CV de José Sócrates

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« Responder #60 em: Abril 17, 2007, 09:54:41 am »
http://reinodamacacada.blogspot.com/

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April, 2007
Cavaco, os outros e o "Dossier Sócrates"
 

Finalmente a eminência de Belém pronunciou-se não se pronunciando sobre o assunto que vem agitando a comunicação social e a blogosfera nas últimas semanas, o que vem a dar no mesmo. Matéria de debate aceso, com posicionamentos por vezes levados a extremismos, mas com obrigatoriedade de conhecimento e uma forçosa (em muitos casos) tomada de posição.
Da posição oficial dos partidos já se percebeu que não há vontade política de "fazer ondas". Não há, como agora é gíria, vontade de cavalgar a onda. O que, convenhamos, não deixa de ser estranho. Muito estranho, mesmo.
Da chamada "oposição" (oposição apenas por não estar no poder) apenas Marques Mendes (na qualidade de líder partidário) exigiu uma clarificação cabal da situação recorrendo à figura de uma comissão independente. Ficou a falar sozinho. Os barões do PSD não o acompanharam!! Porquê? Rabos de palha?? Talvez não... Marques Mendes deve saber mais que aquilo que diz e isso deve ser fogo mesmo no interior do seu partido....
O PCP e o Bloco de Esquerda estão quietos e calados que nem ratos... Não deixa de ser estranho!! Mas mesmo muito estranho.... Será que esperam, na próxima legislatura, "abichar" uma coligação com o PS? Ou também estarão "entalados" com o caso? Pelo menos sabe-se que o novo reitor da Independente foi eleito, pelo Bloco de Esquerda, para a Assembleia Municipal de Salvaterra de Magos! Haverá aqui trocas?... É que a Câmara de Salvaterra de Magos, em particular a sua presidente (ex-PCP, actual bloquista) é arguida num processo de situações menos claras lá para aqueles lados...
A entourage do Partido Socialista saiu, muito naturalmente, em defesa da sua púdica dama ofendida!
O CDS/PP está também muito sossegado. Andam entretidos com as quezílias internas e não ligam patavina a este caso...
E o presidente da República? No meio disto tudo falou.... e não disse nada! E não dizendo nada disse muito! Típico! Não convém, ou não interessa mexer no caso. Disse Cavaco: «Não acredito que esteja aí o problema mais importante que tenhamos de resolver. (...) Não é concerteza o mais importante para o desenvolvimento do país».
Ora aqui é que bate o ponto!!! Estas foram frases verdadeiramente assassinas para aquilo que se pretende para o futuro: mais do mesmo! Enquanto garante da autoridade do Estado, enquanto representante perante todos nós e perante a comunidade internacional, Cavaco Silva nunca poderia ter dito o que disse. O que ele disse, verdadeiramente, é que quer que isto assim continue. Um atoleiro de corrupção, compadrios, tráfico de influências, prebendas, manigâncias, esquemas estranhos e fraudulentos, negociatas de pacotilha, etc... Não percebeu, nem muitos como ele perceberam, que a razão de todos os nossos males enquanto país, enquanto economia inserida no espaço europeu, enquanto sociedade, reside na nossa classe política que não é exemplo para ninguém. Não está para servir o país... Não tem valores éticos ou morais... Não se preocupam com as pessoas... só os cifrões contam... Preocupam-se antes em cumprir os ditames do exterior.... FMI, OCDE, União Europeia, Bilderbereg.... etc....
É pela mudança radical de atitude da classe política perante valores que deviam ser perenes, inamovíveis e universais como a verticalidade, honradez, solidariedade, a justiça, a clareza de actos, intenções e processos, entre muitos outros que os problemas do país se resolvem.
Ao não ter ainda percebido isto, Cavaco dá-nos a receita de sempre! Os resultados serão sempre os mesmos: nunca sairemos da cepa torta...
Os partidos políticos (verdadeiras escolas de carreirismo político e oportunismos) estão olimpicamente calados e sossegados pois sabem que a alteração do actual modus facciendi significa, inelutavelmente, o seu fim como organizações e carreiras pessoais.
Os nossos "queridos políticos" querem transformar o país numa quinta onde possam passear as suas vaidades.... Mas uma nova consciência começa a nascer neste espaço da "blogosfera". Uma consciência de cidadania. Por isso é que os nossos "queridos políticos" a querem silenciar!
Não podemos permiti-lo!!!


