Bom... falsidade comprovada, é algo um pouco complicado.
Você não pode provar com o Orçamento de Estado, qual é o nível de realização do mesmo.
Você está a partir do principio de que o Orçamento de Estado e a Realização Orçamental, são exactamente iguais.
O Orçamento, é o que o Estado prevê gastar no próximo ano, não é o que o estado gastou no ano passado.
Depois, na Realização Orçamental, o que você vai encontrar é um labirinto de transferências de verbas e cortes e adendas e alterações que não precisam de aprovação no parlamento, e transferências de verbas dentro dos ministérios, quando não entre ministérios e por aí fora...
Logo, utilizar um instrumento de previsão (como é o O.E.), para confirmar que os dados à posteriori estão equivocados, não faz grande sentido. A NATO aliás, parece considerar estas questões e vai alterando os dados. Os de 2021 ainda não eram apresentados como confirmados pela NATO, e os de 2022 eram uma estimativa.
No entanto, eu não estou a defender que o governo gastou ou não gastou ou deixou de gastar.
Aliás, se eu considerar o que você defende - que a execução orçamental foi integralmente cumprida - fico com um problema ainda maior nas minhas contas de mercearia.
Como você explica que os valores são bastante menores que os que a NATO refere, feitas as contas, você acaba de me afundar uma corveta...

Vamos colocar as coisas assim: se no OE vem o orçamento X para a Defesa, e volvido o ano, o Governo diz que se gastou quase o dobro daquilo que estava previsto, seria facílimo de saber.
Agora, quando vemos programas orçamentados, planeados, etc, para um determinado ano, digamos o tal ano de 2021, e quase todos eles foram adiados, como é que ao fim desse ano, se gastou mais em equipamento, do que o que estava previsto? Tecnologia ultra secreta e invisível?
A própria MDN veio vangloriar-se do cumprimento de 70% do que estava planeado para 2022, percentagem esta que não foge muito da do ano anterior... Como é que se gastou, em reequipamento, mais do que estava planeado?
Não é preciso fazer grandes contas para ver que algo não bate certo.
Podemos sempre dizer que é antiquada. Provavelmente é.
É a visão antiquada que sempre se recusou a achar que a Russia podia ser aliada do ocidente, por exemplo.
A defesa da costa, nos dias de hoje, já não é da costa a 500 metros, que era o alcance efetivo dos canhões dos fortes. Hoje, falamos não só das águas territoriais como da ZEE.
Os submarinos, servem para muitas coisas.
E por muito que nós demos importância às nossas costas e achemos o Cabo Espichel muito turístico, não são as nossas costas que contam, nem o dito cabo.
São os navios que nelas passam.
Basta você ir a um site sobre tráfico marítimo
https://www.marinetraffic.com/en/ais/home/centerx:-8.5/centery:38.5/zoom:7
Se o de cima não funcionar:
https://www.marinetraffic.com
Não... Você não terá navios a 1000 quilometros da costa a atacar o Cabo Espichel ...
E a NATO não tem navios suficientes para luta ASW.
E isto, infelizmente não tem absolutamente nada de antiquado.
É a realidade nua e crua …
E sim... quatro navios para luta antisubmarina é pouco, muito, muito pouco para um país que acha que é dono da segunda maior ZEE da União Europeia.
O Cabo Espichel era sarcasmo. Mas já vi que não ficou subentendido.

Costa é costa, ZEE é ZEE. Uma coisa é querer defender a costa de submarinos, outra é querer defender o tráfego marítimo da ameaça de submarinos opositores. Em qualquer dos casos, ter 4 cascos ASW, que para ficarem baratinhos, nem terão helicóptero, fará quase zero diferença, se fossem adquiridos para o lugar de 2 ou 3 fragatas a sério.
Também é contraproducente falar na ameaça de submarinos para o tráfego marítimo, e falar num navio logístico grande e lento, que é um alvo facílimo para um submarino. Se a ameaça dita as necessidades para determinados tipos de navios na Marinha, não dita para o LPD porquê? Conveniência?
