Sintra, o meu forte aplauso ao seu texto.
E a minha admiração pela paciencia em explicar o que devia ser evidente.
A memória é curta - "Fariseus de luva branca", já o meu bisavó os chamava.
Será que não é evidente que muitos dos problemas que hoje temos têm origem nesse "periodo abençoado"? Que até os excessos revolucionários são resultado do regime podre que nos fizeram aguentar...?!
Que na parte final da Republica, antes do "milagre" 28 Maio de 1926, a contas publicas (o já famoso défice) estvam no bom caminho, que o grande descalabro foi provocado pelos militares no poder (que chamaram um professor de finanças de Coimbra para limpar a porcaria por eles aumentada...)? Que a ditadura terminou com um dos planos dos governos anteriores de apostar na educação universal? Que Portugal teriamos hoje?
sim de facto! que protugal teriamos hoje se a revolução jacobina tem levado a melhor?
antes de mais viveriamos provavelmente sob o jugo comunista dada a força que os "democratas"(leia-se comunistas) tinham no regime.
depois o país teria ido à falência com o "saneamento das contas públicas" que consistia basicamente em pedir emprestado uma verba astronómica que nos empenharia até aos dias de hoje, e em lançar impostos que aniquilariam a classe média.
na altura já se vivia um clima de terror, os padres eram persequidos e assassinados, todos os adeptos declarados da monarquia foram perseguidos e muitos exilados.
A população em geral era ameaçada pelas forças armadas controladas pelos jacobinos e principalmente pelos ferrabrazes da carbonária.
a economia era dirigida pelo estado que controlava os bancos, os transportes, os monopólios comerciais, etc. no fundo algo muito semelhante com o que se passa agora em que o governo mete a sua pandilha no controlo das empresas estatais, paga a peso de ouro.
A tal educação universal consistia basicamente, como aliás tudo o que saiu alguma vez das revoluções jacobinas, em perseguir professores, queimar livros, reescrever a historia e adulterar o conhecimento numa tentativa de instrumentalizar a ciência.
não se construiu uma universidade, mas fecharam-se faculdades e prenderam-se professores (curiosamente foi sidónio pais quem posteriormente concedeu uma amnistia alargada a muitos dos prisioneiros políticos, depois os jacobinos mataram-no), não se fez uma escola mas fecharam tudo o que era a obra educativa da igreja o que deixou populações inteiras entregues ao analfabetismo.
fecharam-se os lares e as obras de caridade da igreja o que deixou populações na miséria mais abjecta.
prenderam-se pensadores e intelectuais, fecharam-se jornais, assassinaram-se opositores políticos, etc, etc
e muito mais teriam feito não fosse o medo que tinham de que o povo se sublevasse (pouco faltou, aconteceu mesmo no norte)
e aquando da monarquia do norte tiveram de comer sapos vivos para se manterem no poder e congregarem apoios para retomarem o poder.
Paiva Couceiro foi um pouco naife, ou talvez por ser uma pessoa de bem não quisese recorrer ao tipo de resistencia que teria sido eficaz. a resistencia de guerrilha interna!
mesmo assim os jacobinos tremiam sempre que o homem passava a fronteira com a sua meia dúzia de maltrapilhos praticamente desarmados.
aliás os jacobinos só se aguentaram nessa altura porque muitos dos opositores temiam que paiva couceiro fosse tentar restaurar o regime "rotativista" que foi o grande causador da queda da monarquia e ao qual a monarquia é em larga medida alheia.
mesmo muitos monárquicos acabaram por apoiar a república por não quererem o regresso desse regime.
curiosamente paiva couceiro pretendia que o rei cumprisse com a carta e que fossem realizadas eleições livres
entretanto as clientelas politicas dos jacobinos foram preenchendo os cargos e lugares da administração pública nacional e local.
e começou o deboche, o esbulho do erário público, a gestão danosa, o conluio, a corrupção, a extorsão pura e simples e todo o tipo de abusos de poder e má conduta institucional.
Fernando Pessoa escreve sobre isso na sua prosa e em cartas.
alude ao estado caótico dos serviços públicos onde os funcionários se dedicavam alegremente a extorquir quem quer que a eles recorresse.
menciona o estado a que tinham chegado as finanças do país a ponto do governo não pagar aos fornecedores à anos.
tambem refere os atrasos no pagamento dos ordenados aos funcionarios publicos e todos os incómodos e obstáculos que tudo isto criava no dia a dia.
parece que ha muita gente que quer tapar o sol com uma peneira, mas nem esses conseguem eslpicar como é que o exército, que derrubou a monarquia e sustentou a causa republicana acabou por a derrubar.
se calhar o descalabro era tanto que o mau cheiro começou a ser insuportavel na caserna.
quanto ao descalabro provocado pelos militares só a rir, os militares mais não fizeram do que avaliar a verdadeira extensão do pesadelo e procurar uma solução, não chegaram a fazer nada, nem bom nem mau, e fizeram bem porque entregaram o problema a quem o soube resolver.
de notar ainda que neste periodo entre a queda da monarquia e o 28 de maio portugal retrocedeu no seu desenvolvimento dezenas de anos, uma geração nas palavras de Fernando Pessoa. Curiosamente uma geração é precisamente o atraso que ainda temos face à Europa.
ora façamos as contas.
no tempo da monarquia portugal estava atrasado mas tinha recuperado muito com a regeneração de fontes pereira de melo se bem que o progresso tivesse estagnado durante o rotativismo. este atraso até nem era muito grande apesar do pais ser relativamente parco de recursos, em algumas coisas nãos estávamos mais que uma década atrás da média europeia
depois, na republica e até ao 28 de maio atrasámos mais uma geração.
durante o estado novo recuperámos muito a princípio, com o plano centenário na educação, as reformas financeiras e sociais, a lei e a ordem (que na altura funcionavam bem melhor que hoje) e o tímido aparecimento da segurança social.
durante a guerra ficámos a marcar passo face ao prodigioso progresso tecnologico que o conflicto provocou.
depois da guerra teriamos umageração de atraso, logo sempre ganhámos alguma coisa com o estado novo.
depois da guerra enquanto evoluímos nas infraestruturas, nas instituições e na administração marcámos passo no plano económico devido ao atraso tecnológico. só nos anos 70 o estado novo parecia estar a obter resultados com os retornos dos investimentos feitos até aí (estradas, rede electrica, telefones, TAP, CP, navegação maritima, grandes companhias ultramarinas, etc.).
Depois veio o 25 de Abril e continuamos com uma geração de atraso.
é verdade que a culpa do atraso tb é do regime pós abril, mas não foi esse regime quem o criou originalmente, foi precisamente a sua querida república!
portugal foi uma potencia global com a monarquia, na república perdeu tudo o que tinha e passou a ser apenas uma memória de sí mesmo.
na monarquia o povo tinha uma voz permanente junto do rei, na república essa voz prega para as orelhas moucas de uma classe política que a pretende representar mas não o faz.
com a monarquia nasceu em portugal a democracia, a constituição, os altos ideais de liberdade e bem público, a liberdade de espressão e o móbil do progresso, a república cristalizou tudo isso na forma de discursos de ocasião, instrumentalização dos meios de comunicação, concluio inter-partidário e clientelismo.
a monarquia garantiu a espanha uma estabilidade governativa que atravessou regimes e lhe trouxe um progresso a par das outras nações europeias, em portugal esta república continua a crescer abaixo da europa.
qual é o problema? é que esta república é filha da outra. e cá temos os herdeiros dos jacobinos a governarem(-se)