CV de José Sócrates

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Cabeça de Martelo

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CV de José Sócrates
« em: Março 22, 2007, 03:21:46 pm »
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Há falhas no dossier de José Sócrates na Universidade Independente
22.03.2007 - 07h09   Ricardo Dias Felner
 


O dossier relativo à licenciatura de José Sócrates na Universidade Independente tem várias falhas. Há alguns documentos por assinar, ou sem data, timbre ou carimbo, tal como há elementos contraditórios, nomeadamente os relativos às notas atribuídas a José Sócrates.

De acordo com os documentos a que o PÚBLICO teve acesso - 17 folhas fotocopiadas de "todo o dossier" de curso -, o primeiro-ministro terminou o bacharelato no Instituto Superior de Engenharia Civil de Coimbra em Julho de 1979, com média de 12 valores. Quinze anos mais tarde, quando já estava empenhado na campanha de António Guterres para primeiro-ministro e era deputado do PS, inscreveu-se no curso do ISEL (Instituto Superior de Engenharia de Lisboa) de Engenharia Civil, na modalidade de Transportes e Vias de Comunicação.

Uma das folhas do processo, de que foi dada cópia ao PÚBLICO e lida na presença do reitor da UnI, indica que José Sócrates fez dez cadeiras semestrais no ISEL, no ano lectivo de 1994/95. E deixou 12 por fazer, antes de entrar para a Independente. Aqui, Sócrates concluiu cinco disciplinas.

Foi essa folha que terá servido para atestar a frequência das disciplinas no ISEL no processo de equivalência e matrícula da UnI, a 14 de Setembro de 1995. Só que a sua data é posterior: nas costas da fotocópia vê-se um carimbo, assinado pelo chefe de secção da secretaria do ISEL, "conforme o original arquivado", com data de 8 de Julho de 1996. Já o Boletim de Matrícula na UnI revela que, nessa ocasião, o único documento junto ao processo foi uma fotocópia do BI.

Se estes dois documentos são assinados e têm data, o mesmo não sucede com outras fotocópias. É o caso, por exemplo, do Plano de Equivalências de José Sócrates, sem qualquer timbre nem carimbo e onde se concretiza que cadeiras mereceram equivalência por parte da UnI. Ou do Pedido de Equivalência, uma folha não numerada (como todas as outras), onde apenas surge o nome José Sócrates Sousa, manuscrito pelo próprio, e o mapa de equivalências por ele proposto. Acresce que o número de cadeiras a que é requerida a equivalência, 25, tem menos uma cadeira do que o total das disciplinas a que José Sócrates viria de facto a obter equivalência no processo de transferência: 26. Por outro lado, o espaço onde o responsável do conselho pedagógico pelo processo deveria colocar a sua assinatura está em branco.

Documentos sem numeração

Não se sabendo a data em que foi entregue, consta também dos documentos consultados o requerimento em que José Sócrates pede o plano de curso da UnI e afirma enviar a relação das cadeiras que fez no ISEL. Sócrates ressalva, contudo, que o certificado do ISEL só o poderá entregar em Setembro, "pelo facto de algumas notas não estarem ainda lançadas". Calcula-se que o primeiro-ministro se estivesse a referir a Setembro de 1995, mas com essa data, ou outra aproximada, não se encontra qualquer certificado do ISEL. O primeiro-ministro despede-se apresentando os melhores cumprimentos, com "do seu José Sócrates" escrito à mão. O reitor disse não conhecer o primeiro-ministro antes de este ter frequentado a UnI.

Na resposta ao requerimento de José Sócrates, esta com data de 12 de Setembro de 1995, assinada pelo reitor, é atestada a recepção do requerimento e Luís Arouca indica já que a comissão científica da Faculdade de Ciências da Engenharia e Tecnologias deliberou "propor-lhe a frequência e conclusão das seguintes disciplinas do Plano de Estudos de Engenharia Civil: Análise de Estruturas, Betão Armado e Pré-Esforçado, Estruturas Especiais e Projecto e Dissertação". De fora ficou, "por falha", segundo Luís Arouca, a cadeira de Inglês Técnico.

