Substituição das Fragatas Classe Vasco da Gama

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Cabeça de Martelo

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Re: Substituição das Fragatas Classe Vasco da Gama
« Responder #7770 em: Hoje às 11:45:35 am »
O DN deve andar a receber uns cobrezitos jeitosos para continuar a fazer lobby

Eu até os compreendo, dado que os merdia estão praticamente todos falidos (olha que pena)

No caso do DN é ainda mais premente, já viste o tamanho (páginas) do mesmo? Aquilo está mais para folheto do que para jornal.
« Última modificação: Hoje às 11:46:07 am por Cabeça de Martelo »
Contra a Esquerda woke e a Direita populista marchar, marchar!...

 

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Sintra

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Re: Substituição das Fragatas Classe Vasco da Gama
« Responder #7771 em: Hoje às 12:04:29 pm »
Não é preciso ser especialista para perceber que a FREMM Evo tem várias vantagens técnicas face à FDI.

Então faz-me uma listazinha com quatro ou cinco por favor.

E não me venhas falar de quantidade de VLS. Porque ter 16 ou 32 é mais um fator comercial que técnico. O cliente escolhe e paga ou o fabricante oferce. Tipo os tapetes num carro novo.

CODLAG vs CODAD
Teseo Mk2 vs Exocet MM40 B3C
2 Heli medio vs 1 Heli medio
Dual Band Radar (bandas C e X) com oito antenas vs Single Band Radar (banda S) com quatro antenas
Além disso a Fragata Italiana é ligeiramente mais rápida, tem maior alcance e permite levar um maior complemento de Fuzileiros/Tropas Especiais.

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Charlie Jaguar

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Re: Substituição das Fragatas Classe Vasco da Gama
« Responder #7772 em: Hoje às 12:25:21 pm »
Consegui ter acesso ao artigo completo do DN de hoje.  ;)

Citar
Novas fragatas. A Marinha prefere as italianas, mas os franceses não se conformam. Saiba porquê
Para o ministério da Defesa o assunto está encerrado no que diz respeito às opções de 5,8 mil milhões de equipamento para as Forças Armadas a ser financiado pelo programa europeu SAFE.

Valentina Marcelino, Nuno Vinha

Publicado a: 10 Dez 2025, 22:23

As “escolhas técnicas” de todo o equipamento que vai ser adquirido para as Foças Armadas até 2030, no âmbito do programa SAFE (Security Action for Europe), um financiamento que visa rearmar os países da União Europeia (UE), “resultaram de um grupo de trabalho envolvendo diversas entidades, das quais representantes do Estado-Maior-General das Forças Armadas, do Exército, da Marinha, da Força Aérea, das direções-gerais de Armamento e Património de Defesa Nacional, e de Política de Defesa Nacional, e da secretaria-geral do ministério da Defesa Nacional (MDN). Esta é a resposta de fonte oficial do ministério liderado por Nuno Melo, quando confrontado com os argumentos do grupo francês Naval Group para contrariar a opção do Governo pela aquisição de três fragatas italianas FREMM EVO da empresa italiana Ficantieri. “Não houve escolhas políticas, mas técnicas”, tinha já frisado o ministro, quando anunciou os países parceiros de Portugal neste investimento.

A opção pela FREMM (Fragata Europeia Multi-Missão) EVO foi conhecida na semana passada e sabia-se no setor da defesa que o Naval Group estava convicto de que iria ganhar esta batalha. Contudo, como sublinha a mesma fonte oficial, “nessa capacidade em concreto, contou fundamentalmente a avaliação técnica da Marinha”. O Estado-Maior da Armada não quis falar oficialmente, mas especialistas militares consultados pelo DN, que acompanharam o processo, indicaram alguns dos critérios.

As razões da Marinha

“A FREMM EVO é uma fragata com relevante potencial de combate, apenas comparável às F110 espanholas, Type 26 inglesas ou T126 alemãs – todas elas mais onerosas que as FREMM EVO e inacessíveis via financiamento SAFE (por incorporarem mais de 35% do valor total em equipamentos, sistemas ou tecnologias fora da UE e do Espaço Económico Europeu)”. Este foi um dos critérios valorizados. Soma-se o facto de “com um deslocamento de 6700 toneladas e 144 metros de comprimento, ser uma fragata oceânica de alta capacidade, projetada para operações prolongadas, otimizada para luta antissubmarina (ASW), em quaisquer condições meteorológicas”.

Para a Marinha, que “perspectiva serem estes os seus meios operacionais primários para os próximos 35 anos”, este é um “fator essencial”. Possui ainda "propulsão elétrica, sendo extremamente silenciosa, essencial para as operações antissubmarinas, sendo detentora de uma substancial autonomia" A guarnição embarcada, em linha com os números das fragatas da classe “Vasco da Gama”, afiançam estes peritos, "confere à FREMM boas características para missões prolongadas, designadamente em termos de sustentação em operação e de sobrevivência da plataforma".

Estes mesmos especialistas lembram que “o conceito FREMM reflete o tipo de navio mais produzido na Europa, com 10 fragatas em Itália, duas no Egipto e oito em França, representando por isso um conceito extremamente amadurecido e de baixo risco, sendo a versão EVO a sua evolução, atualizada para as missões futuras”. Acresce ainda que numa Marinha como a portuguesa, “os navios do tipo fragata constituem a espinha dorsal da esquadra, como resulta de uma análise do emprego desta tipologia de navios, ao longo de largas décadas de serviço, incluindo nos últimos 35 anos as fragatas da classe “Vasco da Gama”.

Um fator "determinante para continuar a cumprir a multiplicidade de funções” que desempenham – como navios-almirante de forças navais nacionais e aliadas, em missões de evacuação de não-combatentes, de interdição de áreas, de combate ao narcotráfico no alto mar, de apoio em situações de catástrofe, bem como de diplomacia através de presença naval - é a capacidade de embarcar pessoal e material para além da guarnição, seja o comandante de uma força naval e o seu estado-maior, sejam forças de fuzileiros ou equipamento de apoio humanitário e resposta a catástrofes”. As fragatas FREMM, pela sua dimensão, "são navios que potenciam esta flexibilidade de emprego, bem para além das missões puramente militares, dispondo de espaços de trabalho dedicados e de alojamentos para esse efeito.

A título de exemplo, explicam estes especialistas, “as FREMM podem acomodar cerca de 200 pessoas, sendo por isso que a Marinha Italiana as utiliza regularmente como navio-almirante de forças navais”. Defendem que, operacionalmente, as FREMM EVO "têm capacidade de Ballistic Missile Defence, podendo proteger a quase totalidade do território continental relativamente a mísseis balísticos que sejam lançados de terra, ar ou mar, contra Portugal". Junta-se ainda outra capacidade, que é a do emprego de drones, nas suas diversas tipologias e ambientes de operação, fruto dos seus dois hangares para helicópteros, generoso convés de voo (compatível com o EH101 Merlin) e espaços dedicados à operação destes sistemas, a que acresce a capacidade de alojar os operadores".

Naval Group contesta

A Naval Group continua a acreditar que a sua proposta é a melhor. E esgrime vários argumentos: um deles é o preço das FDI (Fragata de Defesa e Intervenção), abaixo de 900 milhões de euros por cada unidade, bem como o facto de ser um navio de nova geração, em comparação com o conceito mais maduro da FREMM EVO. O outro é mais apelativo para o ministro da Economia do que para o da Defesa, Nuno Melo: os franceses acreditam que a escolha da FDI, e a entrada de Portugal no programa de desenvolvimento que lhe está associado, devolveria cerca de 20% do montante investido à economia nacional.

Isto além de o Naval Group garantir que faria “toda a transferência de tecnologia e know-how” à Marinha portuguesa, como disse em novembro um responsável da empresa ao jornal Eco. E, tal como a proposta italiana, propunha-se fazer um “enorme investimento”, de dezenas de milhões de euros, no Arsenal do Alfeite, a principal base naval nacional. A proposta de valor do Naval Group, sabe o DN, contempla o envolvimento do grupo com empresas portuguesas, nomeadamente na escolha de firmas nacionais como fornecedoras de peças e equipamento às fragatas.

Atualmente, o Naval Group compra 15% do que necessita para a sua operação na Europa, mas tem como objetivo duplicar essa percentagem, para 30%. Uma forma de reduzir os riscos de rotura de abastecimento através de uma cadeia logística mais curta. Por outro lado, o Naval Group tem em curso a concretização de acordos de parceria com duas empresas nacionais (uma da área da Defesa e outra da cibersegurança), mas que poderiam ser instrumentais na evolução e desenvolvimento futuro da FDI.

