O SMO não faz sentido para um país como o nosso. Se não há orçamento para o básico, como munições (em todos os ramos), equipamento individual, etc, ainda menos haveria, se fosse necessário sustentar uma carrada de gente em SMO. Hoje já se gasta 60% do Orçamento de Defesa com pessoal, agora imagine-se, se os meios continuassem os mesmos, mas aumentássemos o pessoal em 20 ou 30%. O Orçamento de Defesa passava a ser uns 80% para pessoal, e 20% para tudo o resto?
Eu antes prefiro ter umas FA de 30/32 mil militares, bem equipados, do que ter umas FA com 45/50 mil militares, a operar lixo. Os números brutos, em caso de necessidade extrema, consegue-se obter, através de reservistas, pessoal que se voluntaria e a GNR que teria forçosamente uma função mais militarizada.
Importante é ter uma capacidade permanente de defesa, que assenta em ter obviamente um determinado número de militares, mas também que este número seja usado com eficiência.
É preciso ter noção que, com um determinado número de militares, consegue-se muito mais capacidade de combate com meios modernos, do que com meios antigos. Uma fragata Álvaro Bazán tem mais capacidade AAW que as 5 fragatas portuguesas somadas (na quantidade e qualidade de mísseis), e com o mesmo número de militares a bordo, conseguia-se operar 4 fragatas daquelas, o que seria um aumento significativo da capacidade AAW de uma Marinha.
Existem outras fragatas, em que com a guarnição de 3 VdG, consegues guarnecer 4 (quase 5) navios, ao mesmo tempo que a sua capacidade de combate é consideravelmente superior. Portanto, com 480/500 marinheiros, podes operar 4 fragatas modernas vs 3 fragatas antigas como as nossas.
Na artilharia é semelhante, para operar 10 M114, precisas de 110 militares (11 cada um). Com este número operas uns 20 ATMOS 2000 ou Caesar (5/6 militares cada), e com uma capacidade de combate muito superior. E isto ainda piora se formos comparar com MLRS como o HIMARS, que apenas precisa de 3 militares, podes operar com os mesmos 110 soldados, 36 veículos, e com munições guiadas com alcances muito superiores (e a mesma lógica pode ser aplicada a MLRS mais baratos, como o PULS israelita).
Tal e qual acontece com Leopard vs M-60, mesmo número de militares a bordo, mas o Leo é muito mais letal (e num confronto directo, ainda mais óbvia é a diferença), tal como acontece com um IFV de lagartas moderno vs os M-113. Ou com um caça como o F-35, que consegue um rácio de 4-1 ou superior (mas prefiro usar números conservadores) vs outros caças de 4ª geração.
Portanto, numas FA com falta de pessoal em todo o lado, a última coisa que se pode fazer, é continuar a operar meios velhos e que exigem mais pessoal para operar que o equivalente moderno.