Isso ocorre? desconheço esse fato, pelo menos quanto a magnitude e importância do que se tenta impor a tais afirmações. Temos três escolas de formação de engenheiros de primeira linha, ITA (aeronáutica), IME (Exército) - um cara do IME apresentou uma tese de doutorado onde descreve todo o modelo físico e matemático de uma ogiva termo nuclear W87, a mesma que equipa a cabeça de guerra dos mísseis LGM-30 Minuteman, governo americano e EIA ficaram malucos - e a USP, onde forma engenheiros em geral e aeronáuticos.
Que bom. Então o cara do IME que desenvolva também os compósitos necessários a serem utilizados na produção das aeronaves. Com isto quero dizer que não interessa apenas que tenham "engenheiros" de primeira linha, o que interessa é a área específica, o conhecimento e a experiência. E a área não é apenas a aeronáutica mas todos os métodos e tecnologias utilizadas no desenvolvimento e na produção das aeronaves.
"100-200 Brazilian engineers are heading to #Sweden to start working on the #Gripen plane." ~ Swedish national newspaper SvD, 14 Feb 2015
http://www.forumdefesa.com/forum/viewtopic.php?p=252591#p252591O prefeito
O prefeito/vereador/presidente, o presidente da associação empresarial local, e o dono da tasca até podem querer o que quiserem, mas as vontades locais (especialmente quando envolve financiamento nacional e europeu) nunca vão sobrepor a estratégica económica nacional nem sobrepor os interesses das outras empresas nacionais.
Eu li um artigo - apenas uma parte pois não tinha assinatura - num jornal português cujo o título era: "Um avião chamado KC-390", pelo que pude ler, ele destacava a escolha de Portugal por motivos de laços culturais e outras coisas e ainda observava que a produção poderia ir "para qualquer país da Europa, aqui do lado mesmo", dizia o autor, talvez se referindo a Espanha.
Nunca se esqueça do sal ao ler um artigo de jornalismo português. Especialmente na área da defesa. O jornalismo português é muito na base do
copy-paste de
press releases e de artigos da Agência lusa e o jornalismo que é relacionado a assuntos militares é sempre de péssima qualidade. Os principais jornais portugueses, sejam em papel ou online, pertencem a partidos políticos ou a grandes grupos empresariais. É praticamente como o jornalismo em qualquer parte do mundo.
Não me parece que seja difícil fabricar um KC-390 com o modo de reabastecimento adequado aos caças Lusos, se for aquela lança com aletas que esteja se referindo.
Sim, da mesma forma como não será difícil fabricar um sistema, até mesmo adicional em que não é preciso fabricar a aeronave de raiz com essa capacidade, para outras aeronaves como o C-130, A400M, An-178 ou An-70. O principal ponto prende-se ao facto de Portugal não ter essa necessidade operacional que force estar a ter os seus próprios meios, quer seja para enviar para missões ou quer para manter a capacidade de reabastecimento aéreo através do treino dos pilotos de F-16 ou EH-101. Os treinos a nível europeu e NATO preenchem essa necessidade.
Me parece que com o advento do KC-390 e sua produção em Portugal, vejo como difícil alguém por aí comprando um C130J novo no lugar de um 390.
Ora aqui está uma coisa bem importante. Mesmo com a produção em Portugal do 390 o C-130J continua com vantagens face ao avião da Embraer pelos motivos que você mesmo já tem apresentado, inclusive aqueles relacionados com as comparações de capacidade com o A400M e os factores financeiros que iriam contra a aquisição dos A400M.
Portugal também produz componentes para o C-130J e várias empresas portuguesas estão "metidas na cama" com a Lockheed Martin, e outras empresas subcontratadas para o fabrico do C-130, em projectos de desenvolvimento e investigação fruto das contrapartidas das várias aquisições de material militar da Lockheed Martin ao longo dos anos. (C-130H, P-3, F-16, etc.)
Portugal tem ligações mil vezes mais fortes com os EUA do que o Brasil na aquisição de equipamento militar e objectivos comuns em matéria de estratégica de defesa. A NATO e a Europa tem muito mais peso que a CPLP algo vez irá realmente ter. A Força Aérea Portuguesa também irá sempre operar mais junto das forças norte-americanas e europeias (que ora utilizam na maioria C-130J ou A400M) do que as forças brasileiras.
