Ainda a organização

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Re: Ainda a organização
« Responder #15 em: Dezembro 24, 2011, 12:08:43 am »
Caro Lemos,

O que refere sobre a transformação de 2007 é verdade, no entanto, já foram introduzidas alterações à orbat da BRR.
Foram recuperadas as unidades 'perdidas', companhia de Engenharia, Bateria Anti Aérea, Grupo de Artilharia de Campanha e Batalhão de Comando e Serviços.
Na teoria ficou uma Brigada com capacidade para actuar como tal.
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Re: Ainda a organização
« Responder #16 em: Dezembro 24, 2011, 12:13:14 am »
Caro JPMM,

Obrigado por partilhar a informação.
Se tiver disponível mais por favor partilhe.
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Re: Ainda a organização
« Responder #17 em: Dezembro 24, 2011, 12:45:11 am »
Citação de: "Portucale"
Caro JPMM,

Obrigado por partilhar a informação.
Se tiver disponível mais por favor partilhe.
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Re: Ainda a organização
« Responder #18 em: Dezembro 24, 2011, 03:12:55 am »
Bom, pelo que li, parece-me que estamos de acordo. Acaba por ser uma questão de linguagem e nada mais, senão, vejamos:

Os nossos manuais de instrução são traduções dos manuais US Army. Era verdade até ao final da década de 90 para a generalidade dos manuais e continua a sê-lo para alguns. Com efeito, muitos manuais de instrução foram atualizados pelo Comando da Instrução e Doutrina (CID), com base em trabalhos desenvolvidos principalmente nas Escolas Práticas de Infantaria e Cavalaria.
Desde 2005 que a Formação no Cargo tem fichas próprias que, nalguns casos são significativamente diferentes do preconizado no anterior MC-110-10. É aqui fundamental referir que os manuais de instrução do antigo CGM, mais tarde CFO/CFS, bem como o Manual do Graduado do SMO e o MTIC (Manual de Técnica Individual de Combate) são praticamente insubstituíveis enquanto a tecnologia utilizada não obrigar a tal. Estamos a falar de manuais de técnica e de tática dos baixos escalões (neste caso, secção e pelotão).
A partir do escalão companhia, existem manuais próprios sobre a CAt e a CAtMec, bem como o BI e o BIMec e, ainda para aprovação, sobre o Agrupamento Mecanizado. Continuam a ser muito semelhantes aos americanos, é verdade.

Voltando aos manuais US Army, não sei se esteve colocado numa unidade operacional, onde, por princípio teórico, não ocorre “instrução”, mas sim “treino operacional”. A nossa tradição é que leva a que chamemos “instrução” a tudo (esse termo já saiu de grande parte do léxico formativo do Exército a partir da regulamentação da abordagem sistémica da formação). O treino operacional na BrigMec, e em algumas unidades da BrigInt é conduzido, uma vez mais, aos baixos escalões, com base nos ARTEP (Army Training and Evaluation Program), existentes até ao escalão batalhão. Desde 2007 que o Exército americano tem transformado o sistema de ARTEP em MTP (Mission Training Procedures).
Em ambos os casos tratam-se de check lists de tarefas críticas a realizar em operações. Quanto a este procedimento, nada está regulamentado, sendo que os comandantes de companhia e as secções de operações dos batalhões implementam o que entendem mais adequado, recorrendo ao que está preconizado doutrinariamente nos manuais dos batalhões (ou grupos) da Arma respetiva e ao RC-Operações em vigor (de 2005), que fornece os princípios gerais para cada tipologia de operação.

