Cabinda

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JoseMFernandes

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« Responder #15 em: Março 10, 2006, 07:56:42 pm »
Citação de: "Rui Elias"

No caso de Cabinda, o mundo poderia estar contra o colonialismo portugues a partir dos anos 60, mas nos anos 40 e 50, quando Portugal incluiu Cabinda na Provinca de Angola, isso foi reconhecido.

E Hoje, o mundo reconhece Cabinda como parte integrante do território angolano.

Aliás, a génese de Cabina decorreu das disputas nos aos 80 do século XIX, que antecederam a Conferência de Berlim:

Portugal estava interessado em ocupar as duas margens do rio Zaire.

Mas isso foi considerado inaceitável pela Bélgica, com o apoio inglês, francês e americano.

Então a margem direita ficou para a Bélgica e França.

Portugal foi compensado dessa "derrota" pelo enclave de Cabinda.


Caro Rui Elias
Nao sei a que se refere sobre o 'reconhecimento' da alteraçao administrativa de Cabinda em relaçao a Angola, e pessoalmente penso que isso pouco devia interessar na altura os outros paises( S.Tomé também chegou a ter prevista mudança administrativa).
Que o Mundo, (enfim... Organizaçoes Internacionais) reconheçam Cabinda como parte integrante  do Estado angolano é correcto (quanto mais nao seja por aceitaçao implicita).
A validade intrinseca das fronteiras estabelecidas, especialmente em Africa, é a meu ver caricata.Todos fingem nao ver que Zaire, Nigeria para citar apenas dois 'colossos' africanos deixaram ha muitos anos de ter autoridade central a controlar o territorio, criaram-se divisoes 'de facto' fazem-se eleiçoes 'faz-de-conta' para estrangeiro ver, o poder esta repartido e as tensoes e confrontos sao constantes, mas quem se no fundo com preocupa com isso?... mais facil fechar os olhos ou virar a cara.
Os exemplos de incongruencias fisicas e humanas na divisao oficial dos paises sao tantas que  nao vale a pena esmiuçar.Poderia ter-se feito de forma diferente?...porque nao?!
Um verdadeiro plano para Africa exigiria mais tempo para concretizaçao das autonomias, um atraso de 20 ou 30 anos que  seria aproveitado para desenvolver as diversas regioes, integra-las democraticamente  em paises, unioes ou federaçoes (desde que escolhessem livremente).Custaria dinheiro e esforço? sim...! mas muito menos vitimas (e ja foram largos milhoes) mas a prazo, seguramente menos do que o  actualmente  dispensado nessa zona do globo (mundialmente o maior valor 'per capita' em ajuda) e sem resultados estaveis e visiveis até os dias de hoje (vai ser instaurada a breve trecho mais uma taxa nos voos internos e externos europeus, para 'alimentar' esse auxilio) ...mas penso que poucos acreditem no real 'impacto' desse manancial de dinheiro que se vai esvaindo, sem muitas vezes chegar ao destinatario final...porque a atribuiçao e controle no terreno acabam por ficar muito dependentes de estruturas locais nao democraticas nem representativas.
Mas a realidade dos factos pode vir, tarde é certo, ao de cima, e com danos.Vimos o que aconteceu na Europa de Leste e Médio Oriente  e no que ainda podera suceder em outros paises onde unidade politica nao quer dizer a unidade de 'almas e coraçoes' com a sua 'historia'.Ja reparou a quantidade de paises(até membros da UE) que nunca tinham sido verdadeiramente independentes ao longo da historia?E os que o foram  antigamente e entretanto 'desapareceram' ou foram 'absorvidos'?Penso que sempre que possivel sera o povo a determinar o seu destino, e  assumir as responsabilidades inerentes, claro...
Como escrevi atras, para mim que conheci o povo cabinda (como conheci outros debaixo do controle portugues), sinto uma dor imensa pelo que lhe sucede(u).Repito que se houver uma possibilidade de acordo incluindo reconhecimento especifico de deveres e obrigaçoes por parte do governo central angolano com os seus naturais ( regiao autonoma, por ex.) talvez seja a melhor soluçao para este caso ( até ver...).
O sangue, dor e lagrimas que por aquela terra passou, merecem uma luz de esperança.

Uma leve nota sobre a sua referencia a Bélgica.A Bélgica nao recebeu territorio nenhum através da conferencia de Berlim !
Ja no séc séc. XX teve uma polémica 'doaçao' ...que o governo belga bem dispensaria,  e  a avaliar pelos acesos debates que se travam ainda nos nossos dias a esse  respeito, muito danosa.Mas sao outras historias...
Cumprimentos
 

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Rui Elias

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« Responder #16 em: Março 13, 2006, 11:54:55 am »
José Fernandes:

Concordo em 98% com o seu texto.

