Não estou aqui para ser advogado do Medina Carreira, no entanto queria frisar alguns aspectos:
-O Medina Carreira não é candidato a nada, já não está ligado à política, já não está ligado a qualquer partido, não se prevê que concorra a nenhuma eleição próxima, e muito menos que seja escolhido para algum cargo político. Por conseguinte, quando o convidam para ir comentar determinado assunto à TV, ele faz isso mesmo. Não tem que apresentar soluções, porque não lhe compete, nem tem as competências para isso. O Medina Carreira será o "guru" para muitas pessoas, porque nas suas intervenções veem espelhadas as suas opiniões, as suas revoltas, os comentários que não têm possibilidade de fazer na TV.
-Por outro lado, qualquer um de nós, no seu perfeito juízo, sabe muito bem que essas medidas que supostamente seriam adoptadas pelo Medina, são as necessárias perante a situação que vivemos.
Pois não, não são medidas populares nem agradáveis, mas situações limites requerem soluções limite. Agora, é aceitável que isto se faça quando exista um esforço de parte a parte. Ou seja, como português, aceitaria esse tipo de medidas, numa lógica que da parte do Governo houvesse também um esforço de equilíbrio das contas públicas ou despesas. Se o Estado gasta 6 Milhões de Euros numa fotocopiadora, desbarata dinheiros públicos na bolsa, e em Obras Públicas de proveito duvidoso, então assim não vamos a lado nenhum...
Começando pelo fim.
Vamos arrumar esse assunto da fotocopiadora dos 6 milhões de euros. A CM de Beja já esclareceu que foram 6 MIL euros e não 6 Milhões, tratou-se de um erro de quem preencheu o ficheiro. Como aliás era facilmente perceptivel se as pessoas parassem um pouco para pensar antes de comentar tudo o que lhes poem à frente.
Este é bem o exemplo do tipo de assunto superficial, muito bom para mandar umas larachas para o ar, mas que quando analisados não correspondem a nada de concreto e nos fazem a todos perder tempo.
Quanto ao Medina Carreira. Aceito e respeito a sua opinião embora não compartilhe dela. E já agora passo a dizer porquê.
Nunca fui capaz de atribuir muito valor à crítica pela crítica, à crítica do bota abaixo, à crítica sem soluções. Quanto a mim isso não é crítica, isso é fado! É a cantilena do desgraçadinho... está tudo mal, nada presta, qualquer coisa que se faça é com segundas e terceiras intenções e DE CERTEZA que nada resolve. Esse é o tipo de discurso que não nos leva a lado nenhum. Nós portugueses andamos há demasiado tempo a alimentar esse fado.
Para começar essa postura tem um problema. Considera estúpidos, patetas e/ou corruptos todos aqueles que se envolvem em qualquer acção ou programa que tenha por objectivo interferir com a política ou a economia do país.
Depois se é verdade que não compete ao Medina Carreira encontrar soluções para os problemas do país, ele tem o dever de, quando questionado para isso, dizer o que pensa, o que ele nunca faz, limitando-se a dizer que assim não vamos a lado nenhum. Quem intervém civicamente tem o DEVER de contribuir com opiniões construtivas e não apenas com críticas. Já pensou a credibilidade que por exemplo a SEDES teria se apenas se limitásse a dizer mal? Certamente muito menos do que a que tem não? E quem diz a SEDES diz também todos as personalidades que regularmente comentam a realidade política e económica do país. Conhece mais alguém com a postura do MD? Eu não.
Em terceiro lugar o país precisa de soluções e não de fado.
Aliás não é à toa que o MD é o quase guru de muita gente. É que dizer mal é fácil e todos nos podemos mais ou menos rever nas críticas. Agora soluções é que é mais difícil, e tenho a convicção que no momento em que o MD nos agraciasse com algumas doutas opiniões sobre a resolução dos problemas país, esse seria o momento em que os seus discípulos se começariam a desentender. Assim, nada dizendo de construtivo é a maneira segura de ter sempre muita gente a acenar que sim com a cabeça quando fala.
Agora um caso concreto. Uma coisa me chocou na intervenção do MD no programa da SIC "Nós por Cá". A determinada altura, a propósito do computador Magalhães, e depois do habitual disparate de que "as crianças não precisam dos computadores para nada, precisam é de aprender a ler e a somar", como se as duas coisas fossem mutuamente exclusivas, enfim... a determinada altura dizia eu o MD sai-se com esta, mais ou menos assim "espero que os Magalhães se avariem todos em pouco tempo para que este assunto fique para trás". Não foram estas as palavras mas o sentido foi este. Aqui meu caro tenho que lhe dizer que o MD já não está simplesmente azedo como é costume, o homem está estragado!
Independentemente da opinião que se tenha sobre a introdução dos Magalhães no ensino e da diferença entre o nº de computadores prometido até final de 2008 e queles que foram entregues (apenas 15%), desejar que 50.000 crianças fiquem rapidamente com o seu PC avariado é algo de surreal.
Concordo que vão ser necessários sacrifícios para sairmos da situação em que estamos. A meu ver os portugueses estão a precisar de um banho de realidade, nomeadamente:
a) O tempo do crédito fácil acabou.
b) Os subsídios devem ser reduzidos ao mínimo. Na agricultura por exemplo é um escândalo. Porque havemos nós de estar a subsidiar gente que na sua maioria têm um património dezenas senão centenas de vezes superior ao do português médio? Os seguros existem para quê?
c) As profissões dependentes do estado, funcionários públicos, professores, juízes, procuradores, têm de pensar menos nos direitos aquiridos e mais na utilidade que o trabalho de cada um deles tem para o país. É que cá fora (do estado), na vida civil digamos assim, não há cá essa treta dos direitos adquiridos. O que é isso? Porque é que um funcionário não pode ser transferido do Ministério da Agricultura onde não faz falta, para o Ministério da Educação, onde é necessário? Porque a carreira é diferente? Ora meus caros, haja paciência! Porque é que não há-de haver professores titulare e outros que o não são? Os titulares são efectivos, os demais serão contratados de acordo com as necessidades. O ME não é uma agência de empregos! São 2 exemplos de coisas aparentemente simples, mas que na realidade ilustram muito do nosso atraso.
Para terminar só quero dizer que compreendo que aqueles que concordam com medidas impopulares e duras apreciem o Medina Carreira.
O que já não percebo é que aqueles que não partilham da opinião que são necessárias medidas duras e impopulares, demonstrem a mesma admiração e consideração pelo Sr..
Fico até admirado quando aqueles que aparentemente são partidários dos "amanhãs que cantam" se manifestam a favor do MD. Só pode ser uma ironia.
É que os amanhãs foram afinal ontem e ninguém acabou a cantar, bem pelo contrário, acabaram a chorar e sem cheta no bolso! Outra ironia.