REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS

  • 3572 Respostas
  • 709221 Visualizações
*

tenente

  • Investigador
  • *****
  • 10761
  • Recebeu: 6223 vez(es)
  • Enviou: 4822 vez(es)
  • +8575/-2018
Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #3540 em: Abril 11, 2025, 07:37:34 pm »
E esse valor absurdo de um segundo BIMec seria de quanto ???

Depende do nível de ambição para cada Batalhão e dos modelos escolhidos.

Com custos médios de 10M/unidade, a mera compra de 50 unidades de uma nova viatura de lagartas em variante IFV c/ATGM, PM e VSHORAD, custaria cerca de 500M. Depois seria necessário reforçar a frota de CCs, e tanta outra tralha.

Assim por alto, renovar a BrigMec por completo, e assumindo que se mantém os 34 Leopard e que os M-109 seriam substituídos por Caesar, custaria por volta de 2000M. Talvez seja possível reduzir para 1500, se optássemos por um blindado mais fraquinho e barato para substituir certas variantes do M-113.

1500-2000M não parece muito, mas quando vemos a necessidade de investimento em quase todos os níveis das FA, alguma coisa terá que ceder.

Com uma verba de 1600M +/-, e falando apenas em termos de armamento e equipamentos a BriMec ficava completamente rearmada.

110 IFV , com algumas versões ATGM, Rec, PC, em 2 BiMec + ERec;
20 PM 120, em 2 X 08 PM 120 para BiMec + 04 PM para ERec;
12 AAA, ( RR em viat lagartas ) para BAAA;
18 SPG, ( possivelmente Caesar ) para o GAC;
14 Leo2 A6/7 para o 3 ECC;
03 ARV + 03 Lança pontes. 

Haja vontade Politica em Investir na DN que ha opções em Armamentos e equipamentos para todas as bolsas.

Isso significa que falta praticamente todo o tipo de equipamentos para equipar a BigMec.
Qual seria a plataforma do IFV para caber nesse orçamento? Quase 150 veiculos com as diferentes versões armadas, mais 14 leopard e 18 Caesar, seria preciso um negócio muito bem feito ou a conjugação de várias compras em 2a mão.

Muito provavelmente este:

https://www.infodefensa.com/texto-diario/mostrar/5196035/ascod-gdels-santa-barbara-sistemas-candidato-programa-vehiculos-cadenas-portugal

Quando um Povo/Governo não Respeita as Suas FFAA, Não Respeita a Sua História nem se Respeita a Si Próprio  !!
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: PTWolf

*

dc

  • Investigador
  • *****
  • 9771
  • Recebeu: 4984 vez(es)
  • Enviou: 843 vez(es)
  • +5348/-1039
Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #3541 em: Abril 12, 2025, 04:28:05 am »
Se a BriMec tivesse o Armamento que referi significativa que estaria a anos Luz da actual situação e que o efectivo rondaria os quase 3000 .

Se uma BAAA a 12 RR montados em VB(L) são poucos, se pontualmente fosse necessário bem poderiam ser reforçados, mas o número que referi é a dotação de uma BAAA ligeira, a quatro pel a 3 sec cada, que corresponde a dotação orgânica para uma Brigada, que actualmente nem um lançador em viat possui.

Se o 3 ECC que mencionei fosse 2A7, já se poderiam ir melhorando faseadamente os restantes  dois Esq do GCC, se bem que eu defendo que era preferivel a BriMec possuir dois BiMec co CV9040, e pura e simplesmente trocar os escassos 34 Leos que vai tendo por  algumas dezenas de IFV acima referidos, pois  o poder de choque que tem, se fosse necessário empenha-los, é marginal !

Como substituto do M113, se fossem adquiridos os CV9030/35, ou os Ascod/Ulano/Pizarro, já nem peço os 9040, já me dava por muito feliz, pois esses modelos possuem todas as versões necessárias para equipar devidamente uma Brigada Mec/Blindada.

Qualquer melhoria à brigada, colocaria-a a anos luz daquilo que é hoje.  :mrgreen:

Pelo que tenho visto, terá que haver (organicamente) um reforço das BAAA. Se não for directamente nesta unidade, mantendo então 12 VSHORAD, terá que se complementar este número com variantes RWS com MANPADS acoplados noutras unidades.
Claro que ter 12 viaturas com Skyranger 30, já seria um salto gigante para a brigada.