Um outro argumento de peso na proposta francesa é a disponibilização do equipamento. O DN escreveu que a italiana Fincantieri terá sido a única empresa que garantiu a entrega das três fragatas até 2030, uma exigência de Bruxelas. Ou seja, teria sido este um dos principais fatores para a decisão pela firma italiana em detrimento das fragatas francesas. No entanto, apurou o Diário de Notícias, a proposta apresentada pelo Naval Group em 19 de novembro (11 dias antes do final do prazo) comprometia-se com a entrega da primeira FDI em março de 2030, a segunda em setembro do mesmo ano, e a terceira em dezembro de 2030.

O Naval Group, aliás, tem previsto a entrega da primeira FDI à Marinha grega nas próximas semanas. O acordo de compra com o governo helénico foi assinado em 2022. Em meados de outubro, o Naval Group entregou a primeira FDI à Marinha Francesa, a Amiral Ronarc’h, seguindo-se agora outras quatro. Do ponto de vista técnico, a francesa FDI é uma fragata multimissão (multi-purpose) com capacidade em várias áreas de combate: anti-aéreo, anti-submarino, anti-navios de superfície e guerra assimétrica (drones, ciberataques, engenhos explosivos improvisados e terrorismo). É mais compacta (122 metros) do que a fragata italiana FREM EVO e pode ser manobrada por uma guarnição menor - 112 tripulantes - menos cerca de 30 dos que as principais concorrentes. O Naval Group coloca bastante peso na vertente electrónica da FDI, com dois data centers, sistemas completamente redundantes (para prevenir disrupções ou quebras operacionais) e possibilidade de atualizações frequentes de software, em vez de um MLU (midlife update, uma actualização a meio da vida útil do navio).

A fonte oficial do Ministério da Defesa Nacional assegura que “vários critérios foram tidos em conta, tendo em consideração o Sistema de Forças, os compromissos NATO, o ciclo de vida e as especificidades logísticas, a tecnologia, prazos de entrega, entre outros”. E finaliza: “Os projectos selecionados, bem como as parcerias Estado a Estado, foram confirmados em Bruxelas no final de Novembro, ficando definidos desde então e insusceptíveis de alterações posteriores, nos termos das regras do SAFE. Quer isto dizer que as opções dos Estados já foram tomadas”.

Na semana passada, o ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, revelou que eram cinco os países - Itália, França, Finlândia, Alemanha, Espanha e Bélgica - de origem das empresas escolhidas para fornecer cerca de 5,8 mil milhões de euros em equipamento militar a Portugal, ao abrigo do programa europeu SAFE. Nuno Melo classificou a compra de material prevista como um “investimento histórico”. O montante destinado às três fragatas ascende a cerca de 3.000 milhões de euros. Na altura, o ministro sublinhou que para as opções que foram tomadas foram consideradas contrapartidas que tivessem em conta o “retorno para a economia e o envolvimento da indústria nacional”.

https://www.dn.pt/sociedade/novas-fragatas-a-marinha-prefere-as-italianas-mas-os-franceses-no-se-conformam-saiba-porqu


Portanto, se os projetos selecionados e apresentados até 30 de Novembro não são suscetíveis de qualquer alteração posterior, trata-se mesmo de dor de cotovelo e revanchismo por parte dos franceses.
Saudações Aeronáuticas,
Charlie Jaguar

"(...) Que, havendo por verdade o que dizia,
DE NADA A FORTE GENTE SE TEMIA
"

Luís Vaz de Camões (Os Lusíadas, Canto I - Estrofe 97)
 
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Re: Substituição das Fragatas Classe Vasco da Gama
« Responder #7773 em: Hoje às 12:35:51 pm »
Não é preciso ser especialista para perceber que a FREMM Evo tem várias vantagens técnicas face à FDI.

Então faz-me uma listazinha com quatro ou cinco por favor.

E não me venhas falar de quantidade de VLS. Porque ter 16 ou 32 é mais um fator comercial que técnico. O cliente escolhe e paga ou o fabricante oferce. Tipo os tapetes num carro novo.

Propulsão superior (mais silencioso);
Radares de banda C e X;
Maior autonomia;
Melhor armamento;
Mais espaço para contentores, drones.

Não é preciso ser especialista para perceber que a FREMM Evo tem várias vantagens técnicas face à FDI.

Então faz-me uma listazinha com quatro ou cinco por favor.

E não me venhas falar de quantidade de VLS. Porque ter 16 ou 32 é mais um fator comercial que técnico. O cliente escolhe e paga ou o fabricante oferce. Tipo os tapetes num carro novo.


CODLAG vs CODAD
Teseo Mk2 vs Exocet MM40 B3C
2 Heli medio vs 1 Heli medio
Dual Band Radar (bandas C e X) com oito antenas vs Single Band Radar (banda S) com quatro antenas
Além disso a Fragata Italina é ligeiramente mais rápida, tem maior alcance e permite levar um maior complemento de Fuzileiros/Tropas Especiais.

 :G-beer2:
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Re: Substituição das Fragatas Classe Vasco da Gama
« Responder #7774 em: Hoje às 12:45:57 pm »
Consegui ter acesso ao artigo completo do DN de hoje.  ;)

Citar
Novas fragatas. A Marinha prefere as italianas, mas os franceses não se conformam. Saiba porquê
Para o ministério da Defesa o assunto está encerrado no que diz respeito às opções de 5,8 mil milhões de equipamento para as Forças Armadas a ser financiado pelo programa europeu SAFE.

Valentina Marcelino, Nuno Vinha

Publicado a: 10 Dez 2025, 22:23

As “escolhas técnicas” de todo o equipamento que vai ser adquirido para as Foças Armadas até 2030, no âmbito do programa SAFE (Security Action for Europe), um financiamento que visa rearmar os países da União Europeia (UE), “resultaram de um grupo de trabalho envolvendo diversas entidades, das quais representantes do Estado-Maior-General das Forças Armadas, do Exército, da Marinha, da Força Aérea, das direções-gerais de Armamento e Património de Defesa Nacional, e de Política de Defesa Nacional, e da secretaria-geral do ministério da Defesa Nacional (MDN). Esta é a resposta de fonte oficial do ministério liderado por Nuno Melo, quando confrontado com os argumentos do grupo francês Naval Group para contrariar a opção do Governo pela aquisição de três fragatas italianas FREMM EVO da empresa italiana Ficantieri. “Não houve escolhas políticas, mas técnicas”, tinha já frisado o ministro, quando anunciou os países parceiros de Portugal neste investimento.

A opção pela FREMM (Fragata Europeia Multi-Missão) EVO foi conhecida na semana passada e sabia-se no setor da defesa que o Naval Group estava convicto de que iria ganhar esta batalha. Contudo, como sublinha a mesma fonte oficial, “nessa capacidade em concreto, contou fundamentalmente a avaliação técnica da Marinha”. O Estado-Maior da Armada não quis falar oficialmente, mas especialistas militares consultados pelo DN, que acompanharam o processo, indicaram alguns dos critérios.

As razões da Marinha

“A FREMM EVO é uma fragata com relevante potencial de combate, apenas comparável às F110 espanholas, Type 26 inglesas ou T126 alemãs – todas elas mais onerosas que as FREMM EVO e inacessíveis via financiamento SAFE (por incorporarem mais de 35% do valor total em equipamentos, sistemas ou tecnologias fora da UE e do Espaço Económico Europeu)”. Este foi um dos critérios valorizados. Soma-se o facto de “com um deslocamento de 6700 toneladas e 144 metros de comprimento, ser uma fragata oceânica de alta capacidade, projetada para operações prolongadas, otimizada para luta antissubmarina (ASW), em quaisquer condições meteorológicas”.

Para a Marinha, que “perspectiva serem estes os seus meios operacionais primários para os próximos 35 anos”, este é um “fator essencial”. Possui ainda "propulsão elétrica, sendo extremamente silenciosa, essencial para as operações antissubmarinas, sendo detentora de uma substancial autonomia" A guarnição embarcada, em linha com os números das fragatas da classe “Vasco da Gama”, afiançam estes peritos, "confere à FREMM boas características para missões prolongadas, designadamente em termos de sustentação em operação e de sobrevivência da plataforma".

Estes mesmos especialistas lembram que “o conceito FREMM reflete o tipo de navio mais produzido na Europa, com 10 fragatas em Itália, duas no Egipto e oito em França, representando por isso um conceito extremamente amadurecido e de baixo risco, sendo a versão EVO a sua evolução, atualizada para as missões futuras”. Acresce ainda que numa Marinha como a portuguesa, “os navios do tipo fragata constituem a espinha dorsal da esquadra, como resulta de uma análise do emprego desta tipologia de navios, ao longo de largas décadas de serviço, incluindo nos últimos 35 anos as fragatas da classe “Vasco da Gama”.

