Por um sistema de defesa AA num navio em vez de em terra é como ter uma casa cheia de coisas apetecíveis sem ter telhado e em vez de mandar fazer um telhado manda-se comprar um TIR com uma lona para pôr por cima da casa mas que só está à beira de casa de vez em quando.
A tua analogia está errada. A mais correta seria, construir uma casa de 100 mil euros, e meter um telhado que custa tanto como o resto da casa, e depois ires a pé para o trabalho porque não te sobrou dinheiro para mais nada.
O teu problema, é que assumes que alguém está a dizer que devíamos ter navios AAW ao invés de baterias em terra. Não, ninguém disse isso. O que foi dito foi, que pelo custo de um sistema de longo alcance (uma única bateria), compras um navio que, por um valor idêntico, cumpre essa missão e muitas outras, e já vem com outras camadas AA incluídas, enquanto que um Patriot/SAMP/T ou equivalente, representa apenas uma camada. Em parte alguma se disse que a opção seria "bateria de longo-alcance e mais nada" ou "navio AAW e mais nada", tendo até sido mencionado várias vezes que em terra precisamos ainda de sistemas SHORAD e de um sistema de médio alcance.
Quanto ao SM-6, é preciso relembrar que qualquer fragata nova AAW que fosse comprada em 2030, aguentaria até 2060 no mínimo, logo poderia vir a operar SM-6 mais tarde ou mais cedo, importa é ter o espaço (VLS para o lançar) para isso. Até aí, SM-2 bastavam.
E a realidade é esta, "off the shelf" (ou seja, sem riscos de derrapagens ou custos de desenvolvimento) consegues uma fragata decente em AAW por 900 milhões, mais coisa menos coisa. Pode custar mais ou menos, consoante o número de mísseis que se compra.
Depois há que considerar as ameaças que em teoria podem existir.
No nosso caso, quais são as ameaças contra o território nacional que devemos considerar ?
Considerando a atual situação geoestratégica, nós falamos de barriga cheia, porque estamos muito longe das potenciais ameaças.
Os mísseis russos não têm como chegar cá, enquanto eles não ocuparem Varsóvia e chegarem às portas de Berlim (excepto os ICBM e nessa caso, a única solução é fazer um buraco no chão, tão fundo quanto possível).
De resto, só eventuais convulsões em Marrocos, ou problemas na Argélia, em que a moirama se lembrasse de comprar mísseis para bombardear o Algarve.
Ter a maior ZEE da UE, uma enorme costa e ilhas atlanticas e não utilizar o mar como vantagem tática poderá não fazer muito sentido.
Neste momento em todos os países da Europa este tipo de discussão está na ordem do dia.
Que guerras vamos ter no futuro, quem são os inimigos, como é que eles nos vão atacar, e como é que nos defendemos ...
As ameaças podem variar, e há que contar com todas, as previsíveis e as imprevisíveis. Dos russos não me preocupariam os mísseis lançados directamente do seu território, mas sim os mísseis de cruzeiro de submarinos. De Marrocos a principal ameaça não seria ao continente, mas sim à Madeira. De uma forma generalizada, é nossa função assegurar a defesa da nossa área de responsabilidade no Atlântico.
Já as defesas AA que nos faltam, bom, falta tudo, no mar, terra e ar. Faltam sistemas SHORAD para protecção de força, sistemas C-UAS, sistemas para defender bases aéreas, mísseis modernos em número suficiente nos F-16, navios modernos com capacidade AAW como deve ser.
Eu sugeria a compra de duas baterias AA dos anos 90 em segunda mão, uma a estacionar em S, Bento e outra em Belém.
E por uma mera questão de contenção orçamental, as baterias virem apenas com a unidade de comando e o radar..
Acho que ai bastava umas fisgas daquelas montadas no NPO e NPC. Mas nem precisam de munições
Era mesmo para garantir que em caso de ataque, serviam de alvo e garantia que o IN acertava nos sítios certos.
Fazes maquetas em madeira dos radares e lançadores.
O sistema Barak que mencionei atrás não parece inferior ao NASAMS ou IRIS-T, bem pelo contrário. Para médio alcance, serve perfeitamente.
A versão naval de facto não tem a versatilidade de um sistema que use os Mk41. Mas tb é verdade que nunca iremos adquirir nada de carácter ofensivo, e com excepção dos LASROC, também não faz propriamente falta mais que mísseis de defesa. Só era necessário complementar com um sistema low cost para alvos de menor valor, para não depletar inutilmente uma bateria com um enxame de drones.
Sim, o Barak aparenta ser um excelente sistema. Os três, Barak, NASAMS e IRIS-T SL são bons, depois cada um terá as suas vantagens e desvantagens.
O Barak tem 3 versões, MRAD, LRAD e ER, com 35, 70 e 150 km de alcance respectivamente. O MRAD equivale ao NASAMS e IRIS-T SLM, o LRAD equivale ao IRIS-T SLX. O ER está já na classe do SAMP/T e Patriot, é outro nível. A grande desvantagem do Barak, é mais política que outra coisa. Depois claro haveria questões de interoperabilidade, mas isso é quase secundário.
O NASAMS tem a grande vantagem de levar mísseis que já utilizamos ou vamos utilizar: AIM-9X, AMRAAM e AMRAAM-ER (neste caso, pega na "cabeça" do AMRAAM e junta ao "corpo" do ESSM), o que em termos logísticos será certamente vantajoso. Outra vantagem é ser usado por muitos países. Outra vantagem, é poder ser adquirido com o HML (High Mobility Launcher), o que permite ter um sistema de médio alcance capaz de acompanhar unidades altamente móveis (e também facilita o transporte aéreo), algo que não aconteceria com o habitual lançador sextuplo normalmente carregado num camião.
O IRIS-T, temos de ir por partes. o SLX ainda está em desenvolvimento penso eu, restando então o SLM, que equivale ao NASAMS e o SLS que é na prática um sistema SHORAD móvel, que na versão Mk-III, tem o lançador e radar no mesmo veículo. A grande vantagem que o IRIS-T teria, era caso fosse escolhido o SLS para o programa SHORAD, e aí continuavas com a mesma marca na hora de adquirir algo de médio alcance.
Por falar em SHORAD, também existe isto, que creio que tinha sido postado aqui há algum tempo:
Aqui até aparece montado em Pandur, e junta um Atlas RC (Mistral) com o radar Saab Giraffe 1X. Combinação esta que, tem como principal vantagem, a facilidade de se instalar tanto num Pandur, como num 4x4 (ST5), como num futuro blindado de lagartas.