Navio português combate crescente imigração ilegal para a Europa
O Navio de Patrulha Oceânica (NPO) português Figueira da Foz, com 63 elementos, combate em agosto a imigração ilegal para a Europa desde Marrocos e Argélia, na qual uma média de sete africanos arrisca a vida por dia.
O NPO, um do par da «classe Viana do Castelo» que a Marinha portuguesa possui foi construído naqueles estaleiros minhotos e ativado em 2013, integrando agora a missão conjunta «Índalo2014», da agência europeia de gestão da cooperação operacional nas fronteiras externas dos estados-membros da União Europeia (Frontex), e foi visitado pelo ministro da Defesa Nacional.
«É mais um exemplo da cooperação internacional das Forças Armadas (FA) portuguesas, neste caso da Marinha, numa operação que tem a ver com a vigilância nas fronteiras da União Europeia e, nomeadamente, na prevenção da imigração e o combate àqueles que estão por trás dessa migração, as redes clandestinas», congratulou-se Aguiar-Branco sobre a operação, na qual colabora ainda uma aeronave finlandesa. O objetivo da operação é «detetar, localizar, identificar e impedir a atividade ilegal», designadamente de «imigração irregular» e «prestar assistência humanitária e socorro sempre que necessário».
Desde 01 de agosto, o Figueira da Foz já esteve em quatro ocorrências, três envolvendo «pateras» (as embarcações rudimentares vindas da costa magrebina) e uma outra de tráfico de droga, mas em todos os casos os meios da Guarda Civil e da Patrulha e Salvamento de Mar espanhóis, assim como outros de Marrocos e da Argélia, foram suficientes.
Segundo dados da Frontex, de 01 de janeiro a 07 de agosto de 2014, registaram-se 1.482 entradas ilegais na Europa através das fronteiras marítimas do Mediterrâneo Ocidental, num total de 3.330, ou seja, mais 32% do que no mesmo período homólogo, com o Mali e os Camarões a serem as duas principais nacionalidades dos «aventureiros». Pelo mar, houve um aumento de cerca de 6% nos fluxos.
«É uma missão difícil, que toca em redes com financiamentos muito fortes. É uma prioridade participar, em termos internacionais, em tudo o que diga respeito à segurança da Europa, mesmo durante este período difícil de acerto das contas públicas - não deixámos de estar presentes», assegurou Aguiar-Branco. O NPO Figueira da Foz, de 83 metros de comprimento e uma guarnição exclusiva de 42 militares, tem dois motores elétricos e dois motores a diesel, além da capacidade para receber helicópteros ligeiros e de ter em funcionamento, inclusivamente simultâneo, duas lanchas rápidas e um barco semi-rígido.
Aguiar-Branco teve oportunidade de assistir a um simulacro de recolha de náufragos, testemunhando, no «parque de cabos» ou «tolda» do navio, imediatamente por baixo do convés de voo, a revista e triagem de pessoas, posteriormente encaminhadas para a zona de espera, onde teriam a «companhia» de inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, ou, em caso de necessidade, normalmente por desidratação ou hipo ou hipertermia, para o posto médico avançado.
«Não estou surpreendido. As FA e a Marinha, em particular, fazem um planeamento correto em relação àquilo que são os riscos que uma missão desta natureza acarreta. São tomados todos os procedimentos, tentando minimizar esses riscos», disse o ministro da Defesa, depois de o médico destacado ter garantido que o navio está preparado para lidar com qualquer eventualidade, incluindo o atual surto de vírus Ébola, ativo em países como a Nigéria, Libéria, Serra Leoa ou Guiné-Conacri.
Lusa