Direito? O Reino de Israel ter existido naquele local, torna-o o local mais
lógico para a criação de um Estado de Israel. Sendo colocado noutro local qualquer, sem qualquer ligação histórica, seria apropriação. E como eu gosto de destruir argumentos com exemplos, dou um:
-passam 200 anos, Portugal é invadido por um império, e este império controla o território durante séculos e os portugueses viram-se obrigados a fugir
-passados esses séculos, o dito império cai
-entretanto, a ONU 2.0 dessa altura, resolve refazer as fronteiras na Península Ibérica, e Portugal reaparece
-os refugiados portugueses, ao quererem voltar "para casa", é que são o invasor, e não os povos que se instalaram em Portugal durante o controlo do Império?
Se antes do antigo Reino de Israel "vivia lá gente", antes dos palestinos a viver no Mandato da Palestina, também vivia lá gente. Novamente, é ser selectivo no quão atrás se vai no tempo. Quando dermos conta, vemos gente a dizer que Portugal devia ser dos Mouros, outros a dizer que devia ser dos Romanos, e no fim acabamos com os dinossauros. Se vamos passar por cima de todo o processo da criação dos vários países do mundo, entramos numa complicação que ninguém se entende e começam-se a matar todos uns aos outros.
Mas se calhar é melhor não ir por aí, senão ainda concluem que os palestinos são igualmente um povo invasor.
A última vez que aquela região teve fronteiras definidas (fora de impérios), foi na altura do Reino de Israel, Reino de Juda e Filisteia. Depois disso, foram impérios uns a seguir aos outros, até aos britânicos chegarem ali e definirem aquilo tudo (incluindo a actual Jordânia) como "Mandato da Palestina".
Agora, vamos valorizar a fronteira definida pelos britânicos (o Mandato) mas ao mesmo tempo desvalorizar a reorganização que eles fizeram (através da ONU) a esse mesmo território (que na altura era deles) para absorver o Estado de Israel? Dois pesos e duas medidas? Então:
-os britânicos estavam "certos" por erradamente delinearem as fronteiras do Mandato (como sendo da Palestina), apesar de incluir territórios que nunca foram dos Palestinos/Filisteus
-mas estiveram errados por dividir aquele território (mal e porcamente diga-se) em 3 estados distintos, mas que ainda assim representa mais fielmente uma distribuição "realista" dos antepassados da região, do que uma só "Palestina", que nunca existiu enquanto Estado?
"Ah mas os Filisteus", Filisteus e Palestinos não são a mesma coisa. Da mesma forma que os portugueses não são compostos estritamente por lusitanos.
Se querem reorganizar o mapa de acordo com o que era a Filisteia, por mim tudo bem! Agora garanto-vos que não é isso que os palestinos ou os países árabes querem!
Se querem unir Israel e a Palestina num só, e formar o "Estados Unidos da Palestina e Israel" (ou Israel e Palestina), por mim tudo bem! Mas todos sabemos que os palestinos também não querem isso e os restantes países árabes (que nada têm a ver com o assunto, diga-se) também não.
"Ah mas os israelitas também não querem isso", bom os factos dizem o contrário, pela quantidade de palestinos que vivem dentro de Israel pacificamente (é certo que vai haver casos extremos, da mesma forma que ocorre racismo em qualquer outro país), mas em contraste, nunca um judeu poderia viver dentro de um território palestino ou Muçulmano.
Mas mais uma vez, o que vemos na ONU, é incapacidade de se sentarem numa mesa, e pensarem numa verdadeira solução que beneficie ambos os Estados. Seja através da reorganização fronteiriça, seja através do policiamento internacional para evitar confrontos, seja através da imposição de regras para ambas as partes, para evitar futuras escaladas.
Então mas as resoluções da ONU são para ser acatadas, ou não? Por acaso, Israel tem seguido alguma indicação da ONU nos últimos anos?
Ninguém ali quer paz, nem o Hamas nem o governo israelita. Se fores perguntar aos cidadãos dos dois lados, talvez a resposta seja diferente. Mas neste momento em que o conflito está nos píncaros, até disso tenho dúvidas.
Em teoria sim. Mas também depende da resolução. Se a resolução for "epá, eu sei que estás a ser atacado, mas nós decidimos que não tens direito a te defender", aí começam a surgir problemas. As resoluções teria que as analisar uma a uma, porque generalizações dá sempre asneira.