Um fator "determinante para continuar a cumprir a multiplicidade de funções” que desempenham – como navios-almirante de forças navais nacionais e aliadas, em missões de evacuação de não-combatentes, de interdição de áreas, de combate ao narcotráfico no alto mar, de apoio em situações de catástrofe, bem como de diplomacia através de presença naval - é a capacidade de embarcar pessoal e material para além da guarnição, seja o comandante de uma força naval e o seu estado-maior, sejam forças de fuzileiros ou equipamento de apoio humanitário e resposta a catástrofes”. As fragatas FREMM, pela sua dimensão, "são navios que potenciam esta flexibilidade de emprego, bem para além das missões puramente militares, dispondo de espaços de trabalho dedicados e de alojamentos para esse efeito.

A título de exemplo, explicam estes especialistas, “as FREMM podem acomodar cerca de 200 pessoas, sendo por isso que a Marinha Italiana as utiliza regularmente como navio-almirante de forças navais”. Defendem que, operacionalmente, as FREMM EVO "têm capacidade de Ballistic Missile Defence, podendo proteger a quase totalidade do território continental relativamente a mísseis balísticos que sejam lançados de terra, ar ou mar, contra Portugal". Junta-se ainda outra capacidade, que é a do emprego de drones, nas suas diversas tipologias e ambientes de operação, fruto dos seus dois hangares para helicópteros, generoso convés de voo (compatível com o EH101 Merlin) e espaços dedicados à operação destes sistemas, a que acresce a capacidade de alojar os operadores".

Naval Group contesta

A Naval Group continua a acreditar que a sua proposta é a melhor. E esgrime vários argumentos: um deles é o preço das FDI (Fragata de Defesa e Intervenção), abaixo de 900 milhões de euros por cada unidade, bem como o facto de ser um navio de nova geração, em comparação com o conceito mais maduro da FREMM EVO. O outro é mais apelativo para o ministro da Economia do que para o da Defesa, Nuno Melo: os franceses acreditam que a escolha da FDI, e a entrada de Portugal no programa de desenvolvimento que lhe está associado, devolveria cerca de 20% do montante investido à economia nacional.

Isto além de o Naval Group garantir que faria “toda a transferência de tecnologia e know-how” à Marinha portuguesa, como disse em novembro um responsável da empresa ao jornal Eco. E, tal como a proposta italiana, propunha-se fazer um “enorme investimento”, de dezenas de milhões de euros, no Arsenal do Alfeite, a principal base naval nacional. A proposta de valor do Naval Group, sabe o DN, contempla o envolvimento do grupo com empresas portuguesas, nomeadamente na escolha de firmas nacionais como fornecedoras de peças e equipamento às fragatas.

Atualmente, o Naval Group compra 15% do que necessita para a sua operação na Europa, mas tem como objetivo duplicar essa percentagem, para 30%. Uma forma de reduzir os riscos de rotura de abastecimento através de uma cadeia logística mais curta. Por outro lado, o Naval Group tem em curso a concretização de acordos de parceria com duas empresas nacionais (uma da área da Defesa e outra da cibersegurança), mas que poderiam ser instrumentais na evolução e desenvolvimento futuro da FDI.

Um outro argumento de peso na proposta francesa é a disponibilização do equipamento. O DN escreveu que a italiana Fincantieri terá sido a única empresa que garantiu a entrega das três fragatas até 2030, uma exigência de Bruxelas. Ou seja, teria sido este um dos principais fatores para a decisão pela firma italiana em detrimento das fragatas francesas. No entanto, apurou o Diário de Notícias, a proposta apresentada pelo Naval Group em 19 de novembro (11 dias antes do final do prazo) comprometia-se com a entrega da primeira FDI em março de 2030, a segunda em setembro do mesmo ano, e a terceira em dezembro de 2030.

O Naval Group, aliás, tem previsto a entrega da primeira FDI à Marinha grega nas próximas semanas. O acordo de compra com o governo helénico foi assinado em 2022. Em meados de outubro, o Naval Group entregou a primeira FDI à Marinha Francesa, a Amiral Ronarc’h, seguindo-se agora outras quatro. Do ponto de vista técnico, a francesa FDI é uma fragata multimissão (multi-purpose) com capacidade em várias áreas de combate: anti-aéreo, anti-submarino, anti-navios de superfície e guerra assimétrica (drones, ciberataques, engenhos explosivos improvisados e terrorismo). É mais compacta (122 metros) do que a fragata italiana FREM EVO e pode ser manobrada por uma guarnição menor - 112 tripulantes - menos cerca de 30 dos que as principais concorrentes. O Naval Group coloca bastante peso na vertente electrónica da FDI, com dois data centers, sistemas completamente redundantes (para prevenir disrupções ou quebras operacionais) e possibilidade de atualizações frequentes de software, em vez de um MLU (midlife update, uma actualização a meio da vida útil do navio).

A fonte oficial do Ministério da Defesa Nacional assegura que “vários critérios foram tidos em conta, tendo em consideração o Sistema de Forças, os compromissos NATO, o ciclo de vida e as especificidades logísticas, a tecnologia, prazos de entrega, entre outros”. E finaliza: “Os projectos selecionados, bem como as parcerias Estado a Estado, foram confirmados em Bruxelas no final de Novembro, ficando definidos desde então e insusceptíveis de alterações posteriores, nos termos das regras do SAFE. Quer isto dizer que as opções dos Estados já foram tomadas”.

Na semana passada, o ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, revelou que eram cinco os países - Itália, França, Finlândia, Alemanha, Espanha e Bélgica - de origem das empresas escolhidas para fornecer cerca de 5,8 mil milhões de euros em equipamento militar a Portugal, ao abrigo do programa europeu SAFE. Nuno Melo classificou a compra de material prevista como um “investimento histórico”. O montante destinado às três fragatas ascende a cerca de 3.000 milhões de euros. Na altura, o ministro sublinhou que para as opções que foram tomadas foram consideradas contrapartidas que tivessem em conta o “retorno para a economia e o envolvimento da indústria nacional”.

https://www.dn.pt/sociedade/novas-fragatas-a-marinha-prefere-as-italianas-mas-os-franceses-no-se-conformam-saiba-porqu


Portanto, se os projetos selecionados e apresentados até 30 de Novembro não são suscetíveis de qualquer alteração posterior, trata-se mesmo de dor de cotovelo e revanchismo por parte dos franceses.

Não será uma questão de "Revanchismo". Creio que é uma questão de tentar levar para casa um contrato de vários milhares de milhões de Euros... Isto só vai ficar  decidido quando o Ministro da Defesa assinar o contrato, até lá é natural que as várias Empresas a concurso tentem chamar a atenção para os pontos fortes da sua proposta. Isso ou... eu não percebi o que querias dizer 😁
Um ponto que achei interessante no artigo, a lista de navios mencionados creio que torna claro que a Marinha está á procura de material utilizado por outras marinhas da NATO (o que só abona a favor do bom senso dos oficiais que lideram o programa).
« Última modificação: Hoje às 12:49:59 pm por Sintra »
 
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Re: Substituição das Fragatas Classe Vasco da Gama
« Responder #7775 em: Hoje às 12:58:25 pm »
Não é preciso ser especialista para perceber que a FREMM Evo tem várias vantagens técnicas face à FDI.

Então faz-me uma listazinha com quatro ou cinco por favor.

E não me venhas falar de quantidade de VLS. Porque ter 16 ou 32 é mais um fator comercial que técnico. O cliente escolhe e paga ou o fabricante oferce. Tipo os tapetes num carro novo.

CODLAG vs CODAD
Teseo Mk2 vs Exocet MM40 B3C
2 Heli medio vs 1 Heli medio
Dual Band Radar (bandas C e X) com oito antenas vs Single Band Radar (banda S) com quatro antenas
Além disso a Fragata Italiana é ligeiramente mais rápida, tem maior alcance e permite levar um maior complemento de Fuzileiros/Tropas Especiais.

Obrigado por ajudares o CJ.

O radar AESA das FDI permite Track-While Scan.
É para isso que servem os radares AESA - para fazer mais que uma cousa de cada vez.
As FDI podem desempenhar a missão de ABMD.

Se Teseo é bom porque faz Land Attack - nada me diz que a Marinha precisa de fazer Land Attack.
Land Attack pode ser invenção do Forum Defesa.

CODLAG é o motivo pelo qual a propulsão das FREMM deu problemas. Ás vezes estes problemas duram para sempre.
Foi por causa de misturas de propulsão que as TYPE45 deram merda.
Ser "A Ferrari das Fragatas" pode ser um aviso para não comprar.

