Portugal
tem capacidade para operar à vontade 5 fragatas, ou até mesmo 6. Este é o mesmo país, que nos anos 90, tinha 4 João Belo, 3 Vasco da Gama, 10 Corvetas e uns quantos Cacine. Fora claro tudo o que eram navios auxiliares, hidrográficos, lanchas, etc. Navios esses que tinham uma média de guarnições muito mais elevada do que o equivalente moderno, em muitos casos chegando a ser o dobro do equivalente actual. Portanto, o que nos falta, é quem manda começar, por exemplo, por respeitar a meta dos 2%, e aí, de repente, vão ver que se arranja dinheiro para ter FA como deve ser, sem pensar em delírios.
Se no futuro cada país será "visto" pelas capacidades que possui, não sei, o que sei é que isso não justifica desleixo total, reduzindo ainda mais aquilo que já se achava o mínimo aceitável. Por este andar, qualquer dia fica-se sem Marinha e sem FAP, e o Exército volta aos tempos medievais, e quando formos precisos, os outros já sabem o que trazemos para cima da mesa (nada).
Volto a repetir: a NATO/UE/Ocidente em geral, tem falta de navios de combate. Não é um dos países que tem maior ZEE a reduzir ainda mais o número de navios de guerra que possui, que vai beneficiar de alguma forma esta situação.
Volto a repetir também: nós não sabemos o dia de amanhã. Hoje é "só" a Rússia, amanhã pode ser a Rússia mais uns quantos, ou um qualquer país que se lembre de levantar problemas, que tenha muito mais capacidade militar que nós.
Olhar para as capacidade militares da Rússia, ou as debilidades que tem tido no que respeita ao conflito na Ucrânia, contra um Exército considerável em dimensão, e achar que é tudo assim, é má ideia. Ter meia dúzia de bombardeiros com dois pares de mísseis anti-navio ou de cruzeiro cada um, não exige grande logística. Os próprios mísseis, mesmo se forem "antiquados", chegam perfeitamente para afundar um navio sem defesas aéreas, ainda por cima de dimensão reduzida e pouca resiliência a danos. E nós não sabemos o amanhã, se a China se põe a apoiar a Rússia, em termos de fragatas por exemplo, de modo a que, caso invadam Taiwan, temos a Rússia deste lado a causar problemas.
As corvetas para combate anti-submarino não precisam de grande capacidade de defesa antiaérea. A defesa contra mísseis de cruzeiro é garantida com um sistema CIWS/Goalkeeper ou equivalente.
Não é. Não existe CIWS nenhum com uma taxa de sucesso no abate de mísseis de 100%, e mesmo que houvesse, estarão muito susceptíveis a ataques de saturação, por mais pequenos que fossem. Isto é incontornável.
Eventualmente mísseis anti-navio de curto alcance...
Para as ditas corvetas ASW? Mísseis anti-navio de curto alcance não permitiam fazer grande poupança. Mal por mal continuava-se com Harpoon, mas na versão mais recente. Mesmo os mísseis mais recentes, como o NSM e o LRASM, têm um custo unitário a rondar os 2 e 3 milhões, respectivamente. São caros sim, mas tendo em conta o salto tecnológico, e a probabilidade de sucesso, compensa o preço, principalmente quando nós nunca compramos grandes quantidades, (24 a 32 já seria um luxo).
Existe uma questão de ego na Marinha (e pode-se dizer nos 3 ramos em geral, sempre que se fala em helicópteros vê-se isso). Creio que tem muito a ver com mentalidades antiquadas, o que também se reflecte na forma como se definem prioridades, e na forma como se olha para certos meios, como o último grito em tecnologia.
Mas adiante... a responsabilidade de "guarda costeira" passar para a GNR, ou para a criação de uma entidade para esse fim, não implicava que tivesse que controlar toda a ZEE. Como o próprio nome indica, ficavam encarregues da orla costeira e pouco mais. A Marinha ficava com os meios "oceânicos", incluindo os NPO. A Guarda Costeira, até podia ter, em números brutos, mais "navios", se fossemos a contar tudo o que é lancha, mas o valor que importa, é o deslocamento total, e aí a Marinha teria sempre mais.
Mas isto já é desviar o assunto.
A ideia de ter "corvetas ASW", faz o mesmo sentido que fazia ontem ou anteontem: Nenhum. Navios especializados como esses, fazem sentido em marinhas numerosas, como o caso da PLAN, ou em países com uma área marítima reduzida. De resto, quer-se os navios mais versáteis possível, não que sejam topo de gama em todas as vertentes, mas versáteis, e com aquilo que se considera a base para uma fragata moderna. Logo não há que reinventar a roda, quando basta olhar para "o lado", que vemos N exemplos de fragatas que encaixavam que nem uma luva nas nossas necessidades.
Volto a ressalvar uma coisa: esta narrativa de que os navios dos outros chegam, não é real. Os navios modernos demoram a construir, se um é afundado, a perda é enorme pois demora anos até poder ser substituído. Também com a questão dos mísseis, nem todos conseguem voltar a encher os VLS com novos mísseis no alto-mar, depois de esvaziarem o stock, logo têm de voltar a um porto para o fazer.
Isto quer dizer o quê? Que em caso de conflito, se for necessário escoltar porta-aviões, não é difícil arranjar escoltas para eles, difícil é fazer render essas escoltas depois de sofrerem danos, ou terem que voltar ao porto para rearmar, etc. Mesmo os AORs (que estão em falta no Ocidente), depois de esvaziarem o seu conteúdo a abastecer uma força-tarefa, têm de voltar ao porto e ser rendidos por outro, e todo este processo, pode exigir pelo menos 1 navio de escolta.
Portanto, ter mais escoltas, nunca é demais.
PS: Enquanto escrevia, mais duas respostas. O Viajante mais uma vez acabou por demonstrar o quão "ricos" somos. O problema é que essa riqueza é só para o que convém. As obras públicas desnecessárias por exemplo, continuarão a ser feitas todos os anos. Importa é enfeitar as vilas e as cidades, para parecer bem. Coisas úteis, está quieto!