Russia invade Geórgia

  • 608 Respostas
  • 156312 Visualizações
*

FoxTroop

  • Investigador
  • *****
  • 1859
  • Recebeu: 680 vez(es)
  • Enviou: 393 vez(es)
  • +374/-8786
(sem assunto)
« Responder #285 em: Agosto 19, 2008, 11:11:23 pm »
Uma das razões por a qual fico a rir é ouvir as louvaveis defesas ao santo USA. É cansativo mas vou tornar a repetir. Não concordo nem apoio a Russia. Os USA não são culpados de tudo e os outros uns santos, nem vice-versa. O que sei é que quem está atrás do PC  a defender que os russos são uns assassinos (não discordo) e que as matanças feitas pelo USA foram em nome de um futuro melhor, para tirar ditadores e coisas do genero é tudo treta. São, pura e simplemente, interesses nacionais e só faz o que os USA fazem e os russos estam a fazer quem o pode fazer. Perguntem ás vitimas da guerra no Iraque, na Bósnia, no Kosovo, na Tchecénia, na Georgia quem é bom ou mau.

Se querem tanto defender as "democracias" e combater as "ditaduras" é simples, existem montes de empresas de "segurança" a precisar de homens. Alistem-se, vão lá, estejam por lá uns aninhos a ver como as coisas são na realidade e depois então venham falar de ditaduras, democracias, direitos e justiças.

Over and out
 

*

legionario

  • Investigador
  • *****
  • 1747
  • Recebeu: 423 vez(es)
  • Enviou: 435 vez(es)
  • +430/-7715
(sem assunto)
« Responder #286 em: Agosto 19, 2008, 11:14:51 pm »
tout à fait d'accord ! nada como as experiencias pessoais para aprender ;)
"De joelhos diante de Deus, de pé diante dos homens"
António Ferreira Gomes, bispo
 

*

JLRC

  • Investigador
  • *****
  • 2505
  • Recebeu: 1 vez(es)
  • +4/-85
(sem assunto)
« Responder #287 em: Agosto 19, 2008, 11:31:07 pm »
Citação de: "papatango"
 
Bastava olhar para a cara do vice-ministro russo da propaganda e braço direito de Putin:

A Rússia está cheia de nazistas dentro de casa e acusam os outros de forma obscena e pornográfica.


 :nice:  :nice:  :nice:

Este é o argumento contra os russos mais hilariante, absurdo e idiota que eu já li. Depois disto vou deixar de ler os seus comentários pois tenho mais que fazer que perder tempo com parvoíces.
 

*

papatango

  • Investigador
  • *****
  • 8085
  • Recebeu: 1327 vez(es)
  • +6543/-1406
(sem assunto)
« Responder #288 em: Agosto 20, 2008, 12:06:55 am »
Citação de: "FoxTroop"
lololol.... Só mesmo para rir.....  Imprensa livre no ocidente?!!!!! lololol.... Tão livre tão livre que até entra em Guantanamo. E a  liberdade e justiça então são um must com aqueles julgamentos de suspeitos de terrorismo.(...) Todos são coincidentes sim, sem duvida, ao confirmar que a Georgia tentou ocupar pela força a Ossetia do Sul e que apanharam com um contra-ataque russo em cima. (...) Outra coisa, já estive integrado em unidades americanas e a liberdade de imprensa lá é tão grande que apenas se pode ver um canal de TV (curiosamente o canal das forças armadas)

Desculpe, mas você está a falar do quê exactamente ?

Estamos a falar não do acesso dos militares às notícias, mas sim dos cidadãos às notícias.

E o que é que Guantanamo tem a ver com a Georgia ?
Isso não tem a ver com liberdade de imprensa. Isso tem a ver com o Sistema Judicial. Você está a falar de coisas que não estão relacionadas.

Quando eu falo da liberdade da imprensa, estou a falar da diferença do que as pessoas em Moscovo vêm na televisão e o que nós podemos ver na televisão.