A NATO, que enforma a maioria (senão a totalidade) da nossa doutrina conjunta (e a NATO não são os EUA), define este tipo de treino como sendo do âmbito das TTP (Tactics, Techniques and Procedures). A NATO define TTP em todas as áreas em que existe suscetibilidade de existência de forças combinadas, ou seja, procura definir como se faz, até ao mais baixo escalão, nas organizações em que há probabilidade de estarem dois elementos de nações diferentes a trabalhar em conjunto. É o que acontece, por exemplo, na área CIMIC (cooperação civil-militar), em que as equipas que estão no terreno podem ser multinacionais.
Na maioria das áreas relacionadas com técnica individual de combate ou de combate dos baixos escalões na função de combate manobra (na qual se incluem a maioria das unidades de infantaria e cavalaria), bem como no apoio de fogos, a NATO não interfere, por se tratarem problemas das nações.


Algumas notas em relação à posição defensiva do pelotão de atiradores:
A linha de proteção final (LPF) é estabelecida ao escalão pelotão e ao escalão companhia. No caso do pelotão, está presente o emprego das armas coletivas (metralhadoras ligeiras), mas não só. No caso da companhia, o modo de emprego dos apoios de combate disponíveis. Em ambos os casos, o único significado que tem (e muito importante, claro) é que, uma vez ultrapassada pelo inimigo, desencadeiam-se fogos de proteção final.
Esta linha está relacionada com o lançamento do assalto por parte do inimigo e a designação de proteção final indica, por vezes, que a utilização dos fogos de barragem pode estar delegada nos comandantes dos pelotões (Manual do BI, 2001: V-24).
Os fogos de barragem são importantes porque os meios próprios da companhia (morteiros) estão, normalmente apontados a uma barragem, mas o comandante de companhia tem também atribuída, pelo menos, uma barragem dos morteiros do batalhão. Se estiver no esforço, pode-lhe ser atribuída uma barragem de artilharia. Em função das barragens que tem, deve articular com os comandantes de pelotão os procedimentos para proteção final pelo que estes poderão ver-se condicionados a fazer coincidir a LPF do pelotão com as indicações que recebem do comandante de companhia e não o contrário (ser a linha de tiro das ML que determina a LPF).

Mais: os fogos são maximizados quando direcionados para Áreas de Empenhamento (AE). Numa situação ideal, em terreno regular, não há problema em ter as ML nos extremos do pelotão, mas caso não seja vantajoso para a maximização dos fogos, elas podem e devem ser colocadas noutro local. Elas podem, por exemplo, bater zonas mortas às médias distâncias, sabia? A maior parte das metralhadoras, bem agarradas ao solo (calçadas), quando fazem fogo com uma ligeira elevação, provocam um efeito no projétil tipo “remate de pingue-pongue”, ou seja, há um alcance em que elas se precipitam violentamente para o solo. Na HK-21, por exemplo, consegue-se isso aos 1100 metros. A  MG-3 também o permite.
Ou seja, não são as ML que determinam a LPF, mas sim o Plano de Operações da companhia. Estas integram-se nos fogos de proteção final da melhor maneira que, em situação ideal, é como descreveu.