Não vejo grandes razões para ter o CV9040, ao invés do CV90120, que é na prática um carro de combate médio, caso a intenção fosse abdicar dos Leos.
Na minha opinião, a variante IFV devia usar a mesma torre escolhida para o esperado upgrade aos Pandur, idealmente uma torre remota com ATGM, como a RT60.
Não só limitaríamos modelos de torres em uso, como a torre remota permite manter espaço interno para transportar mais infantaria, e a adição dos ATGM eliminava a necessidade de uma variante ATGM dedicada.

Depois claro, viriam as restantes variantes.

Sendo nós um país pobre, com tiques de rico, e tendo em conta o que acima já foi dito, o reequipamento da brigada mecanizada, passaria na minha opinião, e já aqui foi também mencionado por outros foristas, a compra em 2a mão dos Bradley americanos. São viaturas com provas dadas, com várias versões que se adequaria em grande parte ás necessidades do exército português e acima de tudo, grandes quantidades de sobresselentes em stock, que permitiria a sua operação durante as próximas décadas. Com tantos programas a necessitar serem executados nos três ramos, era perfeitamente exequível comprar e negociar governo a governo este sistema de armas. Deixando os programas de reequipamento mais onerosos de adquirir, esses sim de compra maioritariamente europeia.Agradavasse a gregos e troianos. Houvesse visão e estratégia.

Com o afastamento dos americanos, seria um erro agora optar por Bradley. Eu antes prefiro que o material que mantemos em operação sejam os P-3 e F-16, e procurar um novo blindado se lagartas europeu, onde não faltam opções, e onde existe a possibilidade de envolver a indústria nacional se as quantidades assim o justificarem.

Já agora, não existem muitas variantes do Bradley que pudéssemos adquirir em segunda mão. Os AMPV são recentes, portanto só a versão IFV é que seria usada, tendo que se adquirir tudo o resto novo.
 

*

Malagueta

  • Analista
  • ***
  • 801
  • Recebeu: 260 vez(es)
  • Enviou: 314 vez(es)
  • +165/-127
Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #3542 em: Abril 22, 2025, 02:44:36 pm »
https://www.dn.pt/sociedade/chefes-militares-pedem-mais-investimento-e-capacidade-t%C3%A9cnica-para-travar-sa%C3%ADdas-de-uma-carreira-digna

Chefes militares pedem mais investimento e capacidade técnica para travar saídas de uma "carreira digna"
Chefias das Forças Armadas discutiram futuro da Defesa e mecanismos para tentar reter mais efetivo. Querem maior reconhecimento da carreira militar e melhores condições para os jovens que se alistam.

Para o Chefe do Estado-Maior da Força Aérea não há dúvidas: o problema não é recrutar efetivo para as Forças Armadas, mas sim "reter as pessoas" na carreira militar. A situação acontece sobretudo, disse o general Cartaxo Alves, devido ao "mercado civil extraordinariamente agressivo".

A forma de contornar esta situação, defendeu o responsável na Grande Conferência do DN sobre Defesa Nacional, passa pelo "reconhecimento da carreira militar". "É certo", no entanto, que "não se pode competir com mercado civil e é impossível praticar os salários" civis, mas a "carreira é digna" e "tem responsabilidades que outras não têm".

Discursando no painel lado a lado com os chefes dos outros ramos das Forças Armadas (o almirante Nobre de Sousa, da Armada, e o general Mendes Ferrão, do Exército), Cartaxo Alves anunciou que "em 77 jovens, a média mais baixa de formação foi de 15 valores". Com este nível de capacitação, "os jovens não querem ficar na Força Aérea ao fim de 15 anos" e isso "afeta claramente" a prontidão das Forças Armadas nacionais.

As saídas, ressalvou ainda, "não são apenas ao nível dos pilotos". "Até os especialistas são recrutados pelo mercado civil. Vejamos: um capitão, à entrada para a reforma, terá direito entre 45% a 60% do vencimento. Uma pessoa com 40 anos terá cerca de 20 de Força Aérea. É natural que pensem se querem continuar ou mudar de vida", exemplificou.

