Empresas de Defesa Portuguesas

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Malagueta

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Re: Empresas de Defesa Portuguesas
« Responder #210 em: Setembro 30, 2025, 07:29:09 pm »
Portugal matou a sua indústria da defesa e agora corre contra o tempo para a ressuscitar

Com o m da Guerra Colonial, o país desmontou a sua indústria militar. Hoje, conta com meia dúzia de empresas e competências de mais umas 400 para aproveitar a maré de investimentos que se anuncia Anecessidade aguça o engenho e o engenho não faltou ao Estado, às forças militares e aos engenheiros portugueses envolvidos na produção de armas e munições para a Guerra Colonial. Se havia embargo à venda de balas ou granadas, a fábrica de Braço de Prata era capaz de as produzir em grande escala; se os aliados hesitavam na venda de aviões da era a jacto, as Oficinas Gerais de Material Aeronáutico tratavam de transformar os velhos T-6 Texan a hélice de aviões de treino em aviões de ataque ao solo. Se não havia dinheiro ou autorizações para comprar camiões ou veículos blindados lá fora, a indústria portuguesa foi capaz de fabricar camiões (com peças importadas, claro) no Tramagal ou de metamorfosear um Cadillac Cage Comando V-100 no famoso Chaimite. Hoje, mais do que nunca no último meio século, essas competências e essa base industrial faziam falta.

A ameaça da Rússia à fronteira leste da Europa, o receio de um deslaçamento da cooperação militar com os Estados Unidos sob a égide da NATO e, no geral, o complexo e instável quadro da geopolítica mundial colocaram as indústrias da defesa europeias no centro das atenções e das prioridades políticas. No seu primeiro mandato como Presidente, Donald Trump tinha deixado claro aos europeus que a defesa do continente tinha de ser mais repartida. Falou-se então na obrigação de todos os Estados gastarem, pelo menos, 2% da sua riqueza nacional (PIB) em tropas e armas.com o avanço da Rússia na Ucrânia, a pressão aumentou e o actual secretário-geral da NATO diz que não chegam 2% do PIB, que os Estados terão de gastar pelo menos 5% do PIB na defesa, dos quais 1,5% seria dedicado ao investimento em infra-estruturas críticas, como caminhos-de-ferro ou novas pontes. Tudo ficará mais claro na Cimeira da NATO marcada para Julho em Haia, nos Países Baixos.

O receio da proximidade da guerra vai implicar uma impressionante chuva de milhões de euros sobre as indústrias da defesa. Portugal investe 1,6% da sua riqueza nacional na defesa, e se essa fasquia aumentar para 2%, os militares terão mais 1100 milhões de euros à sua disposição. Mas se, como se exige, essa exigência subir para os 3,5% do PIB, o orçamento da Defesa crescerá mais cerca de 5000 milhões de euros por ano. Ou seja, o valor total dos gastos militares poderá passar dos 4,4 mil milhões de euros de 2021 para quase dez mil milhões.

Se há quatro anos essa verba deu para pagar salários (54,9% do total), os gastos em operações e em manutenção de equipamentos (20%) e novas armas, o dinheiro que se anuncia a médio prazo recolocaria as Forças Armadas numa posição que perderam em 1975 , na Guerra Colonial, as três armas mobilizaram mais de 800 mil homens em 13 anos e os gastos na defesa chegaram a 7% do PIB anuais, de acordo com um livro do economista Ricardo Ferraz que analisa os custos da participação nacional na Primeira Grande Guerra e na Guerra Colonial.

O que pode fazer Portugal perante a avalanche de dinheiro que se anuncia para o investimento na defesa? “Temos de reconstruir a nossa capacidade industrial”, diz o almirante Silva Ribeiro, o anterior chefe d0 Estado-Maior das Forças Armadas. Nesta opinião, está o reconhecimento de uma perda e ao mesmo tempo a convicção num potencial. Voltar aos anos da Guerra Colonial significa que, se Portugal foi capaz de desenvolver armas e munições que, como reconhece o historiador António José Telo, “em termos de qualidade estavam ao nível do que se faz na Europa”, o país pode voltar a ter esse papel. Mas a visão do futuro não passa por um simples regresso ao passado, em meio século, a natureza da guerra mudou e a sofisticação das armas também.

