Integralismo Lusitano

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papatango

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« Responder #60 em: Janeiro 07, 2008, 11:06:19 pm »
Pessoalmente acho que as criticas ao actual "regime" fazem sentido, porque ele entrou claramente em decadência.

No entanto, acho que devemos aprender com a História. Os problemas do país são provocados pelas cliques que se aproveitam do(s) sistema(s) e vivem dele(s). Acomodam-se.

Também não me parece muito lógico defender o Salazar e comparar com o actual sistema democrático com as virtudes do salazarismo. Não há como comparar. Os escândalos de corrupção que hoje vêm a público vêm quando é conveniente a uma das cliques, mas no tempo de Salazar eram todos silenciados pela censura.

Seria um disparate fazer a comparação e acho que a esmagadora maioria das pessoas entende isso.

Abril não foi nem pode ser uma data "sagrada" porque não foi Abril que derrotou o regime.
Quem derrubou o regime foi a ferrugem e a podridão que ele próprio criou.

É porque está podre que em 25 de Abril de 1974 práticamente ninguém se levantou para o defender de uns quantos alunos de uma escola e de uns quantos canhões de carros de combate.

O 25 de Abril foi uma revolução de três Panhard-EBR contra quatro M-47, que depois passaram a dois e finalmente a zero.

Por isso também temos a obrigação de interpretar o 25 de Abril de um ponto de vista histórico. O regime não tinha mais por onde seguir. Estava podre, seco, caduco.

Acho muito sinceramente, e como já disse aqui, que estamos envoltos em conversas estéreis.

Nem o regime do pós 25 de Abril foi resultado de uma grande luta heróica, porque foi o resultado da decadência e da podridão e nem aqueles que governavam antes de 25 de Abril eram grandes homens, porque se o fossem não tinham deixado um regime decadente cair de podre.

Peço desculpa, mas este tópico parece uma discussão do roto a criticar o nú.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
Contra a Estupidez, não temos defesa
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JLRC

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« Responder #61 em: Janeiro 08, 2008, 12:24:24 am »
Citação de: "JPM"
As detenções efectuadas durante o Estado Novo também estavam a respeitar a legislação da altura.

Citação de: "JLRC"
O que eu disse e repito é que se os partidos fascistas são proibidos por lei, quem faz propaganda a um dos chefes desses partidos (embora já felizmente morto) tem de ser considerado criminoso.

O JLRC não é contra detenções por motivos políticos, como ilustra bem esta frase da sua autoria. É, sim, contra detenções feitas a membros do seu quadrante político.

Falsos moralismos. Enfim...


Não sr. JPM, não se trata de motivos políticos mas de crime organizado, de bandidos. Matar, prender sem culpa formada, restringir a liberdade, censurar a escrita, censurar o pensamento são crimes contra a humanidade. E por isso que esses senhores são criminosos, da mesma maneira que os skin heads o são e os membros dos partidos neo-nazis o são. Quanto a terem havido erros após o 25 de Abril, claro que os houve, admirado ficava eu se não os houvesse. O importante e que neste momento não existem presos políticos, existe liberdade, a mesma que lhe permite dizer os disparates que diz. Se eu escrevesse em 24 de Abril de 1974 só uma ínfima parte do que você escreveu mas em sentido contrario, seria logo preso. Os erros do 25 de Abril não podem branquear os crimes de 48 anos de terror fascista.
Quanto a apelidar-me de vermelho, acertou, sou do Benfica desde que nasci.

Vou, não vou
Fico, não fico
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Viva o mafarrico (vulgo Salazar)
 

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JPM

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« Responder #62 em: Janeiro 08, 2008, 12:45:43 am »
Tenho pena de si, sabe. Ou é ingénuo ao ponto de acreditar em toda a propaganda Abrileira , ou a propaganda e doutrinação a que foi sujeito foram muito eficientes.

Diga-me uma coisa, o que é que o leva a dizer o que diz? Sem me responder "toda a gente sabe que foi assim"...

Devo assinalar, que pela primeira vez, conseguiu responder sem insultar ninguém. Continue, é assim que os "crescidos" fazem.
 