Perante isto, o Chefe do Estado-Maior do Exército concordou e referiu que "existe muito a fazer" no que diz respeito aos salários e às condições financeiras da carreira militar. Mas, segundo Mendes Ferrão, nem tudo é negativo: "Um dos pilares fundamentais para a atratividade é a qualificação dos militares. E a equiparação da formação dos militares aos níveis do Quadro Nacional de Qualificações tem sido uma melhoria significativa e um fator de atratividade. Queremos que as pessoas se sintam dignificadas."

Já Nobre de Sousa, Chefe do Estado-Maior da Armada, estabeleceu duas prioridades para a Marinha: uma operacional (a necessidade de manter "o sistema de forças num regime de prontidão" tendo em conta o contexto geopolítico); e, em linha com o seus homólogos, a necessidade de "melhorar as condições de retenção", uma vez que se trata de "gente altamente qualificada, com experiência, tornando-se apelativos para o mercado de trabalho da sociedade civil".

Em 10 anos, referiu Nobre de Sousa, a Marinha perdeu "2300 militares". "Quando chegam aos 40 anos de idade, pensam se valerá a pena continuar", tendo em conta a pensão de reforma. Para quem entrou antes de 1989, será de "90% do ordenado". Entre 1990 e 1993, "é um regime misto e varia entre os 55% e os 70%". E entre "1993 e 2005, varia entre os 51% e os 70%". "Percebo as necessidades que o país teve na altura da troika", mas "isto é aplicar medidas a um conforme não uniforme por natureza. As coisas deviam ser vistas de outra forma. Há que olhar de forma diferente para o que é diferente".

Falando por videoconferência, o general Nunes da Fonseca, chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, começou por fazer um enquadramento geral da conjuntura atual dos ramos militares, onde ressalvou que Portugal tem, neste momento, efetivo em 43 missões em quatro continentes. E tendo em conta que o país envia "há muitos anos" militares para vários empreendimentos em pontos do globo, "não se deve deixar de investir nos recursos humanos". "Não podemos deixar de ter essa participação", referiu Nunes da Fonseca.

Adquirir aviões F35 está em cima da mesa? "Portugal não tem alternativa"
Passando depois para o investimento em Defesa - que, na abertura, o ministro Nuno Melo defendera -, o chefe do Estado-Maior da Força Aérea reforçou que, neste momento, "Portugal não tem alternativa" a não ser adquirir caças F35 que, apesar de serem dos Estados Unidos, são "montados na Europa".

"São aviões de quinta geração. Todos os países têm. A Alemanha, por exemplo, comprou 80 porque não há alternativa. Os aviões de fabrico europeu, do Rafale ao Eurofighter, são menos avançados. Podemos pensar num caça europeu avançado daqui a 20 anos, mas agora não há alternativa", frisou o responsável.

Nobre de Sousa, por sua vez, abordou a monitorização e proteção dos cabos submarinos, "muito importantes para as comunicações" - operação que é feita em conjunto com a Força Aérea. E neste campo, referiu, "a presença das forças armadas tem um fator de dissuasão grande". Ainda que "a Marinha nem sempre publicite as missões", já terão sido intercetados 143 navios russos em águas portuguesas. Por isso, "o tempo é crítico e a União Europeia não tem poder de comando. A NATO está, assim, muito longe de ter uma declaração de óbito".
 

*

Drecas

  • Investigador
  • *****
  • 2324
  • Recebeu: 978 vez(es)
  • Enviou: 201 vez(es)
  • +551/-221
Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #3543 em: Abril 22, 2025, 03:44:00 pm »
Esqueceram-se de adicionar que a partir de 2006 a reforma é apenas 48-68% do ordenado
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: Cabeça de Martelo, Lightning

*

LM

  • Investigador
  • *****
  • 3090
  • Recebeu: 1359 vez(es)
  • Enviou: 4039 vez(es)
  • +2009/-112
Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #3544 em: Abril 22, 2025, 04:15:35 pm »
Estou certo que, quando houver "reconhecimento da carreira militar e melhores condições", os Oficiais Generais não vão querer ser incluídos...  :mrgreen:
Quidquid latine dictum sit, altum videtur
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: P44

*

Malagueta

  • Analista
  • ***
  • 801
  • Recebeu: 260 vez(es)
  • Enviou: 314 vez(es)
  • +165/-127
Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #3545 em: Abril 23, 2025, 10:13:32 am »
Bom dia

