http://classepolitica.blogspot.com/a hipocrisia da classe política
Ainda relativamente ao caso da licenciatura de Sócrates pela Universidade Independente, o modo como a classe política, de um modo geral, se vem manifestando sobre o caso, provoca seguramente um mal-estar para alguns cidadãos, indignação para outros e mesmo náuseas e vómitos para muitos outros.
Quando vemos Valentim Loureiro, a braços com a Justiça, manifestar a sua solidariedade para com Sócrates e investir contra todos aqueles que não vêem no primeiro-ministro o rigor e a competência de um predestinado a conduzir o País ao mais elevado progresso;
Quando assistimos ao coro dos habituais comentadores políticos, tentando por todos os meios branquear o comportamento de Sócrates e de todas as contradições relativas ao caso da sua “licenciatura”;
Quando vemos os responsáveis partidários, do PCP e BE ao CDS, desdramatizando e darem-se por satisfeitos com as explicações do primeiro-ministro na entrevista televisiva, como se todas os dados já vindos a público, não tivessem qualquer valor;
Será lícito questionarmos a razão para tanta solidariedade, para tanta aproximação, para tanta afinidade. O traço comum a todos eles é só um – são todos pertencentes a uma aristocracia política que se perpetua há décadas no poder. É toda esta vasta elite, com privilégios particulares, com condições especiais salariais e de reforma, que saltam do governo para as empresas públicas e das empresas públicas para o governo, das assessorias dos ministérios para a gestão do Órgãos da Administração Pública e dali para as assessorias ministeriais.
Estão presentes na gestão dos Institutos, Empresas Municipais, Fundações, Auditorias, Comissões, Órgãos, Agências, Autoridades, Conselhos, Gabinetes, Centros, Fundos, Inspecções, … e nos mais altos cargos da Administração Pública e agora, todos se unem na defesa dos seus privilégios, de algum modo ameaçados pelo descrédito dos políticos como um todo, que o caso Sócrates ampliou.
”É esta falsa solidariedade à volta de Sócrates de aliados e adversários, de Menezes a Duarte Lima, passando pelo Dr. Portas e o Dr. Louçã, até pelo Dr. Jardim e Marcelo Rebelo de Sousa, que se manifesta hipocritamente perante o descrédito e a eventual queda de Sócrates. É que consigo cairá toda uma certa forma de fazer e subir na política, e é isso que assusta, óh se assusta, tanta gente.”