A Marinha nunca na vida vai colocar dois helicópteros numa FREMM.
Poderá colocar um mais um drone - como na FDI.

 
 

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Re: Substituição das Fragatas Classe Vasco da Gama
« Responder #7776 em: Hoje às 01:00:34 pm »
Muito bom, bem argumentado e, sobretudo,  grande escolha tendo em conta as definições da MP e possibilidades.
Tks CG.
João Pereira
 
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Re: Substituição das Fragatas Classe Vasco da Gama
« Responder #7777 em: Hoje às 01:00:57 pm »
Não será uma questão de "Revanchismo". Creio que é uma questão de tentar levar para casa um contrato de vários milhares de milhões de Euros... Isto só vai ficar  decidido quando o Ministro da Defesa assinar o contrato, até lá é natural que as várias Empresas a concurso tentem chamar a atenção para os pontos fortes da sua proposta. Isso ou... eu não percebi o que querias dizer 😁
Um ponto que achei interessante no artigo, a lista de navios mencionados creio que torna claro que a Marinha está á procura de material utilizado por outras marinhas da NATO (o que só abona a favor do bom senso dos oficiais que lideram o programa).

Revanchismo até pode ser uma palavra algo forte, concedo-te essa meu amigo, mas mau perder revela certamente. Ainda para mais se a decisão não é passível de alteração, de acordo com os regulamentos do próprio SAFE.

Trabalho de perto com franceses regularmente, conheço as suas virtudes e defeitos, e por isso esta minha afirmação. Aliás, no artigo está uma frase que resume isto tudo muito bem:

Citar
(...) A opção pela FREMM (Fragata Europeia Multi-Missão) EVO foi conhecida na semana passada e sabia-se no setor da defesa que o Naval Group estava convicto de que iria ganhar esta batalha. Contudo, como sublinha a mesma fonte oficial, “nessa capacidade em concreto, contou fundamentalmente a avaliação técnica da Marinha”. (...)
Saudações Aeronáuticas,
Charlie Jaguar

"(...) Que, havendo por verdade o que dizia,
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Re: Substituição das Fragatas Classe Vasco da Gama
« Responder #7778 em: Hoje às 01:17:14 pm »
Não é preciso ser especialista para perceber que a FREMM Evo tem várias vantagens técnicas face à FDI.

Então faz-me uma listazinha com quatro ou cinco por favor.

E não me venhas falar de quantidade de VLS. Porque ter 16 ou 32 é mais um fator comercial que técnico. O cliente escolhe e paga ou o fabricante oferce. Tipo os tapetes num carro novo.

CODLAG vs CODAD
Teseo Mk2 vs Exocet MM40 B3C
2 Heli medio vs 1 Heli medio
Dual Band Radar (bandas C e X) com oito antenas vs Single Band Radar (banda S) com quatro antenas
Além disso a Fragata Italiana é ligeiramente mais rápida, tem maior alcance e permite levar um maior complemento de Fuzileiros/Tropas Especiais.

Obrigado por ajudares o CJ.

O radar AESA das FDI permite Track-While Scan.
É para isso que servem os radares AESA - para fazer mais que uma cousa de cada vez.
As FDI podem desempenhar a missão de ABMD.

Se Teseo é bom porque faz Land Attack - nada me diz que a Marinha precisa de fazer Land Attack.
Land Attack pode ser invenção do Forum Defesa.

CODLAG é o motivo pelo qual a propulsão das FREMM deu problemas. Ás vezes estes problemas duram para sempre.
Foi por causa de misturas de propulsão que as TYPE45 deram merda.
Ser "A Ferrari das Fragatas" pode ser um aviso para não comprar.

A Marinha nunca na vida vai colocar dois helicópteros numa FREMM.
Poderá colocar um mais um drone - como na FDI.

Tu és impossível  :mrgreen:

És o gajo do 'contra'... a maioria ou arrisco-me a dizer a esmagadora maioria, se disser Norte... tu dizes Sul. Se esquerda, tu direita e vice-versa. Claro que tens direito à tua opinião e até demonstra que tens a tua convicção pessoal e manténs-te fiel a ela... mas há coisas que não são passíveis de discussão.

Temos uma casa tipicamente alentejana... caiada de branco... ajuda a não absorver tanto o calor..
 temos uma multidão a dizer que a casa é branca e temos alguém explica o porquê... e vens tu e colocas em causa a componente técnica ou científica e ainda arriscas a apontar e a gritar : "Não, não! é preta!

Já na questão dos caças é a mesma situação. Defendes mais a tua teimosia pessoal que a evidência factual. És um lobbista. E eu não gosto de lobbistas. Lamento imenso mas não há como dizê-lo de outra forma. Acho que tens uma fina ironia, um jeito de comunicar muito 'salgado' e isso por vezes dá um ar da tua graça, literalmente falando. Mas és faccioso. E eu não gosto de facciosos...
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Re: Substituição das Fragatas Classe Vasco da Gama
« Responder #7779 em: Hoje às 01:32:17 pm »
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Novas fragatas. A Marinha prefere as italianas, mas os franceses não se conformam. Saiba porquê
Para o ministério da Defesa o assunto está encerrado no que diz respeito às opções de 5,8 mil milhões de equipamento para as Forças Armadas a ser financiado pelo programa europeu SAFE.

Valentina Marcelino, Nuno Vinha

Publicado a: 10 Dez 2025, 22:23

As “escolhas técnicas” de todo o equipamento que vai ser adquirido para as Foças Armadas até 2030, no âmbito do programa SAFE (Security Action for Europe), um financiamento que visa rearmar os países da União Europeia (UE), “resultaram de um grupo de trabalho envolvendo diversas entidades, das quais representantes do Estado-Maior-General das Forças Armadas, do Exército, da Marinha, da Força Aérea, das direções-gerais de Armamento e Património de Defesa Nacional, e de Política de Defesa Nacional, e da secretaria-geral do ministério da Defesa Nacional (MDN). Esta é a resposta de fonte oficial do ministério liderado por Nuno Melo, quando confrontado com os argumentos do grupo francês Naval Group para contrariar a opção do Governo pela aquisição de três fragatas italianas FREMM EVO da empresa italiana Ficantieri. “Não houve escolhas políticas, mas técnicas”, tinha já frisado o ministro, quando anunciou os países parceiros de Portugal neste investimento.

A opção pela FREMM (Fragata Europeia Multi-Missão) EVO foi conhecida na semana passada e sabia-se no setor da defesa que o Naval Group estava convicto de que iria ganhar esta batalha. Contudo, como sublinha a mesma fonte oficial, “nessa capacidade em concreto, contou fundamentalmente a avaliação técnica da Marinha”. O Estado-Maior da Armada não quis falar oficialmente, mas especialistas militares consultados pelo DN, que acompanharam o processo, indicaram alguns dos critérios.

As razões da Marinha

“A FREMM EVO é uma fragata com relevante potencial de combate, apenas comparável às F110 espanholas, Type 26 inglesas ou T126 alemãs – todas elas mais onerosas que as FREMM EVO e inacessíveis via financiamento SAFE (por incorporarem mais de 35% do valor total em equipamentos, sistemas ou tecnologias fora da UE e do Espaço Económico Europeu)”. Este foi um dos critérios valorizados. Soma-se o facto de “com um deslocamento de 6700 toneladas e 144 metros de comprimento, ser uma fragata oceânica de alta capacidade, projetada para operações prolongadas, otimizada para luta antissubmarina (ASW), em quaisquer condições meteorológicas”.

Para a Marinha, que “perspectiva serem estes os seus meios operacionais primários para os próximos 35 anos”, este é um “fator essencial”. Possui ainda "propulsão elétrica, sendo extremamente silenciosa, essencial para as operações antissubmarinas, sendo detentora de uma substancial autonomia" A guarnição embarcada, em linha com os números das fragatas da classe “Vasco da Gama”, afiançam estes peritos, "confere à FREMM boas características para missões prolongadas, designadamente em termos de sustentação em operação e de sobrevivência da plataforma".

Estes mesmos especialistas lembram que “o conceito FREMM reflete o tipo de navio mais produzido na Europa, com 10 fragatas em Itália, duas no Egipto e oito em França, representando por isso um conceito extremamente amadurecido e de baixo risco, sendo a versão EVO a sua evolução, atualizada para as missões futuras”. Acresce ainda que numa Marinha como a portuguesa, “os navios do tipo fragata constituem a espinha dorsal da esquadra, como resulta de uma análise do emprego desta tipologia de navios, ao longo de largas décadas de serviço, incluindo nos últimos 35 anos as fragatas da classe “Vasco da Gama”.