Uma nota quanto às distâncias entre abrigos duplos e a tática. Talvez não tenha detetado, mas tocou aqui num dos maiores problemas quando se mexe em quadros orgânicos. É que os manuais táticos estão feitos para um PelAt ter uma frente de 400m, mas isto só é possível com SecAt a 11 elementos em que todos (ou pelo menos 10, vá lá), são atiradores que podem fazer uso da sua espingarda. Quando os quadros orgânicos sobrecarregam as secções com armas coletivas, podem até aumentar o poder de fogo (o que é discutível, dependendo da arma), mas reduzem claramente a frente possível, porque numa ML têm de operar 2 ou 3 elementos numa só posição para servir uma mesma arma e na maioria das outras para se obter o máximo rendimento, esgotam-se também 2 elementos. Em 2005 surgiram uns quadros orgânicos que pretendiam uniformizar o efetivo dos batalhões das três brigadas, pelo que, nalguns casos, as secções de atiradores passavam a ter 7 elementos, ou seja, 3 abrigos duplos e cerca de 50 metros de frente… ao reduzir 4 homens por secção, estava-se a reduzir a frente do pelotão para metade, a das companhias para metade e assim por diante. Com essa matemática, nenhuma tática resiste. Tudo estava empenhado à medida que se subiam os escalões. Os quadros orgânicos já foram retificados, desde 2009 e refira-se que na maioria das unidades, por se ter constatado isto, cumpriu-se formalmente a ordem, treinou-se a sete, mas manteve-se a noção de que tinha de ser alterado.
Quando fala dos lanços com sobreapoio das secções de atiradores, também há algumas notas interessantes. O que diz é completamente verdade para as secções de infantaria apeada, mas não para a mecanizada, nem para as Pandur. Na mecanizada, uma esquadra é a da viatura e a outra é a de manobra. Não pode haver mais assimetria entre as esquadras. Por isso, os lanços com sobreapoio são feitos de modo diferente. A esquadra de viatura coloca-se numa posição ou em posições sucessivas de onde possa apoiar a esquadra de manobra. A esquadra de manobra pode marchar para o contacto e inclusive assaltar, por lanços, ou de esquadra ou de equipas dentro da esquadra. Ainda outra nota curiosa reside no termo sobreapoio: se reparar bem, não há nenhuma outra situação do português em que aplique este termo. É que se trata de uma tradução à letra do inglês “overwatch” dos manuais americanos… Aconteceu no passado esta gaffe de tradução e entrou para ficar no léxico português. Teria exatamente o mesmo significado se dissesse “lanços com apoio”.

Quando termina com o termo base ideológica, percebo o que quer dizer. No entanto o termo “ideológico” tem conotações políticas e não é disso que se trata. O que sabemos é que o racional para o estabelecimento de quadros orgânicos deve respeitar a tática estabelecida para todos os escalões, ou então provocar a alteração dessa tática. Se as secções se tivessem mantido a 7 elementos, ou os pelotões de carros de combate passassem para 3 carros, ao comandante de companhia não se lhe podia ordenar que defendesse uma frente de 1000 a 1200 metros nem o esquadrão de carros podia cobrir uma frente de 1500 metros. Por conseguinte, o batalhão não podia ter um setor de 3000 a 5000 metros, nem a brigada podia ter o seu de 10000 a 15000 metros. Pegando, agora, no caso da brigada, esta poderia aspirar, mesmo atribuindo ao seu Esquadrão de Reconhecimento um setor na frente, a um máximo de 8000 ou 9000 metros. Ficaria tudo reduzido a metade. Isto traria implicações no apoio de fogos e na proteção aérea, que nem sempre seriam desvantajosas. Quanto à artilharia, os seus alcances não estariam maximizados, mas aumentava a flexibilidade quanto à escolha de posições de tiro. Quanto à antiaérea, seriam necessários menos recursos para gerar o “chapéu” à brigada ou então, aumentava-se a redundância dos sistemas, etc., etc..

Todas estas coisas têm muito que se lhe diga e é bom o confronto de ideias. Na realidade, mais do que discutir os assuntos, é importante que percebamos que, enquanto portugueses, estamos todos no mesmo barco. A ideia de que a tropa do passado é que era e que hoje em dia já não se fazem as coisas como antigamente (sei que não disse nada disto, no seu post, sou eu a extrapolar…) tem validade em muitos campos, mas noutros não.
 Há que considerar que as pessoas que servem hoje nas fileiras são igualmente responsáveis e têm de gerir um manancial de informação e uma quantidade monstruosa de mudanças diárias no ambiente envolvente, que não têm mãos a medir. Tal como a NATO, que tem um comando para a transformação desde 2002, temos de ter bem presente que o que precisamos é de estar prontos a transformar-nos de modo a anteciparmos a mudança.
Estamos no bom caminho quando pensamos “modularmente”.


Cumprimentos e muito obrigado por esta oportunidade de escrever umas coisas sobre estes assuntos.