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oultimoespiao

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« Responder #63 em: Janeiro 08, 2008, 01:40:16 am »
Sr JLRC, como vc disse eu devo ser o "ultimo" etc... Os seus ataques pessoais nao me incomodam, sao mais o modus operandi da sua claque! Mas gostava de ver voce criticar os seus tios vladimir, laurenti, jose, sergei, etc. entre muitos outros da sua extensa familia!
 

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JLRC

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« Responder #64 em: Janeiro 08, 2008, 02:19:13 pm »
Citação de: "oultimoespiao"
Sr JLRC, como vc disse eu devo ser o "ultimo" etc... Os seus ataques pessoais nao me incomodam, sao mais o modus operandi da sua claque! Mas gostava de ver voce criticar os seus tios vladimir, laurenti, jose, sergei, etc. entre muitos outros da sua extensa familia!


Você e outros da sua claque (palavra sua) politico-criminosa é que não me incomodam. Não passam de uma pequena minoria desesperada e tentando por todos os meios adquirirem notoriedade. Só um reparo: Porque é que todos os que se opõem as vossas ideias totalitárias são rotulados de vermelhos, sergueis, vladimiros, etc? So os fascistas é que não são vermelhos? Tal como dizia Salazar, quem não é por mim é contra mim. Grandes democratas, ao menos sejam sinceros e digam o que são. E com isto encerro esta discussão estéril ate porque todos já se aperceberam do que vocês defendem e as vossas ideias já estão no caixote do lixo da historia, quer em Portugal quer no resto da Europa.
Quanto a fazer-lhe a ataques pessoais talvez você gostasse que o fizesse pois isso era dar-lhe a importância que não tem, você não passa de um ser insignificante com o qual não pretendo perder nem mais um minuto do meu tempo. Quando crescer um pouco mais e tiver algumas ideias próprias e coerentes então escreva qualquer coisa.
 

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Cabeça de Martelo

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« Responder #65 em: Janeiro 08, 2008, 02:25:05 pm »
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Olha que o pessoal de Mafra não iam gostar muito desta apologia... :lol:
Contra a Esquerda woke e a Direita populista marchar, marchar!...

 

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Cabeça de Martelo

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« Responder #66 em: Janeiro 08, 2008, 02:33:52 pm »
Só sei uma coisa, os meus avós tinham a 4ª classe, o meu pai tem a 4ª classe e a minha mãe o 7º ano, eu tenho o 12º ano e a minha irmã vai para a universidade.

Os meus pais quando se casaram não podiam comprar nem sequer alugar uma casa, eu aluguei um pequeno T1 (porque não queria gastar muito dinheiro enquanto não faço a minha moradia).

Os meus país poucas hipoteses tiveram de escolher o seu trabalho, safaram-se como poderam e durante anos tiveram uma qualidade de vida abaixo de cão, trabalho-casa, casa-trabalho. Eu tenho uma boa qualidade de vida (apesar de ter pouco dinheiro). Tenho o meu carrinho, as minhas coisinhas e não estou a dever nada a ninguém. Dizerem que o 25 de abril trouxe consigo uma descolonização muito mal feita, aceito-o e digo o mesmo. Dizerem que se vivia melhor nessa altura...é um absurdo!

Onde é que as pessoas tinham o poder de compra que têm agora, onde é que as pessoas tinham ao seu dispor a enorme variedade de serviços, educação, saude, etc; que agora há?! Portugal está longe de ser o paraiso, mas estamos muito à frente da realidade terceiro-mundista que se vivia nessa altura.
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JPM

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« Responder #67 em: Janeiro 08, 2008, 03:17:52 pm »
Citação de: "Cabeça de Martelo"
Só sei uma coisa, os meus avós tinham a 4ª classe, o meu pai tem a 4ª classe e a minha mãe o 7º ano, eu tenho o 12º ano e a minha irmã vai para a universidade.

Os meus pais quando se casaram não podiam comprar nem sequer alugar uma casa, eu aluguei um pequeno T1 (porque não queria gastar muito dinheiro enquanto não faço a minha moradia).