Um fator "determinante para continuar a cumprir a multiplicidade de funções” que desempenham – como navios-almirante de forças navais nacionais e aliadas, em missões de evacuação de não-combatentes, de interdição de áreas, de combate ao narcotráfico no alto mar, de apoio em situações de catástrofe, bem como de diplomacia através de presença naval - é a capacidade de embarcar pessoal e material para além da guarnição, seja o comandante de uma força naval e o seu estado-maior, sejam forças de fuzileiros ou equipamento de apoio humanitário e resposta a catástrofes”. As fragatas FREMM, pela sua dimensão, "são navios que potenciam esta flexibilidade de emprego, bem para além das missões puramente militares, dispondo de espaços de trabalho dedicados e de alojamentos para esse efeito.

A título de exemplo, explicam estes especialistas, “as FREMM podem acomodar cerca de 200 pessoas, sendo por isso que a Marinha Italiana as utiliza regularmente como navio-almirante de forças navais”. Defendem que, operacionalmente, as FREMM EVO "têm capacidade de Ballistic Missile Defence, podendo proteger a quase totalidade do território continental relativamente a mísseis balísticos que sejam lançados de terra, ar ou mar, contra Portugal". Junta-se ainda outra capacidade, que é a do emprego de drones, nas suas diversas tipologias e ambientes de operação, fruto dos seus dois hangares para helicópteros, generoso convés de voo (compatível com o EH101 Merlin) e espaços dedicados à operação destes sistemas, a que acresce a capacidade de alojar os operadores".

Naval Group contesta

A Naval Group continua a acreditar que a sua proposta é a melhor. E esgrime vários argumentos: um deles é o preço das FDI (Fragata de Defesa e Intervenção), abaixo de 900 milhões de euros por cada unidade, bem como o facto de ser um navio de nova geração, em comparação com o conceito mais maduro da FREMM EVO. O outro é mais apelativo para o ministro da Economia do que para o da Defesa, Nuno Melo: os franceses acreditam que a escolha da FDI, e a entrada de Portugal no programa de desenvolvimento que lhe está associado, devolveria cerca de 20% do montante investido à economia nacional.

Isto além de o Naval Group garantir que faria “toda a transferência de tecnologia e know-how” à Marinha portuguesa, como disse em novembro um responsável da empresa ao jornal Eco. E, tal como a proposta italiana, propunha-se fazer um “enorme investimento”, de dezenas de milhões de euros, no Arsenal do Alfeite, a principal base naval nacional. A proposta de valor do Naval Group, sabe o DN, contempla o envolvimento do grupo com empresas portuguesas, nomeadamente na escolha de firmas nacionais como fornecedoras de peças e equipamento às fragatas.

Atualmente, o Naval Group compra 15% do que necessita para a sua operação na Europa, mas tem como objetivo duplicar essa percentagem, para 30%. Uma forma de reduzir os riscos de rotura de abastecimento através de uma cadeia logística mais curta. Por outro lado, o Naval Group tem em curso a concretização de acordos de parceria com duas empresas nacionais (uma da área da Defesa e outra da cibersegurança), mas que poderiam ser instrumentais na evolução e desenvolvimento futuro da FDI.

Um outro argumento de peso na proposta francesa é a disponibilização do equipamento. O DN escreveu que a italiana Fincantieri terá sido a única empresa que garantiu a entrega das três fragatas até 2030, uma exigência de Bruxelas. Ou seja, teria sido este um dos principais fatores para a decisão pela firma italiana em detrimento das fragatas francesas. No entanto, apurou o Diário de Notícias, a proposta apresentada pelo Naval Group em 19 de novembro (11 dias antes do final do prazo) comprometia-se com a entrega da primeira FDI em março de 2030, a segunda em setembro do mesmo ano, e a terceira em dezembro de 2030.

O Naval Group, aliás, tem previsto a entrega da primeira FDI à Marinha grega nas próximas semanas. O acordo de compra com o governo helénico foi assinado em 2022. Em meados de outubro, o Naval Group entregou a primeira FDI à Marinha Francesa, a Amiral Ronarc’h, seguindo-se agora outras quatro. Do ponto de vista técnico, a francesa FDI é uma fragata multimissão (multi-purpose) com capacidade em várias áreas de combate: anti-aéreo, anti-submarino, anti-navios de superfície e guerra assimétrica (drones, ciberataques, engenhos explosivos improvisados e terrorismo). É mais compacta (122 metros) do que a fragata italiana FREM EVO e pode ser manobrada por uma guarnição menor - 112 tripulantes - menos cerca de 30 dos que as principais concorrentes. O Naval Group coloca bastante peso na vertente electrónica da FDI, com dois data centers, sistemas completamente redundantes (para prevenir disrupções ou quebras operacionais) e possibilidade de atualizações frequentes de software, em vez de um MLU (midlife update, uma actualização a meio da vida útil do navio).

A fonte oficial do Ministério da Defesa Nacional assegura que “vários critérios foram tidos em conta, tendo em consideração o Sistema de Forças, os compromissos NATO, o ciclo de vida e as especificidades logísticas, a tecnologia, prazos de entrega, entre outros”. E finaliza: “Os projectos selecionados, bem como as parcerias Estado a Estado, foram confirmados em Bruxelas no final de Novembro, ficando definidos desde então e insusceptíveis de alterações posteriores, nos termos das regras do SAFE. Quer isto dizer que as opções dos Estados já foram tomadas”.

Na semana passada, o ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, revelou que eram cinco os países - Itália, França, Finlândia, Alemanha, Espanha e Bélgica - de origem das empresas escolhidas para fornecer cerca de 5,8 mil milhões de euros em equipamento militar a Portugal, ao abrigo do programa europeu SAFE. Nuno Melo classificou a compra de material prevista como um “investimento histórico”. O montante destinado às três fragatas ascende a cerca de 3.000 milhões de euros. Na altura, o ministro sublinhou que para as opções que foram tomadas foram consideradas contrapartidas que tivessem em conta o “retorno para a economia e o envolvimento da indústria nacional”.

https://www.dn.pt/sociedade/novas-fragatas-a-marinha-prefere-as-italianas-mas-os-franceses-no-se-conformam-saiba-porqu


Portanto, se os projetos selecionados e apresentados até 30 de Novembro não são suscetíveis de qualquer alteração posterior, trata-se mesmo de dor de cotovelo e revanchismo por parte dos franceses.
CJ, obrigado por postares o artigo completo. Embora o título seja um bocado clickbait, o artigo em si explica perfeitamente porque foi tomada a opção FREMM. Mais, também explica bem quais os pontos fortes da proposta FDI. Torna-se claro que a Marinha fez uma avaliação cuidada, tendo em conta todos os critérios operacionais e é óbvio para quem quiser ver que a FREMM é de longe superior para o tipo de missão para que a Marinha Portuguesa precisa de fragatas. É uma verdadeira opção de topo, por comparação com a FDI. Aliás é engraçado como a FDI não disputa esse fator e vai essencialmente pelo preço e tripulação menor, mas ainda não vi referido em lado nenhum se refere (e muito menos pelo Naval Group, claro) que mesmo na Marine Nationale, as FREMM são as fragatas de primeira linha e as FDI de segunda… se queremos uma fragata de topo, a opção nunca poderia ter sido outra que não a FREMM.

Vamos ver agora quando chegar a altura de substituir as BD e os NPO1S (e talvez 2S), quais serão as opções, se as EPC (como o Subsea sugere), um novo concurso para fragatas de segunda linha ou um misto de duas FREMM usadas para substituir as BD e 3-4 EPC LRP para substituir os NPO (a minha preferência).

Apenas mais um pequeno ponto, achei também interessante que a F-110 não é elegível para o SAFE porque ultrapassa o limite de 35% de incorporação não-EU…
 
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Re: Substituição das Fragatas Classe Vasco da Gama
« Responder #7780 em: Hoje às 01:39:39 pm »
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Apenas mais um pequeno ponto, achei também interessante que a F-110 não é elegível para o SAFE porque ultrapassa o limite de 35% de incorporação não-EU…

Posso estar enganado,  mas essa opção vai sair cara à NAVANTIA, pelo menos nas vendas europeias...
João Pereira
 
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Re: Substituição das Fragatas Classe Vasco da Gama
« Responder #7781 em: Hoje às 01:41:09 pm »
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Novas fragatas. A Marinha prefere as italianas, mas os franceses não se conformam. Saiba porquê
Para o ministério da Defesa o assunto está encerrado no que diz respeito às opções de 5,8 mil milhões de equipamento para as Forças Armadas a ser financiado pelo programa europeu SAFE.

