Iraque: Números de mortos civis sobe novamente, novo recorde - ONU
Nações Unidas, Nova Iorque, 21 Set (Lusa) - O número de civis mortos no Iraque em Julho e Agosto atingiu os 6.599, um recorde muito superior a estimati vas iniciais e que retrata a grave crise inter-religiosa que grassa no país, anu nciou hoje a ONU.
O relatório do gabinete de Direitos Humanos da Missão de Assistência da s Nações Unidas no Iraque apresenta dados baseados numa série de indicadores, re ferindo sinais preocupantes de actos de tortura e detenções ilegais, o increment o das actividades das milícias radicais e de esquadrões de morte, e o aumento da s "mortes por honra" de mulheres.
Esta situação coloca novas questões à capacidade das forças norte-ameri canas e iraquianas para levarem a paz a Bagdad, onde ocorreu a maioria das morte s violentas.
O governo iraquiano, instalado em 2006, "enfrenta actualmente uma rotur a generalizada da lei e ordem, que representa um sério desafio às instituições d o Iraque", adianta o documento.
Segundo a ONU, que divulga estes números bimensalmente, as mortes civis em Julho atingiram um pico sem precedentes de 3.590 pessoas, uma média de mais de cem por dia. O número de Agosto foi de 3.009 pessoas, segundo o relatório.
O número menor em Agosto pode ter-se devido a uma campanha de segurança em Bagdad, embora tenha sido contrabalançada por um aumento dos ataques em outr as zonas, incluindo na cidade de Mossul, no norte.
No período anterior, a ONU tinha registado menos de 6.000 mortes - 2.66 9 em Maio e 3.149 em Junho. Em Abril, tinham-se verificado 1.129 mortes, e em Ja neiro 710.
Do total em Julho e Agosto, o documento refere que 5.106 das mortes se registaram em Bagdad.
O relatório atribui muitas das mortes às tensões sectárias crescentes q ue arrastaram o Iraque para a beira da guerra civil.
"Estes números reflectem o facto de terem continuado mortes indiscrimin adas de civis em todo o país, ao mesmo tempo que são encontrados centenas de cor pos exibindo sinais de torturas severas e assassínios ao estilo de execução", di z a ONU.
"Esses assassínios são praticados por esquadrões da morte ou por grupos armados, com conotações sectárias ou de vingança", acrescenta.
No fulcro dos dados da ONU estão números de vítimas que combinam duas c ontagens: do Ministério da Saúde, que regista as mortes nos hospitais, e do Inst ituto de Medicina Legal de Bagdad, que conta os corpos não identificados que rec ebe.
Os investigadores da ONU que compilaram o relatório notaram que era pro vável que estes números sejam mais baixos do que a realidade.
Os militares norte-americanos tinham inicialmente declarado uma quebra acentuada do número de mortos em Agosto, mas a estimativa foi revista em alta de pois de os Estados Unidos terem revelado que não contaram pessoas mortas por bom bas, morteiros, foguetes ou outros ataques em massa.
Hoje, o Iraque foi novamente palco de actos de violência generalizada, com 33 mortos, entre os quais 24 membros das forças de segurança.