Lemos
 

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JPMM

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Re: Ainda a organização
« Responder #19 em: Dezembro 24, 2011, 05:49:54 pm »
Bom Natal a todos os membros do Fórum!

Lemos, eu já passei à disponibilidade em 1998, depois do Strong Resolve 98. Não tive mais contacto nenhum com o Exército e não voltei mais nem a Santa Margarida nem aos Açores. Não voltei a comunicar com nenhum militar que prestou serviço comigo, mas tenho visto reportagens, vídeos e artigos das revistas militares escritos por uma quantidade gigantesca deles. Não sabia que os manuais tinham sido actualizados em 2005. No meu tempo da 1ªBMI o nosso manual era de Brigada, era o RC-80-5 (1991) Brigada de Infantaria Independente do Departamento de Operações do EME Português. Esta era a Bíblia da 1ªBMI. Definia como tipos de Brigada:
- Brigada de Infantaria Independente
- Brigada Mecanizada Independente
- Brigada Aerotransportada Independente
- Brigada Aeromóvel Independente

Quando referi “Instrução” estava mesmo a referir-me ao meu CGM e ao meu período de instrução, durante o tempo no BI/ADTA já tinha treino operacional, inclusive OPEVAL (Operacinal Evaluation) e exercícios com os SA330 Puma da Força Aérea e Corvetas da Marinha para desembarques/transporte aéreo e naval. Tudo a um ritmo muito baixo, o de um quartel com fortes bases territoriais. Quando fui para a BMI em 1996, tudo mudou. O treino operacional era constante e desgastante, estávamos ainda com o SEN em vigor e era necessário efectuar o dito treino com tropas muito frescas e muito pouco especializadas. Tínhamos muito pouco tempo para criar rotinas de procedimentos nesses efectivos para os colocar à-vontade no mato, quando já sabiam o mínimo das suas tarefas em combate (lembro que no máximo estavam três meses nas unidades operacionais), iam embora e recebíamos mais uma fornada para olear e instruir. Enquanto durante os três meses de instrução tudo era dado à base de tratamento de choque, quando eles chegavam ao GCC/BMI tinha que ser eu a colmatar toda essa informação e levar a rapaziada mesmo para o campo, durante os exercícios e ensinar a montar a AApSvc do GCC, preparar o estacionamento, cavar latrinas, enterrar o gerador, cavar os abrigos duplos para defesa imediata, instalar as armas pesadas HK21 e M2HB, reforçar e camuflar as posições, etc. Antes no hangar tinha já que preparar as viaturas que ia enviar para o campo (eu sou SMat, MecViatRodas, ECS/GCC/BMI), canibalizar o que fosse necessário (expressamente proibido), preparar o meu M816 e o meu U1300L com o seu atrelado médio, carregar todo o equipamento para estar 1 mês no campo, dar as instruções necessárias para os procedimentos de transmissões durante os exercícios e em colunas, e só então estávamos prontos.

Quanto à LPF eu sei que sim, mas quando tive instrução como deve imaginar o objectivo á que fiquemos com a ideia de procedimentos o mais simples possível e o mais simples é marcar a LPF na linha de fogo das MetL e depois permitir o fogo á vontade dos atiradores. Fiz fogo de HK21 com tripé e acho bem mais funcional maximizar o seu potencial em tiro directo e quando o IN estiver atrás de uma elevação ou obstáculo, pedir fogos de morteiro, principalmente de noite. Nunca daria ordem de tiro com as MetL a 1100m em fogo indirecto, acho um desperdício de munições, preferia pedir fogos de morteiro ou deixar aproximar mais e abrir fogo de HK21 e de LG40 (os nossos velhos M79 já substituídos) em conjunto.

Quanto aos abrigos duplos já tinha dado conta do que se passou, e da influência que essas directivas e cortes tinham nas nossas unidades elementares em frente ao IN. A minha resposta para esses senhores que cortam as SecAt e mantêm o RI1, RI3 e RI19 com uma CCS ás moscas é que vão vestir o camuflado levem 6 Atiradores consigo para segurarem a frente no Afeganistão.