Valentina Marcelino, Nuno Vinha

Publicado a: 10 Dez 2025, 22:23

As “escolhas técnicas” de todo o equipamento que vai ser adquirido para as Foças Armadas até 2030, no âmbito do programa SAFE (Security Action for Europe), um financiamento que visa rearmar os países da União Europeia (UE), “resultaram de um grupo de trabalho envolvendo diversas entidades, das quais representantes do Estado-Maior-General das Forças Armadas, do Exército, da Marinha, da Força Aérea, das direções-gerais de Armamento e Património de Defesa Nacional, e de Política de Defesa Nacional, e da secretaria-geral do ministério da Defesa Nacional (MDN). Esta é a resposta de fonte oficial do ministério liderado por Nuno Melo, quando confrontado com os argumentos do grupo francês Naval Group para contrariar a opção do Governo pela aquisição de três fragatas italianas FREMM EVO da empresa italiana Ficantieri. “Não houve escolhas políticas, mas técnicas”, tinha já frisado o ministro, quando anunciou os países parceiros de Portugal neste investimento.

A opção pela FREMM (Fragata Europeia Multi-Missão) EVO foi conhecida na semana passada e sabia-se no setor da defesa que o Naval Group estava convicto de que iria ganhar esta batalha. Contudo, como sublinha a mesma fonte oficial, “nessa capacidade em concreto, contou fundamentalmente a avaliação técnica da Marinha”. O Estado-Maior da Armada não quis falar oficialmente, mas especialistas militares consultados pelo DN, que acompanharam o processo, indicaram alguns dos critérios.

As razões da Marinha

“A FREMM EVO é uma fragata com relevante potencial de combate, apenas comparável às F110 espanholas, Type 26 inglesas ou T126 alemãs – todas elas mais onerosas que as FREMM EVO e inacessíveis via financiamento SAFE (por incorporarem mais de 35% do valor total em equipamentos, sistemas ou tecnologias fora da UE e do Espaço Económico Europeu)”. Este foi um dos critérios valorizados. Soma-se o facto de “com um deslocamento de 6700 toneladas e 144 metros de comprimento, ser uma fragata oceânica de alta capacidade, projetada para operações prolongadas, otimizada para luta antissubmarina (ASW), em quaisquer condições meteorológicas”.

Para a Marinha, que “perspectiva serem estes os seus meios operacionais primários para os próximos 35 anos”, este é um “fator essencial”. Possui ainda "propulsão elétrica, sendo extremamente silenciosa, essencial para as operações antissubmarinas, sendo detentora de uma substancial autonomia" A guarnição embarcada, em linha com os números das fragatas da classe “Vasco da Gama”, afiançam estes peritos, "confere à FREMM boas características para missões prolongadas, designadamente em termos de sustentação em operação e de sobrevivência da plataforma".

Estes mesmos especialistas lembram que “o conceito FREMM reflete o tipo de navio mais produzido na Europa, com 10 fragatas em Itália, duas no Egipto e oito em França, representando por isso um conceito extremamente amadurecido e de baixo risco, sendo a versão EVO a sua evolução, atualizada para as missões futuras”. Acresce ainda que numa Marinha como a portuguesa, “os navios do tipo fragata constituem a espinha dorsal da esquadra, como resulta de uma análise do emprego desta tipologia de navios, ao longo de largas décadas de serviço, incluindo nos últimos 35 anos as fragatas da classe “Vasco da Gama”.

Um fator "determinante para continuar a cumprir a multiplicidade de funções” que desempenham – como navios-almirante de forças navais nacionais e aliadas, em missões de evacuação de não-combatentes, de interdição de áreas, de combate ao narcotráfico no alto mar, de apoio em situações de catástrofe, bem como de diplomacia através de presença naval - é a capacidade de embarcar pessoal e material para além da guarnição, seja o comandante de uma força naval e o seu estado-maior, sejam forças de fuzileiros ou equipamento de apoio humanitário e resposta a catástrofes”. As fragatas FREMM, pela sua dimensão, "são navios que potenciam esta flexibilidade de emprego, bem para além das missões puramente militares, dispondo de espaços de trabalho dedicados e de alojamentos para esse efeito.

A título de exemplo, explicam estes especialistas, “as FREMM podem acomodar cerca de 200 pessoas, sendo por isso que a Marinha Italiana as utiliza regularmente como navio-almirante de forças navais”. Defendem que, operacionalmente, as FREMM EVO "têm capacidade de Ballistic Missile Defence, podendo proteger a quase totalidade do território continental relativamente a mísseis balísticos que sejam lançados de terra, ar ou mar, contra Portugal". Junta-se ainda outra capacidade, que é a do emprego de drones, nas suas diversas tipologias e ambientes de operação, fruto dos seus dois hangares para helicópteros, generoso convés de voo (compatível com o EH101 Merlin) e espaços dedicados à operação destes sistemas, a que acresce a capacidade de alojar os operadores".

Naval Group contesta

A Naval Group continua a acreditar que a sua proposta é a melhor. E esgrime vários argumentos: um deles é o preço das FDI (Fragata de Defesa e Intervenção), abaixo de 900 milhões de euros por cada unidade, bem como o facto de ser um navio de nova geração, em comparação com o conceito mais maduro da FREMM EVO. O outro é mais apelativo para o ministro da Economia do que para o da Defesa, Nuno Melo: os franceses acreditam que a escolha da FDI, e a entrada de Portugal no programa de desenvolvimento que lhe está associado, devolveria cerca de 20% do montante investido à economia nacional.

Isto além de o Naval Group garantir que faria “toda a transferência de tecnologia e know-how” à Marinha portuguesa, como disse em novembro um responsável da empresa ao jornal Eco. E, tal como a proposta italiana, propunha-se fazer um “enorme investimento”, de dezenas de milhões de euros, no Arsenal do Alfeite, a principal base naval nacional. A proposta de valor do Naval Group, sabe o DN, contempla o envolvimento do grupo com empresas portuguesas, nomeadamente na escolha de firmas nacionais como fornecedoras de peças e equipamento às fragatas.

Atualmente, o Naval Group compra 15% do que necessita para a sua operação na Europa, mas tem como objetivo duplicar essa percentagem, para 30%. Uma forma de reduzir os riscos de rotura de abastecimento através de uma cadeia logística mais curta. Por outro lado, o Naval Group tem em curso a concretização de acordos de parceria com duas empresas nacionais (uma da área da Defesa e outra da cibersegurança), mas que poderiam ser instrumentais na evolução e desenvolvimento futuro da FDI.

Um outro argumento de peso na proposta francesa é a disponibilização do equipamento. O DN escreveu que a italiana Fincantieri terá sido a única empresa que garantiu a entrega das três fragatas até 2030, uma exigência de Bruxelas. Ou seja, teria sido este um dos principais fatores para a decisão pela firma italiana em detrimento das fragatas francesas. No entanto, apurou o Diário de Notícias, a proposta apresentada pelo Naval Group em 19 de novembro (11 dias antes do final do prazo) comprometia-se com a entrega da primeira FDI em março de 2030, a segunda em setembro do mesmo ano, e a terceira em dezembro de 2030.

O Naval Group, aliás, tem previsto a entrega da primeira FDI à Marinha grega nas próximas semanas. O acordo de compra com o governo helénico foi assinado em 2022. Em meados de outubro, o Naval Group entregou a primeira FDI à Marinha Francesa, a Amiral Ronarc’h, seguindo-se agora outras quatro. Do ponto de vista técnico, a francesa FDI é uma fragata multimissão (multi-purpose) com capacidade em várias áreas de combate: anti-aéreo, anti-submarino, anti-navios de superfície e guerra assimétrica (drones, ciberataques, engenhos explosivos improvisados e terrorismo). É mais compacta (122 metros) do que a fragata italiana FREM EVO e pode ser manobrada por uma guarnição menor - 112 tripulantes - menos cerca de 30 dos que as principais concorrentes. O Naval Group coloca bastante peso na vertente electrónica da FDI, com dois data centers, sistemas completamente redundantes (para prevenir disrupções ou quebras operacionais) e possibilidade de atualizações frequentes de software, em vez de um MLU (midlife update, uma actualização a meio da vida útil do navio).

A fonte oficial do Ministério da Defesa Nacional assegura que “vários critérios foram tidos em conta, tendo em consideração o Sistema de Forças, os compromissos NATO, o ciclo de vida e as especificidades logísticas, a tecnologia, prazos de entrega, entre outros”. E finaliza: “Os projectos selecionados, bem como as parcerias Estado a Estado, foram confirmados em Bruxelas no final de Novembro, ficando definidos desde então e insusceptíveis de alterações posteriores, nos termos das regras do SAFE. Quer isto dizer que as opções dos Estados já foram tomadas”.