Os meus país poucas hipoteses tiveram de escolher o seu trabalho, safaram-se como poderam e durante anos tiveram uma qualidade de vida abaixo de cão, trabalho-casa, casa-trabalho. Eu tenho uma boa qualidade de vida (apesar de ter pouco dinheiro). Tenho o meu carrinho, as minhas coisinhas e não estou a dever nada a ninguém. Dizerem que o 25 de abril trouxe consigo uma descolonização muito mal feita, aceito-o e digo o mesmo. Dizerem que se vivia melhor nessa altura...é um absurdo!

Onde é que as pessoas tinham o poder de compra que têm agora, onde é que as pessoas tinham ao seu dispor a enorme variedade de serviços, educação, saude, etc; que agora há?! Portugal está longe de ser o paraiso, mas estamos muito à frente da realidade terceiro-mundista que se vivia nessa altura.


Não se esqueça que o Estado Novo não é uma realidade de à 2 anos atrás. Estamos a falar de uma coisa que se passou à mais de 30 anos. Isso que disse podem dizer quase todos os cidadãos dos países da União Europeia a respeito do seu passado. O mundo evoluiu. O contexto histórico é uma coisa a ter em conta.
Além de que agora a melhoria das condições de vida muito se deve às facilidades de crédito. Por isso, entre outros factores, é que o País está tão endividado.
 

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JPM

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« Responder #68 em: Janeiro 08, 2008, 03:21:05 pm »
Citação de: "JLRC"
Quanto a fazer-lhe a ataques pessoais talvez você gostasse que o fizesse pois isso era dar-lhe a importância que não tem, você não passa de um ser insignificante (...).


:lol:  :lol:

E é este homem professor...
 

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papatango

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« Responder #69 em: Janeiro 08, 2008, 04:52:07 pm »
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Não se esqueça que o Estado Novo não é uma realidade de à 2 anos atrás. Estamos a falar de uma coisa que se passou à mais de 30 anos. Isso que disse podem dizer quase todos os cidadãos dos países da União Europeia a respeito do seu passado. O mundo evoluiu. O contexto histórico é uma coisa a ter em conta.


O Estado Novo é uma realidade que quem se lembra consegue colocar no tempo e pode mesmo comparar.

Só para lhe dar um exemplo:

Hoje, nós podemos ir a um qualquer país europeu e achamos que é tudo caro, achamos que eles têm mais dinheiro que nós, mas na essência as lojas, os serviços, os meios à disposição das pessoas são os mesmos.
Nós quando vamos hoje à Alemanha vemos um país que é mais rico que o nosso, mas onde uma cidade alemã não é na realidade assim tão diferente de uma cidade média portuguesa.

No inicio dos anos 70 o meu pai emigrou para um país europeu, pelas mesmas razões de muitos outros (e não foi para fugir à guerra porque ele já tinha cumprido o Serviço Militar).

Eu era muito pequeno, mas lembro-me que ele vinha a casa duas vezes por anos, no verão e no Natal e falava-nos de um mundo completamente diferente.

Quando um português chegava à Alemanha ou à França, não via apenas um país mais rico (como hoje), via um mundo completamente diferente.

E o meu pai não era um camponês, ele nasceu e viveu sempre numa cidade, e mesmo assim, para alguém que vinha da cidade o choque e a diferença eram enormes.

É exactamente quando comparamos o Portugal dos anos 60 e 70 com os restantes países da Europa nesse mesmo tempo que notamos a diferença.

Portugal era o terceiro mundo. Para os franceses, a África começava nos Pirineus.

Qualquer comparação por mais pequena que seja da realidade de hoje para a realidade bolorenta absurda caquética do Portugal decadente, dos anos 60 e 70 ou reslta de um completo desconhecimento da realidade, ou de uma absoluta falta de conhecimento da História.

O regime de Salazar não foi um regime títere e assassino como diz o JLRC, embora tenha morto muita gente e mesmo que tivesse morto apenas uma pessoa já teria sido uma a mais.
Mas afirmar isso não é defender nem desculpabilizar o regime pelo seu mais vergonhoso crime.

O crime de ter transformado Portugal numa terra sem futuro, um país de analfabetos, onde ainda hoje pagamos caro - muito caro - a ideia tão salazarista e bafienta da casinha portuguesa com pão e vinho sobre a mesa, onde se glorificava a pobreza, escondendo que ser pobre era uma anormalidade numa europa rica. O país onde era apenas preciso saber ler escrever e contar e onde se ensinava às crianças no ensino primário os rios, os afluentes, todas as linhas da CP com os seus ramais, o nome dos distritos de Angola e as suas capitais.