As fronteiras traçadas para África não se coadunam com as "nações" africanas.

Mesmo em Angola, é duvidoso que Angola pudesse em condições normais ser consdiderado um Estado viável com as fronteiras que tem e muita da luta da UNITA foi baseada nas divisões culturais e étnicas.

Mas ainda que sejam verdades casos como os que referiu na Nigéria, Rep. Dem. do Congo ou no Sudão, seria muito complicado agora redesenhar as fronteiras administrativas desses estados.

Que me lembre, a única alteração recente foi a da independência da Eritreia relativamente à Etiópia.

Acredito que o futuro para o apziguamento e desenvolvimento de África passa pelo desenvolvimento económico que dará às populações o mínimo para que tenham com que comer, beber, e exportar.

Claro que isso seria trabalho para gerações.

O Ocidente pode e deve ajudar, mas sem paternalismos.
 

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JoseMFernandes

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« Responder #17 em: Abril 05, 2006, 01:06:23 pm »
Do EXPRESSO AFRICA (online) 3/4/2006, com sublinhados meus.

Citar
Partido independentista de Cabinda lança apelo
José Sócrates instado a acabar com a guerra no território

 
   
O presidente de uma das facções dos independentistas de Cabinda apelou ao primeiro-ministro português, José Sócrates, para interceder junto do Governo angolano no sentido de
 acabar com a guerra neste território, durante a sua visita oficial de quatro dias a Angola, que se inicia na próxima terça-feira.

 
Em comunicado, o presidente da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda - Conselho Superior Alargado (FLEC-CSA), José Liberal Nuno, fez este apelo a José Sócrates para que se crie «um clima político propício ao diálogo e negociações» para o fim da guerra em Cabinda.
 
«Em nome do martirizado povo de Cabinda solicito encarecidamente o empenho pessoal de vossa excelência para que durante o período em que estiver em Angola se empenhe no sentido de envidar esforços de modo a apelar às autoridades angolanas a enveredarem, com coragem e determinação políticas, na via do diálogo», escreveu o presidente da FLEC-CSA.
 
A FLEC surgiu em 1963 para defender a independência de Cabinda mas o movimento tem-se caracterizado por várias disputas internas pela liderança, o que tem servido de argumento para o Governo angolano alegar que fala apenas com um interlocutor.
 
Além da FLEC-CSA, a FLEC/Forças Armadas de Cabinda, de Nzita Tiago, e a FLEC-Renovada, liderada por António Bento Bembe, fundiram-se, criando um governo no exílio (França), mas os dois líderes também já se desentenderam depois do afastamento de Bento Bembe da direcção do Fórum Cabindês para o Diálogo.
 
Cabinda, responsável por cerca de 90 por cento da produção petrolífera de Angola, é palco desde 1975 de uma luta armada, com os independentistas a alegarem que o território é ainda um protectorado português, como ficou estabelecido no tratado de Simulambuco, em 1885.
 
José Sócrates inicia terça-feira uma visita oficial de quatro dias a Angola.
 
O primeiro-ministro angolano, Fernando Dias Piedade dos Santos «Nandó», admitiu terça-feira passada, numa sessão de perguntas ao Governo, no parlamento angolano, a possibilidade de ser atribuído um «estatuto especial» ao enclave de Cabinda e considerou que a situação evoluiu de forma «francamente positiva».
 
 
 
 
12:24  3 Abril 2006  
 

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pedro

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« Responder #18 em: Abril 05, 2006, 05:14:45 pm »
Eu acho que Portugal deveria fazer algo pelo povo de cabinda.
Cumprimentos :lol:
 

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Luso

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« Responder #19 em: Abril 05, 2006, 10:06:25 pm »
O borradão do Gugu, a Picareta Falante, guturou alguns comentários muito pouco felizes sobre a validade do Tratado de Simulambuco.
Como se o passado merecesse criticismos à luz de "valores" hodiernos.
Mas lentamente, vão corrigir-se os erros e as mentiras da abrilada...
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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dremanu

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« Responder #20 em: Abril 05, 2006, 10:33:02 pm »
Os Africanos das ex-províncias ultramarianas libertaram-se dos malvados imperialistas Portugueses para os braços acolhedores da guerra civil, fome, e miséria extrema, viva a liberdade.
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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Rui Elias

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« Responder #21 em: Abril 06, 2006, 09:46:29 am »
Colegas:

Os tempos do colonialismo e do saudosismo africanista já lá vai.

