O Papatango tem noção que a primeira frase, relativamente a Israel, nega automaticamente qualquer direito da Palestina existir, se pegarmos pelo seu raciocínio e o aplicarmos ao Mandato da Palestina, que só existiu por décadas (nem a séculos chegou) e não era nada mais do que um mandato de um império (britânico). Podemos portanto concluir que, aquele território, não é de ninguém, no máximo de algumas tribos e pouco mais, e portanto, tanto os palestinos, como israelitas, como jordanos, estão lá a mais. Certo?
Em primeiro lugar, estamos a falar da divisão da terra santa e da terra prometida, para as religiões monoteistas do planeta. Retirar a religião da equação, é tentar fazer a quadratura do circulo.
Do ponto de vista religioso, Deus prometeu a terra aos povos que Nele acreditavam.
Assim, não apenas as tribos de judeus receberam a promessa. A promessa foi feita por exemplo também aos Ismaelitas, ou seja: Aos árabes do deserto.
Esses tomaram a terra para eles e sedentarizaram-se mais depressa, mas os judeus, que eram essencialmente pastores, seguiam com os seus rebanhos pelas várias terras até que ficaram prisioneiros do Faraó no Egito e foram escravizados por 4 séculos.
Só então Deus ordena a Moisés que vá ao Faraó e liberte o seu povo. E só então os judeus rumam finalmente à terra prometida.
Podemos não querer discutir as questões biblicas, mas infelizmente é o que eu vejo da parte de muito cidadão de Israel, quando tenta explicar a situação. Eles vêm sempre com a questão de terem direito divino à terra, para justificar terem conseguido o seu controlo mais de três mil anos depois de o terem perdido.
O problema é religioso, tanto do fanatismo religioso do Hamas, que se apoia na religião para continuar a guerra, como do lado do fanatismo dos judeus.
Os judeus que controlam o poder, não são mais que aqueles que assassinaram Itzak Rabin, que era do Likud, ou seja, um partido de direita secular israelita.
As pessoas que estão no poder em Israel, são capazes de matar os seus próprios cidadãos, por razões religiosas.
Por isso não me espanta se o senhor Nethanyau soubesse que algo bem complicado se estava a preparar, e não fez nada.
Ninguém aqui disse que os israelitas são extremistas religiosos, mas as pessoas que estão no poder, são, e isso mostra-nos o que acontece quando para governar, é preciso o apoio parlamentar de fanáticos.
Os israelitas não são nem nunca foram um povo, são uma coleção de grupos. Você tem por exemplo os judeus do oriente, os Mizrahim, que são onde se encontra a maioria dos que afirmam que, o Estado de Israel não tem já direito divino à terra, porque por mais de uma vez, Deus o ajudou, mas os judeus não cumpriram a promessa de serem fieis a Deus e aos seus principios e por isso Deus os expulsou da terra prometida.
Depois tem as várias variações dos Askenazi, os judeus da Europa e da Russia, que neste momento são a maioria, mas que são também os que menos têm a ver com a terra prometida propriamente dita. Para um árabe, muitos dos Askenazi são apenas europeus e americanos que migraram para aquela terra, por razões religiosas, não tendo a ela qualquer direito.
Depois tem os Sefarad, um ramos especifico dos judeus, que são os da Hispania, menos significativos e muito especificos (na idade media, um judeu Sefarad não autorizava filha ou filho a casar com um judeu que não fosse Sefarad)...
O problema não são os cidadãos de Israel, o problema são as pessoas que neste momento gerem o país, onde o extremismo religioso tem aumentado, e a prova disso são os resultados eleitorais.
Entretanto, 3200 anos depois, a pergunta que faço é, se Israel não tem direito, ou pelo menos como opção, (segundo as vossas opiniões) de existir no local do seu antigo Reino do mesmo nome (algo perfeitamente lógico), então onde é que poderia existir? Em lado nenhum? Um povo apátrida como os Curdos?
A questão é:
Se os judeus, 3200 anos depois têm estes direitos todos, quantos direitos terão os outros ?
Os italianos podiam exigir de volta a Lusitania ocupada ...
A questão como disse acima, é igualmente religiosa.
Mesmo o ponto de vista de que Israel tinha que estar na terra prometida, é posto em causa por teologos judeus, quando afirmam que esse direito dos judeus prescreveu, porque os judeus não cumpriram com a sua parte do pacto, explicito na Aliança entre Deus e o seu povo.
Ao quebrarem o pacto, ao ofenderem Deus, os judeus perderam o direito à terra prometida, e é por isso que foram espalhados pelos quatro cantos da terra.
O que chamamos Sionismo, é uma visão inicialmente muito minoritária entre os judeus, e vem especialmente dos Askenazi, os Mizrahim que durante séculos eram a maioria, não acreditavam no regresso a Sião.
Portanto a tese do regresso à terra prometida, é essencialmente uma criação dos judeus europeus.
A verdade objetiva, é que não existia absolutamente NENHUMA ligação entre os povos europeus que professavam a religião hebraica e a terra que na Biblia lhes tinha sido prometida por Deus há milhares de anos.
A promessa de Deus, foi aliás aos povos que o reconhecessem, o honrassem e a Ele prestassem tributo e sacrificios.
Entre esses descendentes, estão os que hoje conhecemos como cristãos.
Até os que aqui se consideram cristãos, temos tanto direito à terra prometida como os judeus.
O que é que eles são a mais que nós ?