= = = =
Citação de: "JLRC"
Este é o argumento contra os russos mais hilariante, absurdo e idiota que eu já li. Depois disto vou deixar de ler os seus comentários pois tenho mais que fazer que perder tempo com parvoíces.

Meu caro que você leia ou deixe de ler o que eu escrevo a mim tanto se me dá como se me deu.
Eu apenas referi que a TV russa tem feito exactamente o que você viu no post que eu coloquei, só que eu modifiquei as coisas.

A ideia é absurda, mas é o que a TV russa está a passar para os espectadores.
É por isso que a imprensa russa não é credível.
Não deixa de ser engraçado que você critique o post, mas se tenha esquecido (aliás como sempre) do contexto.


A Russia não é uma democracia. E uma Democracia não é em nenhuma circunstância comparável a uma ditadura.
Um regime como o russo, onde a censura mais cruel é a prática entã a credibilidade do que dizem os russos é ainda menor

Os russos não têm credibilidade porque a mataram a tiros de pistola, como foi o caso do assassínio da jornalista Ana Poliktovskaya, alegadamente segundo ordem directa de Vladimir Putin, o homem que ela criticava nos seus artigos e o homem que ela desmascarava.

Um estado em que se assassinam os jornalistas que criticam o poder, não pode ser tido como legítimo ou credivel.

A Russia mente, os russos mentem e não ter isto em consideração é pactuar com as mentiras deles.
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
Contra a Estupidez, não temos defesa
https://shorturl.at/bdusk
 

*

migbar2

  • Perito
  • **
  • 334
  • Enviou: 1 vez(es)
  • +0/-0
(sem assunto)
« Responder #289 em: Agosto 20, 2008, 12:20:17 am »
Os E.U.A. são um país egoista e fechado sobre sí mesmo. Rege-se sempre sobre lobbies e muitos deles são de proveniencia duvidosa. Mas por outro lado tem muito debate, tem muita imprensa, tem muito grupo, movimento, seita etc com ideias e ideais completamente diversos. Ou seja , nos E.U.A. o debate é absolutamente  mais aberto que na Russia desde sempre e nem no tempo da caça ás bruxas, na qual quem fosse acusado de comuna nos E.U.A. estava tramado , a Russia ( no tempo URSS ) se abeirou das liberdades Americanas.
Apesar de todos os defeitos e abusos da politica nacional e internacional Norte-Americana, querer comparar as gentes Americanas com o despotismo Russo e frieza absoluta, histórica e indiscutivel sobre a morte em massa quer civil quer militar ( dos próprios até !! ) é no minimo abusivo para não dizer faccioso, ou seja, absolutamente e cegamente radical.
 

*

oultimoespiao

  • Perito
  • **
  • 468
  • Recebeu: 1 vez(es)
  • +8/-0
(sem assunto)
« Responder #290 em: Agosto 20, 2008, 12:39:02 am »
Citação de: "FoxTroop"
lololol.... Só mesmo para rir.....  Imprensa livre no ocidente?!!!!! lololol.... Tão livre tão livre que até entra em Guantanamo. E a  liberdade e justiça então são um must com aqueles julgamentos de suspeitos de terrorismo. E não é uma opinião, são factos, vá verificar por si. Eu gosto de ouvir os dois lados sempre para tirar as minhas conclusões. Tinha razão o Lincoln, pena que os USA não sejam bons a história e não se tenham lembrado disso antes de invadirem.

 Todos são coincidentes sim, sem duvida, ao confirmar que a Georgia tentou ocupar pela força a Ossetia do Sul e que apanharam com um contra-ataque russo em cima. Se tem duvidas veja o que foi afirmado ainda hoje na reunião da NATO "que a resposta russa foi exagerada e que tanto russos como georgianos devem retirar para as antigas posições" RESPOSTA a quê?!!!! Ambos devem RETIRAR de onde?!!!!

