Efectivamente Cabinda foi um protectorado portugues (1885-Tratado de Simulambuco), cuja autonomia foi '(re)definida)' na Constituiçao de 1933, mas que (para abreviar) veio a ser integrado administrativamente na entao Provincia de Angola em 1956. Na sequencia da descolonizaçao e independencia foi integrada na RPAngola.
O direito à "autodeterminaçao" do territorio é ou seria, a meu ver, absolutamente justo.Que o povo cabinda optasse ou nao por real independencia ou qualquer forma de acordo autonomico com o parceiro que entendesse, seria apenas a sequencia de uma escolha livre e ponderada. Este problema nao foi posto nos Acordos de Alvor, (os movimentos independentistas angolanos nem sequer deveriam abrir mao para um referendo) mas pelo menos para salvaguardar parte da responsabilidade historica, (sempre do meu ponto de vista claro) pelo menos a questao deveria ter sido posta em cima da mesa por parte de Portugal, mas nem isso...Nao fosse a riqueza petrolifera da sua costa (embora Cabinda tenha outros recursos interessantes, como a madeira, fosfatos) e talvez fosse possivel uma soluçao mais democratica.Nao devemos negar a importancia do 'ouro negro' nos calculos independentistas ( A FLEC foi o mais conhecido dos movimentos, mas houve outros) e obvia e principalmente dos nacionalistas angolanos, mas a movimentaçao autonomista é anterior a exploraçao petrolifera e de qualquer modo seriam os naturais do enclave a ter uma palavra sobre a transferencia de poder dos portugueses para os angolanos, povos com quem alias nao tinham afinidades directas, e que nao salvaguardavam a sua especificidade.
O que se passou no enclave depois de 1975 ( mas apenas uma pequena parte, garanto-lhe...) tem vindo a publico pelos orgaos de comunicaçao, embora Cabinda nunca tenha merecido a atençao que deveria.
Ja acompanhei discussoes noutros Foruns sobre o direito de Cabinda a autonomia que, repito, defendo e penso ser justo, mesmo compreendendo algumas posiçoes antagonicas.
Infelizmente esta parece-me ser uma causa perdida...eu pelo menos nao vejo muitas possibilidades de voltar a 'casa de partida'... e os tempos presentes nao propiciam o retorno da questao.Se o governo angolano, aparentemente mais democratico nos dias de hoje, tomar medidas de descentralizaçao efectiva e maior apoio ao desenvolvimento economico e social, transferindo e fixando orçamentalmente uma parte mais significativa das receitas provenientes da exportaçao do territorio, juntamente com um plano de paz e acordo social ( ha dezenas de milhares de refugiados cabindas nos paises limitrofes)...talvez se evolua para uma situaçao mais conforme aos anseios do povo.Convém nao esquecer que afinal o petroleo é uma riqueza efémera, que nao deve durar mais de uma geraçao... é pois mais que hora para avançar no desenvolvimento humano e economico, em funçao de um futuro que sera bem diferente do actual.Mas nao passam de desejos...
Encontrara certamente numa busca aprofundada bastantes elementos interessantes na Net, provenientes de sites oficiais angolanos', 'da Resistencia e Governo de Cabinda no exilio' de ONG's etc...Existe alguma literatura também, mesmo se nao tao abundante ou disponivel, como o assunto mereceria.
http://ccp.home.sapo.pt/Tratado_Simulambuco.htm bem como o link nele constante sobre o livro ' a independencia de Cabinda'
www.angelfire.com/pq/unica/cabinda_we_w ... .htm#Os%20"protectores"%20de%20Cabinda - com reproduçao de polémica entre o 'militar de Abril' major-general Pezarat Correia e o jornalista Francisco Belard
Nota:Cabinda foi o meu ultimo lugar de destacamento na entao Guerra Colonial.Nao encontrei um unico 'cabinda' que aprovasse a integraçao em Angola e todos confiavam na 'palavra dos portugueses de Simulambuco'; os 'acontecimentos' passados depois de 25 de Abril de 1974 no enclave inscrevem-se nas paginas mais tristes e vergonhosas da historia militar portuguesa.
Cumprimentos