Por fim, existem duas folhas avulsas, aparentemente folhas de rosto, que não se percebe a que se referem. Uma, com cabeçalho do gabinete do secretário de Estado Adjunto do Ambiente, é um fax dirigido a Luís Arouca e aparenta ser uma folha de rosto. Na zona do texto, José Sócrates escreveu: "Caro Professor, aqui lhe mando os dois decretos (o de 1995 fundamentalmente) responsáveis pelo meu actual desconsolo."

Luís Arouca afirmou ao PÚBLICO não se lembrar a que se referia o primeiro-ministro. O reitor insistiu, ainda, que não existem mais documentos sobre José Sócrates naquela instituição. "As fichas de cada aluno já ninguém sabe delas. Nos primeiros anos, a nota final é acompanhada com fundamento, depois é deitada fora", concretizou. Sobre o registo do pagamento de propinas, a resposta foi semelhante. "Ao fim de cinco anos, vai tudo para o maneta." Por fim, confrontado com o facto de as folhas do processo não estarem numeradas, o reitor afirmou: "A numeração importa. Mas nem sempre se numera."

O certificado de habilitações, assinado pela chefe dos serviços administrativos, Mafalda Arouca, e pelo reitor, Luís Arouca, indica ainda que o curso foi concluído a 8 de Setembro de 1996, com média final de 14 valores.

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Por que decidimos fazer esta investigação - Nota da Direcção Editorial

Há cerca de um mês que se avolumaram, na blogosfera, referências múltiplas, algumas delas entretanto reproduzidas em jornais ou citadas nas rádios, à forma como José Sócrates obtivera a sua licenciatura em Engenharia Civil.

Para o PÚBLICO, o currículo académico de um político ou qualquer outra figura pública não é critério para o avaliar nem como pessoa, nem para saber se é ou não competente para exercer o cargo que ocupa. Grandes figuras políticas europeias - como Jacques Delors - não possuíam qualquer licenciatura. Na banca portuguesa, o presidente de um dos principais bancos privados e o vice-presidente doutro grande banco também não completaram a sua licenciatura.

E, entre os seis membros da direcção do PÚBLICO, só um completou a licenciatura, e não é o director. Em contrapartida, para o PÚBLICO, é importante verificar se referências susceptíveis de colocar em dúvida a forma como o primeiro-ministro se licenciou merecem ser investigadas. Não para saber se merece ou não o título com que se apresenta, mas para verificar se agiu sempre de forma limpa, leal e legal. Era isso que os boatos que corriam um pouco por todo o lado punham em causa - e saber se um curso superior foi obtido ou não de forma limpa, clara e legal é fácil de provar.

O resultado dessa investigação, assim como os passos dados pelo jornalista para recolher a informação aqui reunida, permite ao leitores ajuízarem sobre o que estava certo e o que estava errado no que se dizia à boca pequena, algo que só foi possível porque o próprio primeiro-ministro deu autorização para que consultássemos o seu processo individual na Universidade Independente. Desse processo apenas reproduzimos nestas páginas imagens das peças que considerámos mais relevantes, o que resultou da opção de não divulgar outros elementos do currículo escolar que não eram relevantes para esta investigação. Fizemo-lo por considerar que isso podia configurar uma intromissão na esfera privada de José Sócrates que nada acrescentava ao esclarecimento do que era relevante.

Esta investigação permitiu já ao gabinete do primeiro-ministro corrigir um elemento do seu currículo que era disponibilizado no site oficial do Governo, o que em si mesmo é positivo.