Hoje as crianças começam a aprender inglês no ensino primário, como acontecia na Alemanha dos anos 70.

Não me venham com histórias das vantagens do "antigamente".
Não há nenhumas.
Também havia corrupção, só que era escondida pela censura e o regime também entrou em decadência, exactamente por causa da corrupção que o consumia.

E aqui, devo dizer em defesa do Salazar, que acredito que não fosse intenção dele, pois a interpretação que faço, é que desde que começou a guerra que Salazar tinha deixado de acreditar em Portugal. Começou a entender que a guerra não podia ser ganha e não tinha soluções. Não sabia o que fazer limitando-se em continuar para ver em que paravam as modas.

Numa democracía, teria feito a única coisa decente que estava ao seu alcance, e que foi a única coisa decente que eu reconheço que o António Guterres (salvo as devidas distâncias) fez.

Admitir que tinha chegado ao fundo e demitir-se.

Salazar achou que era insubstituivel e esqueu-se que os cemitérios estão cheios de gente insubstituivel.

O regime continuou porque a podridão tem meios de se auto-governar, no periodo em que vai do inicio do apodrecimento, até ao momento em que a casa cai.

Cumprimentos
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Cabeça de Martelo

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« Responder #70 em: Janeiro 08, 2008, 05:21:51 pm »
Citação de: "JPM"
Citação de: "Cabeça de Martelo"
Só sei uma coisa, os meus avós tinham a 4ª classe, o meu pai tem a 4ª classe e a minha mãe o 7º ano, eu tenho o 12º ano e a minha irmã vai para a universidade.

Os meus pais quando se casaram não podiam comprar nem sequer alugar uma casa, eu aluguei um pequeno T1 (porque não queria gastar muito dinheiro enquanto não faço a minha moradia).

Os meus país poucas hipoteses tiveram de escolher o seu trabalho, safaram-se como poderam e durante anos tiveram uma qualidade de vida abaixo de cão, trabalho-casa, casa-trabalho. Eu tenho uma boa qualidade de vida (apesar de ter pouco dinheiro). Tenho o meu carrinho, as minhas coisinhas e não estou a dever nada a ninguém. Dizerem que o 25 de abril trouxe consigo uma descolonização muito mal feita, aceito-o e digo o mesmo. Dizerem que se vivia melhor nessa altura...é um absurdo!

Onde é que as pessoas tinham o poder de compra que têm agora, onde é que as pessoas tinham ao seu dispor a enorme variedade de serviços, educação, saude, etc; que agora há?! Portugal está longe de ser o paraiso, mas estamos muito à frente da realidade terceiro-mundista que se vivia nessa altura.

Não se esqueça que o Estado Novo não é uma realidade de à 2 anos atrás. Estamos a falar de uma coisa que se passou à mais de 30 anos. Isso que disse podem dizer quase todos os cidadãos dos países da União Europeia a respeito do seu passado. O mundo evoluiu. O contexto histórico é uma coisa a ter em conta.
Além de que agora a melhoria das condições de vida muito se deve às facilidades de crédito. Por isso, entre outros factores, é que o País está tão endividado.


O meu avô era militar e por isso deslocava-se muito a França, Holanda, etc. Ele com o tempo (e pela forma de ser dos Portugueses) arranjou logo amigos entre os militares dos outros países. Ele chegava a ganhar mais dinheiro nas ajudas de custo do que salário e por isso sempre conseguia sobreviver, no entanto ee nunca se esqueçe de que nesses países os sargentos que desempenhavam as mesas funções que ele já tinham carro e outras coisas que ele só teve depois do 25 de abril.

Digam o que disserem, Portugal hoje está muito melhor.
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PereiraMarques

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« Responder #71 em: Janeiro 08, 2008, 05:25:14 pm »
Citação de: "papatango"
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Não se esqueça que o Estado Novo não é uma realidade de à 2 anos atrás. Estamos a falar de uma coisa que se passou à mais de 30 anos. Isso que disse podem dizer quase todos os cidadãos dos países da União Europeia a respeito do seu passado. O mundo evoluiu. O contexto histórico é uma coisa a ter em conta.

