De crise humanitária para “guerra híbrida”: Polónia envia 12 mil militares para a fronteira e Bielorrússia alerta que conflito pode ser “mortal”
https://multinews.sapo.pt/noticias/__trashed-5/As autoridades polacas têm vindo a reforçar as suas tropas na fronteira com a Bielorrúsia, naquilo que classificaram como uma “ameaça” à segurança do país, provocada pelo afluxo maciço de imigrantes apoiados pelo regime de Minsk.
O Coronel Marek Pietrzak, porta-voz das Forças de Defesa Territorial da Polónia, anunciou que há oito mil elementos deste corpo de voluntários “prontos para se mobilizar imediatamente” se for necessário, sendo que existem já mais de 12 mil militares destacados.
Ainda assim, espera-se que esse número aumente com a transferência de militares de várias cidades e a chegada iminente de cerca de mil voluntários da Força de Defesa Territorial.
O Governo polaco decretou esta terça-feira e “até novo aviso” o encerramento ao tráfego civil das estradas da zona onde ocorreram estes incidentes, uma medida ainda mais rigorosa do que o estado de emergência em vigor desde 2 de setembro. No entanto governo já disse que não há intenção de introduzir a lei marcial.
Enquanto isso, o presidente polaco, Andrzej Duda pediu a cooperação de todas as forças políticas do país para enfrentar o que ele chamou de “um assunto muito sério para a política” e descreveu como um “ataque sem precedentes” por parte da Bielorrússia.
Por sua vez, o primeiro-ministro, Mateusz Morawiecki, garantiu que a Polónia “não se vai deixar intimidar” e “defenderá a paz na Europa” com os seus “parceiros”, a União Europeia (UE) e a NATO.
Devido às baixas temperaturas e à falta de mantimentos e proteção, pelo menos dez refugiados morreram na fronteira nos últimos dois meses. Contudo, ao contrário da Letónia e da Lituânia, a Polónia recusou até agora a assistência da agência de fronteira europeia, Frontex .
Com a sua atitude e declarações, o Governo polaco deixou claro que, do seu ponto de vista, já não se trata tanto de uma crise humanitária, mas sim de uma “guerra híbrida” em que os civis são usados como instrumentos para destabilizar a Europa e as suas nações.
De acordo com dados do governo polaco, houve cerca de 30 mil tentativas de cruzar a fronteira ilegalmente com a Bielorrússia até agora este ano, mais da metade delas no mês passado.
Tanto a Polónia, a Lituânia e a Letónia acusam Minsk de permitir e instigar a chegada à fronteira de cidadãos do Iraque, Afeganistão e Síria, entre outros países, com a promessa de poderem entrar na União Europeia (UE).
Alguns membros do Governo afirmam ter provas da existência de redes ilegais que, em troca de dinheiro, transportam grupos de migrantes para a zona fronteiriça e até lhes são os números de telefone de jornalistas e organizações humanitárias para facilitar a sua infiltração.
Do outro lado da barricada, o presidente bielorrusso garantiu que “pegar em armas como estas no mundo moderno, sobretudo na Europa Central, é mortal”.
Continuando a pensar que quem está a causar a atual situação de tensão na fronteira externa da UE é a Polónia, enquanto a Bielorrússia, pelo contrário, pretende atenuar o confronto, Lukashenko disse que o seu país deve ser muito cauteloso.
“Sabemos que se cometermos um erro, imediatamente a Rússia estará envolvida neste turbilhão e é a maior potência nuclear ”, frisou. “E não estou louco, entendo perfeitamente ao que tudo isto pode levar. Sabemos onde é o nosso lugar, mas não nos vamos ajoelhar”, acrescentou.
Neste contexto, Lukashenko falou na terça-feira por telefone com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, que parece concordar com a forma de proceder do seu interlocutor, não o censurando até agora pela forma como utiliza os migrantes para extorquir e destabilizar os europeus.