Em castelhano, «pospone» implica adiar. A notícia não fala de adiamento, e refere textualmente:
La ministra de Defensa, Carme Chacón, ha comunicado al Pentágono que renuncia a la compra de misiles de crucero Tomahawk
Ou seja, a Espanha, desistiu de comprar mísseis Tomahawk.
Miguel:
Os mísseis Tomahawk não têm nada a ver com dominio da peninsula, pois nunca foram uma arma destinada a utilizar dentro ou sobre a peninsula ibérica.
Em primeiro lugar, os Tomahawk eram uma arma diplomática que se destinava a assinar a relação estreita entre a extrema direita espanhola de Aznar/Rajoy, organizada pelo ministro Piqué.
Na verdade, a estratégia era a principal razão da compra, pois os Tomahawk estariam condicionados à autorização de utilização por parte dos Estados Unidos.
Além disso, os acordos para a limitação da proliferação de engenhos do tipo, proíbe a venda de mísseis com alcances de 300km e ogivas de até 500kg.
O Tomahawk é um míssil caro, com um alcance muito superior a isso.
Como a Espanha não precisa de mísseis com maior alcance, pois o objectivo é manter uma última palavra sobre ataques de precisão se necessário contra alvos no norte de África, os mísseis de cruzeiro europeus acabam tendo capacidades iguais aos Tomahawk, sendo ao mesmo tempo mais baratos e estando livres dos condicionalismos impostos por Washington.
A Espanha está apenas a poupar dinheiro numa arma para a qual na prática já tem um substituto.
A única coisa que terminou definitivamente foi a tentativa de alinhamento da Espanha com os americanos, como forma de dár à Espanha uma palavra mais importante na Europa, com base na relação com a administração americana.
As coisas pioraram quando Zapatero chegou ao poder, mas foram «arranjadas». Embora a administração Obama seja em teoria mais próxima do Zapatero, a verdade é que não existem relações entre os democratas americanos e os socialistas espanhóis.
De uma situação em que a relação tinha vantagens mútuas (Bush e Aznar) passou-se para uma situação de desinteresse mútuo (Obama e Zapatero).
Enquanto que a Espanha poderia ser um país importante para a administração Bush, na oposição entre a nova Europa e a velha Europa (lembro Donald Rumsfeld), para Obama, é apenas mais um país que apoiará as suas políticas.
Os Tomahawk, deixaram de fazer sentido para a Espanha, acima de tudo por razões politicas, não por razões militares.
Cumprimentos