Outra coisa, já estive integrado em unidades americanas e a liberdade de imprensa lá é tão grande que apenas se pode ver um canal de TV (curiosamente o canal das forças armadas), uma estação de radio (mais uma vez curiosamente a das forças armadas) e o unico jornal permitido é o Stars and Strips (ohh.... que coincidencia, é editado pelas forças armadas!!!!) e o conteudo, ou é desporto ou então, noticias cuidadosamente seleccionadas.


Voce concerteza esta farto de democracia
 

*

Kawa

  • 238
  • +0/-0
(sem assunto)
« Responder #291 em: Agosto 20, 2008, 01:49:35 am »
Citação de: "papatango"
A ideia básica da América é simples:
Duas democracias dificilmente vão entrar em guerra. Destruir as ditaduras é meios caminho para atingir um mundo em que se possa viver em Paz.

Será por eso que en 1973 se cargan el gobierno del presidente Allende en Chile, gobierno democrático, que imponen en Cuba a Fulgencio Batista, en Nicaragua a Somoza, en República Domínicana a Trujillo, en México a Huerta despues de deshacerse del Madero, en Panamá a Noriega, en Irán al Sha, en Grecia el regimen de los coroneles, etc.

Aqui el precedente no fué Irak, el precedente fué Kosovo, aqui está el texto INTEGRO de la resolución de la ONU que permitió la creación de una autogobierno en Kosovo

http://www.unmikonline.org/press/reports/N9917289.pdf

En él se puede ver que en TODO momento se hace referencia a la integridad territorial de Serbia, algo que luego NO se cumplió, al amputar a Serbia de Kosovo, cuando eso sucedió ya se avisó que otros países podían pasar por lo mismo, y eso es lo que le ha sucedido a Georgia, no olvidemos que los rusos no intervinieron hasta que los georgianos con sus ataques mataron a 10 soldados rusos desplegados en Osetia como fuerzas de paz tras un acuerdo entre Rusia, Georgía y los sudosetios.

Georgia decidió azuzar al oso ruso pensando que, al igual que en Kosovo, este se limitaría a quejarse y listo, se equivocó y este la despedazó mientras su aliado EEUU miraba para otro lado.

En cuanto a la "Libertad de prensa" ¿por que no le hablan de eso a los familiares de los periodistas muertos en Irak durante la invasión? los periodistas que estaban con los EEUU en la invasión de Irak lo hacían empotrados en unidades militares y sólo podían grabar lo que estos querían que grabasen.

La situación Papatango dista mucho de ser igual a la de los Sudetes, es igual a la de Kosovo, donde el parlamento kosovar declaró unilaterlmente la independencia, lo mismo hicieron Abjazia y Osetia del Sur, con una "diferencia", desde que Georgia declaró su independencia de la URSS en 1.991 ni Abjazia ni Osetia del Sur aceptaron la decisión y declararon asimismo su independencia de Georgia, con lo que esta NO tuvo control efectivo sobre ese territorio desde su independencia de la URSS.

Cuando hablamos del tema de Kosovo ya dije que era un peligroso precedente, y más de uno se podía indigestar con él, Moldavia se arriesga a perder Transdnistria si intenta alguna tontería contra la mayoría rusa que vive allí, Ucrania igual con sus regiones orientales y con Crimea donde la mayor parte de la población es rusa, incluso Estonia, ya que el 26% de su población es rusa y NO tiene los mismos derechos que los estonios, ya que son discriminados por no hablar estonio, ahora me acuerdo yo de cierto moderador que habla de otros países pero "olvida" convenientemente a los que no le interesan en cuanto a la protección de las lenguas de las minorías :roll:
 

*

oultimoespiao

  • Perito
  • **
  • 468
  • Recebeu: 1 vez(es)
  • +8/-0
(sem assunto)
« Responder #292 em: Agosto 20, 2008, 01:54:48 am »
Citar
ABRUPTO  
 


 
semper idem
Ano V

...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ...
(Sá de Miranda) _________________
correio para jppereira@gmail.com _________________
Página principal