Eu sei como funciona nas SecAtMec porque nós formávamos Sub-agrupamentos Tácticos Blindados e Mecanizados com o GCC e tinha alguns camaradas que vieram comigo do BI/ADTA para a BMI e ficaram colocados no 1ºBIMec. Por isso também sou crítico sobre o tempo que estão a demorar a comprar as MG4 e colocar as duas EqAt idênticas nos M113 e nas Pandur com 4 homens cada, o Cabo com uma G36 (vou vender o meu peixe) o Atirador de Apoio com uma MG4, o Granadeiro com uma AG36 e o Batedor-Atirador Especial (de 1ª conforme a nossa tradição da Grande Guerra, qualificado para tiro acima dos 400m) com uma G3 modificada com a Hensoldt e Bipé.
No Caso das Pandur falta um lugar, o comandante de Secção teria que acumular funções com o de comandante de Esquadra ou uma Esquadra não ter o Batedor-Atirador Especial. Fazer lanços com uma MetL na SecAt é mostrar ao IN o nosso dispositivo através do fogo seja de dia ou de noite e isso não me agrada. Só com o número de MetL a disparar, consigo identificar a quantidade do IN e como se está a tentar deslocar. A tendência natural dessas Secções é desaparecer e serem substituídas por normais quando tivermos as armas novas, as MetL tipo HK21 ou MG42 irão para a viatura do comandante de Pelotão.

Se há uma lição que trago é de que o Exército Português é uma escola de homens com as mais longas tradições do mundo, muitas coisas boas e muitas más, mas é essa a nossa tradição, e certamente é essa tradição que nos dá uma identidade tal como deu aos nossos pais e espero que dê aos nossos filhos. Para mim não é “hoje em dia já não se fazem as coisas como antigamente”, é precisamente hoje ontem e amanha teremos o Exército Português de sempre com a mesma matéria-prima que é o combatente Português que já derrotou com valentia todos os que nos cobiçaram ou acharam que podiam explorar de alguma forma. A minha confiança nos que actualmente servem a bandeira é 100% e nós que actualmente somos civis sabemos muito bem que os militares contêm a nata da juventude, só aquele sangue bruto dos nossos 20 anos é que pode atingir qualquer objectivo e derrubar qualquer obstáculo.

Um Abraço :G-bigun:
 

Re: Ainda a organização
« Responder #20 em: Dezembro 25, 2011, 12:52:53 am »
Muito obrigado pela resposta!

Concordo com o que disse. Há gente melhor e gente pior, mas continua-se a transportar o estandarte à frente.

Já que os meios de percecionar as sensibilidades civis sobre a Instituição são escassos (infelizmente, e não interessa agora verificar de quem é a culpa), instrumentos como o Fórum Defesa são essenciais para percecionar a sensibilidade dos civis e da populaçºão em geral sobre o que se passa nas fileiras. Sabemos que grande parte desses civis, de gerações que já não são bem a nossa, continuam a ser militares no coração: se há alguma marca bem diferente do nosso Exército em relação ao resto da Península e à generalidade da Europa é que, desde sempre, fomos um Exército de cidadãos, a nossa força de combate foi sempre à custa do povo, que muitas vezes se subordinava diretamente ao soberano, sem uma nobreza de sangue intermediária.

Um abraço e Feliz Natal!

Lemos
 

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Re: Ainda a organização
« Responder #21 em: Dezembro 25, 2011, 05:19:48 pm »
Caro Lemos, no meu tempo as EqMetL eram de tres homens, e o Completo da HK21 (lista de tralha) era se não me falha a memória:
- Metralhadora Ligeira HK21 com Bipé
- Bolsa Porta Cano de Reserva com o respectivo
- Estojo de Limpeza
- Tripé para tiro terrestre
- 4 Tambores circulares ccom fitas metálicas para 50 tiros cada
- 4 Cunhetes metálicos para 200? Tiros com fitas metálicas e munições ensacadas

Os três homens tinham 2 P38 (apontador e municiador) e 1G3 (remuniciador).

