outubro vice-chefe do Estado-Maior e que deverá tomar posse quarta-feira, em Rawalpindi.
Com esta «passagem de poder», os cerca de 160 milhões de habitantes da República Islâmica do Paquistão, a única potência nuclear confirmada do mundo muçulmano e com 500.000 soldados, deverão assim iniciar, pelo menos formalmente, um período de democracia «normal».
Desde a independência há 60 anos, o país viveu a maior parte do tempo sob o poder de generais que tomaram o poder em golpes de Estado e outra parte sob o comando do Exército que controlava, de facto, os governos civis.
Mas a crise política que o Paquistão vive há oito meses e que se agudizou com a imposição do estado de emergência a 03 de Novembro, não deverá ser resolvida com o abandono de Musharraf da chefia das Forças Armadas.
A oposição, tal como a comunidade internacional, continua a exigir um «verdadeiro regresso à democracia» e que o Presidente Musharraf levante o estado de emergência antes das eleições legislativas de 08 de Janeiro.
Pervez Musharraf iniciou hoje uma ronda de dois dias pelo Estado-Maior General das Forças Armadas na cidade de Rawalpindi, na periferia de Islamabad.
As tropas desfilaram perante o antigo membro dos comandos das forças especiais, que sempre considerou o uniforme como uma «segunda pele», e que para esta ocasião vestiu o de gala, coberto de medalhas.
Chefe do Estado-Maior do Exército desde 07 de Outubro de 1998, Musharraf tomou o poder num golpe de Estado sem derramamento de sangue um ano mais tarde, a 12 de Outubro de 1999.
Em 2002, o golpe foi legalizado pela justiça e o parlamento confirmou-o na presidência após um referendo.
A 06 de Outubro passado, numa altura em que o seu poder era cada vez mais contestado na rua, Musharraf foi reeleito pelo mesmo parlamento, bem como pelas assembleias provinciais.
Mas o Supremo Tribunal - a pedido da oposição que contestava a elegibilidade de Musharraf - suspendeu a proclamação dos resultados, pendentes de uma decisão.
A 03 de Novembro, o general Musharraf decretou o estado de emergência, invocando a ameaça fundamentalista, enquanto a oposição e a comunidade internacional o acusaram de querer travar a mais alta instância jurídica do país.
No dia seguinte à imposição do estado de emergência, Musharraf afastou a maioria dos juízes que lhe eram hostis e na última quinta-feira o novo Supremo validou a sua reeleição.
No entanto, há vários meses tinha já prometido - como definido na Constituição - demitir-se da chefia das Forças Armadas, o que deverá formalizar quarta-feira, antes de prestar jurament dia seguinte.
Ao mesmo tempo, Musharraf quer manter o estado de emergência ao afirmar que é a única maneira de garantir um ambiente seguro para as legislativas e provinciais de 08 de Janeiro, quando o país regista uma vaga de atentados sem precedentes que causou mais de 250 mortos, em pouco mais de quatro meses.
Foi em Rawalpindi que um duplo atentado suicida causou 18 mortos sábado, quando um veículo armadilhado chocou contra uma viatura militar no recinto do próprio Estado-Maior, e outro contra um posto de controlo à entrada de uma base militar dos serviços de informação.
Diário Digital / Lusa