O Estado Novo é uma realidade que quem se lembra consegue colocar no tempo e pode mesmo comparar.

Só para lhe dar um exemplo:

Hoje, nós podemos ir a um qualquer país europeu e achamos que é tudo caro, achamos que eles têm mais dinheiro que nós, mas na essência as lojas, os serviços, os meios à disposição das pessoas são os mesmos.
Nós quando vamos hoje à Alemanha vemos um país que é mais rico que o nosso, mas onde uma cidade alemã não é na realidade assim tão diferente de uma cidade média portuguesa.

No inicio dos anos 70 o meu pai emigrou para um país europeu, pelas mesmas razões de muitos outros (e não foi para fugir à guerra porque ele já tinha cumprido o Serviço Militar).

Eu era muito pequeno, mas lembro-me que ele vinha a casa duas vezes por anos, no verão e no Natal e falava-nos de um mundo completamente diferente.

Quando um português chegava à Alemanha ou à França, não via apenas um país mais rico (como hoje), via um mundo completamente diferente.

E o meu pai não era um camponês, ele nasceu e viveu sempre numa cidade, e mesmo assim, para alguém que vinha da cidade o choque e a diferença eram enormes.

É exactamente quando comparamos o Portugal dos anos 60 e 70 com os restantes países da Europa nesse mesmo tempo que notamos a diferença.

Portugal era o terceiro mundo. Para os franceses, a África começava nos Pirineus.

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O regime de Salazar não foi um regime títere e assassino como diz o JLRC, embora tenha morto muita gente e mesmo que tivesse morto apenas uma pessoa já teria sido uma a mais.
Mas afirmar isso não é defender nem desculpabilizar o regime pelo seu mais vergonhoso crime.

O crime de ter transformado Portugal numa terra sem futuro, um país de analfabetos, onde ainda hoje pagamos caro - muito caro - a ideia tão salazarista e bafienta da casinha portuguesa com pão e vinho sobre a mesa, onde se glorificava a pobreza, escondendo que ser pobre era uma anormalidade numa europa rica. O país onde era apenas preciso saber ler escrever e contar e onde se ensinava às crianças no ensino primário os rios, os afluentes, todas as linhas da CP com os seus ramais, o nome dos distritos de Angola e as suas capitais.

Hoje as crianças começam a aprender inglês no ensino primário, como acontecia na Alemanha dos anos 70.

Não me venham com histórias das vantagens do "antigamente".
Não há nenhumas.
Também havia corrupção, só que era escondida pela censura e o regime também entrou em decadência, exactamente por causa da corrupção que o consumia.

E aqui, devo dizer em defesa do Salazar, que acredito que não fosse intenção dele, pois a interpretação que faço, é que desde que começou a guerra que Salazar tinha deixado de acreditar em Portugal. Começou a entender que a guerra não podia ser ganha e não tinha soluções. Não sabia o que fazer limitando-se em continuar para ver em que paravam as modas.

Numa democracía, teria feito a única coisa decente que estava ao seu alcance, e que foi a única coisa decente que eu reconheço que o António Guterres (salvo as devidas distâncias) fez.

Admitir que tinha chegado ao fundo e demitir-se.

Salazar achou que era insubstituivel e esqueu-se que os cemitérios estão cheios de gente insubstituivel.

O regime continuou porque a podridão tem meios de se auto-governar, no periodo em que vai do inicio do apodrecimento, até ao momento em que a casa cai.

Cumprimentos


Onde é que se pode assinar por baixo?  :G-deal:
 

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dremanu

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« Responder #72 em: Janeiro 08, 2008, 09:39:12 pm »
PT, esse foi dos melhores textos que você escreveu neste forum.

 :Palmas:
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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Luso

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« Responder #73 em: Janeiro 08, 2008, 09:44:19 pm »
Citação de: "dremanu"
PT, esse foi dos melhores textos que você escreveu neste forum.

 :Palmas:


Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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dremanu

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« Responder #74 em: Janeiro 08, 2008, 09:47:57 pm »
Citação de: "Luso"
Citação de: "dremanu"
PT, esse foi dos melhores textos que você escreveu neste forum.

 :lol:
"Esta é a ditosa pátria minha amada."