O PÚBLICO não dá à estampa boatos, mas não deve ignorar que eles existem e que a melhor forma de acabar com eles é confirmá-los ou infirmá-los. Foi isso que procurámos fazer, até ao limite do possível, com esta investigação.


http://www.publico.clix.pt/shownews.asp ... idCanal=34

PS: Portugal, pais dos Doutores e Engenheiros!  :bang:
Contra a Esquerda woke e a Direita populista marchar, marchar!...[/u].

 

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« Responder #1 em: Março 22, 2007, 04:19:42 pm »
Não foi na Universidade Independente que o Armando Vara tirou um curso á pressão antes de ir para Admnistrador da CGD????
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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« Responder #2 em: Março 22, 2007, 05:07:46 pm »
Também lá estudou gente séria e honesta  :wink:
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

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« Responder #3 em: Março 22, 2007, 05:22:00 pm »
Sô Doutor vai um cafezinho?  :wink:
Contra a Esquerda woke e a Direita populista marchar, marchar!...[/u].

 

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Lancero

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« Responder #4 em: Março 22, 2007, 05:35:38 pm »
Citação de: "Cabeça de Martelo"
Sô Doutor vai um cafezinho?  :wink:


Pois sim, pois sim :)
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

Respeito
 

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« Responder #5 em: Março 22, 2007, 07:23:04 pm »
:lol:  :lol:
Contra a Esquerda woke e a Direita populista marchar, marchar!...[/u].

 

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ricardonunes

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« Responder #6 em: Março 23, 2007, 04:16:39 pm »


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Não me parece que um primeiro-ministro deva ser escolhido em função do currículo académico, se assim fosse quase nenhum dos líderes partidários portugueses sobreviveria à primeira avaliação curricular, salvo o Francisco Louça qualquer um deles teria grandes dificuldades em conseguir o seu primeiro emprego. Ninguém votou em Sócrates por ser engenheiro, em Cavaco por ser economista ou em Sampaio por ser jurista, o único que chegou a primeiro-ministro ou, para ser mais preciso, a presidente do conselho em consequência das suas habilitações foi Salazar, mas nesse ninguém votou.

Por isso não me incomoda que licenciatura em engenharia seja uma manta de retalhos feita com tecidos de má qualidade e, ao que parece, com buracos mal preenchidos. Mas é um facto que Sócrates considerou importantes ter um canudo, não é por acaso que raramente alguém se refere, por exemplo, a Sampaio como o dr. Jorge Sampaio, enquanto em relação ao primeiro-ministro é raro ouvir alguém referir-se a ele como o José Sócrates, o eng. vem sempre atrás. Pelos vistos teremos que passar a tratá-lo por lic. José Sócrates já que a Ordem dos Engenheiros não lhe reconhece o canudo.

A democracia tem destas coisas, ao mesmo tempo que um funcionário público que se candidate ao mais baixo cargo de chefia tem que ser avaliado por um júri que integra um professor universitário, o primeiro-ministro que adoptou esta regra tem um canudo que pouco mais vale do que um diploma de um curso de formação profissional financiado pelo Fundo Social Europeu.

O problema não está nas habilitações do primeiro-ministro, a não ser que tenha que remendar alguma canalização na residência oficial de São Bento o desempenho das suas funções não lhe vai exigir grandes conhecimentos de engenharia. Também não foi para ser engenheiro que Sócrates fez as cadeiras em várias “carpintarias” baratas, e quanto a inteligência é a qb.

O que se questiona é a fórmula de sucesso que levou Sócrates dos devaneios na companhia de Armando Vara ao cargo de primeiro-ministro, fórmula tão eficaz que também serviu para o amigo chegar a administrador da Caixa Geral de Depósitos. O problema é que nem o cargo de primeiro-ministro escapa à fórmula de sucesso assente na vida fácil.

Que vou dizer a um filho? Aproveita a vida, namora e gasta as mesadas nos casinos que depois vais num instante à Univeridade Independente, sais dali engenheiro e ainda te arriscas a ser primeiro-ministro?

O Jumento
Potius mori quam foedari
 

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JoseMFernandes

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« Responder #7 em: Março 24, 2007, 03:23:48 pm »
No EXPRESSO de hoje (24/3/07), e PUBLICO (22/3/07)
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Direcção da Independente investiga licenciatura de Sócrates
     A actual direcção da Universidade Independente decidiu abrir, ontem, um inquérito interno para esclarecer o modo como o primeiro-ministro terminou, naquela escola, em 1996, o curso de Engenharia Civil.

Universidade investiga curso de Sócrates

 Actual direcção abriu um processo interno para que não subsistam dúvidas sobre a licenciatura do primeiro-ministro

 
A actual direcção da Sides - proprietária da Universidade Independente - decidiu, ontem, abrir um processo interno de averiguações à licenciatura do primeiro-ministro. A decisão surge na sequência de uma investigação do jornal ‘Público’ que, quinta-feira, revelava ‘‘falhas’’ na conclusão do curso de Engenharia Civil, completado em 1996 por José Sócrates naquela universidade. Segundo o porta-voz da direcção, João Carlos Santos, ‘‘as investigações já começaram, porque é urgente esclarecer a situação para salvaguarda do bom nome da instituição e dos seus alunos’’.

‘‘Temos essa obrigação legal’’, disse ao Expresso, acrescentando que o relatório final das investigações será ‘‘entregue à Direcção Geral do Ensino Superior, se ela o quiser’’.

A actual direcção da Sides regressou terça-feira à Independente, depois do tribunal dar razão a Rui Verde num dos vários processos que correm sobre a propriedade e direitos de direcção daquela instituição. A sentença judicial anulava, assim, todas as decisões e iniciativas de Luís Arouca tomadas desde 26 de Fevereiro, altura em que o reitor assumiu o controlo da Sides.

Rui Verde nomeou uma equipa reitoral, liderada por Carlos Pamplona Côrte-Real, que, desde terça-feira, preside aos destinos da Independente, em simultâneo com o reitor e fundador da escola, Luís Arouca.. Dois dias depois do seu regresso e na altura em que o jornal ‘Público’ divulgava os resultados da sua investigação sobre a licenciatura de José Sócrates, Rui Verde foi chamado a depor no Tribunal de Instrução Criminal, que viria a decretar a medida de coacção máxima prevista na lei, detendo preventivamente o administrador. O ainda reitor da Independente, Luís Arouca, desvalorizou ao Expresso a polémica em torno da investigação do jornal. ‘‘A licenciatura é correcta, impecável’’, disse, explicando que ‘‘tudo isto não passa de um aproveitamento da situação da Independente por parte de um grupo do PSD que não gosta do primeiro-ministro’’.

No entanto, o reitor não facultou ao Expresso, a tempo de ser incluído nesta edição, qualquer dado do processo de licenciatura de José Sócrates, apesar de ter prometido disponibilizar ‘‘tudo’’ até ontem de manhã. Segundo Luís Arouca, o então secretário de Estado do Ambiente fez cinco cadeiras para completar o curso de Engenharia Civil, tendo todas as equivalências e o planos de estudo sido ‘‘exaustivamente analisados pelos professores das cadeiras e pelo conselho científico’’.

O facto de Sócrates ter completado os últimos anos de formação universitária em 1996, numa altura em que só existiam em funcionamento os dois anos iniciais da licenciatura, é desvalorizada pelo reitor. ‘‘A portaria que autoriza o curso é de 1994, mas é válida para todas as cadeiras de todos os anos’’, rebate Luís Arouca. ‘‘Se tínhamos professores para dar as disciplinas e alunos interessados, demos cadeiras do 3º e do 5º ano’’, conclui.

O Gabinete do primeiro-ministro recusou prestar qualquer esclarecimento sobre esta matéria, depois de lhe ter sido enviado um conjunto de perguntas por escrito. ‘‘Não queremos alimentar esta campanha de insídia’’, disse fonte do Gabinete.

