É que já não é a primeira, por muito que se queira omitir. A irresponsabilidade de continuar a construção do Anticiclone apesar das várias chamadas de atenção do Governo Regional por existirem duvidas acerca do projecto que o IPTM acabou por confirmar é o exemplo de que alguma coisa não está a funcionar bem.
Falou muito bem, mas isso já é algo que aqui se tem vindo a dizer a própósito dos NPO´s.
1 - Se essas chamadas de atenção ocorreram (num contrato bem elaborado, a fiscalização por parte da entidade adjudicante deve ser salvaguardada), o
Governo Regional tem, e repito-me,
todo o direito a recusar a recepção da "empreitada", uma vez que não é cumprido o objecto do contrato.2 - Não é normal numa empresa normal, saudável que queira sobreviver e que prescinda sucessivamente de garantir os seus direitos, caso tenha razão;
3 - Se os ENVC têm razão e a administração abdica de lutar pelos seus direitos, essa administração está a fazer gestão danosa;
4 - Se os ENVC não têm razão, então a administração permitiu que isso pudesse vir a acontecer. Isso é gestão danosa;
5 - Se os ENVC tiveram de facto conhecimento das objecções do adjudicante e continuaram a execução da obra e sem garantias de vir a ser recessido pelo trabalho executado e por quebra do contrato mais imagem negativa daí resultante, isso é gestão danosa.
Enquadramento geral:
NPO´s: adiamentos sucessivos por causa de motores, alterações de projecto sucessivas feitas pela Marinha, etc. Consequência: mea culpa dos estaleiros.
Navios para os Açores: projecto russo, certamente resultado dos acordos bilaterais celebrados com a Rússia durante a visita de Sócrates em Maio de 2007. Essa possibilidade ocorre se tivermos em conta o que afirmou a comissão de trabalhadores dos ENVC.
Gestão: Os ENVC é uma sociedade anónima de capitais maioritáriamente públicos.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estaleiros ... do_Castelo. A escolha dos seus gestores é feita por nomeação política;
O Governo dos Açores é o Estado (é PS);
O Estado é... o Estado (é PS).
Como já vi esta cena acontecer demasiadas vezes, o que se passa é o seguinte:
a) Não se quer efectivamente uma coisa, arranjam-se argumentos para a evitar ou adiar (NPO´s). Ter um gestor nomeado políticamente serve para conseguir isso sem barulho. Esses gestores são escolhidos por "confiança política" logo a fidelidade ao partido sobrepõe-se aos interesses da empresa;
b) Uma opção política superior (os acordos celebrados com a Rússia) revelam-se desatrosos. Logo, é obrigação da gestão nomeada políticamente de proteger "a mão que a alimenta". Primeiro aceita o projecto, pelos vistos sem sentido crítico. De seguida, passa à construção; finalizando faz mea culpa, absorvendo a culpa - que morre sempre solteira - protegendo o superior político. Não há ruído, não há imagem danificada para este último. Óptimo para o gestor nomeado políticamente: do princípio ao fim não fez barulho e não fez ondas. Quando surgirem problemas sérios será demitido e colocado noutra empresa pública onde podrá continuar a ser o fantoche bem remunerado e intocável.
c) - Uma administração de nomeação política normal não faz ondas, e TUDO serve para esse efeito. NÃO INTERESSA A EFICÁCIA NEM COMPETÊNCIA, NEM A SOBREVIVÊNCIA DA EMPRESA. Numa nomeação política é obedecer ao dono e NUNCA FAZER ONDAS, CUSTE O QUE CUSTAR PARA A EMPRESA.
Não gostam?
É assim por esse país fora. E num país onde o Ministério Público está minado até ao tutano, o crime compensa.
Até um dia.