Vem ai um aumento de investimento nas forças armadas até ao valor 1,5% do PIB , tendo em consideraçao o valor previsto de 296.000 m, para 2025, termos um investimento até 4 440 m   :mrgreen:

https://eco.sapo.pt/2025/04/23/governo-pede-ativacao-da-clausula-de-excecao-europeia-para-investir-ate-15-do-pib-em-defesa/

Citar
Governo pede ativação da cláusula de exceção europeia para investir até 1,5% do PIB em Defesa

Finanças vão pedir a Bruxelas a ativação da "cláusula de derrogação nacional", para poder gastar em Defesa sem prejudicar o cumprimento das regras orçamentais. Decisão foi "consensualizada" com o PS.

OGoverno anunciou esta quarta-feira que irá pedir à Comissão Europeia a ativação do mecanismo que permite que excluir do cumprimento das regras orçamentais uma parte relevante do investimento em Defesa. A decisão foi “consensualizada” com o PS.

“O Governo português irá solicitar à Comissão Europeia a ativação da cláusula de derrogação nacional. Nos termos formulados […], a ativação desta cláusula permitirá estabelecer uma exceção ao cumprimento das regras orçamentais da União”, lê-se num comunicado divulgado esta manhã pelo Ministério das Finanças.


Na prática, significa que Portugal poderá investir até 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) na “área da Defesa” sem que essa despesa seja contabilizada “nos limites impostos pelos tetos da despesa primária líquida”, tal como definida no Plano Orçamental-Estrutural Nacional de Médio Prazo para o período de 2025 a 2028.

Tal despesa também não será considerada “na avaliação do cumprimento do valor de referência para o défice”, que é de 3%. Deste modo, o país poderia aumentar significativamente o investimento em Defesa sem ter de apertar os gastos noutras áreas igualmente necessárias, por estar sujeito à disciplina orçamental da União Europeia (UE).

Contudo, esta despesa poderá representar uma pressão adicional para a dívida pública portuguesa, numa altura em que o país tem feito um importante esforço de redução. No final de 2024, o rácio de dívida face ao PIB situou-se nos 94,9%, tendo tido, no quarto trimestre, a quinta maior redução da UE em pontos percentuais.

Com o Governo em gestão, o Ministério das Finanças garante que “esta decisão foi consensualizada com o maior partido da oposição”, o PS, que foi “ouvido” neste processo.

Após formalizado, o pedido de Portugal ainda terá de ser avaliado e validado por Bruxelas, mas a própria Comissão “tem envidado esforços para que haja uma adesão significativa por parte dos Estados-membros” a esta medida, “de forma a aumentar a capacidade de financiamento neste setor”, admite o próprio Governo português. Os pedidos podem ser apresentados pelos países até ao final de abril.

As estimativas da NATO, a aliança transatlântica, apontam para que Portugal tenha gasto apenas 1,55% do PIB em Defesa em 2024, sendo um dos oito países abaixo dos 2% acordados, que poderão em breve aumentar. Os EUA, por exemplo, têm exigido que os países cumpram a meta e quer elevar a fasquia para 5% do produto.

Apesar de ficar com mais margem para gastar sem estar sujeito às regras, o próximo Governo não fica vinculado a nenhum nível de investimento em particular só por ter acionado este mecanismo. A coligação pré-eleitoral AD, que junta PSD e CDS, os partidos atualmente no Governo, tenciona atingir um excedente de 0,3% neste no de 2025 e 0,1% em 2026.

Em entrevista ao ECO este mês, o ministro das Finanças considerou, ainda assim, que os empréstimos a taxas mais favoráveis, disponibilizados por Bruxelas para investimento em Defesa, poderão ser usados por Portugal para, em cooperação com outros países, comprar equipamentos que não tem capacidade de produzir, vendendo em troca a esses Estados bens que produza.