O reitor garante ainda que só conheceu ‘‘Sócrates quando ele entrou para a universidade’’ e que, depois da polémica levantada pelo ‘Público’, não voltou a falar com ele. ‘‘É uma pessoa suficientemente chique, e eu também, para, se falarmos, e não falámos, não tocarmos no assunto’’.

Monica Contreras e Rosa Pedroso Lima

Sociais-democratas exigem esclarecimento cabal
‘‘Compete ao Gabinete do primeiro-ministro esclarecer cabalmente esta situação’’, declarou na quinta-feira o vice-presidente da bancada social-democrata, Pedro Duarte, sobre a notícia publicada pelo ‘Público’ que dava conta de falhas no processo de licenciatura de José Sócrates.

Por enquanto, o maior partido da oposição aguarda ‘‘os esclarecimentos devidos’’ por parte do Gabinete do chefe do Governo, ‘‘não querendo acreditar’’ que eles não venham a ser prestados. A intervenção do PSD justifica-se por considerar ‘‘inaceitável’’ a resposta prestada pelo Gabinete do primeiro-ministro a uma reportagem que os sociais democratas consideram ‘‘totalmente legítima’’ por se basear em ‘‘factos sobre a esfera pública de alguém que exerce’’ o cargo de chefe do Governo.

Recorde-se que, em resposta ao jornal ‘Público’, o Gabinete de José Sócrates considerou ‘‘lamentável que se utilize a situação actual da Universidade Independente para se atingirem os seus antigos alunos’’ e ainda ‘‘lastimável’’ a publicação do que considera ser ‘‘este tipo de insinuações’’.

O PSD, no entanto, não pretende avançar com nenhuma iniciativa autónoma sobre este processo, garantindo Pedro Duarte que o Partido vai ‘‘aguardar pelos esclarecimentos’’.

CRONOLOGIA

26 DE FEVEREIRO
Luís Arouca, através de uma assembleia-geral, afasta Rui Verde e nomeia equipa reitoral. Montalvão Machado, do PSD, Joaquim Reis e Carvalho Rodrigues aceitam lugares de vice-reitores. Arouca escolhe novos directores das cinco faculdades e regentes de cadeiras

27 DE FEVEREIRO
Inspecção-Geral do Ensino Superior inicia averiguações. Um relatório preliminar chega às mãos do ministro a 16/3

20 DE MARÇO
Com uma sentença judicial, Rui Verde volta a ficar com as rédeas da Universidade e nomeia um colectivo reitoral, presidido por Pamplona Côrte-Real. O Ministério de Mariano Gago exige um novo relatório, cujo resultado pode pôr em causa o alvará

22 DE MARÇO
Jornal ‘Público’ noticia alegadas irregularidades na licenciatura do primeiro-ministro. Rui Verde, ouvido em Tribunal, fica em prisão preventiva