Como é que conseguem agora com 2 homens muvimentar esta tralha com as respectivas munições e entrar combate com a MetL?

Não deve sêr nada facil!
 

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JPMM

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Re: Ainda a organização
« Responder #22 em: Dezembro 25, 2011, 06:41:23 pm »
Já agora, gostava de saber a opinião do ACADO sobre manter a Esquadra de 4 homens equipada com uma MG4, uma G36, uma AG36 e uma G3A4 com as modificações já aprovadas e em serviço no Afeganistão (com Hensoldt, Bipé, lanterna e guarda-mão com punho) para o Batedor-Atirador Especial. Pergunto-lhe a ele porque a Esquadra passava a têr dois calibres, predominando o 5,56mm que eu tambem defendo. Reservava o 7,62mm para uma arma que na minha opinião consegue tirar melhor partido da munição sem atrasar através do peso o movimento da Esquadra. O ACADO defende bem o 5,56mm, lá por agora no Afeganistão estarem a surgir situações de combate em que nos deparamos com o IN a 1000m e superiores, sem uma arma de 5,56mm que o possa atingir, não iremos trocar todas as armas da Esquadra para 7,62mm e desperdiçar todas as vantagens que nos ofereceu o 5,56mm. Podemos sem aproveitar tal como os Alemâes e utilizar as nossas G3 para solucionar essa lacuna. Os Inglêses tiveram que comprar essas armas 7,62mm nos Estados Unidos e choraram já não terem disponíveis as suas FN FAL para a tarefa.

Cumprimentos
 

Re: Ainda a organização
« Responder #23 em: Dezembro 26, 2011, 01:53:30 am »
Caro JPMM,

A questão que coloca é muito pertinente nas secções de atiradores apeadas. No momento atual, quer na BrigInt, quer na BrigMec, que usam HK-21, não é cumprido dessa forma. Na BrigMec nunca foi assim e na BrigInt já não tem necessidade de o ser. Os Quadros Orgânicos de Material (QOM), contemplam todo o material à carga das companhias. Cabe ao comandante de companhia, em coordenação com a secção de operações, estabelecer o plano de carregamento da sua companhia. Em princípio, este deve ser uniforme para companhias congéneres e para uma mesma função, mesmo em subunidades diferentes e por isso é fundamental a participação do escalão batalhão no estabelecimento dos planos de carregamento. No entanto, este trabalho é responsabilidade do comandante de companhia. Toda esta introdução para dizer que, tanto os M113 e as Pandur são excelentes “burros de carga” no que respeita a munições. O remuniciador deixou de existir, mas o material que este elemento transportaria permanece na viatura. De acordo com o material à carga da companhia, a dotação em carregamento é algo como:
Apontador: ML HK-21 e um cano de reserva. Desembarca com 100 munições em tambor (80 N e 20T). Transporta uma GM ofensiva, bússola prismática e AN/PVS4. Não tem P38 (a walther da secção está com o cabo, apontador de MP e comandante da esquadra de viatura);
Municiador: G3 com AN-PVS 5 ou 7. GM ofensiva. Desembarca com as 100 munições da sua espingarda e com parte da dotação de munições para a HK que se encontra na viatura. O total da viatura são 2900 munições, sendo que 900 estão em tambores e as restantes 2000 estão em cunhetes. O “ratio” de tracejantes para normais é de 20%.

O tripé vai na viatura, porque só é necessário na defensiva. No desembarque, a ML ocupa sempre a posição mais afastada da viatura. No caso apeado, o remuniciador, mais do que apoiar a operação da arma, servia para garantir o transporte de mais munições. Com viaturas esse problema fica colmatado.