“O mecanismo de empréstimos que está a ser discutido a nível europeu, designado por SAFE, prevê que esses empréstimos sejam sobretudo para iniciativas conjuntas dos países. E o que é que nos parece que faz sentido. Portugal tem algumas valências, mas precisará de alguns equipamentos para os quais não tem capacidade de produção e não terá nos próximos anos”, apontou Joaquim Miranda Sarmento.
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: sivispacem

*

P44

  • Investigador
  • *****
  • 21352
  • Recebeu: 6885 vez(es)
  • Enviou: 7914 vez(es)
  • +8067/-12615
Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #3546 em: Abril 23, 2025, 11:28:40 am »
Já deve dar para trocar os Mercedes
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: Malagueta

*

dc

  • Investigador
  • *****
  • 9771
  • Recebeu: 4984 vez(es)
  • Enviou: 843 vez(es)
  • +5348/-1039
Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #3547 em: Abril 23, 2025, 02:06:45 pm »
Portanto, gastar exactamente o mesmo que já se gasta hoje, deixando apenas de afectar as regras orçamentais? Se for este o caso "vira o disco e toca o mesmo".

Ou é 1.5% em cima do que já se gasta?

Ou será 1.5% realmente para gastar na Defesa, em contraste com os actuais 0.9?
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: P44

*

sivispacem

  • Investigador
  • *****
  • 1413
  • Recebeu: 792 vez(es)
  • Enviou: 795 vez(es)
  • +431/-482
Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #3548 em: Abril 23, 2025, 02:41:16 pm »
Portanto, gastar exactamente o mesmo que já se gasta hoje, deixando apenas de afectar as regras orçamentais? Se for este o caso "vira o disco e toca o mesmo".

Ou é 1.5% em cima do que já se gasta?

Ou será 1.5% realmente para gastar na Defesa, em contraste com os actuais 0.9?

Bem, na realidade Portigal gastava menso de 0,9% com a Defesa. Depois começava a 'criatividade'. Como entretanto terá havido uma clarificação das regras, se Portugal realmente passar para 1,5% já náo será mau de todo.

Mais 1,5% não acredito, seria superar a meta nacional (é o que temos.....) dos 2% de uma vez s+o. Politicamente seria uma má jogada (na óptica da politiquice nacional, é claro)

Aguardemos pelo OE 2026, portanto... (seja lá quem o fizer)
Cumprimentos,
 

*

Cabeça de Martelo

  • Investigador
  • *****
  • 23114
  • Recebeu: 4082 vez(es)
  • Enviou: 2858 vez(es)
  • +2659/-4465
Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #3549 em: Abril 23, 2025, 03:18:28 pm »
Eu sou um optimista/sonhador/alucinado (escolham uma das opções), e prefiro pensar que as mudanças serão já num orçamento retificativo em 2025 apresentado pelo novo governo.
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

*

Ghidra

  • Membro
  • *
  • 192
  • Recebeu: 68 vez(es)
  • Enviou: 56 vez(es)
  • +194/-72
  • 🙈🙉🙊
Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #3550 em: Abril 23, 2025, 03:32:23 pm »
Portanto, gastar exactamente o mesmo que já se gasta hoje, deixando apenas de afectar as regras orçamentais? Se for este o caso "vira o disco e toca o mesmo".

Ou é 1.5% em cima do que já se gasta?

Ou será 1.5% realmente para gastar na Defesa, em contraste com os actuais 0.9?
Na realidade o mecanismo não obriga a gastar mais 1,5%... O que vai acontecer é a chegada aos 2% utilizando esse mecanismo...  Tinha de ser a Espanha anunciou os 2%...
 

*

Ghidra

  • Membro
  • *
  • 192
  • Recebeu: 68 vez(es)
  • Enviou: 56 vez(es)
  • +194/-72
  • 🙈🙉🙊
Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #3551 em: Abril 23, 2025, 03:37:57 pm »
Mesmo sendo mais 0,5% por ano se for bem gasto em equipamentos, modernizações e manutenção já é um grande salto...
 

*

Ghidra

  • Membro
  • *
  • 192
  • Recebeu: 68 vez(es)
  • Enviou: 56 vez(es)
  • +194/-72
  • 🙈🙉🙊
Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #3552 em: Abril 23, 2025, 03:41:58 pm »
Eu sou um optimista/sonhador/alucinado (escolham uma das opções), e prefiro pensar que as mudanças serão já num orçamento retificativo em 2025 apresentado pelo novo governo.
Não é necessário ser muito optimista a Espanha vai para 2% e íamos ficar isolados...
 