 Arquivo Maio 2003 Junho 2003 Julho 2003 Agosto 2003 Setembro 2003 Outubro 2003 Novembro 2003 Dezembro 2003 Janeiro 2004 Fevereiro 2004 Março 2004 Abril 2004 Maio 2004 Junho 2004 Julho 2004 Agosto 2004 Setembro 2004 Outubro 2004 Novembro 2004 Dezembro 2004 Janeiro 2005 Fevereiro 2005 Março 2005 Abril 2005 Maio 2005 Junho 2005 Julho 2005 Agosto 2005 Setembro 2005 Outubro 2005 Novembro 2005 Dezembro 2005 Janeiro 2006 Fevereiro 2006 Março 2006 Abril 2006 Maio 2006 Junho 2006 Julho 2006 Agosto 2006 Setembro 2006 Outubro 2006 Novembro 2006 Dezembro 2006 Janeiro 2007 Fevereiro 2007 Março 2007 Abril 2007 Maio 2007 Junho 2007 Julho 2007 Agosto 2007 Setembro 2007 Outubro 2007 Novembro 2007 Dezembro 2007 Janeiro 2008 Fevereiro 2008 Março 2008 Abril 2008 Maio 2008 Junho 2008 Julho 2008 Agosto 2008



 


 
17.8.08
 
11:10 (JPP)


A EMERGÊNCIA DE NOVAS POTÊNCIAS

 


No meio da transumância anual de Portugal e dos portugueses, a que chamamos férias, o mundo está a mudar muito rapidamente e muito perigosamente. A China e a Rússia estão todos os dias a ocupar o espaço deixado livre pelas potências anteriores, o eixo euro-atlântico, entre os EUA e a União Europeia, com enormes implicações para o futuro do século XXI. É um clássico processo geopolítico, os poderes fracos deixam espaço a novos poderes emergentes, que rapidamente ocupam a cena mundial ditando as suas regras. A União Europeia não conta para nada, nem sequer para a retórica, apenas os EUA e os antigos países do Pacto de Varsóvia esboçam uma tímida resistência, mais simbólica do que efectiva, mas mesmo assim resistência.

Os casos da China e da Rússia não são idênticos. A China emerge como grande potência mundial assente numa combinação única entre capitalismo e um sistema repressivo e autoritário de "consenso" que usa a capa do comunismo, mas pouco tem a ver com ele. O processo chinês é único e demasiado complexo para caber nos modelos conhecidos. É também uma experiência que tem muito do pensamento e história "oriental" que compreendemos pouco por nos ser civilizacionalmente alheia. Como no Japão, os mecanismos do "consenso" forçado, vistos como legitimação da hierarquia, estabilidade e "ordem", têm um apoio social que seria inexplicável na tradição europeia.

Há enormes virtualidades no processo chinês, exactamente pela sua vitalidade económica, que está a tirar milhões de pessoas da pobreza e está a produzir liberdade e democracia a partir dos mecanismos sociais do capitalismo, mas é só uma questão de prazo até que se gerem imensos riscos de conflitualidade social e política. Na China, porém, não há no poder a combinação de autocracia (com traços de poder pessoal) e cleptocracia como há na Rússia. O processo capitalista na China é uma opção estratégica e não uma adaptação ao fim da economia planificada do comunismo. As regras definidas pelo poder comunista são tidas como seguras pelos investidores estrangeiros, que geram na China uma economia e um crescimento que não é assente apenas na exploração das riquezas naturais. A muito dura luta contra a corrupção feita pelo PC Chinês funciona como legitimação do poder e para além de certos limites o poder político não interfere discricionariamente na economia privada. Uma parte importante da população beneficia positivamente de alterações no consumo e na qualidade de vida.

As coisas não podem continuar como estão e a uma dada altura haverá convulsões entre o dinamismo da sociedade e o carácter autocrático do poder político, mas para já o efeito de poder mundial chinês não se faz por uma política agressiva para além do estrito leque de questões de unidade e soberania nacional que sempre se colocaram em relação, por exemplo, a Taiwan. E, mesmo aí, os chineses mostram uma capacidade de negociação e de compromisso sem paralelo. Os chineses estão a mudar os quadros do mundo como potência emergente, essencialmente pelo seu poder político-económico e não por uma política agressiva político-militar.



