Tenham karma pá, não se zanguem!

Só umas notas:
1) A Alemanha vai adquirir 03 C-130J-30 e 03 KC-130J "equipped with electronic warning and warfare systems, L3 Wescam MX-20 EO/IR imaging sensors, secure communications, precision navigation and cryptographic equipment, and night-vision devices for the aircrew".
2) A EMB estava a pedir, salvo erro, 950 milhões de euros por 05 aeronaves (que era suposto custarem 50 milhões de USD/unidade, como sempre foi anunciado), 01 simulador, treino, sobresselentes e, possivelmente, contrato de manutenção. Tentámos comprar os motores e equipamento electrónico separadamente, desistir do simulador, tudo para tentar levar o negócio para a frente. Até parecia que tínhamos mais interesse em comprar que a EMB em vender.
3) A nossa participação no projecto é um mito que beneficiou maioritariamente a EMB. O Estado português entrou com 84 milhões de euros ou mais e a UE com pelo menos 24 milhões em fundos comunitários. Isto dá 470 milhões de reais, o que é uma quantia significativa, face aos 4 ou 5 mil milhões de reais que o Estado brasileiro investiu no programa.
4) A EMB é o accionista maioritário das OGMA pelo que não vamos beneficiar grandemente da produção industrial. Criaram-se umas centenas de empregos técnicos e científicos, mas qual vai ser a duração destes? Será que vão sobreviver ao takeover da Boeing?
5) O facto de o Ká-Cê ser um avião novo parece não preocupar alguns. Mas se olharmos para a história recente das aquisições militares portuguesas, há uma tendência por se optar por projectos demasiado jovens, sem grande penetração no mercado e, por vezes, até somos o primeiro cliente a adoptar esses produtos. Se formos simpáticos podemos dizer que as coisas podiam ter corrido pior. Eu e outros já aqui discutimos isto até à exaustão, mas nunca é demais recordar. EC635, não temos! NH90, não temos! A400M, não temos! EH101, a maioria estão parados! Pandur II, só recebemos 2/3 do planeado e sabe-se lá quantos estarão operacionais, mas arriscaria cerca de 50%. Submarinos, correu bem felizmente. C-295, também correu bem felizmente.
6) Quando os Ká-Cês da FAP estiverem empenhados num cenário longínquo, juntamente com aliados que operam C-130J e A400M e um dos Ká-Cês ficar encostado por falta de um sobresselente que poderia ser facilmente cedido por um dos aliados, como acontece frequentemente, não vamos poder agradecer-lhes. Mas talvez as fábricas da Boeing ainda operem em Portugal, por isso tá-se bem.