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PUBLICO


Por que decidimos fazer esta investigação
22.03.2007

 Há cerca de um mês que se avolumaram, na blogosfera, referências múltiplas, algumas delas entretanto reproduzidas em jornais ou citadas nas rádios, à forma como José Sócrates obtivera a sua licenciatura em Engenharia Civil.
Para o PÚBLICO, o currículo académico de um político ou qualquer outra figura pública não é critério para o avaliar nem como pessoa, nem para saber se é ou não competente para exercer o cargo que ocupa. Grandes figuras políticas europeias - como Jacques Delors - não possuíam qualquer licenciatura. Na banca portuguesa, o presidente de um dos principais bancos privados e o vice-presidente doutro grande banco também não completaram a sua licenciatura.
E, entre os seis membros da direcção do PÚBLICO, só um completou a licenciatura, e não é o director.
Em contrapartida, para o PÚBLICO, é importante verificar se referências susceptíveis de colocar em dúvida a forma como o primeiro-ministro se licenciou merecem ser investigadas. Não para saber se merece ou não o título com que se apresenta, mas para verificar se agiu sempre de forma limpa, leal e legal. Era isso que os boatos que corriam um pouco por todo o lado punham em causa - e saber se um curso superior foi obtido ou não de forma limpa, clara e legal é fácil de provar.
O resultado dessa investigação, assim como os passos dados pelo jornalista para recolher a informação aqui reunida, permite ao leitores ajuízarem sobre o que estava certo e o que estava errado no que se dizia à boca pequena, algo que só foi possível porque o próprio primeiro-ministro deu autorização para que consultássemos o seu processo individual na Universidade Independente. Desse processo apenas reproduzimos nestas páginas imagens das peças que considerámos mais relevantes, o que resultou da opção de não divulgar outros elementos do currículo escolar que não eram relevantes para esta investigação. Fizemo-lo por considerar que isso podia configurar uma intromissão na esfera privada de José Sócrates que nada acrescentava ao esclarecimento do que era relevante.
Esta investigação permitiu já ao gabinete do primeiro-ministro corrigir um elemento do seu currículo que era disponibilizado no site oficial do Governo, o que em si mesmo é positivo.
O PÚBLICO não dá à estampa boatos, mas não deve ignorar que eles existem e que a melhor forma de acabar com eles é confirmá-los ou infirmá-los. Foi isso que procurámos fazer, até ao limite do possível, com esta investigação.
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Nota do primeiro-ministro ao PÚBLICO
22.03.2007

É lastimável dar expressão e publicidade a este tipo de insinuações

Perante as surpreendentes e extraordinárias dúvidas colocadas pelo jornalista do PÚBLICO sobre a minha licenciatura em Engenharia Civil, que concluí na Universidade Independente, tive oportunidade de prestar todos os esclarecimentos necessários e, por minha iniciativa, de o remeter para o meu processo individual na universidade, cujo acesso integral lhe facultei para que não restassem quaisquer dúvidas sobre a respectiva frequência e aproveitamento, que estão devidamente certificados.
Com efeito, o signatário submeteu àquela instituição universitária, devidamente reconhecida, o respectivo currículo académico anterior, que mereceu apreciação do conselho científico daquela universidade, nos termos da qual se determinou o plano de estudos necessário para a conclusão da supra referida licenciatura.
Assim foi feito - as disciplinas foram frequentadas, a avaliação feita, o aproveitamento obtido e os respectivos certificados passados. Nomes de professores foram dados, referências de colegas foram fornecidas. A tudo isto o jornalista teve acesso e, querendo, pode confirmar com total transparência.
Não posso, porém, deixar de me indignar com mais uma campanha de insinuações, suspeitas e boatos que me pretende atingir na minha honra e consideração e que, à semelhança de outras de triste memória, assume uma dimensão difamatória e caluniosa. E têm sempre a mesma natureza - são veiculadas pelos mesmos meios, sob o anonimato dos blogues ou por jornais de referência no sensacionalismo e no crime. E usam, também, o mesmo método, limitando-se a levantar suspeitas insidiosas com base em dados falsos.
É lamentável que se utilize a situação actual da Universidade Independente para se atingirem os seus antigos alunos e é particularmente lastimável que o jornal PÚBLICO se disponha a dar expressão e publicidade a este tipo de insinuações, quando lhe foram facultados os elementos mais do que suficientes para o esclarecimento da verdade.



