Grandes empresas portuguesas preparam-se para enfrentar pandemia
A reserva de máscaras e de produtos desinfectantes são medidas para fazer face a uma eventual pandemia de gripe já tomadas por empresas portuguesas que abastecem o país com bens essenciais como água, luz ou alimentos.
Encerrar temporariamente instalações, chamar antigos trabalhadores para substituir os que estão doentes ou identificar os clientes mais importantes para o abastecimento também fazem parte dos planos de contingência de algumas empresas.
Na semana passada, a Ministra da Saúde alertou para a necessidade de as empresas accionarem os seus planos de contingência para fazer face a uma pandemia que se afigura provável, já que o país não pode parar.
Algumas das maiores empresas portuguesas já têm estes planos desde que se falava numa eventual pandemia da gripe das aves e garantem estar preparadas para enfrentar a situação.
Agora as medidas estão prontas a ser accionadas caso seja necessário.
Institui temporariamente o teletrabalho é uma das hipóteses apontadas pelas empresas.
Na EPAL, por exemplo, a distribuição de água em cenário de crise pandémica é uma garantia.
A empresa não tem reservas de medicamentos, mas no que se refere a máscaras, produtos desinfectantes e outros essenciais ao tratamento da água, todos os stocks foram reforçados.
A EPAL tem 788 funcionários, mas a empresa definiu que para manter a actividade são necessários 300 a 330, os indispensáveis para garantir os serviços.
Um plano de contingência para uma empresa como a EPAL implica a constituição de um gabinete de crise e de gestores de gripe e será accionado pelo Conselho de Administração.
Já no que se refere ao abastecimento de energia eléctrica às populações, a empresa responsável por esse serviço, a EDP, tem há muito um plano de contingência para uma resposta operacional que reduza as condições de propagação da gripe, mantendo os serviços essenciais em funcionamento.
Por outro lado, o plano da EDP define a preparação do restabelecimento da situação e da actividade normal da empresa o mais rápido e seguro possível.
Tudo está previsto no documento, desde a salvaguarda da vida de pessoas, reduzindo o risco de contaminação nos locais de trabalho (por via do contacto com colegas ou por contacto com terceiros, nomeadamente o público), à limitação da propagação no interior das instalações da EDP.
Perante a ocorrência de uma gripe pandémica, devem ser assegurados os serviços essenciais a um nível equivalente ao normal e, nesse período, é expectável que 40 por cento dos colaboradores possam estar ausentes por períodos de cerca de duas semanas.
O plano prevê que nas empresas do grupo possam ser desactivados temporariamente alguns postos de trabalho, que algumas instalações possam ser encerradas, que haja bolsas de potenciais substitutos internos e externos (regresso de antigos trabalhadores, por exemplo) e que sejam identificados os clientes considerados muito importantes.
Por outro lado, está ainda previsto no plano a aquisição de luvas e máscaras, assim como fazer o atendimento de clientes exclusivamente por telefone ou correio electrónico.
Num cenário pandémico, assim como num cenário de catástrofe natural, o abastecimento alimentar das populações é também considerado prioritário.
A SONAE, umas das grandes empresas portuguesas nesta área, tem também o seu plano de contingência elaborado há já alguns anos.
Assim que surgiram os primeiros alertas de uma eventual pandemia do vírus da Gripe A H1N1, o plano foi activado.
Questionada pela Lusa sobre esta matéria, a empresa explicou que destacou um grupo de técnicos, provenientes das varias áreas de negócio da empresa, recuperando assim equipas de projecto já anteriormente constituídas, e que estiveram na origem da preparação do plano.
Por outro lado, a Sonae tem definidos procedimentos e recursos que permitem a manutenção de operações chave do negócio, incluindo algumas quantidades de medicamentos e equipamentos adequados a estas situações.
Com 37,5 mil colaboradores, a empresa tem a maioria dos funcionários afectos aos negócios de retalho e garante que, num cenário mais grave, serão assegurados os serviços essenciais.
"Existe sempre a possibilidade de recorrer a novas soluções, como o teletrabalho, a substituição temporária de colaboradores em quarentena e posterior reintegração, a alteração e a configuração dos locais de trabalho", explica a empresa.
Lusa