Luso:

Abrilada foi o que aconteceu no século XIX.

O nosso 25 de Abril de 74 tem uma suprema vantagem:

Permite que aqui estejamos a discordar uns dos outros, sem medo que por aqui haja um bufo que nos denuncie a uma polícia política.
 

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Nuno Bento

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« Responder #22 em: Abril 07, 2006, 08:41:32 am »
O processo de independencia foi a merda que foi.
Agora já pouco ou nada há a fazer .
So se Portugal fosse doido é que se iria por do lado dos independentistas de cabinda, pois existem muitos interesses economicos pelo meio.
E hoje em dia a politica tem muito a ver com o dinheiro.

Cabinda independente?
Talvez mas so daqui a uns 30 anos quando já não houver petroleo por aquelas bandas, mas até lá enquanto Portugal, EUA Inglaterra etc andarem a comer do governo Angolano não vão defender a independencia de Cabinda.
 

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Luso

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« Responder #23 em: Abril 07, 2006, 11:48:54 am »
Citar
Os tempos do colonialismo e do saudosismo africanista já lá vai.


Só se for para as massas de jovens ignorantes e apáticos da geração Dzert e para a malta que tem saudades de outros tempos, pá. :?
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Rui Elias

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« Responder #24 em: Abril 07, 2006, 03:33:31 pm »
Luso

De FP para FP:

Eu também não sou assim tão novinho que apenas goste de ver os Morangos com Açucar e ir às docas gastar numa noite 60 €, e no dia seguinte estar a manifestar-me na rua contra as propinas.

Enfim, eu não pertenço à geração das roupas de marca no corpo, e merda na cabeça.

Mas acho que efectivamente, se há fenómenos históricos que se repetem ciclicamente, tambem acho que a história não se repete, e que o tempo do africanismo colonial já lá vai.

Aliás, a 24 de Abril de 74 já tinha ido, só que Thomaz e Caetano não tinham dado por isso.

Se países mais poderosos que nós, como Inglaterra e França descolonizaram, acha que Portugal iria ficar para "amostra"?

Eu acho que há agora formas mais vantajosase justas de lidar com esses novos países, como através da cooperação cultural, militar e económica.
 

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dremanu

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« Responder #25 em: Abril 07, 2006, 06:03:27 pm »
Citação de: "Rui Elias"
Se países mais poderosos que nós, como Inglaterra e França descolonizaram, acha que Portugal iria ficar para "amostra"?.


Isso é um argumento, o outro é que Portugal tinha um modelo próprio de colonização que estava a ser desenvolvido gradualmente, e que Portugal iria transferir a soberania gradualmente para os Africanos.

Isto foi o que foi feito em Macau, e deu resultado.
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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Luso

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« Responder #26 em: Abril 07, 2006, 10:09:09 pm »
Citar
De FP para FP:


"FP"?

Suponho que queira dizer Filho da Pátria, certo?
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Miguel

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« Responder #27 em: Abril 08, 2006, 10:41:38 am »
ui :shock:
 

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Rui Elias

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« Responder #28 em: Abril 10, 2006, 04:37:55 pm »
Luso:

FP = Func. Público   :wink:
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Dremanu:

Poderia ser, já que realmente alguns modelos coloniais portugueses diferiram do de outras potência europeias.

Mas os nacionalistas africanos não seriam sensíveis a essas particularidades.

Por isso pegaram em armas contra a presença portuguesa no início dos anos 60.

E foi após essa tomada em armas, que o regime começou a inevstir em força nas colónias, para arripiar caminho e tentar dar corpo à tese da "Nação unia e indivisível" e da "Nação pluri-continental".

Foi a época da construção de estradas, investimento em planos industruais e agrícolas, favorecimento de ida de populações pobres para África, para aumentar a presença colonial lá, etc.

Todo aquele que durante a vigência do Estado Novo falaram, em "auto-determinação" ou "novos-brasis" cairam em desgraça, o que demonstra que o regime não estava disposto a discutir a auto-determinação e muito menos uma trasição para a independência.
 

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PereiraMarques

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« Responder #29 em: Abril 10, 2006, 06:59:57 pm »
Citação de: "Rui Elias"
Luso:

FP = Func. Público   :toto:

Isto já parece aquela anedota do, qual é o orgão do corpo humano, que se escreve C _ R _ _ _O, e que está sempre acompanhado por um par de _ _ _ _ ÕES???

É o CORAÇÃO e os PULMÕES, ò mentes poluídas... :lol: