Quando falei nas Braunschweig foi apenas um exemplo. Falar em Corvetas sub-armadas, e depois falar em Sigma, vai dar ao mesmo, visto que estas têm armamentos francamente fracos que pouco melhoram relativamente às actuais fragatas que possuímos. Quanto ao preço e problemas das corvetas alemãs, lá está, é para isso que isto é um forum, para se falar e discutir outros aspectos que por vezes escapam à primeira vista.
No meio disto, e tendo em conta a como está a ser feita a LPM, 300 milhões para um LPD (navio não combatente) é muito. A utilidade é indiscutível, mas há alternativas. Desde AOR multifunções, até a fragatas como as Absalon e até LPDs de menores dimensões e mais baratos de construir. Até os NPOs apresentam alguma capacidade decente (decente =/= ideal) para executar algumas missões do LPD.
Agora, do ponto de vista militar, se puser em cima da mesa a ideia de uma Absalon a juntar-se a outras 5 fragatas, riscando de vez o sonho do LPD, ficaríamos muito chateados e mal servidos? Penso que não. Agora ter um LPD todo xpto, ultra moderno, e escoltá-lo com fragatas que cada vez mais ficam em segundo plano do ponto de vista tecnológico, é ridículo.
Em termos de tripulações, e assumindo que o número de marinheiros se mantém antes e após a substituição das Corvetas por NPOs, e dos Cacine por Tejo/LFCs, então parte-se do princípio que "sobra gente". Já o substituto do Bérrio teria idealmente uma tripulação menor, suponho. Isto daria margem para eventualmente operar uma 6ª fragata. Em termos de custos, é para isso que a tecnologia serve, não me acredito que com um mesmo orçamento, se gaste mais em gota para os NPOs do que se gastava com as velhas Corvetas... E acredito que, nos tempos que correm, qualquer fragata mais moderna terá, digo eu, um custo de operação inferior ao das nossas fragatas, especialmente tendo motores mais eficientes, mais fiáveis, maior automação do navio, etc. Portanto, não vejo aqui um problema, já que em substituições "directas", os custos de operação em teoria seriam inferiores.
Resta portanto, os custos de aquisição. Aqui é que a porca torce o rabo. Cada vez mais, uma simples fragata custa cada vez mais dinheiro. Vemos hoje em dia projectos com preços abismais, se comparados com fragatas e destroyers topo de gama. Navios sub-armados a custar 300 milhões de euros unid. quando há uns anos por 600 milhões se adquiria uma Zeven Provincien topo de gama. Verdade que dito assim, 600 milhões é muito, é o dobro, mas vendo as capacidades de um e outro navio, dá para perceber que um é militarmente muito mais capaz e autónomo, tendo um poder de fogo superior a 2 ou até 3 navios dos de 300 milhões.
Na verdade, isto é muita conversa, e a realidade é bem pior. O que eu gostava? Ora um 3º Tridente. 2 fragatas de defesa aérea (novas de preferência), 3 fragatas multirole, com ênfase na guerra ASW e ASuW e 1 Absalon. Eventulamente 2 AAW, 2 ASW e 2 Absalon, mas isto são números abstractos. Acho que, qualquer que seja o projecto que se siga, novo ou usado, ficará sempre com um custo elevadíssimo, seja topo de gama agora, seja com 10 anos em atraso e com necessidade de modernização passado outros tantos. Vendo os valores que se dão para uma modernização séria às VdG, acaba por não compensar de todo, e ainda assim, mais tarde ou mais cedo teriam de ser substituídas por algo igualmente caro. Ou seja, iríamos gastar dinheiro 2 vezes, tornando-se valores em tudo idênticos a se comprássemos novo "já". Dá que pensar, comprando algo moderno, não teríamos de as substituir por um prazo de no mínimo 30 anos, e teriam com certeza uma margem para modernizar para durarem 35/40. Acho que de facto é começar a explorar o mercado, as feiras internacionais, procurar parceiros (Holanda e Bélgica nas novas M por exemplo), e começar a pensar como financiar as novas fragatas. Quem sabe, a própria NATO não nos brinda como fez com as VdG, pagando uma parte do custo.
De resto, que substitua o Bérrio (que seja em 2ª mão), que se complete a classe de NPOs (8 navios mínimo), mesmo que apenas equipados com as Marlin, já é melhor do que ter zero. Que se prossiga com as LFCs, 2 draga-minas. A partir daqui, fica tudo em ordem. Eventualmente melhore-se os NPOs com uns lançadores Mistral, um radar militar. Camcopter S-100 para os NPOs, e substituir os Lynx por Lynx Wildcat ou outro, que equipem todas as fragatas.
Não é difícil, é ter vontade. É ver que tanto os NPOs como as LFCs podem ter potencial, e eventuais vendas internacionais podem ajudar a orçamentar outras compras da Marinha. As actuais 5 fragatas, se vendidas antes de 2030, ainda devem valer alguns trocos para alguma marinha da América do Sul.