Crise leva a cortar nas luzes de Natal
Muitas cidades e vilas do país vão ter este ano um Natal menos iluminado, já que a maioria das autarquias ou reduziu ou eliminou mesmo os gastos com as iluminações natalícias
Benavente, no distrito de Santarém, respondeu ao apelo lançado no Facebook «Senhor Presidente de Câmara - Este Ano Não Queremos Luzes de Natal» e decidiu, por unanimidade, não disponibilizar verbas para ornamentos e luzes de Natal já que «os tempos são difíceis e é necessário cortar no que realmente não é prioritário».
Das autarquias questionadas pela Lusa, a maioria referiu contudo que vai manter as iluminações como forma de dinamizar o comércio tradicional, mas com cortes substanciais nos valores destinados a esse fim, obrigando a reduzir o período de duração e os locais a ornamentar.
Uma contenção que se reflete nas empresas que habitualmente prestam este serviço aos municípios. Jorge Castro, da Castros, Iluminações Festivas, disse à Lusa que a sua empresa, que este Natal vai enfeitar as cidades de Lisboa, Porto e Cascais, vai enfrentar a redução do volume de encomendas com «criatividade, apostando em materiais mais leves, mais fáceis de instalar e que permitam redução de custos, procurando outros segmentos de mercado».
O recurso à , desde 2004, tem ajudado a empresa a conquistar mercado e a aposta no mercado externo apresenta «um potencial de crescimento», disse.
Os cortes mais significativos, da ordem dos 200 000 euros em relação a 2009, ocorrem precisamente em Lisboa e no Porto, com a capital a destinar 846 000 euros à iluminação da cidade e a autarquia portuense a reservar um orçamento bem mais modesto, de cerca de 100 000 euros.
«Independentemente das medidas de racionalização de recursos, foi feito um esforço no sentido de encontrar uma solução com dignidade e o maior nível de abrangência possível, dando especial atenção à Baixa da cidade», disse à Lusa Cristina Pinto, da PortoLazer.
Coimbra destinou também 100 000 euros para as iluminações de Natal, que este ano acenderão uma semana mais tarde que o habitual (a 8 de Dezembro) para poupar nos gastos com energia, e conseguiu negociar com a empresa vencedora do concurso uma redução de 10 por cento nos custos.
No Algarve, Albufeira vai investir 70 000 euros, bastante abaixo do valor gasto em 2009 (290 000 euros), por querer canalizar verbas para áreas prioritárias como a educação e a acção social.
Faro destinará igualmente cerca de 70 000 euros às iluminações de Natal, fazendo um corte de 40 por cento a um valor que já em 2009 tinha sido reduzido em 50 por cento, podendo no futuro passar a ornamentar apenas a praça central do município.
«Mais vale dar de comer a quem tem fome do que gastar dinheiro em foguetes ou fogo de artifício», disse à Lusa o presidente da autarquia, Macário Correia.
Já o presidente da câmara de Évora, José Ernesto Oliveira, quer poupar os 150 000 euros habitualmente gastos em iluminações natalícias, propondo que apenas seja enfeitada a Praça do Giraldo, «sala de visitas» da cidade.
Santarém destina este ano uma verba de 30 000 euros às iluminações de Natal, um corte de 50 por cento em relação ao valor médio gasto nos anos anteriores, enquanto Bragança optou por lançar um concurso que tem por valor base 50 000 euros, sensivelmente o mesmo que gastou em 2009, por querer manter as principais ruas do centro histórico iluminadas como forma de dinamizar o comércio tradicional.
Lusa