Fora os AIM-9X Block II que estão para chegar, tenho cada vez mais a convicção de que pouco ou nenhum investimento adicional em armamento e capacidades será feito doravante na frota F-16. Novamente aqui espero estar redondamente enganado, e foi somente por essa razão que mencionei os A-29, dc. Tudo parece apontar para que venham a ser a nova coqueluche da FAP.
Sussurra-se cada vez mais pelos corredores de Alfragide que a frota Super Tucano irá necessitar de dotação orçamental superior ao que era previsto (recordem-se as palavras do "hidrográfico" num artigo de opinião já este ano no Expresso: https://expresso.pt/opiniao/2025-01-15-a-utilidade-militar-dos-super-tucano-a49a45e4), e por isso poucos são aqueles que vêem no horizonte uma mudança de paradigma no crónico desinvestimento na frota F-16, ainda para mais já com 3 décadas de serviço.
O que eu desconfio é exactamente isso. Que os F-16 vão ficar-se por 18 AIM-9X e a dúzia de AMRAAM, e vão ter que fazer C-UAS com recurso ao Vulcan, processo muito mais arriscado para a aeronave.
Para não falar que se mantém um enorme buraco operacional na missão ar-superfície, em que nenhuma aeronave da FAP terá armamento ar-solo com um alcance minimamente decente. É tudo corrido a bombas de queda livre, nem sequer JDAM-ER, que são baratuchas.
A questão que fica é, com todo este foco mediático e de investimento de que as frotas ST e KC vão ser fruto, o que é que a FAP faz se nos próximos anos começar uma guerra de larga escala? É que a capacidade de combate no ramo continuará na mesma se continuar a falta de investimento na frota F-16 e também P-3.
Relativamente aos custos do ST poderem vir a ser superiores ao esperado, era algo que já se desconfiava.
Aquela conversa dos 200M, dos quais 75M são investidos em Portugal não faz grande sentido. Não me admirava que os valores reais fossem 200M + 75M.
Esse artigo do Almirante nem sequer me tinha passado pelas mãos. Os desafios financeiros e logísticos já eram óbvios. No fim de contas, substituímos os TB-30 por uma aeronave muito mais cara e complexa, e que não elimina inteiramente a futura necessidade de um treinador a jacto/envio de pilotos para o estrangeiro para LIFT. Depois esta aeronave adquirida, não é operada por mais ninguém na Europa, o que vai contra o plano europeu de tentar uniformizar onde é possível.
E o desafio logístico vai agravar-se se considerarmos a necessidade de UCAVs para a FAP, e de drones loyal wingman para o futuro caça. Ou então nunca vamos adquirir UCAVs, por causa dos STs, o que é igualmente grave
O resto do artigo, é muito copium a tentar justificar uma compra que não tem nexo. Ao ponto de serem proferidas mentiras (como a da interoperabilidade com a NATO), e semi-verdades (custos de operação em TOs de baixa intensidade).
No fim, o ST não dá mais capacidade militar à FAP de forma notória, não oferece interoperabilidade com a NATO nem corresponde às necessidades desta aliança, e os custos operacionais só são favoráveis ao ST quando a comparação é com um F-16.
Mais importante ainda, para Armed ISR e COIN, a comparação devia ser com UCAVs. Porque os UCAVs, apesar de mais caros de adquirir, não obrigam ao envio de uma unidade CSAR para o TO, já os ST obrigam.