“O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem-carácter, nem dos sem-ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons!"
 Martin Luther King
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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PereiraMarques

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« Responder #61 em: Abril 17, 2007, 09:45:21 pm »
E todos os dias há mais histórias...

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Direcção da UnI apresenta amanhã os documentos
Sócrates foi aprovado com trabalho de Inglês feito em casa

Por Graça Rosendo e Felícia Cabrita

José Sócrates foi aprovado na cadeira de Inglês Técnico com um trabalho feito numa folha A4 e enviado para o reitor da UnI, acompanhado de um cartão com o timbre do seu gabinete de secretário de Estado. Esta é a explicação que deverá ser dada pela nova direcção da Uni, em conferência de imprensa, quando tornar públicos estes dois documentos, apurou o SOL. A conferência, prevista para esta tarde, foi entretanto adiada para amanhã.

José Sócrates terá feito a cadeira de Inglês Técnico ­– uma das cinco que realizou na Universidade Independente para concluir a licenciatura em Engenharia Civil – através de um pequeno trabalho entregue numa folha A4, que fez chegar ao reitor acompanhado de um cartão do seu gabinete de secretário de Estado.

O cartão e a folha A4, com data de 22 de Agosto de 1996, foram encontrados no processo do aluno José Sócrates pela nova equipa que está à frente da Universidade Independente.

O SOL apurou que está previsto estes dois documentos serem apresentados durante a anunciada conferência de imprensa da nova direcção, com a indicação de que o dossiê escolar de Sócrates, nesta cadeira, não contém qualquer outro elemento de avaliação.

Um destes documentos é, então, um cartão de José Sócrates (subscrito enquanto secretário de Estado adjunto do ministro do Ambiente e que tem o timbre do seu gabinete), em que este escreveu, pelo seu punho: «Meu caro, como combinado aqui vai o texto para a minha cadeira de Inglês».

Agrafada a este cartão, está uma folha A4, com um pequeno texto em inglês, que corresponderá à resposta a menos de uma dezena de alíneas.

Segundo apurou o SOL, este «trabalho para a cadeira de Inglês» é o único documento escolar de Sócrates desta cadeira e terá servido para concluir a sua avaliação final a Inglês Técnico.

Contactado, o gabinete do primeiro-ministro informa que, a haver comentários ao caso, ficarão para depois da conferência de imprensa da UnI.

A conferência de imprensa, que estava marcada para hoje às 18h foi entretanto adiada para amanhã, quarta-feira.

Ontem, a direcção da UnI prometeu revelações importantes na investigação empreendida pela Universidade ao processo do aluno José Sócrates.

Fonte: http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Politi ... t_id=29897

http://downloads.officeshare.pt/express ... /Prova.pdf
 

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Lancero

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« Responder #62 em: Abril 18, 2007, 12:13:16 am »
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

Respeito
 

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ricardonunes

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« Responder #63 em: Abril 18, 2007, 12:29:39 am »
Citação de: "Lancero"
O engenheiro Areias


 :rir:  :rir:
Potius mori quam foedari
 

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hellraiser

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« Responder #64 em: Abril 18, 2007, 08:30:26 am »
"Numa guerra não há Vencedores nem Derrotados. Há apenas, os que perdem mais, e os que perdem menos." Wellington
 

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« Responder #65 em: Abril 18, 2007, 09:06:14 am »


se isto fosse numa Suécia.... :roll:
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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Luso

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« Responder #66 em: Abril 18, 2007, 02:03:41 pm »
O Socas é ainda PM?
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Miguel