A emigração das competências Quem tiver a ideia de que, mais cedo ou mais tarde, Portugal pode desenvolver um sistema de defesa ou uma arma com a complexidade de um avião de caça desengane-se. Depois de uma longa carreira que começou à volta dos aviões Tornado no Reino Unido e na Alemanha, passando pela adaptação de MIG 21 no Egipto e trabalhos especializados em multinacionais da defesa em Singapura, Indonésia, Brunei ou Turquia, Martin Bennett veio para Portugal para liderar a EID , uma empresa especializada em telecomunicações de defesa naval que é detida maioritariamente pelo conglomerado britânico Cohort e com participações da IdD-Portugal Defense e do IAPMEI. Do seu lugar e pela sua experiência, Martin sabe que a indústria nacional tem “um grande problema em competir, para encontrar o seu próprio espaço na liderança da indústria de defesa que é cada vez mais baseada na tecnologia e na ciência”. Continua Bennett: “Portugal não vai conceber o seu próprio caça. O dinheiro deve ir para áreas em que possa ter vantagens para competir.”.

Como na economia moderna as vantagens estão sempre, ou quase sempre, associadas a competências tecnológicas e científicas, regressar ao passado da indústria da década de 1960 seria caminhar em vão. António José Telo, um dos mais qualificados especialistas nacionais em história militar, faz um balanço do que se fazia e chega a um categórico “quase tudo”. Não se construíam aviões, mas adaptavam-se , para lá do T-6 Texan, os engenheiros das OGMA adaptaram o PU2, um avião de patrulha, em bombardeiro de média altitude; os C47 NordAtlas ajustaram-se para transportar e lançar bombas, incluindo de napalm; os engenheiros militares foram capazes de montar metralhadoras nos helicópteros Alouette III; as lanchas de transporte e desembarque eram fabricadas em Portugal. Onde estão essas competências?

Desapareceram, simplesmente. “Dez anos depois do fim da Guerra Colonial, estava quase tudo acabado”, diz António José Telo. Os engenheiros e os operários qualificados foram para a Espanha ou para a África do Sul, que na época tinha a mais poderosa indústria militar de África. Sem trabalho em Portugal, muitos deixaram-se seduzir por propostas lá fora, até porque “um operário qualificado no fabrico de munições, por exemplo, encontrava trabalho muito facilmente lá fora”, diz António José Telo. Como consequência, fábrica a fábrica, o sector foi-se desmantelando. Braço de Prata fechou em 1990 e, depois de deixar de fabricar munições (ou pistolas e metralhadoras sob licença, como a G3), hoje consegue apenas destruir munições fora de prazo. “Em pouco tempo, a nossa indústria de defesa ficou reduzida à décima parte do que era”, diz o historiador.

No retrato que a IdD , Portugal Defense faz do sector, transparece uma ideia de optimismo que ajuda a esquecer a vantagem da poderosa máquina de produzir armas da Guerra Colonial. Um relatório da IdD anuncia 424 empresas e entidades ligadas à economia da defesa, que crescem 7,4% ao ano desde 2015, operam em 40 sectores de actividade, “potenciando o duplo uso que pode ser dado à tecnologia e ao know-how que possuem”, capazes de gerar “um volume de negócios de 4,6 mil milhões de euros em 2020”, ou seja, 2% do PIB nacional , já a AED, um cluster de empresas da aeronáutica, espaço e defesa, acolhe 140 empresas. Olhando para as atribuições da IdD, uma empresa de capitais exclusivamente públicos que gere as participações sociais do Estado em várias empresas do sector e tenta estruturar uma fileira industrial, compreende-se esta abrangência. Afinal, uma têxtil nortenha que faça fardamentos faz parte da indústria da defesa. E se facturar às Forças Armadas dez milhões e se exportar 200, o que entra na contabilidade são as receitas globais.

O caso EID Mas será que todas essas empresas estão em condições de responder aos desafios da corrida aos armamentos em curso? Vale a pena seguir os conselhos de Martin Bennett e reconhecer que as empresas portuguesas com apetência para apanhar a maré dos gastos na defesa têm de competir com gigantes. Se a sua empresa, a EID, factura 30 milhões de euros, a Lockeed Martin vendeu há dois anos 53 mil milhões de euros (cerca de um quarto do PIB português) em armas e a britânica BAE Systems, que fabrica os aviões de caça Tornado ou Jaguar, 28 mil milhões de euros. Mas, reconhecidamente, a EID tem capacidade de competir internacionalmente. Os seus sistemas de comunicações navais estão presentes nas marinhas de vários países do mundo. Na sua sede na Charneca da Caparica, há uma sala onde se expõe o sistema de comunicações para trocas no terreno de elevada complexidade tecnológica , parte do software foi desenvolvido pela Critical Software.