Hoje, dificilmente se quer paz, pelo menos dentro dos círculos mais radicais. Quem vem aqui cuspir como se outro povo reagisse de forma diferente, depois de um ataque daquela magnitude contra civis, além das constantes ameaças de extermínio, é completamente delusional.
Entretanto, mais depressa tens o povo israelita a pedir paz após ser eliminado o Hamas, do que os palestinos a pedir paz depois de verem o Hamas a ser eliminado. É algo que já é intrínseco e que eles são ensinados na escola, e que depois leva a que quando cresçam, se tornem terroristas.
Mas quem é que permitiu um ataque em larga escala? Mesmo apesar das vedações ultra sofisticadas, de um exército altamente preparado e da repressão constante sobre os territórios?
Realmente, o que se tem visto é uma pressão enorme sobre Israel, uma limitação total das suas acções. Deve ser por isso que ainda ontem bombardearam Gaza, o Líbano e a Síria..
Uma pergunta, essa "repressão" é feita porque razão? Será porque noutros tempos, em que a abertura era maior, uns génios (maluquinhos) se lembraram de começar a realizar ataques terroristas, e que o país alvo teve que se desenrascar? Daqui a bocado vais-me dizer que "um criminoso não devia ser preso, porque isso é repressão". A "lei" da "causa/efeito" ainda se aplica.
Podemos também colocar as coisas em perspectiva:
-colocar uma vedação em torno do território que te está a atacar, e policiar o outro território para evitar que faça o mesmo, é repressão...
-ter constantemente países vizinhos a jurar o teu extermínio, com ameaças constantes, com um programa nuclear em curso, com o financiamento de proxys à tua volta, mais um território* que te ataque quase todos os dias só porque lhes dá na gana, já não é viver sobre pressão/repressão. Lógica da batata?
*território este que recebe dinheiro, e o usa para fins militaristas/terroristas, ao invés de melhorar as condições de vida da população local!
A minha opinião acerca criação da Jordânia é a mesma, tão errada quanto Israel. Um erro não justifica o outro.
E onde estão os outros países muçulmanos ou os palestinos a reclamar disso?
Estás a confundir antissemitismo com antissionismo.
Não me vês aqui a difundir propaganda editada, nem a defender o extermínio de ninguém, e muito menos a apoiar acções terroristas. Até já escrevi, e posso repetir, que qualquer solução positiva virá da sociedade israelita, quando a parte moderada tiver voz.
Não posso é apoiar a carnificina como resposta adequada ou que trará qualquer resultado positivo, nem fingir que o terrorismo só provém de um lado.
Uns querem erradicar os judeus da face da terra, outros querem arrasar Gaza e uma nova nakba. Há quem consiga distinguir um bom e um mal, um certo e um errado, e para o justificar a sua verdade absoluta, vale quase tudo.
Então há antissionismo, e isso é ok. Percebido. Porque os sionistas são todos iguais, certo? E os civis atacados em Israel (no dia 7) e fora de Israel no resto do tempo, só por serem judeus, também é só "antissionismo"? A realidade é que o antissemitismo é real. E começa quando "toda a gente" dispara com a retórica de que estão a causar o genocídio em Gaza (genocídio pouco eficaz diga-se, onde até cessares-fogo ocorrem, e é permitida a evacuação de civis e até certo ponto se minimiza baixas civis, cenas típicas de um genocídio, não é?), e essas mesmas pessoas assobiam para o lado quando acontece um genocídio em África. A razão é simples, um envolve Judeus, o outro não.
Isto provavelmente seria igual, se um país europeu se envolvesse numa guerra com um país africano (mesmo num conflito iniciado pelo lado africano), e a "opinião pública" viria acusar o país europeu de genocídio. Já o contrário nunca aconteceria, pois seria usada a cartada da vítima.
Nessa última frase estiveste bem. A questão aqui é que, a quantidade de gente que quer erradicar Gaza, é diminuta. Já a quantidade de gente que quer erradicar os Judeus, é gigantesca.
Queres provas disto? Vê no dia 7, quantos festejaram o ataque terrorista a Israel. Vê no dia 7 quantos choraram e protestaram a resposta de Israel a este ataque.
De resto, ambos sabemos que houve ao longo da história relativamente recente, condições para haver paz entre ambos os povos. Mas a retórica de um dos lados nunca permitiu tal coisa. Tal como dizem "do rio ao mar", e não lhes interessa mais nada. Já o outro, chegou a controlar a península do Sinai, e abdicou dela para obter paz com o Egipto.