O procedimento nas unidades comandos e paraquedistas, que talvez seja o que mais lhe interessa, por ter por base o conceito de infantaria apeada, não estou em posição de lhe responder por agora, mas mais tarde posso fazê-lo, embora acredite que, entre os participantes do fórum existam “executantes” desta atividade.

Pode haver variações em relação ao que escrevi, uma vez que o plano de carregamento pode ser diferente, mas não muito, porque as companhias têm material à carga que faz com que a matemática seja mais ou menos esta.

Cumprimentos,

Lemos
 

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Re: Ainda a organização
« Responder #24 em: Dezembro 26, 2011, 02:12:42 am »
Fantástico!
Está aqui tudo. Sem tretas.
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Re: Ainda a organização
« Responder #25 em: Dezembro 30, 2011, 06:06:06 pm »
Obrigado pelo esclarecimento Lemos!

Não te esqueças é que a Arma de Infantaria neste momento tem a seguinte componente operacional:

1ºBIMec / BrigMec
2ºBIMec / BrigMec
1ºBI / BrigInt
2ºBI / BrigInt
1ºBIPara / BrigRR
2ºBIPara / BrigRR
BCmds / BrigRR
FOpEsp / BrigRR
1ºBI / ADTA
2ºBI / ADTA
1ºBI / ADTM

Destes 11 Batalhões, só 4 operam motorizados. Os 3 BI das Ilhas só estão parcialmente levantados, mas os recursos humanos existentes lá para mobilização são enormes e a possibilidade de trazer um BI do ADTA para reforçar a defesa do Continente é uma oportunidade a não esquecer.

Quando vi a organização dos Esquadrões de Auto-metralhadoras da BrigInt com PlAM de 3 Viaturas e uma SecCa com 2 Pandur 30mm, cheirou-me logo a esturro. Já agora existe uma arma ACar transportada por essas 2 Pandur 30mm, qual é? Uma CSR 84mm M3 Carl Gustav ou um MILAN?

Boas entradas para todos os que compõem o Fórum Defesa!!!!
 :G-beer2:
 

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Duarte

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Re: Ainda a organização
« Responder #26 em: Dezembro 30, 2011, 06:18:50 pm »
Citação de: "JPMM"
Já agora existe uma arma ACar transportada por essas 2 Pandur 30mm, qual é? Uma CSR 84mm M3 Carl Gustav ou um MILAN?

Segundo dados do MDN de 2008, temos 155 Carl Gustav, mas na BriRR apenas..

Temos 62 Milan, 28 na BriRR e provavlemente outros 28 na BrigInt (BIParas/ BI, e ERec das respectivas brigadas..). os retsantes 6 na EPI e EPC..

A ser Milan, deverá ser material novo, visto não ser provável que se retirem Milan aos BI e ERec para dar ao GAM. Ainda mais provavel será a tal arma AC ser mais Carl Gustav novos...

Quanto ao GAM, não gosto da orbat proposta, nem da designação do Grupo  :twisted:

Duvido que o GAM venha a ser completo como está previsto. Provavlemente será um GRec com 2 ERec, usando as Pandur 30mm, VCB, A/Carro, etc.. Não haverá MGS tão depressa...
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Re: Ainda a organização
« Responder #27 em: Dezembro 30, 2011, 06:46:18 pm »
Uma vez que o Portucale e o Duarte ainda percebem que a organização tem muita influencia na maneira como combatemos, e não podemos desperdiçar a contribuição que o Lemos nos está a dar em relação às Organizações (e já percebi que a sua vertente é BrigMec e BrigInt), vamos então tentar esclarecer qualquer coisa sobre a organização destas duas unidades.