Nesse sistema, todos os membros de um pelotão, por exemplo, bem como os seus comandantes na retaguarda, acompanham, segundo a segundo, os movimentos colectivos do grupo, permitindo uma articulação e um conhecimento em tempo real dos avanços. Esta tecnologia foi exportada para países como o Egipto porque “é reconhecidamente boa, fiável e tem um preço competitivo”, diz Bennett. Depois, em termos de comunicações navais, a EID está entre as duas ou três empresas mais sofisticadas do mundo. “Os nossos concorrentes são, na verdade, a Rohde&Schwartz, um concorrente que faz o que estamos a fazer ”, diz Bennett. Mas, com o seu conhecimento transversal do sector, Martin Bennett reconhece que o poder concorrencial dos gigantes mundiais da defesa é imbatível: “Sabe, as grandes empresas, se realmente quisessem, podiam simplesmente esmagar-nos, para ser honesto.”

Não acabam porque a moderna indústria da defesa, como toda a indústria, vive num ecossistema em que todos dependem de todos. A EID, por exemplo, coopera com o seu rival e tem parcerias com a Damen Shipyards, um construtor naval gigante com sede no Países Baixos. Este vai ser, provavelmente, o caminho que resta às empresas nacionais. Numa lógica de consórcio, “temos muito potencial em áreas especializadas”, diz Silva Ribeiro. No fabrico de tecidos técnicos para fardas militares ou nos sistemas de engenharia. “Quando falamos de serviço de engenharia, falamos de muitas coisas diferentes e que servem de partes e componentes dos produtos finais. Ou seja, nós não produzimos um blindado, mas temos uma boa indústria que consegue produzir partes desse blindado”, diz Ricardo Pinheiro Alves, presidente da IdD.

Veja-se o caso da Beyond Composite, uma pequena empresa que nasceu em 2018 por iniciativa de um investigador da Universidade do Minho. O seu foco foi desenvolver materiais compósitos e especializou-se em blindagens flexíveis e leves, que tanto podem proteger o cockpit de um helicóptero como o espaço de carga de uma ambulância. Ou a torre de um tanque. A empresa passou para o controlo da Prismore Capital, da Sonae, que em 2024 comprou 62,5% do seu capital. À sua frente, continua Fernando Cunha, o jovem formado no Minho que decidiu apostar numa área de futuro.com o capital da Sonae, a empresa está a expandir-se e diz-se em condições para aproveitar os ventos favoráveis do disparo do investimento na defesa.

Há mais empresas nestas condições. A Thales Edisoft, controlada por uma multinacional e com uma participação do Estado português, emprega 400 trabalhadores e é especializada em áreas tão diferentes como a defesa naval e a cibersegurança. As OGMA, que obedecem a uma sociedade semelhante entre o Estado e os brasileiros da Embraer, desenvolveram competências na área da aviação militar que arrastaram centros de investigação como o CEiiA (Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto), de Matosinhos, no desenvolvimento do avião KC-390, um sucesso na área do transporte. O CEiiA apresentou recentemente um projecto de avião de carga projectado em parceria com a Força Aérea e a empresa Geosat que deverá fazer o voo inaugural em 2028. Depois há a estrela do c momento, a indústria dos drones.

Num curto espaço de tempo, Portugal foi capaz de desenvolver uma indústria de aparelhos não tripulados de classe internacional. As Forças Armadas criaram modelos de drones aquáticos. Empresas como a Beyond Vision avançaram com diferentes protótipos para várias utilizações. Mas nenhuma obteve o reconhecimento internacional da Tekever. A fiabilidade e a autonomia dos seus equipamentos foram testadas na Ucrânia e mereceram o reconhecimento da Força Aérea britânica, a RAF, que incluiu os seus drones no seu rol de equipamento. A empresa da região de Leiria vai investir 470 milhões de euros no Reino Unido. Tornou-se mais um unicórnio (vale mais de mil milhões de dólares) português.

É a ciência, claro Juntando estas empresas de vanguarda e combinando-as com o saber científico, Portugal pode afinal ter algumas oportunidades na maré da defesa. Manuel Heitor, ex-ministro da Ciência em Portugal e autor do mais importante relatório da União Europeia sobre a matéria nos últimos anos (“Act, Align, Accelerate”, publicado no final do ano passado) dá exemplos de instituições que podem participar nos esforços de defesa: o CEiiA (na área da mobilidade e do aeroespacial), o INESC-Tec (em vários sistemas de engenharias), o Instituto de Medicina Molecular ou o I3S (nas terapias moleculares). Mas, mais do que uma possibilidade, Manuel Heitor vê no investimento na defesa uma enorme oportunidade para a ciência: “O que fez em grande parte a ciência dos Estados Unidos nos últimos 80 ou 100 anos foi a defesa”, diz. “O Departamento de Defesa é um grande apoiante da Universidade Stanford ou do MIT (Massachussets Institute of Technology) e apoia programas de investigação não apenas em armas mas, por exemplo, também no cancro”, acrescenta Manuel Heitor.