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« Responder #67 em: Abril 18, 2007, 07:52:04 pm »
O socas e seus amigos socialistas, estao mal parados :idea:
« Última modificação: Abril 19, 2007, 07:00:22 am por Miguel »
 

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Miguel

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« Responder #68 em: Abril 18, 2007, 11:00:19 pm »
Epaaaaaaaaaaaaaaaaa

que bem fal americano o nosso PM Socas :arrow: http://www.youtube.com/watch?v=KFKhCFgv ... t%2Ecom%2F
 

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Cabeça de Martelo

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« Responder #69 em: Abril 19, 2007, 11:24:59 am »
Citação de: "Miguel"
O socas e seus amigos socialistas, estao mal parados :idea:


Espero bem que não, o país precisa de estabilidade politica para recuperar.
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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« Responder #70 em: Abril 19, 2007, 12:20:47 pm »
Citação de: "Cabeça de Martelo"
Citação de: "Miguel"
O socas e seus amigos socialistas, estao mal parados :idea:

Espero bem que não, o país precisa de estabilidade politica para recuperar.


...acho que é mais é para gastar "á maluca"
 :!:  :arrow: http://www.agenciafinanceira.iol.pt/not ... iv_id=1730
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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Luso

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« Responder #71 em: Abril 19, 2007, 01:51:02 pm »
Citação de: "Cabeça de Martelo"
Espero bem que não, o país precisa de estabilidade politica para recuperar.


É verdade, Martelo. Mas primeiro é preciso que haja alguma política para a poder estabilizar.
Não temos Estado mas uma enorme máquina mafiosa. Para mim, o Estado Português morreu ontem, dia 18 de Abril de 2007.
Por essa razão julgo que muita temática que aqui se discute perdeu o seu valor, porque se baseia na presunção da existência de um Estado de Direito.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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JoseMFernandes

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« Responder #72 em: Abril 19, 2007, 03:18:56 pm »
Jornal PÚBLICO-19/4/2007:

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A pulsão suicida

19.04.2007, Constança Cunha e Sá

O primeiro-ministro foi particularmente atingido por um caso que mostrou ao país o que o seu retrato oficial escondia