Também mencionou a ameaça dos hipersónicos, o mesmo raciocínio também se aplica.
Dadas estas ameaças, faz ou não faz mais sentido optar por ter esta capacidade logística dividida por mais cascos (sejam LST, sejam XO)?

Porque é que, no meio de ameaça de hipersónicos, submarinos, drones e afins, a solução passa por navios ASW mal equipados, e não, por exemplo, mais submarinos?
Porque não uma Marinha de 4 fragatas e 4 submarinos, com a logística entregue a 2-4 LST100/120 e 1 AOR, e com os 10 NPOs equipados com sonares e/ou 4 EPC (substituindo os 4 NPO originais)?
Ou 4 submarinos, 3 fragatas e 2 XO, AOR, 10 NPO ou 6 NPO + 4 EPC?
E quando a tecnologia de USVs o permitir, e estiver totalmente operacional, adicionar à frota USVs ASW, para serem operados a partir de outros navios, como os LST ou XO?
Porque é que com alternativas interessantes, e que poderiam tornar a MGP uma Marinha equilibrada, a escolha recai sempre ter um glorioso LPD e o resto repleto de NRP Lixo?
Se a preocupação é tanto ASW, onde estão as propostas para se reforçar o investimento em hélis ASW e na compra dos P-8 depois de 2030?
E sim, fará parte da estratégia de uma força opositora minimamente bem equipada, tentar atacar alvos em terra e no mar, a distâncias "stand-off". Pode ser 1000 km, pode ser 200, pode ser 2000. Tudo dependerá do alcance do armamento que possuem, e do alvo que queiram atacar.
Os Crossover são um conceito novo, nunca testado em nenhum lugar do planeta. Não só nunca se construiu nada disso, como nunca se utilizou, o que é muito mais grave.
Os Enforcer são navios derivados de navios que já existem há anos, como são o Rotterdam ou o Johan de Witt, os Galicia. São navios testados, e conceitos testados.
Não vamos comparar o incomparável.
Todas as construções navais, são, de uma forma ou de outra, conceitos novos. No caso dos XO, a tecnologia e métodos de construção, acabam por ser os mesmos que os de um Enforcer pequeno e de uma Sigma, excepto que combinados. Há risco com de haver derrapes? Sim, tal como há com um Enforcer novo, que, quer se queira quer não, é um projecto novo, baseado num conceito com quase 30 anos, alterado até ao extremo. Todo o navio seria novo, e nunca construído nada igual até ao momento, apenas conceitos com 30 anos, nos quais se baseiam, mas dos quais diferem em praticamente tudo.
Mas se a preocupação são os derrapes financeiros, e essas possíveis variáveis todas, que poderão encarecer a ideia, então temos solução: os LST (ou até os Ro-Ro, se abdicarmos da parte anfíbia).
É preciso entender de uma vez por todas que, o LPD grandioso como conhecemos, não tem ponta por onde se pegue para a Marinha Portuguesa. É demasiado caro para um navio logístico, exige demasiada gente para operar, e acaba por ser demasiado dispendioso para as operações do "dia-a-dia", em que normalmente não é necessário algo tão grande, com tanta gente e tão caro. A isto acresce o facto de que viria a ser apenas um navio, com claras limitações de disponibilidade.
Naturalmente que, o meio polivalente mais adequado para esta função seria um Landing Helicopter Deck, mas dado o custo ser demasiado elevado, a opção mais falada foi para um navio muito mais barato e seu parente pobre, um LPD.
A diferença de custos entre um LPD e LHD, não era assim tão grande. Um Dokbo (LHD de 200 metros, novinho em folha, que mediante as alterações necessárias, até F-35 podia operar) feito na Coreia do Sul, custava na altura 300 milhões, que é o mesmo valor que tínhamos orçamentado para o LPD feito em Viana. Pecam sim, é pela complexidade do navio ser demasiado elevada, tal como a guarnição necessária, tal como se mantinham os problemas de não termos uma marinha de jeito para usar de forma eficiente um navio com o potencial de um LHD.
A ideia por detrás do NavPol no inicio do século era para um navio logístico, que poderia servir para apoio de populações isoladas, podendo incluir até um hospital.