O que falta então para que essa oportunidade deixe de ser vista como um privilégio das grandes potências da indústria militar, como os Estados Unidos ou a França, e passe a ser também uma possibilidade de renovação económica e científica em Portugal? “Falta uma estratégia, falta pôr a falar uns com os outros”, diz Silva Ribeiro. A missão do IdD passa por aí, mas os desafios que se antecipam são demasiado importantes para serem entregues apenas aos militares. “Tem de haver uma articulação entre a Defesa, as Finanças e a Educação”, diz Silva Ribeiro.

Interesse crescente das empresas, isso há, reconhece Ricardo Pinheiro Alves. Mas, mais do que interesse ou pressa, é necessário haver uma ideia e um planeamento a longo prazo: “A nossa indústria, se lhe perguntarem, diz logo que consegue assumir tudo o que quiserem e mais alguma coisa, desde que façam uma encomenda concreta. Mas, na indústria da defesa, é mais complicado do que isso. A programação é muito importante. Quando Portugal decide que vai comprar novas fragatas, por exemplo, tem de pensar num período de 10 a 15 anos, ou até mais”, diz o presidente do IdD.

Numa altura em que a avalanche prometida de dinheiro avoluma os receios de corrupção, pensar nas necessidades das Forças Armadas e começar a planear numa estratégia para as satisfazer é uma prioridade para todos os contactados pelo PÚBLICO. “Portugal precisa de tomar uma decisão fundamental sobre o que fazer em termos da sua política industrial de defesa”, diz Martin Bennett. Em primeiro lugar, para poder disputar o bolo de 800 mil milhões de euros disponibilizados pela União Europeia no âmbito do programa RearmEurope. “Com as competências que temos, podemos fazer pequenos movimentos únicos e investir de forma crítica e estratégica. Porque se Portugal quer estar na mesa europeia, então precisa de ter algumas fichas de jogo”, continua Bennett.

Algumas dessas fichas têm de ser garantidas pelas escolhas das próprias Forças Armadas e pela tutela política. Lançar um equipamento militar obriga a conhecimento, mas também investimentos vultuosos, experiência e tempo e margem de risco para as várias fases de testes. Portugal perdeu nos anos noventa parte dessas vantagens, ao contrário do que aconteceu, por exemplo, com a Turquia, que depois da invasão de Chipre, em Julho de 1974, foi sujeita a embargos de armas e criou uma poderosa indústria de defesa que se mantém até hoje , Portugal comprou-lhe em 2024 dois navios reabastecedores de esquadra e logísticos (NRE+), através da empresa STM Defence International. Um investimento duradouro nos Estaleiros de Viana poderia ter evitado esse desvio de recursos. Porque, acredita Silva Ribeiro, Viana tem até condições para construir no futuro corvetas com mais poder militar.

Na indústria da defesa, sublinha Martin Bennett, os Estados têm sempre um papel crucial. Porque são os Estados que encomendam e têm recursos para financiar a construção de blindados ou de navios. No Reino Unido, as opções do Estado deram prioridade à arma da Marinha, que se mantém pujante, e levaram ao desinvestimento na indústria de tanques de guerra , em que os norte-americanos, com os Abrahams, e os alemães da Rehinmetall, com os Leopard ou os Panther, têm pergaminhos. É a definição dessas prioridades que os especialistas esperam. Mesmo sabendo que a procura nacional será sempre insuficiente para alimentar fortes investimentos, resta sempre a possibilidade de participar nos grandes projectos europeus. Em todos os casos, sublinha Ricardo Pinheiro Alves, “temos de ter a noção de que é preciso exportar parte da nossa produção”.