Na semana passada, o ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, revelou que eram cinco os países - Itália, França, Finlândia, Alemanha, Espanha e Bélgica - de origem das empresas escolhidas para fornecer cerca de 5,8 mil milhões de euros em equipamento militar a Portugal, ao abrigo do programa europeu SAFE. Nuno Melo classificou a compra de material prevista como um “investimento histórico”. O montante destinado às três fragatas ascende a cerca de 3.000 milhões de euros. Na altura, o ministro sublinhou que para as opções que foram tomadas foram consideradas contrapartidas que tivessem em conta o “retorno para a economia e o envolvimento da indústria nacional”.

https://www.dn.pt/sociedade/novas-fragatas-a-marinha-prefere-as-italianas-mas-os-franceses-no-se-conformam-saiba-porqu


Portanto, se os projetos selecionados e apresentados até 30 de Novembro não são suscetíveis de qualquer alteração posterior, trata-se mesmo de dor de cotovelo e revanchismo por parte dos franceses.
CJ, obrigado por postares o artigo completo. Embora o título seja um bocado clickbait, o artigo em si explica perfeitamente porque foi tomada a opção FREMM. Mais, também explica bem quais os pontos fortes da proposta FDI. Torna-se claro que a Marinha fez uma avaliação cuidada, tendo em conta todos os critérios operacionais e é óbvio para quem quiser ver que a FREMM é de longe superior para o tipo de missão para que a Marinha Portuguesa precisa de fragatas. É uma verdadeira opção de topo, por comparação com a FDI. Aliás é engraçado como a FDI não disputa esse fator e vai essencialmente pelo preço e tripulação menor, mas ainda não vi referido em lado nenhum se refere (e muito menos pelo Naval Group, claro) que mesmo na Marine Nationale, as FREMM são as fragatas de primeira linha e as FDI de segunda… se queremos uma fragata de topo, a opção nunca poderia ter sido outra que não a FREMM.

Vamos ver agora quando chegar a altura de substituir as BD e os NPO1S (e talvez 2S), quais serão as opções, se as EPC (como o Subsea sugere), um novo concurso para fragatas de segunda linha ou um misto de duas FREMM usadas para substituir as BD e 3-4 EPC LRP para substituir os NPO (a minha preferência).

Apenas mais um pequeno ponto, achei também interessante que a F-110 não é elegível para o SAFE porque ultrapassa o limite de 35% de incorporação não-EU…

E FDI? Para complementar. Usadas ou novas. Ou seria melhor, nesse hipotético cenário de 2 fragatas para substituir as BD, manter a linha toda com FREMM.
 

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Re: Substituição das Fragatas Classe Vasco da Gama
« Responder #7782 em: Hoje às 01:47:12 pm »
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Lampuka

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Re: Substituição das Fragatas Classe Vasco da Gama
« Responder #7783 em: Hoje às 01:50:55 pm »
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Tu és impossível  :mrgreen:

És o gajo do 'contra'... a maioria ou arrisco-me a dizer a esmagadora maioria, se disser Norte... tu dizes Sul. Se esquerda, tu direita e vice-versa. Claro que tens direito à tua opinião e até demonstra que tens a tua convicção pessoal e manténs-te fiel a ela... mas há coisas que não são passíveis de discussão.

Essa história do passível de discussão é... discutível.

Em relação às EVO,  vamos ser sinceros, as vantagens só se efectivam se realmente utilizarmos todo o seu potencial. Caso contrário, estaremos na mesma.
Ou seja, se não adquirimos misseis para ataque a terra, outros com capacidade de abater MB's, helicópteros capazes... de que adiantam as capacidades?
E, nesse caso, se não era para esses investimentos, porque não a FDI?
Genericamente,  sem dúvidas que a FREMM EVO poderá dar outras capacidades e possibilidades à MP, mas temos de ver até onde as vamos utilizar.
Eu também considero que as FDI, como navios "almirantes" da nossa Marinha, aos tempos que correm, sabiam a pouco.
Mas seriam, no meu entender, o meio ideal para complementar as EVO, mais do qualquer outro, até por ser diferente em radar, origem, conceito...
João Pereira
 

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Re: Substituição das Fragatas Classe Vasco da Gama
« Responder #7784 em: Hoje às 01:55:46 pm »
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Novas fragatas. A Marinha prefere as italianas, mas os franceses não se conformam. Saiba porquê
Para o ministério da Defesa o assunto está encerrado no que diz respeito às opções de 5,8 mil milhões de equipamento para as Forças Armadas a ser financiado pelo programa europeu SAFE.

Valentina Marcelino, Nuno Vinha

Publicado a: 10 Dez 2025, 22:23

As “escolhas técnicas” de todo o equipamento que vai ser adquirido para as Foças Armadas até 2030, no âmbito do programa SAFE (Security Action for Europe), um financiamento que visa rearmar os países da União Europeia (UE), “resultaram de um grupo de trabalho envolvendo diversas entidades, das quais representantes do Estado-Maior-General das Forças Armadas, do Exército, da Marinha, da Força Aérea, das direções-gerais de Armamento e Património de Defesa Nacional, e de Política de Defesa Nacional, e da secretaria-geral do ministério da Defesa Nacional (MDN). Esta é a resposta de fonte oficial do ministério liderado por Nuno Melo, quando confrontado com os argumentos do grupo francês Naval Group para contrariar a opção do Governo pela aquisição de três fragatas italianas FREMM EVO da empresa italiana Ficantieri. “Não houve escolhas políticas, mas técnicas”, tinha já frisado o ministro, quando anunciou os países parceiros de Portugal neste investimento.

A opção pela FREMM (Fragata Europeia Multi-Missão) EVO foi conhecida na semana passada e sabia-se no setor da defesa que o Naval Group estava convicto de que iria ganhar esta batalha. Contudo, como sublinha a mesma fonte oficial, “nessa capacidade em concreto, contou fundamentalmente a avaliação técnica da Marinha”. O Estado-Maior da Armada não quis falar oficialmente, mas especialistas militares consultados pelo DN, que acompanharam o processo, indicaram alguns dos critérios.

As razões da Marinha

“A FREMM EVO é uma fragata com relevante potencial de combate, apenas comparável às F110 espanholas, Type 26 inglesas ou T126 alemãs – todas elas mais onerosas que as FREMM EVO e inacessíveis via financiamento SAFE (por incorporarem mais de 35% do valor total em equipamentos, sistemas ou tecnologias fora da UE e do Espaço Económico Europeu)”. Este foi um dos critérios valorizados. Soma-se o facto de “com um deslocamento de 6700 toneladas e 144 metros de comprimento, ser uma fragata oceânica de alta capacidade, projetada para operações prolongadas, otimizada para luta antissubmarina (ASW), em quaisquer condições meteorológicas”.

Para a Marinha, que “perspectiva serem estes os seus meios operacionais primários para os próximos 35 anos”, este é um “fator essencial”. Possui ainda "propulsão elétrica, sendo extremamente silenciosa, essencial para as operações antissubmarinas, sendo detentora de uma substancial autonomia" A guarnição embarcada, em linha com os números das fragatas da classe “Vasco da Gama”, afiançam estes peritos, "confere à FREMM boas características para missões prolongadas, designadamente em termos de sustentação em operação e de sobrevivência da plataforma".

Estes mesmos especialistas lembram que “o conceito FREMM reflete o tipo de navio mais produzido na Europa, com 10 fragatas em Itália, duas no Egipto e oito em França, representando por isso um conceito extremamente amadurecido e de baixo risco, sendo a versão EVO a sua evolução, atualizada para as missões futuras”. Acresce ainda que numa Marinha como a portuguesa, “os navios do tipo fragata constituem a espinha dorsal da esquadra, como resulta de uma análise do emprego desta tipologia de navios, ao longo de largas décadas de serviço, incluindo nos últimos 35 anos as fragatas da classe “Vasco da Gama”.

Um fator "determinante para continuar a cumprir a multiplicidade de funções” que desempenham – como navios-almirante de forças navais nacionais e aliadas, em missões de evacuação de não-combatentes, de interdição de áreas, de combate ao narcotráfico no alto mar, de apoio em situações de catástrofe, bem como de diplomacia através de presença naval - é a capacidade de embarcar pessoal e material para além da guarnição, seja o comandante de uma força naval e o seu estado-maior, sejam forças de fuzileiros ou equipamento de apoio humanitário e resposta a catástrofes”. As fragatas FREMM, pela sua dimensão, "são navios que potenciam esta flexibilidade de emprego, bem para além das missões puramente militares, dispondo de espaços de trabalho dedicados e de alojamentos para esse efeito.