Como era de esperar, os "esclarecimentos" do primeiro-ministro à RTP "esclareceram" apenas os que queriam, acima de tudo, ser "esclarecidos". Uma semana depois, a fé dos adeptos, onde se contam inúmeros jornalistas, resiste heroicamente à divulgação de novos dados sobre a licenciatura do eng. Sócrates: para uns, o fim do silêncio do primeiro-ministro devia equivaler ao fim de uma polémica que, segundo um editorial do Diário de Notícias, tem sido alimentada diariamente por "notícias avulsas, sem conteúdo nem sentido"; para outros, esta insistência numa "questão que não interessa nada" (José António Saraiva dixit) revela, como explica candidamente Fernando Madrinha, no Expresso, "uma pulsão suicida que nos puxa para o abismo sempre que um Governo tem condições para definir um rumo e a coragem de seguir em frente, convicto de estar a fazer aquilo que tem de ser feito". Só falta recuperar, embora a recuperação esteja implícita, a famosa frase do prof. Cavaco Silva que o PS tão bem soube aproveitar: "Deixem-nos trabalhar!". Nessa altura, foi o próprio primeiro-ministro que, perante a gargalhada geral, defendeu o seu direito ao sossego e à harmonia institucional. Agora, pelos vistos, são os jornalistas os primeiros a zelar pelos interesses laborais de um Governo que, de acordo com os mesmos, tem um "rumo" para o país e a "coragem" de não o abandonar.
Não vale a pena perder muito tempo com a suposta "irrelevância" das notícias que têm vindo a público. Como se viu esta semana, é impossível ignorar a sucessão de factos controversos que enfeitam o percurso universitário do eng. Sócrates. As datas não coincidem, os documentos são contraditórios, as avaliações incompreensíveis, o plano de equivalências inexplicável e as "explicações" oficiais claramente insuficientes.
Neste momento, fazendo um ponto provisório da situação, existem dois certificados de licenciatura que não coincidem, um plano de equivalências que não passou pelo conselho científico da Universidade e que não foi sequer aprovado pelo seu reitor, dois curricula na Assembleia da República, quatro cadeiras dadas, no mesmo ano, pelo mesmo professor, uma cadeira que não foi dada pelo professor responsável e, por fim, um exercício de Inglês Técnico feito e avaliado depois da data em que terá sido concluída a licenciatura. Se, no meio de todo este enredo, há quem se considere devidamente "esclarecido", não sou eu, com certeza, que vou desfazer essa doce e miraculosa fantasia. Já a "pulsão suicida" referida por Fernando Madrinha e outros ilustres comentadores merece alguma atenção. Pelo que se depreende do que foi escrito, esta semana, um jornalista responsável não pode fragilizar politicamente um Governo que está "convicto de estar a fazer aquilo que tem de ser feito". Antes de "dar gás" a "trapalhadas" avulsas e crises ministeriais, tem que fazer uma avaliação da política governamental: se esta for positiva, como parece ser a do eng. Sócrates, as "trapalhadas" devem desaparecer perante as velhas e recorrentes questões que interessam verdadeiramente aos portugueses; se, pelo contrário, a política anunciada indiciar o pior, como aconteceu, por exemplo, no tempo do dr. Santana Lopes, então qualquer "trapalhada" deve transformar-
-se num caso nacional, com direito a primeiras páginas e a aberturas de telejornais.
O principal "erro" do dr. Marques Mendes não foi ter falado numa "falha de carácter" do eng. Sócrates: foi ter-se "atrevido" a dar crédito institucional a factos que fragilizam politicamente um Governo - que, de acordo com os poderes estabelecidos, deve ser preservado a todo o custo, de forma a poder cumprir os seus lustrosos objectivos.
Acontece que os factos não desaparecem perante as conveniências de uns e o entendimento de outros tantos. Por muito "corajoso" e "determinado" que seja, o primeiro-ministro foi particularmente atingido por um caso que mostrou ao país o que o seu retrato oficial escondia. Por trás da imagem de Estado que ele habilidosamente construiu, durante estes dois anos de Governo, surge, agora, à vista de toda a gente, o Sócrates que ele sempre foi: um político sem espessura, educado nos meandros do aparelho e nos favores do partido, que se notabilizou, a dada altura, pelas qualidades cénicas que revelou. O facilitismo que se detecta no seu percurso académico conjuga-se mal com o "rigor" de que faz gala e com a "determinação" com que enfrenta os "interesses" estabelecidos e os grupos de "privilegiados". Não vale a pena escamotear a realidade. Muito menos alterar critérios noticiosos consoante a opinião política dos jornalistas. O facto (por demonstrar) de este Governo ter um "rumo" e "coragem" para o prosseguir não o exime do escrutínio público, nem pode ser visto como um impedimento à liberdade de informação. Jornalista



Suponho que o 'assunto'  talvez fique por aqui, ou não vá muito mais além ( especialmente depois de 'ver com olhos de ver' a conferência de imprensa de ontem na UI).
Portugal vai presidir a UEuropeia antes do Verão ( vá lá saber-se quando será a próxima vez) e se alguma coisa coisa seria mais prejudicial para Portugal e sua imagem politica, seria  o próximo 'Presidente do Conselho Europeu' ter 'problemas de legitimidade pessoal' no seu pais. Mesmo não deixando de compreender o 'azedume' da
 Constança Cunha e Sá este facto deverá ter prioridade, a partir do momento que não haja 'dolo evidente'... o que aparentemente é o caso.
Qual seria a reacção do PS, em semelhante situaçao se estivesse na oposição?...cada um terá a sua ideia conforme eu também tenho a minha...mas fico por aqui  :wink:
 

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« Responder #73 em: Abril 19, 2007, 04:10:45 pm »
Citar
Pedro Vassalo
Sócrates e a ética
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Provavelmente os mais avisados terão razão: tão cedo o primeiro-ministro não sairá de cena da telenovela sobre as suas credenciais académicas. E não me parece que a estória acabe depressa, por uma razão que até agora não ouvi, nem li, em lado nenhum (talvez por erro meu): o primeiro-ministro teve, ou não, um comportamento sério? Julgo que é isto, e pouco mais do que isto, que está em causa.