*

P44

  • Investigador
  • *****
  • 21352
  • Recebeu: 6885 vez(es)
  • Enviou: 7914 vez(es)
  • +8067/-12615
Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #3553 em: Abril 23, 2025, 03:45:39 pm »
Eu sou um optimista/sonhador/alucinado (escolham uma das opções), e prefiro pensar que as mudanças serão já num orçamento retificativo em 2025 apresentado pelo novo governo.
Não é necessário ser muito optimista a Espanha vai para 2% e íamos ficar isolados...

E eles ralados
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

*

Cabeça de Martelo

  • Investigador
  • *****
  • 23114
  • Recebeu: 4082 vez(es)
  • Enviou: 2858 vez(es)
  • +2659/-4465
Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #3554 em: Abril 23, 2025, 05:18:29 pm »
Forças Armadas: em frente… marche!

Miguel Machado
Tenente-coronel na reforma

Foram tomadas medidas que podem vir a ter efeitos a médio prazo, mas será isso suficiente? Aumentar 100 ou 200 militares por ano quando nos faltam milhares? Apenas para alcançar os números de 2016, ao ritmo actual, são 25 anos!

O governo actual entrou em funções em 2 de abril de 2024, passou um ano, aguardam-se novas eleições legislativas já em maio. O balanço será sempre ingrato, deviam-se avaliar quatro anos de trabalho. Mesmo não havendo informação pública oficial com o “quadro completo”, vamos olhar para quatro áreas relevantes: o cunho pessoal do ministro que naturalmente influencia o trabalho do ministério e as suas prioridades, os antigos combatentes, as indústrias de Defesa e o pessoal. Não se aborda a questão dos grandes sistemas de armas e explica-se porquê.

O ministro tem uma retórica pública mais interventiva que os seus antecessores próximos e, sendo oriundo de um partido de centro-direita, as declarações relativas à instituição militar são por regra mais afirmativas, com um cunho patriótico vincado. Percebe-se que a postura agrada aos chefes militares, facilitará o trabalho, é positivo. Já as declarações políticas como as respeitantes a Olivença ou aos F-35 nada acrescentam de útil à Defesa Nacional.

Não tem medo de elogiar os antigos combatentes, a grande maioria lutou em África na defesa do Ultramar Português, cumpriram com as suas obrigações. Dez mil morreram, uns trinta mil ficaram feridos ou estropiados. Faz bem o governo em os apoiar, Nuno Melo desenvolveu este apoio, houve melhorias.

Sobre as indústrias de Defesa, no discurso muita coisa parece estar em marcha, de uma fábrica de munições várias vezes falada – com o Estado Português a investir uma parte – a investimentos nas áreas tecnológicas mais avançadas, mas, na realidade, nada de concreto está no terreno que não viesse de anteriores governos. Navios, aviões – mesmo o discutível Super-Tucano já vinha sendo negociado pelo menos desde 2023 pela dupla Costa & Lula – helicópteros.

Parece ir haver um ou outro novo investimento em meios para o Exército. O ministro, com sucessivas declarações, cria altas expectativas; reconheça-se, contudo, não ser fácil ou ser mesmo impossível concretizar projectos desta natureza em pouco tempo. São sempre processos que demoram anos e não raramente atravessam governos. A realidade impõe-se e há que dar tempo para se verem resultados.

A vontade de investir em firmas nacionais para desenvolver de raiz equipamentos militares também está declarada, à semelhança de anteriores governos. Espero que se tenha aprendido com erros e desperdícios, no passado. Sendo esses investimentos óptimos para a indústria e universidades envolvidas, assim financiadas, têm de ser muito bem selecionados. Podem acabar por ser contraproducentes em termos de preços e capacidade de produção e distribuição. Quando “se inventam” artigos únicos no mundo para fazer o que outros países de muito maior dimensão já fizeram, testaram e usam, as realidades impõem-se e os valores “per capita” desses equipamentos não raramente acabam por ser incomportáveis ou muito superiores “aos do mercado”. Caso paradigmático é o padrão “camuflado” criado a pedido do Exército, o qual começou a ser introduzido em 2019 depois de anos de investimento e estudos e ainda hoje – passados seis anos – o ramo não conseguiu a total cobertura com o novo padrão;

Um documento recente do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas mostra-nos a evolução dos efectivos militares desde 2016 a fevereiro de 2025. É à luz destes números oficiais que se podem comentar as sucessivas declarações de Nuno Melo sobre o que garante ser o sucesso das medidas já tomadas por este governo. A diferença entre o número de militares em 2023 e fevereiro de 2025 são ridículas: mais 89 militares num universo de 23.000. O Exército aumentou no mesmo período 167 militares (+1,52%); a Marinha perdeu 191 (-2,79%); a Força Aérea aumentou 113 militares (+1,94%).

