Caro Filipe de Chantal, concordo na base da sua filosofia, mas não concordo na forma de execução da mesma.
O senhor afirma que "como Pátria de grandes marinheiros, não devíamos comprar navios em segunda-mão", eu concordo com a frase, sem duvida, mas o senhor dá como solução para a mesma comprar em primeira mão, eu discordo completamente disso. Porque não construirmos navios "como Pátria de grandes marinheiros" que de facto somos, ou pelo menos fomos. E não é assim tão dificil construir cá, basta que pela primeira vez nestes ultimos 40 anos executêmos um projecto bem pensado com pés e cabeça, e se não há no nosso país engenheiros navais capazes de projectar uma classe de fragatas talvez seja uma boa ideia executar um projecto desse tipo em parceria com um estaleiro estrangeiro experiente nesse tipo de projectos. Dessa forma poderiamos aproveitar para treinar engenheiros Portuguêses para fazer esse tipo de projectos.
O senhor também fala em comprar projectos já feitos, pensados por outros países para servir outros países. certamente projectos desses podiam ser bem adaptados para servir nossa realidade. Mas porque não pensarmos num projecto feito exactamente para servir as nossas necessidades? Certamente que com uma abordagem feita deste tipo ficariamos com uma marinha muito melhor servida pelo mesmo preço, ou eventualmente até por um preço menor. É preciso ter em conta que com um projecto feito cá, uma boa parte do dinheiro não sairia de Portugal, serviria até para revitalizar a nossa industria naval, dando-lhe um novo know how que a tornaria sem duvida mais capaz e competitiva no estrangeiro, além de ajudar a combater o nosso desemprego.
Não concordo também na sua abordagem ao tipo de navios com os quais iriamos equipar a nossa marinha. O senhor refere uma classe de fragatas AAW de pequena dimensão, bem a dimensão é aquilo que ainda fica mais barato, o que fica caro num navio AAW é sem duvida o equipamento (refiro novamente que como muitos dizem, o aço é barato). A minha prespectiva extende-se antes a uma abordagem de navios de maiores dimensões, com um comprimento entre 130 a 140 metros e cerca de 4000 toneladas de deslocamento (ou eventualmente mais). Uma classe de navios deste tipo poderiam ter duas versões uma AAW e outra ASW, este tamanho seria muito util para a versão AAW pois normalmente é preciso muito espaço para acomodar todos os equipamentos necessários para a luta anti-aerea. Quanto à versão ASW o tamanho que eu refiro poderia ser util para por exemplo poder contar com um hangar maior com capacidade para caso fosse necessário em missão, levar dois helicopteros, quem sabe até dois NH-90, que seria muito util para as acções anti-submarinas e até para outro tipo de actividades, ou memso outros equipamentos e meios.
A vantagem de contruir dois navios basedos no mesmo casco está sem duvida nos menores custos de contrução e de manutenção, já que ambos os navios poderiam ter a mesma linha de manutenção. E esta nova clase de navios podia começar já a ser pensada por forma a que quando as actuais fragatas tivessem para sair de serviço estes novos navios estivessem prontos para começar a servir o nosso país.
Cumprimentos
