Divulgação da Marinha? Ok, podia ser melhor, e em tudo quanto não seja secreto, quanto mais informação melhor.
Mas não vamos cá dar a volta ao prego e fingir que a Marinha ou os ENVC é que são responsáveis por ir à procura de fornecedores nacionais. Se as empresas portuguesas não estão com atenção, não é o cliente que tem de ir à procura delas, quando fornecedores não lhe faltam.
Desculpe mas não só a maior parte do tempo os fornecedores portugueses (estabelecidos ou potenciais) não sabem das oportunidades porque estas não são divulgadas como, pelo menos os ENVC
têm a obrigação de ir à procura de fornecedores nacionais. Isto porque todos os anos os ENVC custam muitos milhões dos nossos impostos a pretexto de serem a indústria naval nacional e de serem o centro do tão falado "cluster" naval que não passa de palavras bonitas sem expressão prática. Porque o resultado prático é que, fora de Viana do Castelo, a maior parte dos postos de trabalho gerados pela construção de navios nos ENVC são no estrangeiro , através da encomendas de bens e serviços que poderiam ser contratados em Portugal. Gruas norueguesas? Mobiliário espanhol? Existem dezenas de empresas portuguesas que trabalham em automação, desde fábricas a caminhos de ferro e aeroportos (não vamos mais longe: a EFACEC), e contratam à Rolls-Royce em vez de darem a oportunidade aos portugueses de entrarem nesta actividade? E depois falam na indústria nacional?
Se é por sair mais barato, então o que sai mesmo mais barato é vender os ENVC.
Dando um exemplo muito evidente de como as coisas se fazem noutros lados: a Marinha Espanhola tem sido um dos maiores clientes do sistema de comunicações SICC feito em Portugal pela EID. Simplesmente como em Espanha seguem a política de privilegiar os produtos próprios e de substituir importações, houve uma empresa espanhola que fez uma cópia do SICC para ser fornecida à Marinha Espanhola e que irá doravante equipar todos os novos navios espanhóis, em vez do SICC verdadeiro (os primeiros serão os BAM). Aparentemente a cópia não foi assim tão bem feita e a Marinha Espanhola rejeitou o equipamento dizendo que não é tão eficaz como o SICC português. Mas para ser ver como são as coisas por lá, o Ministério da Indústria tem uma palavra a dizer nos contratos militares e obrigou a Marinha a comprar o SICC espanhol, ponto final, parágrafo.
E por cá? Cá, os nossos NPO, apesar de embaraçosamente básicos, e de se tratar de uma encomenda de 6 navios, de português levam as comunicações e a tinta.
E depois queixem-se do desemprego.
JQT