Em relação a 2016 a Força Aérea é o ramo mais estável, perdeu “apenas” 98 militares, a Marinha 1364 e o Exército 3800. Ou seja, mesmo para voltar a números de 2016 – e estes estão longe do previsto na Defesa 2020 – há muito caminho para andar, sem novos recuos. As medidas foram implementas em outubro de 2024, é muito cedo para saber a sua real influência. Os políticos não se importam de ser, a prazo, desmentidos pelos factos, preferem marcar a actualidade, mas parecem no mínimo exageradas, as declarações “de vitória” do ministro acerca dos efetivos.

É um facto que aconteceu um travão na sangria no Exército e na Força Aérea, mas na Marinha a situação continua a piorar, apesar dos aumentos em alguns suplementos remuneratórios, que na Marinha até foram mais abrangentes (suplemento de embarque). Nas unidades estes aumentos dos efetivos, para já, nem se notam. Porquê? Imagine-se por exemplo o Exército que, de 2023 para 2025, aumentou o efetivo total em 167 militares, mas tem talvez mais de 100 instalações em Portugal, das quais uma componente operacional com uns 25 regimentos, parte substancial dos quais integrados na Brigada de Reacção Rápida e na Brigada de Intervenção e ainda a Brigada Mecanizada.


Concluindo.

Já se ouviu o toque de “em frente….marche?”. Pode-se dizer que sim, aos primeiros compassos do toque (recordarão os que cumpriram o serviço militar que têm vivacidade e são algo prolongados), seguiu-se o compasso de execução, aquele que determina o início da marcha. Falta agora o mais significativo, percorrer a parada com o passo certo e aprumo, olhar em continência à direita e continuar a marcha mantendo a postura e o brio. Há sempre o risco de alguém trocar o passo…e as vergonhas acontecem.

As medidas tomadas estranhamente esqueceram umas largas centenas de militares no Exército e na Marinha. Os paraquedistas, sendo “pessoal navegante”, viram o seu suplemento de serviço aerotransportado (SSA) não actualizado, ao contrário do congénere suplemento de serviço aéreo, atribuído ao “pessoal navegante” da Força Aérea. Sempre em percentagens diferentes, mas condições semelhantes, uns têm de cumprir saltos em paraquedas, outros horas de voo. Pior, o Programa Eleitoral da AD inexplicavelmente refere que sim, que foi actualizado, e recordo que desde há 34 anos se têm repetido as promessas de actualização. Submarinistas e mergulhadores, que têm de cumprir tempos de imersão e de mergulho para receberem os respectivos suplementos, também esquecidos foram.

O discurso mudou é verdade, criou-se grande expectativa, mas isso não é inédito na Defesa Nacional nos últimos 40 anos. Foram tomadas medidas que podem vir a ter efeitos a médio prazo, mas será isso suficiente? Aumentar 100 ou 200 militares por ano quando nos faltam milhares? Apenas para alcançar os números de 2016, ao ritmo actual, são 25 anos! Para um horizonte de cinco anos, seriam necessários mais 1050 por cada ano em saldo positivo, entre os que saem e entram.

Refere o Expresso, de 18 de abril: “Montenegro e Pedro Nuno omitem custos na Defesa” e não os inseriram nos respectivos programas eleitorais. Não parece bom sinal, não corresponde às declarações públicas dos responsáveis partidários em causa. Seria bom que falassem aos portugueses sobre isto com clareza.

Neste primeiro ano de governo, o que se procurou fazer foi aperfeiçoar o que vinha do antecedente e parece-me que isso foi conseguido. Nos tempos que correm, no entanto, exige-se mais, muito mais. Há que introduzir novas soluções. Espero que um novo governo, este ou outro, tenha esse desígnio e se rompa a sério com as tradicionais resistências políticas e militares.

https://expresso.pt/opiniao/2025-04-23-forcas-armadas-em-frente-marche-fabfd565
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: HSMW