A modernização de toda a frota F-16 para V, é a mais racional. Em segundo lugar seria um upgrade alternativo aos F-16.
Esta opção, de continuar a operar F-16, não significa um distanciamento europeu. Paralelamente a esta modernização, devíamos procurar integrar o máximo de armamento europeu possível nos F-16. Falo por exemplo do Meteor, do Taurus KEPD, Brimstone II/III, Spear 3, entre outros.
Meu velho, diz lá a sério: não estás a ver isso a acontecer, pois não? Então se dotar 2 patrulhas com peças de 30mm é uma novela, achas mesmo que Portugal ia fazer o €sforço de sozinho integrar e certificar o Meteor, Taurus, Brimstone/Spear, Storm Shadow/SCALP no F-16 MLU? Nem sei se Washington sequer o permitiria, e por isso só se o Sol passasse a nascer a Oeste.
Aqui o que se passa é que se está a aliar o útil ao agradável, ou seja, rejeita-se o F-35 publicamente citando razões geopolíticas, quando a verdadeira razão por detrás das afirmações de ontem do MDN se prende com o poder político não querer, ou não ter coragem, para pagar 5500 milhões de euros por novos caças, e muito menos em plena pré-campanha (a parte útil). E como aguardam pelas medidas e verbas vindas de Bruxelas, apanham a onda do Made In Europe e acabam a negociar um euro-canard para ficarem bem vistos a nível europeu (a parte agradável).
Se as coisas de facto se alterarem e o plano inicial não for mantido, a escolha pelo Dassault Rafale ou Eurofighter Typhoon será iminentemente política, uma vez mais relegando os requisitos operacionais para segundo plano. Provavelmente o João Nuno ficou encantado pela maqueta de um Rafale oferecida pela comitiva do Macron aquando da sua recente visita, e dado o calibre da nossa classe política nem ficaria espantado se esta minha piada pudesse ter uma ponta de verdade.

Relativamente às plataformas em questão aqui, não vale a pena estar a discorrer mais sobre as mesmas pois as suas capacidades são bem conhecidas. Meteor, SCALP, Taurus, Brimstone, SPEAR, Hammer, Exocet, etc, seriam todos muito bem-vindos certamente, só que a opção pelos euro-canards implicaria uma mudança profunda a vários níveis para um país que investe pouco na componente militar, obrigando a uma completa reorientação da aviação de caça, fortemente dependente dos EUA desde a criação da Força Aérea Portuguesa. Equivaleria praticamente a começar do zero em muitas áreas, e mesmo contando com o apoio de parceiros europeus, a coisa ainda levaria algum tempo até estar minimamente operacional.
Parece que as palavras do Nuno Melo chegaram à Casa Branca, Pentágono e Lockheed Martin ontem ao fim da manhã e estão a gerar ondas, sendo que há quem afirme nunca ter ouvido falar tanto de Portugal como desde então. Nunca se devem mostram as nossas cartas, seja para adversários ou amigos, nem o que foi anunciado pelo Ministro constitui uma verdade absoluta. Há tantas variáveis em jogo que a minha sincera opinião é a de que o Playmobil quis ter o palco na hora errada, e infelizmente teve-o. No entanto, que importância pode ser dada às declarações de um ministro de um governo demissionário? Veremos o que sairá disto, mas pessoalmente acho que foi um ato irrefletido de alguém que não tem a mínima ideia da importância do cargo que ainda ocupa, nem sentido de Estado.