Por acaso acho o contrário, o LPD seria um meio extremamente útil á Marinha, traria capacidades que nunca tivemos, e a verdade é meio militar mais fácil de "vender" ao povo e aos deputados anti-militaristas, já que para lá do seu valor militar tem uma grande vertente civil principalmente para Portugal devido aos seus arquipélagos da Madeira e dos Açores, nos últimos anos temos visto os desastres naturais que têm assolado os arquipélagos desde tempestades, inundações, incêndios e que com as alterações climáticas serão cada vez mais frequentes, temos de ser realistas neste caso um LPD é extremamente necessário para nós tanto na valência militar como civil. Temos o JdW holandês "á mão" e será um erro histórico se não o comprarmos, será de uma incompetência atroz se ele não vier para Portugal, ainda para tem capacidade de comando e de estado Maior, tem hospital com salas de cirurgia, cuidados intensivos e intermédios que é outra valência que não temos e que é bastante necessária a nível militar e civil como vimos nesta pandemia e que é outro factor fácil de "vender" aos políticos.
Creio que o LPD é o meio militar que se fosse hoje ao parlamento para decidir a sua aquisição, de certeza seria aprovada na hora sem contestação e aparecia logo dinheiro para isso aliás esse já aos anos que está na LPM para ser utilizado, e penso que não seria um elefante branco penso sim que seria a "jóia da coroa" da Marinha e seria o pretexto ideal para se fortalecer os meios navais de combate porque teria de ser muito bem protegido sempre que abandonasse as águas portuguesas em missão. Por acaso penso que como é um investimento que é tido como necessário e indispensável por todas as partes creio que iria alavancar mais investimento para a Marinha.
O problema aqui, é que a vinda do LPD, seja o JdW, seja um novo, obrigará a redução das fragatas. E isto é impraticável. Se querem LPD, tudo bem! Que seja dado o devido orçamento para a Marinha!
O LPD faz muita coisa, e se nas missões civis é uma mais valia, nas militares está totalmente dependente de toda uma cadeia de capacidades e meios para que a sua operação seja viável (nem digo bem sucedida, apenas viável). E essas capacidades não temos, e representariam um investimento de, no mínimo, 2 ou 3 mil milhões.
"Ah é mais para missões NATO, com a escolta dos outros países". Para missões NATO um Crossover 139 chega bem, pois tem capacidade anfíbia (mesmo que mais ligeira, condizente com a nossa FFZ), e ainda capacidade de combate, e chega aos 28/30 nós, podendo acompanhar um qualquer Carrier Strike Group em que esteja inserido. Curioso que todos os outros países da NATO com LPD/LHD, têm os meios de escolta adequados... é porque não percebem nada disto!
Conclusão, o LPD é só mesmo para missões civis, e para o ego dos oficiais, tal a grandiosidade do navio, e quando o rei faz anos, poderá ser usado para uma missãozita militar de baixa intensidade, pois a a falta de escoltas não permite mais que isso.
Por falar em missões civis, e capacidade hospitalar e afins, a Marinha com um par de Crossover 139 (que substituiriam 2 das VdG), não estaria muito longe de ter a mesma capacidade, à que se juntava o AOR que, por exemplo o Maud norueguês, tem capacidade para 48 camas. Ter um navio com capacidade de Estado Maior vale zero, se for para comandar o zero naval. No fim, o LPD por maior que seja, nunca será suficiente para responder a uma catástrofe maior, sendo sempre necessário pedir ajuda externa.
Eu até era defensor do JdW, e o único entrave que colocava, era não gostar da ideia de reduzir o número de fragatas para 4, fora isso seria bem vindo. Agora com a conversa de reduzir para 3 ou até 2, muda muita coisa. Existem mais formas de resolver o problema, sem que a Marinha se mutile de um lado para ganhar do outro.
E não é sequer realista achar que, tendo o LPD, vai haver um incentivo para fortalecer as escoltas. Então se enviamos um NPO desarmado combater a pirataria, e nem isso serviu de incentivo para comprar as Marlin, se nem as notícias do péssimo estado da frota serviu de pretexto para reforçar o orçamento da manutenção ou para comprar meios novos, era um LPD que ia facilitar o investimento de mais de 1000 milhões para reforçar a frota de superfície de combate? Estamos em Portugal.