A título de exemplo, explicam estes especialistas, “as FREMM podem acomodar cerca de 200 pessoas, sendo por isso que a Marinha Italiana as utiliza regularmente como navio-almirante de forças navais”. Defendem que, operacionalmente, as FREMM EVO "têm capacidade de Ballistic Missile Defence, podendo proteger a quase totalidade do território continental relativamente a mísseis balísticos que sejam lançados de terra, ar ou mar, contra Portugal". Junta-se ainda outra capacidade, que é a do emprego de drones, nas suas diversas tipologias e ambientes de operação, fruto dos seus dois hangares para helicópteros, generoso convés de voo (compatível com o EH101 Merlin) e espaços dedicados à operação destes sistemas, a que acresce a capacidade de alojar os operadores".

Naval Group contesta

A Naval Group continua a acreditar que a sua proposta é a melhor. E esgrime vários argumentos: um deles é o preço das FDI (Fragata de Defesa e Intervenção), abaixo de 900 milhões de euros por cada unidade, bem como o facto de ser um navio de nova geração, em comparação com o conceito mais maduro da FREMM EVO. O outro é mais apelativo para o ministro da Economia do que para o da Defesa, Nuno Melo: os franceses acreditam que a escolha da FDI, e a entrada de Portugal no programa de desenvolvimento que lhe está associado, devolveria cerca de 20% do montante investido à economia nacional.

Isto além de o Naval Group garantir que faria “toda a transferência de tecnologia e know-how” à Marinha portuguesa, como disse em novembro um responsável da empresa ao jornal Eco. E, tal como a proposta italiana, propunha-se fazer um “enorme investimento”, de dezenas de milhões de euros, no Arsenal do Alfeite, a principal base naval nacional. A proposta de valor do Naval Group, sabe o DN, contempla o envolvimento do grupo com empresas portuguesas, nomeadamente na escolha de firmas nacionais como fornecedoras de peças e equipamento às fragatas.

Atualmente, o Naval Group compra 15% do que necessita para a sua operação na Europa, mas tem como objetivo duplicar essa percentagem, para 30%. Uma forma de reduzir os riscos de rotura de abastecimento através de uma cadeia logística mais curta. Por outro lado, o Naval Group tem em curso a concretização de acordos de parceria com duas empresas nacionais (uma da área da Defesa e outra da cibersegurança), mas que poderiam ser instrumentais na evolução e desenvolvimento futuro da FDI.

Um outro argumento de peso na proposta francesa é a disponibilização do equipamento. O DN escreveu que a italiana Fincantieri terá sido a única empresa que garantiu a entrega das três fragatas até 2030, uma exigência de Bruxelas. Ou seja, teria sido este um dos principais fatores para a decisão pela firma italiana em detrimento das fragatas francesas. No entanto, apurou o Diário de Notícias, a proposta apresentada pelo Naval Group em 19 de novembro (11 dias antes do final do prazo) comprometia-se com a entrega da primeira FDI em março de 2030, a segunda em setembro do mesmo ano, e a terceira em dezembro de 2030.

O Naval Group, aliás, tem previsto a entrega da primeira FDI à Marinha grega nas próximas semanas. O acordo de compra com o governo helénico foi assinado em 2022. Em meados de outubro, o Naval Group entregou a primeira FDI à Marinha Francesa, a Amiral Ronarc’h, seguindo-se agora outras quatro. Do ponto de vista técnico, a francesa FDI é uma fragata multimissão (multi-purpose) com capacidade em várias áreas de combate: anti-aéreo, anti-submarino, anti-navios de superfície e guerra assimétrica (drones, ciberataques, engenhos explosivos improvisados e terrorismo). É mais compacta (122 metros) do que a fragata italiana FREM EVO e pode ser manobrada por uma guarnição menor - 112 tripulantes - menos cerca de 30 dos que as principais concorrentes. O Naval Group coloca bastante peso na vertente electrónica da FDI, com dois data centers, sistemas completamente redundantes (para prevenir disrupções ou quebras operacionais) e possibilidade de atualizações frequentes de software, em vez de um MLU (midlife update, uma actualização a meio da vida útil do navio).

A fonte oficial do Ministério da Defesa Nacional assegura que “vários critérios foram tidos em conta, tendo em consideração o Sistema de Forças, os compromissos NATO, o ciclo de vida e as especificidades logísticas, a tecnologia, prazos de entrega, entre outros”. E finaliza: “Os projectos selecionados, bem como as parcerias Estado a Estado, foram confirmados em Bruxelas no final de Novembro, ficando definidos desde então e insusceptíveis de alterações posteriores, nos termos das regras do SAFE. Quer isto dizer que as opções dos Estados já foram tomadas”.

Na semana passada, o ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, revelou que eram cinco os países - Itália, França, Finlândia, Alemanha, Espanha e Bélgica - de origem das empresas escolhidas para fornecer cerca de 5,8 mil milhões de euros em equipamento militar a Portugal, ao abrigo do programa europeu SAFE. Nuno Melo classificou a compra de material prevista como um “investimento histórico”. O montante destinado às três fragatas ascende a cerca de 3.000 milhões de euros. Na altura, o ministro sublinhou que para as opções que foram tomadas foram consideradas contrapartidas que tivessem em conta o “retorno para a economia e o envolvimento da indústria nacional”.

https://www.dn.pt/sociedade/novas-fragatas-a-marinha-prefere-as-italianas-mas-os-franceses-no-se-conformam-saiba-porqu


Portanto, se os projetos selecionados e apresentados até 30 de Novembro não são suscetíveis de qualquer alteração posterior, trata-se mesmo de dor de cotovelo e revanchismo por parte dos franceses.
CJ, obrigado por postares o artigo completo. Embora o título seja um bocado clickbait, o artigo em si explica perfeitamente porque foi tomada a opção FREMM. Mais, também explica bem quais os pontos fortes da proposta FDI. Torna-se claro que a Marinha fez uma avaliação cuidada, tendo em conta todos os critérios operacionais e é óbvio para quem quiser ver que a FREMM é de longe superior para o tipo de missão para que a Marinha Portuguesa precisa de fragatas. É uma verdadeira opção de topo, por comparação com a FDI. Aliás é engraçado como a FDI não disputa esse fator e vai essencialmente pelo preço e tripulação menor, mas ainda não vi referido em lado nenhum se refere (e muito menos pelo Naval Group, claro) que mesmo na Marine Nationale, as FREMM são as fragatas de primeira linha e as FDI de segunda… se queremos uma fragata de topo, a opção nunca poderia ter sido outra que não a FREMM.

Vamos ver agora quando chegar a altura de substituir as BD e os NPO1S (e talvez 2S), quais serão as opções, se as EPC (como o Subsea sugere), um novo concurso para fragatas de segunda linha ou um misto de duas FREMM usadas para substituir as BD e 3-4 EPC LRP para substituir os NPO (a minha preferência).

Apenas mais um pequeno ponto, achei também interessante que a F-110 não é elegível para o SAFE porque ultrapassa o limite de 35% de incorporação não-EU…

E FDI? Para complementar. Usadas ou novas. Ou seria melhor, nesse hipotético cenário de 2 fragatas para substituir as BD, manter a linha toda com FREMM.
Três fragatas não chegam para cobrir todo o espectro operacional, especialmente se se quiser usá-las como defesa ABM móvel em caso de conflito, como é sugerido no artigo e eu já aqui tinha referido há uns meses… em caso de conflito, uma fragata “estacionada” ao largo de Lisboa cobre as necessidades ASW e em modo AAW protege Lisboa, o Alfeite, Monte Real, Santa Margarida e, possivelmente, Beja e Ovar, dependendo dos mísseis escolhidos. Se assim fôr, as substitutas das BD continuam a ter que ser fragatas essencialmente ASW, pelo que as FDI continuam a apresentar as mesma limitações relativamente às FREMM, além de que iriam introduzir uma segunda cadeia logística. É muito mais simples, barato e eficaz comprar duas FREMM ASW usadas. A Grécia vai pagar 300 milhões por cada uma das FREMM usadas (uma ASW e uma GP) que vai adquirir em 2029 e 2030. Em 2035 (altura em que será necessário substituir as BD), duas FREMM ASW usadas não devem ficar por mais de 400 milhões; podes inclusivamente, fazer-lhes um MLU de 100 milhões cada, e fazes a festa total por 600 milhões. Se comprares mais três EPC LRP a 400 milhões cada, consegues renovar o resto da frota de superfície com menos de 2000 milhões, ou seja, fica tudo ao preço de duas FDI novas.
 
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