(Suspiro profundo…..)
Sobre este tema do LPD…..
Sempre fui da opinião de que, a optar-se pela aquisição de um navio polivalente, o mesmo deveria ser um JSS ou LSS, englobando diversas valências (reabastecedor, abastecedor de esquadra, hospital flutuante e base para projeção de força de suporte civil ou expedicionária militar). Na prática, tal significa ter dois em um, ou mesmo três em um.
Sendo um País de tesos que, ainda por cima, tem uma das maiores áreas marítimas do mundo para controlar, tal só por si deveria servir de justificativo para que, na hora de pensar num investimento desta natureza, se apostasse em algo de novo, feito à medida das nossas necessidades, apetrechado com as valências necessárias para lidar com a realidade actual e com aquilo que são os cenários eventuais ou expectáveis para os decénios mais próximos.
Exercício matemático:
Um navio com estas valências custa, por alto, qualquer coisa como 300 milhões de Euros a construir. Em cima desse valor (que considera a construção do navio em si – entenda-se casco, motores, sensores e armamento), temos que colocar umas 3 a 4 LDM e uns 2 helicópteros orgânicos, tipo NH90 (e isto para tirar todo o partido da plataforma, seja qual for a missão). Ou seja, grosso modo, mais uns 75 / 80 milhões de euros, só para efeitos de aquisição de equipamentos.
Já tendo navio “equipado” e encostado à doca, acabámos de investir 380 milhões de euros. Consideremos que o Estado consegue uma taxa de juro interessante, e que vai pagar, num período de vida útil do navio de 30 anos, o equivalente ao seu custo de construção em juros (ou seja, mais 300 milhões). Total ainda sem sair da doca: 680 milhões para 30 anos de vida operacional.
Finalmente, consideremos os custos com uma tripulação base a rondar os 150 elementos (qualquer coisa como cerca de 7,5 milhões de euros ao ano), mais as manutenções e MLU. Digamos que mais uns 300 milhões para os tais 30 anos de vida útil. E como também vamos ter que manter helicópteros orgânicos e lanchas… bem, simplificando, e numas contas por baixo, cerca de 1.000 milhões para 30 anos de vida útil do equipamento, repartidos entre construção, operação e manutenção. Qualquer coisa a rondar os 30,5 milhões de Euros anuais.
A mim não me choca nada, e acho um custo perfeitamente justificado. Mas pergunto: como é que vão vender um investimento destes à opinião pública, quando para justificar politicamente a compra dos KC-390 têm de vir a terreiro argumentar que são aeronaves que vão ser utilizadas no combate a incêndios? Ou quando andam há 20 anos a discutir a aquisição de uma nova arma para as forças armadas, quando uma espingarda de assalto custa, em média, “despida” de acessórios, uns 2.500 € a unidade?