Esperar pois... para ver...(diria o cego ?).
A forma 'aparentemente enviezada' como Sócrates obteve a licenciatura, e neste aspecto será um entre muitos (centenas...?) torna-se mais visivel pelo seu percurso politico (e inegável apetência de poder).Não  ser licenciado não tem nada de inferiorizante e vários politicos recentes de primeiro plano (ver acima o editorial do PUBLICO) não tem 'canudos'!
 Juntei a seguir a resposta de Sócrates, ao mesmo jornal.Aceito que ele não aprecie ver o seu percurso académico questionado a luz do dia...mas felizmente esse é um dos direitos de uma sociedade livre...(não foi por acaso que, pelo menos um dos seus ministros da área económica, se demitiu, após a revelação da excepcional pensão de reforma a que tinha direito, e não ponho em causa a sua competencia ! mesmo que efectivamente ele era apenas um entre muitos)  mas tem de aceitar que esse é um preço a  pagar, até por ser válido também para os seus adversários...
Julgo que este assunto já foi discutido por aqui, antes das eleições legislativas,(eu próprio penso ter contribuido com uma 'colherada') e até se falava de outros temas ainda mais pessoais :) !)
As suas qualidades parecem pois ser outras, que não as académicas, obtidas mais ou menos legitimamente,...e essas são escrutinadas periódicamente pelos cidadãos
« Última modificação: Março 24, 2007, 05:13:33 pm por JoseMFernandes »
 

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hellraiser

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« Responder #8 em: Março 24, 2007, 04:44:48 pm »
O problema não se trata de ele ser ou não licenciado, na Suecia muitos poucos ministros são licenciados, no entanto as pessoas votam neles.

Trata-se de falta de honestidade, especialmente numa pessoa que têm essa obrigação. Se ele aldrabou para ser licenciado, então tb pode muito bem aldrabar como primeiro ministro, e então pergunto eu... e esta a pessoa certa para gerir o $$ que pago de impostos?! merece ele o voto dos Portugueses que enganou dizendo o que não é?! Que moral têm alguém que teve de pagar e subornar para ser licenciado, para fazer reformas da educação?!
Porque raio estas coisas, alegados extravio de documentos ou erros humanos, em benéfico do estudante, só acontecem aos paneleiros (detentores das panelas... ou era tachos?!), e nunca ao zé povinho?! Lembro-me de o rigor nas notas dos exames passava por 3 professores corrigirem o mesmo exame, ele a nota da pauta também ser verificada 3 vezes, bem como tudo o resto... de ser prejudicado sucessivamente com pormenores e burocracias, e mesmo por caprichos dos professores, e no final alunos que nem consegue acabar engenharia no isec... nem sequer é o ist! Têm de ir para eng. na uni, uma bela faculdade, onde realmente a dificuldade é algo comparavel apenas ao MBA's do MIT...

Já o Mário Del Povo, se quer trocar de universidade por exemplo do IST pra FCUL, tem de fazer os exames nacionais e voltar ao 1º ano, salvo algumas disciplinas que têm equivalência... poucas mesmo assim... e isto já para não falar na moral que esta gente tem de pedir medias de 18 valores para entrar em medicina... quando nem antonios damasio, germanos de sousa, o próprio actual bastonário, e mesmo o famoso medico dos siameses, poderiam entrar hoje na faculdade com as medias de secundário que tinham na altura... ah e tal o damasio so teve 13, portanto deve ser um medico bastante mau...

enfim...

PORTUGAL.... :roll:
"Numa guerra não há Vencedores nem Derrotados. Há apenas, os que perdem mais, e os que perdem menos." Wellington
 

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« Responder #9 em: Março 24, 2007, 07:11:56 pm »
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O assalto que José Sócrates de Sousa tem vindo a fazer ao ensino público, acolitado por aquele trio inenarrável (Rodrigues, Lemos & Pedreira), cujo desempenho oscila entre a ópera bufa e o mais sarnento western spagheti, está a virar-se contra o próprio. Embora o mal já esteja feito (e não me refiro à mais recente e vergonhosa "reforma" do ensino especial, uma autêntica infâmia), seria uma ironia verdadeiramente digna deste destino luso que o princípio da queda deste primeiro ministro fosse a descoberta da fraude das suas habilitações académicas! Como dizem os ingleses, "what goes around comes around", que a feliz tradução do google apresenta como "o que circunda vem ao redor", que sempre é mais poético e francamente menos vingativo do que "cá se fazem, cá se pagam".


http://www.cronicasdalavandaria.blogspot.com/
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« Responder #10 em: Abril 09, 2007, 01:54:05 pm »
vale a pena dar uma vista de olhos...

http://www.doportugalprofundo.blogspot.com/
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« Responder #11 em: Abril 09, 2007, 08:01:47 pm »
Hellraiser, bom post!
 

