Há cada vez mais vozes dentro da Força Aérea a colocar em questão os valores recentemente adiantados pelo CEMFA, quer para a modernização de "18 F-16M", quer para uma suposta aquisição de 30 F-35A. Aliás, o valor de mil milhões de euros para radares SABR em 18 F-16 foi desde logo contestado, e é encarado dentro do ramo como uma forma de pressão do CEMFA ao Governo para optar desde já pelo Lightning II. Algo que já tomos tínhamos percebido.
Por outro lado, o valor de 5500M€ para os 30 F-35A também poderá estar de certa forma inflacionado (aqui talvez não propositadamente), já que se fosse somente para as células daria algo como 165M€/unidade. No entanto, há-que ter em conta que o pacote envolverá vários melhoramentos a nível infraestrutural a serem efetuados em solo nacional (nomeadamente Monte Real, Ovar talvez?), e toda a logística e expertise necessária para a operação, manutenção e sustentação deste sistema de armas de 5ª geração. Apesar disso a venda será obviamente através de FMS, e se houver alguma contrapartida resultante das Lajes, o valor total deste hipotético negócio poderá ser menor (e mais ainda se se optar para já somente por uma Esquadra).
O CEMFA continua a alicerçar o seu raciocínio de 5500M€ pagáveis a 20 anos numa lógica de 110M€ ao ano, veremos se isso resultará ou não. Os avisos estão dados, são públicos, e a bola está agora do lado do Governo, que permanece reticente a dar o "sim" definitivo.
Outra vez FMS e Lages...
FMS:
É verdade que a compra de F-35 tem que passar por FMS. Até os Alemães tiveram que passar por FMS para adquirir os deles.
Não é verdade que tenha que ser uma negociação Governo—Governo, como já se disse aqui no Forum. Depois de aprovado o pedido, o "partner" pode optar por negociar com (ou por intermédio de) a Defense Security Cooperation Agency ou diretamente com o fornecedor.
Negociar com a DSCA é necessário quando o programa FMS visa adquirir material em stock, propriedade das FFAA Americanas como alguns países europeus fizeram recentemente para adquirirem Blackhawks usados.
Podem ser incluídas no acordo verbas atribuídas pelo Governo Americano para apoiar o "partner" financeiramente.
Por exemplo:
Se fosse eleito um novo governo na Georgia, pró-Americano/Europeu e esse dissesse aos Americanos que têm medo de uma invasão Russa e precisam de 5000 Javelins -- FMS aprova rapidamente e a América até fornece os mísseis de graça.
E para Portugal?
Qual o motivo que Portugal invocaria para comprar o melhor caça do mundo, com financiamento especial do Governo Americano? É o argumento de que só temos 1.4% do PIB para gastar em defesa e não chega para F-35s?
Uma coisa é certa quanto a pagamentos no FMS.
O contribuinte americano NÂO PAGA processos FMS. Quem paga os custos administrativos é quem compra.
E custos administrativos americanos não devem ser pequenos.
Para saberem mais sobre FMS, sugiro irem ao site do Defense Security Cooperation Agency.
É fácil encontrar lá um excelente tutorial que descreve todo o processo.
Lages:
Dei uma vista-de-olhos no contrato: Resolução da Assembleia da República nº 38/95
Alguém conhece outro?
Nas 54 páginas não encontrei nenhuma clausula que descreve o processo mediante o qual Portugal "usa" o acordo para "scroungear" dinheiro (ver scrounge no dicionário Inglês) para uma necessidade pontual - como a compra de um caça.
O tempo em que a América nos dava material militar para consolidar a nossa democracia e afastar os comunas já passou.
Portanto:
A FAP deve estar preparada para informar o Governo de que o preço do F-35 para Portugal será de 100% do Recomended Retail Price da Lockheed Martin.