Sem tretas:

Desde 1998 já alteraram as SecCC para 2 Leopard 2A6, juntaram uma SecVCB, juntaram um M578 (que deve ter substituído o M816) e as Viaturas Tácticas Ligeiras foram substituídas pelos Land Cruiser (corrija-me pf)

ERec/BrigMec 1998 (206) (5of+40sar+161cb/sol)

"PlCmd" (58) (1of+13sar+44cb/sol)

SecCmd (16) (1of+5sar+10cb/sol)
(1 M577A1+1 M113A2+2 M151A2+1 U1300L+1 AtrMed)

SecMan (20) (5sar+15cb/sol)
(1 M88A2+1 M816+1 M151A2+1 U1300L+1 AtrMed+1 AtrLig)

SecReabTpt (14) (2sar+12cb/sol)
(2 MB1222A+1 M49A1+2 U1300L+1 AtrCoz+1 AtrAg)

SecSan (8) (1sar+7cb/sol)
(1 M113A2 Amb+1 Auto-maca)

"1º, 2º e 3º PlRec" (3x38) (1of+6sar+15cb+16sol)

Cmd (3) (1of+1cb+1sol)
(1 M113A2+1 G3A3+2 P38)

SecCC (12) (3sar+6cb+3sol)
(3 M60A3TTS+6 G3A4+12 P38)

SecAt (11) (1sar+2cb+8sol)
(1 M113A2+1 HK21+2 HK79+1 G3A3 c/Bipé+5 G3A3+3 P38)

SecExpl (12) (2sar+6cb+4sol)
(2 M113A2 TOW+2 M113A2+4 HK21+4 HK79+4 G3A3+4 P38)

"PlMoPes" (34) (1of+9sar+6cb+18sol)

Cmd (8) (1of+2sar+2cb+3sol)
(1 M577A1+1 M151A2+1 HK79+6 G3A3+1 P38)

1ª, 2ª, 3ª e 4ª SecMoPes (5) (1sar+1cb+3sol)
(1 M106A1+1 HK79+2 G3A3+2 P38)

SecOAv (6) (3sar+3sol)
(3 M151A2+6 G3A3)

 Próximo!!!
 

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Re: Ainda a organização
« Responder #28 em: Dezembro 30, 2011, 06:50:32 pm »
Duarte, neste momento só devemos estar a operar Milan na BrigRR, 8 em cada BIPara e BOAT, mais uns 6 no ERec, dá 30. A arma que questiono está atribuída a todas as SecCa da BrigInt, seja nos BI, GAM e ERec, ainda são bastantes! :2gunsfiring:
 

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JPMM

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Re: Ainda a organização
« Responder #29 em: Dezembro 30, 2011, 07:08:57 pm »
Desde 1998 já alteraram as SecCC para 2 Leopard 2A6, e as Viaturas Tácticas Ligeiras foram substituídas pelos Land Cruiser (corrija-me pf)

ECC/GCC/BrigMec 1998 (110) (5of+23sar+46cb+36sol)

PlCmd (50) (2of+11sar+16cb+21sol)

SecCmd (14) (2of+4sar+2cb+6sol)
(1 M113A2+2 M151A2+1 U1300L+2 Motas+1 AtrMed+2 HK79+6 G3A3+6 P38)

SecCC (8) (2sar+4cb+2sol)
(2 M60A3TTS+4 G3A4+8 P38)

SecSeg (10) (1sar+1cb+8sol)
(1 M113A2+2 HK79+2 G3A3 c/Bipé+5 G3A3+1 P38)

SecMan (18) (4sar+9cb+5sol)
(1 M88A2+1 M151A2+2 U1300L+1 AtrMed+15 G3A3+3 P38)

1º, 2º e 3º PlCC (3x20) (1of+4sar+10cb+5sol)

SecPesCC (12) (1of+2sar+6cb+3sol)
(3 M60A3TTS+6 G3A4+12 P38)

SecLigCC (8) (2sar+4cb+2sol)
(2 M60A3TTS+4 G3A4+8 P38)

Próximo!!!