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Jorge Pereira

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« Responder #12 em: Abril 10, 2007, 10:53:54 am »
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Biografia oficial do Parlamento
Curriculum de Sócrates já incluía licenciatura em Engenharia antes do curso na Independente 10.04.2007 - 09h20   PUBLICO.PT


As biografias oficiais da Assembleia da República de 1993 já apresentavam José Sócrates como licenciado em Engenharia Civil, três anos antes de o actual primeiro-ministro ter concluído a sua licenciatura na Universidade Independente, avança hoje o Rádio Clube Português.

Nos registos do Parlamento sobre o então deputado socialista eleito por Castelo Branco surgia uma licenciatura em Engenharia Civil, apesar de o actual primeiro-ministro já ter afirmado que apenas terminou a licenciatura em 1996, o que coincidiu com o exercício de funções de secretário de Estado adjunto do Ministério do Ambiente.

Nesse ano de 1993, o registo académico de José Sócrates incluía apenas um bacharelato em Engenharia pelo Instituto Superior de Engenharia Civil de Coimbra, que foi concluído no fim da década de 1970.

Desde então, José Sócrates frequentou o Instituto Superior de Engenharia de Lisboa e a Universidade Independente, tendo obtido aí o diploma em Setembro de 1996.

Um outro dado revelado pela investigação do RCP aponta para que um ano antes da conclusão da licenciatura, em Outubro de 1995, o então secretário de Estado adjunto do Ministério do Ambiente assumiu o título académico de Engenheiro no decreto de nomeação para o Governo de António Guterres publicado em Diário da República.


 :roll:
Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis.

Gilbert Chesterton, in 'O Que Há de Errado com o Mundo'






Cumprimentos
 

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papatango

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« Responder #13 em: Abril 10, 2007, 12:13:14 pm »
Toda esta questão já mete impressão...


Fica-se com a ideia de que se trata das baronesas e dos condes viscondes e arquiduques, a contestarem a utilização do título nobiliarquico uns dos outros.

... O Sr. Visconde da Porcalhota, utilizou o titulo de Visconde indevidamente, porque sua Alteza ainda não tinha elevado a Porcalhota a Viscondado...

... Da mesma maneira o senhor  Barão de Cova da Buracoa, não deveria ter utilizado o título, antes de ter sido nomeado ...


Isto é ridiculo.

O que parece estar em causa é o título nobiliarquico, e a mania portuguesa (uma das coisas porque somos ridicularizados internacionalmente) de chamar qualquer licenciado por Doutor ou Engenheiro.

A imbecilidade parece não ter limites, e a camada de gordura e sebo em cima de politicos e jornalistas, faz lembrar o ambiente politico no final do século XIX.

A classe politica faz toda lembrar o Dantas seboso, e cheio de brilhantina. Os jornalistas que colaboram nesta historia de sebo e banha estão na mesma.

Este caso é lamentável, porque se está a julgar alguém, não pelo que eventualmente será capaz de fazer, mas pelo facto de ter utilizado um "título".

Este caso é mais uma triste fotografia colectiva à sociedade portuguesa, e especialmente aos circulos lisboetas, que parece que vivem no "Reino da Fantasia" enquanto o resto do país trabalha para lhes pagar os salários.


Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
Contra a Estupidez, não temos defesa
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PereiraMarques

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« Responder #14 em: Abril 10, 2007, 01:46:41 pm »
"Foge cão
que te fazem Barão...
Para onde?
Se me fazem Visconde!"

Já dizia o, posteriormente Visconde :lol: de, Almeida Garrett...