Ponto 1:
Não, as fragatas não estão obsoletas, e ninguém tirou essa ilação, nem mesmo os franceses. A conclusão a que se chegou, foi que era preciso mais navios e mais mísseis (mais concretamente maior nº de VLS), porque a quantidade que as fragatas actuais possuem é tida como insuficiente para conflitos de alta intensidade (com ou sem hipersónicos).
Se perguntarmos ao CEMA a que conceito de fragata ele se refere, nem ele sabe responder, já que as fragatas variam muito, em dimensão, sensores, armamento e missão. Se o conceito de fragata estivesse verdadeiramente obsoleto, ninguém gastava dinheiro nelas.
Mas, o conceito de fragata está "obsoleto" contra as ameaças modernas, portanto a solução passa por navios maiores, mais lentos, menos furtivos, com piores sensores e ainda menos capacidade de defesa. Faz sentido, porque um porta-drones tem imunidade diplomática face a mísseis supersónicos e hipersónicos.
Ponto 2:
O CEMA especificou porta-drones como futuros substitutos de fragatas. Porta-drones estes, que ele insinua serem consideravelmente mais baratos. Sempre foi bastante claro na ideia de que as fragatas seriam substituídas por porta-drones, não por "navios lança mísseis", ou navios "duplicam ou triplicam a capacidade de mísseis de uma fragata", ou algo do género.
Um Crossover, que é uma espécie de fragata leve (em capacidade de combate), média em deslocamento, e navio anfíbio/logístico/porta-drones (limitado), nunca será mais barato que uma fragata "normal". Os porta-drones militares do CEMA, para terem um custo inferior a uma fragata, têm que abdicar dos sensores, armamento e algumas características dinâmicas dos navios (nomeadamente velocidade). No fim, concluímos que já não é nenhum Crossover, mas sim um "PNM militarizado".
Um Crossover é isto:
https://media.damen.com/image/upload/v1632424639/catalogue/defence-and-security/crossovers/product-sheet-xo-139-cf.pdfOnde é que existe espaço para módulos contentorizados, capazes de lançar armamento (que terão que ser colocados a céu aberto)? No convés de voo? E onde é que um navio destes, que não tem convés de voo corrido, tira partido dos conhecimentos ganhos com o PNM (este sim, com convés corrido)? No fim tínhamos o quê, navios com capacidade para drones VTOL, como literalmente qualquer outra fragata no mundo, e com um ou dois contentores para drones kamikaze, algo que até um NPO conseguiria receber? A vantagem dos Crossover era permitir colmatar a lacuna do LPD, não como "porta-drones".
E que tal inventar menos, ter fragatas no número necessário, e com capacidades relevantes, e depois complementá-las com USV de média/grande dimensão (baratos e com aprox. o tamanho de um NPO) especificamente concebidos para módulos contentorizados e num rácio de 2 ou 3 para 1 face às fragatas? E que tal o PNM e algum futuro navio logístico similar, esses sim com mais espaço para drones, manterem-se no seu canto enquanto navios de apoio, ao invés de os querer para substituir fragatas?
Ponto 3:
É claro que mais de metade dos sistemas do navio não conseguem intervir para determinadas ameaças específicas. Um Harpoon não consegue abater mísseis de cruzeiro em voo, quer dizer que o Harpoon não presta e que nenhum navio devia ter mísseis anti-navio?

Um navio de guerra terá que estar preparado para várias ameaças. No caso de drones de superfície, o navio precisa de ter defesa própria, como última linha de defesa, e antes disso, meios aéreos para detectar e abater as ameaças o quanto antes. 2 fragatas e 1 PNM conseguem fazer isto com: 2 helicópteros navais modernos e armados (MH-60 com Hellfire e/ou APKWS ou Lynx Wildcat com LMM) + alguns AR3 com radar SAR + Camcopter S100 com LMM. Não é necessário substituir fragatas por porta-drones para resolver este problema.
O principal perigo dos drones não vem dos de superfície nem dos aéreos, mas sim de futuros drones que se "comportem" como torpedos, porque serão os mais difíceis de detectar.
Os de superfície (suicidas) em alto mar são quase inúteis, visto que as distâncias envolvidas fazem com que seja quase impossível encontrarem os seus alvos, e a sua velocidade relativamente reduzida não permite um ataque rápido a longas distâncias, sem o risco dos navios adversários terem saído de cena há muito (é fazer as contas do tempo para se atacar um navio a 100km da costa). Num mar "fechado" ou em combate litoral, é diferente.
Os aéreos, em comparação, são um perigo muito maior. Não só os suicidas, mas os de reconhecimento para aquisição de alvos. Estes drones, podem lixar por completo a "vida" de uma força naval, ao detectarem esta força ainda a grande distância da costa, e permitindo o lançamento de uma grande salva de mísseis anti-navio, hipersónicos e balísticos e ainda drones suicidas, para atacar esta força. Achar que os drones de superfície são uma ameaça maior que esta, é loucura completa.
Os aéreos, lançados de submarinos e navios, permitirão fazer o mesmo, excepto que no meio do oceano. Detectam navios adversários, e permitem que seja realizado o ataque a uma distância mais segura, tirando partido do cada vez maior alcance dos mísseis anti-navio modernos. Fazer o mesmo com um enxame de drones é quase impossível, dado o espaço que ocupariam nos navios uma quantidade credível de drones.