@John – a referência aos "Joint Programs" foi para dar contexto histórico ao habitual falhanço de tais programas – como é o caso do programa F-35. Nem todos os argumentos numa discussão têm que ser necessariamente para rebater (ou concordar) os do adversário. O maior impacto no F-35 enquanto avião de caça é, precisamente, o facto de o seu desenho ter sido condicionado pelos requisitos V/STOL do USMC, o que resultou numa aeronave com fracas características aerodinâmicas, ao contrário dos seus antecessores F-15 e F-16. Obviamente, em relação ao Harrier, trata-se de um avanço enorme.
Já agora, na senda do contexto histórico, aqui ficam outras aquisições, planeadas pela USAF nos últimos 30 anos, versus as aquisições efectivas:
----------Planned--------------------Procured
F-15E-- 392 -------------------- 236
B-2A--- 165 -------------------- 21
F-22A-- 648 -------------------- 187
Mais, o USMC já anunciou a redução do número de células dos seus esquadrões de caça de 16 para 10 e, provavelmente, vão-se ficar por cerca de 300 células F-35B/C. Ainda achas que a USAF vai adquirir os 1.700 previstos? Pessoalmente, duvido que passem das 1.100 ou 1.200 células. Até porque o desenvolvimento do novo caça de 6a geração parece estar mais avançado do que se pensava.
Quanto às estórias do F-15EX são boatos da LM, tal como muitas das estórias negativas do F-35 têm origem na Boeing. Mas dadas as limitações do F-35, a USAF vai precisar de "cargueiros" de munições – tripulados ou não – e o F-15EX é um excelente candidato, além de ter vantagens em missões de soberania/policiamento aéreo.
Ainda quanto ao longo processo de desenvolvimento de caças modernos, dá-me um exemplo de um caça de 5a geração, ou 4.5, cujo desenvolvimento tenha durado 10 anos ou menos? Só um! E, por favor, exclui desenhos como o Super Hornet, ou o Gripen E, que são evoluções de desenhos anteriores.

Caríssimo,
Tudo o que escreves é a mais pura das verdades e
não altera em nada o facto de que o F-35 vai ser o caça padrão dos Estados Unidos e dos seus principais aliados durante as próximas duas décadas... e atenção que, ao contrário do que pode parecer, não tenho nenhuma simpatia especial pelo F-35, a não ser o facto de ser o único avião de 5ª geração operacional em 2021... a minha questão é pura e simplesmente geracional e é agnóstica relativamente à plataforma... se houvesse outro no mercado, mas não há...
Os Estados Unidos estão
all in na 5ª e 6ª geração e têm uma frota enorme de F-16 e A-10 para substituir. Os aliados não vão ter acesso à 6ª geração tão cedo (tal como não tiveram ao F-22) e, portanto, o F-35, a bem ou a mal, bem ou mal gerido, com dores de crescimento ou sem elas, caro de operar ou nem tanto, vai ser o caça padrão do Ocidente e seus aliados durante os próximos 20 anos. Lá para 2040, quando os aviões de 6ª geração americano, anglo-sueco-italiano e franco-germano-espanhol estiverem todos em serviço (se algum dos europeus não morrer antes...) outro galo cantará, mas para já o F-35 é o único galo que existe.
Relativamente à USAF, algumas centenas de F-16 (pouco mais de 400, se não me engano) vão ser actualizados com radar SABR e ser utilizados para defesa aérea dos Estados Unidos continentais, juntamente com os F-15EX (que vão ser utilizados tanto para defesa aérea, como vectores de ataque pesado, os chamados
bomb trucks, incluindo com mísseis hipersónicos). Os restantes vão ser substituídos pelo F-35 e pelo futuro caça de 6ª geração, que vão actuar como aviões-mãe para uma matilha de drones, os quais já estão a ser desenvolvidos através projecto Skyborg (adoro o nome...). Se a USAF vai 1700 F-35A ou 1500 F-35A mais 3000 drones, ou 1000 F-35A mais 2000 drones e 500 6ª geração mais outros 1000-2000 drones, é irrelevante... a guerra aérea de ponta está rapidamente a deixar de ser combatida com aviões de 4ª geração e ou os outros países apanham este comboio ou vão ficar a vê-lo passar.
Em relação a Portugal, se quiser continuar relevante, vai ter que investir na 5ª geração e isso, para já, quer dizer F-35... se vai haver vontade política/dinheiro, se seria para uma ou ambas as esquadras, etc., já são outros níveis de decisão e que podemos muito bem aqui discutir. Pessoalmente, modernizaria uma esquadra de F-16 com SABR e encomendaria uma de F-35 Block 4 (12-14 células) para entrarem ao serviço até 2028-2030. Depois, lá para 2030, decidiria o que fazer com a segunda esquadra: i) Adquirir mais 12-14 F-35; ii) Ir para a 6ª geração; iii) Comprar mais 3-4 células e 30 drones... acho que a IA vai alterar completamente o conceito de guerra aérea nos próximos 10 anos e talvez não seja boa ideia meter já os ovos todos no mesmo cesto... mas, como disse, esta é a minha opinião e outros certamente terão as suas.
Abraço