Eh lá, calma lá. Isso era verdade á uns anos atrás, mas agora não é nada assim. Construção naval militar é bem mais difícil técnicamente que a civil. A parte militar actualmente não é só um canhão, é muito mais coisas, que não existem em navios mercantes e/ou de pesca.
Yosy, o que é que você sabe que nós não sabemos ?
O que é que transforma o NPO-2000 num navio militar, que não seja o facto de pertencer a uma marinha?
o NPO, será um navio militar na altura em que for comissionado, mas será um navio militar porque uns quantos documentos oficiais vão dizer que sim.
De resto, não há nada de militar num navio claramente inspirado em navios civis, nomeadamente como já foi dito em navios de pesca.
O NPO-2000 é apenas um navio pesqueiro, ao qual será acrescentada uma peça de artilharia de 40mm.
Eu não sei se o projecto, prevê a possibilidade de instalação de uma peça maior e mais potente (como um 76mm) com perfuração do casco, mas a verdade é que os desenhos que foram divulgados na Internet na Revista da Marinha, mostram que o navio tem a parte à proa preparada para acomodações ou da tripulação ou as tais acomodações adicionais que são referidas nas especificações técnicas.
Mais, devo dizer-lhe o seguinte:
Garanto-lhe que se os equipamentos que vão estar a bordo são os que foram divulgados, há muitos navios de pesca, mesmo em Portugal, que estarão equipados com sistemas electrónicos muito mais sofisticados, nomeadamente em termos de sonares e sondas, que tanto quanto sei não vão equipar o NPO.
De resto, e além do vetusto canhão de 40mm a única coisa mais «militar» são os sistemas de comunicações militares, mas os quais, tanto podem ser instalados a bordo do NPO, como podem ser instalados a bordo de qualquer barcaça, desde que se queira gastar o dinheiro para fazer alterações minimas.
Não há nenhum problema em que o NPO seja na prática um navio de pesca. Principalmente porque um navio de pesca de mar alto também tem que ser minimamente estável e capaz de permanecer no mar durante bastante tempo.
Esta situação é estranha, e mais estranha fica a cada dia que passa, com atrasos cada vez mais esquisitos.
Na minha opinião, e independentemente de outros factores que também terão a sua influência há umas quantas razões que podem de facto estar na origem dos problemas:
1 - AlfeiteO governo anterior, considerava a possibilidade de acabar com a capacidade de construir ou reparar navios no Alfeite ou de alguma maneira reduzir aquelas instalações, porque representam um custo muito elevado.
Nada melhor que acusar os Estaleiros de Viana de não serem capazes de fazer alguma coisa e inventar problemas, para justificar a manutenção do Alfeite.
2 - Direção de NaviosAs pessoas que desenharam os últimos navios armados portugueses como as corvetas João Coutinho e Baptista de Andrade estão todas mortas ou há muito tempo na reforma.
A capacidade dos militares da marinha portuguesa para desenharem navios não pode ter sido mantida sem que tenha havido (COMO NÃO HOUVE) novas construções de relevo nos últimos QUARENTA anos.
Não se podem fazer omoletes sem ovos.
Os ENVC foram muito claros ao afirmar que a marinha não tinha tido capacidade para apresentar muitos dos planos de pormenor para o acabamento do navio e ao mesmo tempo afirma (para contemporizar e não parecer desagradavel) que os ENVC se esqueceram de como se fabricam navios militares.
De facto, é até possivel que os ENVC tenham esquecido de como se fazem navios militares, porque o último que lá foi feito foi uma das famigeradas fragatas Dealey.
Mas pela mesmíssima razão, se os ENVC esqueceram como se fazem navios militares (quarenta anos depois) também a marinha se esqueceu passado o mesmo periodo de tempo.
Isto tudo com a agravante de os NPO não serem navios com um projecto militar de raiz. Parte dos estudos até foram feitos no estrangeiro, e o NPO é parecido com alguns navios de recreio (Iates) que andam por esse mundo.
Bem pintado e com uma piscina à popa, o NPO poderia passar facilmente por Iate de algum Mega-rico.
Há demasiadas «limalhas» neste projecto.
Nem podemos dizer que se trata de um problema financeiro complicado, porque os NPO's são navios relativamente baratos.
O que é incrível, é ao ponto a que chegámos.
O Burkina Faso, se tivesse marinha, não estaría numa situação tão ridicula.
Nós, país de marinheiros de outros tempos, continuamos a pensar que ainda somos um país de tradições marítimas.
A verdade é que não somos. E a incapacidade demonstrada na construção de um navio patético, de linhas completamente ultrapassadas e que demonstram que não foi, não é e nunca será um navio militar é apenas uma demonstração disso.
A marinha que não consegue desenhar uma traineira, é a mesma marinha que inventou o rídiculo U209PN, para evitar pagar uma multa que era devida ao concorrente que apresentou o Scorpéne.
Chico-espertice à Portuguesa! e da boa. E os tribunais, colaboraram com ela!
Cumprimentos