Mas a principal função seria a de projeção de uma força militar constituída com base numa das brigadas do exército. (excluia-se a brigada aerotransportada).
Projecção militar de forças completamente obsoletas na altura, e que hoje estão iguais ou pior. Forças desembarcadas que nem SHORAD têm. Tarefa esta que seria completamente inviável sem os devidos meios de escolta e até uma capacidade mínima de guerra de minas.
Resumindo e concluindo, o LPD tinha uso meramente civil. No máximo, para operações militares, estaria dependente da NATO, que já todos concluímos que tem falta de meios de combate e falta de AOR para andar a abastecer uma força tarefa numa missão dessas.
Além disso, ao transportar helicópteros, o navio permitiria utilizar futuros meios da força aérea. Ainda não havia EH-101.
Um AOR moderno consegue transportar 2 Merlin. Uma fragata moderna, desde que encomendada com hangar para esse fim, pode transportar 1. Um LST na versão com hangar, pode transportar um héli médio. Temos poucos helicópteros, e os que temos são efectivamente "civis" (até os 4 Merlin CSAR estão mal equipados, e os Lynx nem equipamento defensivo possuem).
Não é do género que uma hipotética força tarefa nacional, com 1 AOR e 2 fragatas, não teria meios aéreos que cheguem para operações de baixa intensidade. Para média e alta intensidade, tínhamos de ir comprar mais helicópteros militares, e arranjar forma de envolver os F-16 na operação, seja com bases perto da área de operações, seja recorrendo a aeronaves para AAR, mais capacidade land-attack, e por aí fora.
Naturalmente que, não passaria pela cabeça de ninguém, utilizar um navio do tipo LST, que nenhum país europeu tem ao serviço, com os americanos a terem descontinuado os seus, os britânicos que sofreram graves perdas com um meio do tipo nas Malvinas idem. Os espanhóis ainda tinham os navios de desembarque de tanques, mas também os descontinuaram...
Também nenhum país Europeu substituiu fragatas por OPVs ASW. É uma não questão, e, para nós, temos de arranjar a solução que mais nos beneficia e que nos permite ter uma Marinha equilibrada.
As perdas dos britânicos nas Malvinas, seriam iguais se fossem LPDs. É preciso entender que baterias costeiras de mísseis, até as mais reles, têm alcances de 100 km ou mais. O LPD para sobreviver, tem de estar a uma distância superior a isto (boa sorte se o adversário tiver mísseis com alcances de 300 ou 400 km, MPAs, caças, drones, etc). Agora é imaginar largar uma lancha de desembarque, a 100km da costa, e rezar que a força anfíbia a desembarcar, não é dizimada pelo caminho.
Os LSTs não seriam nada mais que uma solução relativamente barata, e de guarnição extremamente reduzida, para a total falta de capacidade logística, anfíbia e de resposta a catástrofes da Marinha. Não seriam para ir desembarcar numa praia hostil (a não ser num caso muito extremo, mas mesmo para isso, a sobrevivência apenas dos LST seria a menor das nossas preocupações). É para ter um meio útil, versátil, e que não crie desequilíbrios na Marinha (que já tem demasiadas lacunas para se ir torrar dinheiro num navio desnecessariamente complicado para funções civis).
A própria US Navy começou a avaliar novos conceitos, porque na guerra moderna, os LPDs são limitados para uma guerra no Pacífico. O próprio conceito dos USMC mudou. Além de que, a US Navy não escolta os San Antonio, com OPVs ASW, usa navios a sério. Resumindo, usar a USN como exemplo, é um tiro no pé para quem defende uma MGP minimalista e com o LPD como peça central.
Quanto à versatilidade, um NPO é mais versátil que um F-16. Um F-5 é mais versátil que um B-2. Qual é o argumento aqui? O meio dito "mais versátil" devia substituir o menos versátil? É melhor para questões de soberania que o menos versátil? Versatilidade sem um contexto, vale zero.
Ainda por cima um LPD, cuja "versatilidade militar", está totalmente dependente de outros meios.