Julgo que é isto, e pouco mais do que isto, que está em causa.

E sem este esclarecimento, até ao tutano, o assunto não morre. Claro que há outros dramas laterais, como o facto do primeiro-ministro usar um título que, eventualmente, não tem (alguém se interessa?), ou que tentou pressionar os jornalistas (até parece que foi o primeiro), ou que demorou a dar explicações sobre o assunto (quem não se lembra dos governos do professor Cavaco?), e por aí fora.

Mas, o que muitos pensam em surdina, mas hesitam em escrever ou em dizer, é simples: será que o primeiro-ministro foi conivente, ou cúmplice, ou interveniente, de alguma forma, na trapalhice sobre as suas credenciais académicas? Porque, salvo melhor opinião, é totalmente indiferente saber se é engenheiro técnico, ou se usa o ENG antes do nome sem a tal ter direito.

Ora, seguindo uma lógica consequente, temos que das duas uma: ou, de facto, se prova que houve fraude, e o primeiro-ministro participou na conjura, ou não se prova nem uma coisa nem outra.

Se for a última hipótese, isto é, que não houve fraude, ou que tendo existido o primeiro-ministro em nada teve a ver com o assunto, o caso é arrumado.

Poderá não ser engenheiro com todos os pergaminhos, mas é totalmente indiferente para o cargo que, legitimamente, ocupa.

Havendo fraude, e provando-se que o primeiro-ministro participou, de alguma forma, no processo, o caso muda de figura.

E é esta – e só esta – última hipótese que interessa considerar.

Porque, ao contrário de algumas teses bem pensantes (caso de Pacheco Pereira, por exemplo), não é indiferente saber que quem lidera os destinos do Governo é sério, ou não. Para qualquer eleitor/contribuinte faz toda a diferença.

Claro que há a questão do rigor, da exigência, da transparência que o percurso académico do primeiro-ministro está longe de ser exemplar. Poder-se-á dizer que Sócrates será como Frei Tomás quando pregava: "façam como eu digo e não façam como eu faço". Mas, entre a eventual falta de rigor e a colaboração num crime há a diferença que distingue o distraído do aldrabão.

Ou seja: os graus de gravidade são, absolutamente, diferentes e não confundíveis.

Até porque se coloca uma questão não desprezável: se for verdade a hipótese mais pessimista, e para a qual não bastam suspeitas mas produção de prova concludente e irrefutável, haverá consequências a retirar. A mais importante das quais será saber se alguém que participa numa fraude pode, por exemplo, ser primeiro-ministro?

A discussão poder-se-á abrir, porque faltaria ainda saber (no terreno desta hipótese mais terrífica) se uma fraude desta dimensão (razoavelmente insignificante ao lado de tanta matéria importante) merece uma destituição?

Escrevendo num espaço de uma associação empresarial que faz da ética uma preocupação central, o tema faz todo o sentido. Mas, como em todas as questões éticas, a resposta não será fácil, na medida em que se percebem as consequências do que seria este terramoto político como o de suspender um mandato a meio da viagem.

Com esta seria a terceira vez, seguida, em que um primeiro-ministro não terminava o seu mandato.
Infelizmente, presunção minha, o tema ainda vai dar pano para muitas mangas.
 
 
 


http://www.negocios.pt/default.asp?Sess ... tId=294397
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Lancero

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« Responder #74 em: Abril 22, 2007, 09:26:52 pm »
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

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