A pobre LPM Com as verbas disponíveis para investir em armas muito longe dos padrões europeus, Portugal esteve longe de ter meios para manter viva uma indústria. Para se ter uma ideia, o Orçamento do Estado para este ano reservou 479 milhões de euros para o investimento nas Forças Armadas e a totalidade desse investimento está já destinada: para o programa de compras do avião de carga KC-390, para helicópteros EH-101 ou para a compra de aviões de vigilância e treino Super Tucano, fabricados pela Embraer.com essa verba, o sonho de Capacidades Em cima, Martin Bennett, director executivo da EID, o interior das velhas chaimites e um avião C-130 modernizado nas Ogma. Em baixo, o baptismo, em 2019, do Navio Patrulha Oceânico “Setúbal” construído nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e o presidente da IdD, Ricardo Pinheiro Alves, com o embaixador da Turquia em Portugal, em Março deste ano comprar aviões de caça da nova geração, como os F-35 Lightning, fica mais difícil: cada aparelho custa entre 70 e 95 milhões de euros.

Criar armas sofisticadas exige treino e testes, diz Bennett. “Ter um seu cliente doméstico como primeiro cliente é muito importante”, diz.com o Estado a investir em equipamentos para as suas Forças Armadas, as empresas nacionais “ganham tempo e oportunidade de testar” e reforçam a credibilidade “por serem capazes de abastecer as suas próprias necessidades militares”.com a possível duplicação das verbas, os comandos militares terão, por isso, um dilema: ou compram a prazos longos e com expectativas incertas a uma emergente indústria nacional, ou alimentam os tubarões europeus e norte-americanos. Ou, terceira via, haverá tanto dinheiro para investir que todas as empresas e todos os países poderão disputar uma parte do quinhão , a febre já chegou a Portugal, reconhece Ricardo Pinheiro Alves, com empresas a baterem à porta da IdD à espera de contratos.

( continua )
 

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Malagueta

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Re: Empresas de Defesa Portuguesas
« Responder #211 em: Setembro 30, 2025, 07:29:27 pm »
continuação

Mesmo que as despesas militares congelassem hoje, as empresas portuguesas teriam possibilidade de desembrulhar um novo mapa de oportunidades de negócio. Entre 2015 e o ano passado, os gastos militares cresceram 37% no mundo, de acordo com o SIPRI , Instituto Internacional de Investigação da Paz de Estocolmo. Em 2024, os países europeus da NATO gastaram 396 mil milhões na defesa , muito mais do que os 130 mil milhões investidos pela Rússia, país que no ano passado gastava 7,1% da sua riqueza nacional na guerra, o mesmo valor que Portugal despendia no auge da Guerra Colonial. Se a média europeia dos gastos na defesa se aproximar dos 3,5% do PIB, esse valor ficará seguramente acima dos 500 mil milhões de euros no conjunto europeu. A Europa consolidará a sua segunda posição como investidor em armas e soldados , a China investiu no ano passado 274 mil milhões de euros.

Com tanto dinheiro no ar, as empresas, os centros de investigação, os militares, os políticos e, claro está, os especuladores esfregam as mãos. Portugal está longe de aparecer nesta corrida numa posição favorável. Mas se não tem Braço de Prata, tem a Tekever; se não dispõe do saber sobre munições, tem competências em sistemas de engenharia; se não fabrica um tanque, pode ajudar com soluções de materiais compósitos nas blindagens; se não sabe fazer um caça, tem centros e empresas que podem desenvolver componentes essenciais, como as OGMA ou o CEiiA. O que falta então? Vale a pena repetir a opinião do almirante Silva Ribeiro: uma estratégia que agregue os potenciais interessados.

O PÚBLICO quis saber se havia alguma ideia sobre essa estratégia, mas nem o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas nem o ministro da Defesa estiveram disponíveis para o esclarecer. Portugal matou a sua indústria da defesa e agora corre contra o tempo para a ressuscitar P4 a 9

Armamento Em cima, as chaimites do Exército português, drones da empresa português Tekever e António Silva Ribeiro, ex-chefe de Estado-maior da Marinha. Na página anterior, o fabrico de invólucros de munições na Fábrica de Braço de Prata nos anos 60/70

Sabe, as grandes empresas, se realmente quisessem, podiam simplesmente esmagar-nos, para ser honesto Martin Bennett, director executivo da EID

Quando falamos de engenharia, falamos de muitas coisas diferentes e que servem de componentes dos produtos finais. Ou seja, nós não produzimos um blindado, mas temos uma boa indústria que produz partes desse blindado Ricardo Pinheiro Alves, presidente da IdD

HUGO DELGADO/NFACTOS

NUNO FERREIRA SANTOS
Manuel Carvalho

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Re: Empresas de Defesa Portuguesas
« Responder #212 em: Outubro 07, 2025, 03:36:35 am »
слава Україна!
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