Reformas mais baixashttp://www.correiodamanha.pt/Noticia.as ... 24368E840COs portugueses que se reformarem neste ano vão ver as suas pensões descerem 1,32 por cento devido à aplicação do factor de sustentabilidade (0,9868), ontem divulgado pelo Instituto da Segurança Social. Isto significa que, numa reforma de mil euros, serão menos 13,20 euros por mês e menos 184,80 euros por ano (as pensões são pagas 14 meses). Para quem tem uma reforma de 500 euros, pode contar com menos 6,60 euros por mês e menos 92,40 euros por ano.
Esta descida só se aplica a quem se reformar em 2009 e nos próximos anos (ver quadro).
Projecções realizadas por Pedro Corte-Real, professor do Departamento de Matemática da Universidade Nova de Lisboa, mostram que quem se reformar no ano de 2035 terá de contar com um corte de 13,7 por cento.
'O Governo sempre se manifestou contra o aumento da idade da reforma, o que aconteceu noutros países, mas com a introdução deste factor de correcção o que se passa é um prolongamento indirecto da idade de reforma', afirmou ao CM Carlos Pereira da Silva, professor do ISEG e especialista em Segurança Social.
De acordo com os cálculos efectuados pelo Instituto Nacional de Estatística, os portugueses que atingem neste ano os 65 anos (idade legal da reforma) vão viver, em média, mais 18,13 anos, contra os 17,89 anos estimados para os que se reformaram em 2006.
A COMPENSAÇÃO DO ESTADO
Uma das formas de compensar as reduções nas pensões de reforma devido à aplicação do factor de sustentabilidade, além de fazer um Plano Poupança Reforma (PPR), é trabalhar para lá dos 65 anos. O prolongamento da vida activa garante uma bonificação no valor da pensão por cada mês de trabalho efectivo. Segundo o Instituto de Segurança Social, a taxa de bonificação mensal para uma carreira contributiva de 15 a 24 anos é de 0,33 por cento. Já por cada mês de trabalho, para quem já descontou mais de 40 anos, a taxa de bonificação atinge o máximo, isto é, um por cento.
RENTABILIDADE DE 3,9% PARA PPR DO ESTADO
Mais de 5400 pessoas compraram certificados de reforma do regime público em 2008, que terminaram o ano com uma rendibilidade média de 3,9 por cento, segundo o Instituto de Gestão de Fundos de Capitalização da Segurança Social.
Em declarações à Lusa, Manuel Baganha, que preside ao conselho directivo do IGFCSS, explicou que o valor do fundo a 31 de Dezembro rondará os três milhões de euros.
As contribuições de cada aderente são depositadas numa conta, convertendo-se em certificados de reforma, e integram um fundo autónomo gerido pelo Instituto de Gestão da Segurança Social.
O trabalhador inscrito na Segurança Social pode optar por descontar 2 ou 4 por cento da remuneração média ou 6 por cento para os aderentes com 50 ou mais anos.
SAIBA MAIS
FACTOR DE CORRECÇÃO
O factor de sustentabilidade expressa a relação entre a esperança média de vida aos 65 anos com a calculada no ano anterior ao início da pensão.
0,9868
É o valor do factor de sustentabilidade a aplicar neste ano.
18,13
Os portugueses que se reformem neste ano vão, em média, viver mais 18,13 anos.
80% DO SALÁRIO
Para quem recebe mais de oito salários mínimos, a reforma plena é 80% do último salário.
COMO A ESPERANÇA DE VIDA VAI AFECTAR A REFORMA
Ano: 2009 / 2010 / 2015 / 2020 / 2025 / 2030 / 2035
Factor sust.: 0,9868 / 0,9813 / 0,9552 / 0,9303 / 0,9067 / 0,8843 / 0,8630
Redução: 1,32% / 1,87% / 4,48% / 6,97% / 9,33% / 11,57% / 13,70%
MESES DE TRABALHO ADICIONAL DEPENDENDO DA CARREIRA CONTRIBUTIVA
Anos de desc. / Meses de trabalho
De 15 a 24: 5 / 6 / 14 / 22 / 29 / 36 / 42
De 25 a 34: 3 / 4 / 9 / 14 / 19 / 24 / 28
De 35 a 39: 3 / 3 / 7 / 11 / 15 / 18 / 22
Mais de 40: 2 / 2 / 5 / 7 / 10 / 12 / 14
Fonte: Pedro Corte Real, Professor da Universidade Nova de Lisboa