O uso do C-130 (seja actualmente do H ou futuramente de um J) dá-nos acesso à escola de aviação militar norte-americana a um bom custo para formação de pilotos, navegadores, loadmasters, técnicos, etc. E esta é uma escola que dá conhecimentos e experiência militares que não podem ser dados por qualquer país ou por um qualquer simulador de uma empresa.
Uma aquisição do C-130 terá sempre maiores vantagens financeiras através dos programas de apoio norte-americanos, mesmo sem termos a base das Lajes como moeda de troca. Mesmo se não for com as aeronaves com preço mais reduzido será com custos menores em formação e equipamento/ferramentas de manutenção ou linhas de crédito. Daria-nos também acesso à logística das forças norte-americanas o que faz um universo de diferença quer quando destacados em qualquer parte do mundo ou quer em custos de manutenção e operacionais.
Os C-130J também partilham parte da sua logística e infraestrutura com os C-130H, o que significa menos tempo e dinheiro gasto na conversão dos pilotos (especialmente dos pilotos-comandantes de que temos tanta falta) do pessoal de apoio e manutenção da aeronave. Também não seria necessário estar a gastar muito dinheiro em infraestrutura nova para apoiar as novas aeronaves. O C-130 também partilha componentes com os P-3 Orion.[/quote]
Esse motivo da compra às cegas do 390 por ser construído em parte cá em Portugal não cola. A Embraer alguma vez ia estar a colocar uma fábrica cá só por causa de 6 unidades? A Embraer ao colocar cá a fábrica já teve acesso a tecnologia portuguesa (e europeia), a mão-de-obra qualificada, aos nossos centros de investigação, a facilidades nas finanças e impostos, e a acesso a subsídios do estado e da União Europeia. Nós não estamos em dívida perante a Embraer. Acho até que Portugal, com o acesso que deu-se à indústria brasileira a tecnologia luso-europeia e mão-de-obra qualificada, já pagou o valor de duzentos 390, quer mais o valor de seis unidades e o valor monetário de existir um país membro da NATO a operar a aeronave.
Opções racionais e absolutamente desejáveis para Portugal:
Avião de carga médio: KC-390 Embraer.
Avião de transporte executivo para autoridades: Legacy 600 ou 650 Embraer.
Avião de transporte médio para autoridades de maior alcance: E195 Embraer.
Avião de alerta antecipado e guerra eletrônica: EMB-145 AEW&C Embraer. (existe a variante de busca no mar e anti submarino e de mapeamento do solo, ambos operados pela FAB também e a disposição do país irmão)
Caça multi roll de superioridade aérea: Gripen NG Saab Embraer. Madi In Brazil.
Ou seja, temos de comprar essas aeronaves pelo simples motivo de serem fabricadas pela Embraer. Que se danem as necessidades operacionais da FAP.
Avião de carga médio: Já discutimos isso.
Avião de transporte executivo para autoridades: Existem mil e uma opções no mercado para competir com os Legacy. Para as necessidades da FAP também podemos comprar aeronaves em segunda-mão, como já fizemos no passado, de forma a ficar mais barato. Afinal de contas, Portugal tem muitas dificuldades económicas, não é?
Avião de transporte médio para autoridades de maior alcance: Não é preciso. Portugal é um país pequeno, logo os aviões de transporte executivos serão sempre aeronaves que também serão utilizados para as missões de maior alcance. Se for necessário algo com muito maior capacidade e alcance então aí trata-se de contratar meios privados, como os aviões da TAP.
Avião de alerta antecipado (AEW&C): Não temos necessidade. Os radares fixos, especialmente com os Açores e a Madeira a finalmente terem radares activos, serão mais que suficientes (e baratos) para as nossas necessidades.
Avião de guerra electrónica: Já temos os P-3, C-295 e F-16 para isso. Já temos os P-3 e C-295 para as missões de patrulha marítima e de mapeamento ao solo. Caso necessário poderíamos no futuro adquirir mais C-295 com capacidade ASW para expandir a frota dos P-3. Agora para substituir completamente os P-3, não faz sentido por causa da capacidade em termos de alcance e autonomia quando comparado com os P-3 e P-8.
Caça: Já está a ser discutido noutro tópico.
Mas sim, como foi dito, isto agora é mais discussão de um vendedor da Embraer do que uma discussão saudável sobre opções para as necessidades da FAP.
Proponho agora que considerem em continuar a discussão acerca do 390 e C-130J, quando relacionado com uma aquisição portuguesa, no tópico
«Programa de substituição do C-130».
Cumprimentos,