O debate do LPD não é se é bom ou mau, grande ou pequeno, caro ou barato. É sobre o custo-benefício deste tipo de meio em concreto. Mais concretamente, as consequências que a compra deste meio trará para a Marinha, se seguisse em frente o plano até agora delineado.
Não esquecer que até agora, o plano era colocar as fichas todas no LPD, na própria LPM é considerado prioritário face ao AOR (quando se julgava que o Bérrio aguentava até 2027/28), ficando as escoltas para segundo plano. Aliás, pairava uma certa sensação de que para alguns (que tomam as decisões), as VdG e BD chegam e sobram para escoltar o dito navio, e que eventualmente termos uma Marinha reduzida a duas fragatas e 3 (na verdade 2) OPVs musculados (VdG) era o suficiente.
Basta lembrar que esta mentalidade já vem de trás, quando surgiu o Siroco como opção, e que para o comprarmos, a Marinha tinha de abdicar do MLU das VdG (MLU a apenas 2 delas, ou MLUs mais ligeiros, ou uma treta qualquer desse género), simplesmente para se comprar um LPD por uns míseros 80 milhões (e que representava uma poupança face ao custo de 300 milhões do LPD novo). No fim, sabemos que nem MLU das VdG, nem LPD.
Actualmente, a questão é grave, ao ponto da Vasco da Gama estar encostada sem sinais de voltar a navegar, as duas "irmãs" estão coxas, e o plano da sua substituição (como visto num PowerPoint há uns temos) é lá para 2035, ou seja, teriam que navegar com muita fé por mais 13/15 anos.
Isto para dizer o quê. Que existe racional na vontade de ter LPD, tanto do ponto de vista civil como militar, mas se não se fizer nada relativamente às escoltas (e AOR), o dito LPD estará limitado a operações militares de baixa intensidade, ou a operações com apoio de terceiros.
Portanto a minha opinião mantém-se, o LPD pode vir, mas é preciso garantir que a situação das fragatas muda. Seja:
-com a compra da Van Speijk + modernização a sério das 2 VdG que funcionam (sabendo que só aguentariam 10 anos, mas seria uma solução de recurso);
-Van Speijk + 2 fragatas novas para receber em 2027/28 (AH140, Sigma 12516, Meko A200, etc);
-substituição das 3 VdG por 3 fragatas novas como as mencionadas acima.
As M seriam, em qualquer um dos casos, substituídas por fragatas como as ASWF (nas duas primeiras opções seriam 3 ASWF, na terceira apenas 2) a partir de 2030.