Um exército europeu é algo extraordinariamente complicado de organizar e a principal razão da sua não existência está mais que explicado.
Para além de quem manda e tem a decisão final num exército europeu, a outra questão sempre considerada foi a de que, caso exista uma estrutura de defesa Europeia sem os Estados Unidos, essa componente de defesa autónoma, não teria qualquer capacidade, desde que os americanos não entrassem com dinheiro e recursos e armas e homens.
Não querendo gastar dinheiro, os europeus optaram pela solução mais simples, mais fácil e mais barata.
Ao mesmo tempo, nunca lhes passou pela cabeça que os americanos considerassem que podiam não pagar a fatura da defesa da Europa.
Há dois meses atrás, de repente, rebenta a bomba.
Ainda que já fosse previsível desde um ou dois meses antes, Ron DeSantis abandona a corrida presidencial, deixando Trump praticamente sozinho. O pior dos pesadelos para a Europa.
Os alemães, por exemplo, ainda acreditaram durante 2022 e 2023 que mesmo que Biden perdesse as eleições, Donald Trump, atrapalhado com os processos judiciais, decorrentes das suas muitas atividades criminosas estaria fora da corrida...
Portanto, o exército europeu precisa de anos para ser criado. E a Europa só foi colocada realmente contra a parede há apenas dois meses atrás.
O último dissuasor europeu, são os mísseis balísticos que estão nos submarinos franceses.
Os franceses pretendem ter a primazia da defesa europeia por causa disto, e não gostam que os alemães estejam a colocar encomendas aos americanos.
Ainda nos últimos dias, os alemães divulgaram a notícia de que o país se prepara para encomendar uma grande quantidade de mísseis JASSM-ER com um alcance ainda maior que o dos mísseis Taurus.
Os alemães não querem ficar completamente dependentes dos franceses. E isto são os problemas entre os dois principais países da Europa, depois há os restantes países e blocos de países.
Tentando evitar esta dicotomia Alemanha x França, os países do norte, poderão vir a ensaiar um qualquer tipo de acordo. Noruega, Suécia, Dinamarca, Finlandia, Dinamarca, Estónia, Letónia, Lituania e provavelmente a Polónia, terão por si, uma palavra a dizer.
Em conjunto este grupo de países tem uma população de quase 80 milhões de pessoas.
Mais para ocidente, os problemas são antigos. Como é que se organiza a defesa da peninsula ibérica ?
Vão as forças portuguesas ficar sob o comando dos espanhóis ?
E a Italia, aceita ser comandada por franceses ?
E nisto como ficam os belgas e os holandeses ?
Nos Balcãs, gregos, bulgaros e romenos, têm quesilias entre eles. Os Hungaros, provavelmente ficam sozinhos à espera que cheguem os russos.
Não, o exército europeu não foi boicotado por ninguém em especial, são os próprios problemas internos que ditaram a situação.
No entanto, se alguma vez tal exército se formar, será como resultado de os europeus se verem encostados à parede.
E se não for agora, provavelmente não será nunca.