Simon Roberts, Motherland, Londres, Chris Boot, 2007.


A Rússia é muito diferente. Nenhum investidor estrangeiro sério, que não viva de economias predadoras como as que se criam à volta do petróleo, do gás natural e dos recursos mineiros, investe na Rússia. Eles sabem que as regras são ambíguas, a legislação presta-se para tudo, o Estado, a burocracia, central e regional, faz literalmente o que quer, pode mandar prender um novo-rico porque ele se tornou incómodo para o poder político e deixar outro à solta a ganhar biliões, exactamente nas mesmas circunstâncias de fuga aos impostos ou irregularidades financeiras. A discricionariedade política e judicial é total, os controlos dos aparelhos militares, policiais e da justiça são políticos e tudo mergulha num ambiente de corrupção generalizada. Apesar dos enormes ganhos recentes com os combustíveis, a população russa pouco beneficiou da hiper-riqueza dos novos-ricos russos aliados ao poder e das máfias, por sua vez também aliadas ao poder. A Rússia está longe de ter conhecido a verdadeira revolução produtiva da China, e cidades, vilas, regiões inteiras permanecem num limbo de pobreza e mediocridade agravando a deterioração de tudo: casas, linhas férreas, fábricas, serviços públicos, estradas, aeroportos, etc. Saia-se de Moscovo, do centro de Moscovo ou de São Petersburgo, e é como se o cinzento do comunismo continuasse a dominar populações resignadas, com líderes violentos e corruptos.

Na Rússia como na China, não há verdadeira democracia nem liberdades. O poder político existente, quer seja o nacional, o regional ou o de uma cidade, continua a controlar os órgãos de comunicação, a ameaçar os que divergem, nalguns casos a perseguir, ferir ou matar os que denunciam o que se passa. O sistema político é, como quase tudo na sociedade, uma sobrevivência híbrida do comunismo, fragmentado, dominado por partidos e personalidades pouco recomendáveis, puxado para os extremos do comunismo ortodoxo e do fascismo xenófobo e revanchista. Com votos.

O poder político central permanece autocrático e capaz de tudo para se defender. Ieltsin e a família dividiram os espólios de matérias-primas por meia dúzia de amigos e fiéis, Putin chegou ao poder na base de uma história nunca esclarecida de explosões terroristas "tchetchenas", que envolvia os serviços secretos que ele dirigia, e que lhe serviu de pretexto para uma operação militar que, se o Tribunal Penal Internacional fosse o que diz ser, implicaria levá-lo ao banco dos réus de Haia como criminoso de guerra. Putin restaurou o nacionalismo russo a partir da manipulação da genuína sensação de humilhação que muitos russos partilhavam ao ver o seu país perder todo o poder que tinha com a queda do comunismo, e tornou-o na base de uma política externa pouco diferente da soviética, cada vez com mais crescente agressividade, dentro e fora das fronteiras.

The War in the Caucasus: An Initial Assessment, The American Enterprise Institute, August 13, 2008

O que se passa na Geórgia deveria fazer soar o mais clamoroso sinal de alarme, não só pelo que significa de per si, como pelo facto de deitar uma luz retrospectiva sobre os erros sucessivos cometidos pelos EUA e pela UE nos Balcãs. O que os russos estão a dizer é: "Vocês humilharam-nos nos Balcãs, nós mandamos no Cáucaso." Mas dizem mais: "Em toda a área das antigas repúblicas da URSS que se tornaram independentes, assim como do Pacto de Varsóvia, nós temos um droit de regard maximalista e reclamamos o direito de 'protecção' das populações russas (quase sempre emigradas para aquelas regiões na sequência de políticas soviéticas de 'russificação' das zonas onde havia mais forte nacionalismo anti-russo, como aconteceu nos países bálticos) que implica a intervenção militar em países soberanos." O resultado é que vários países nas fronteiras da Rússia têm uma soberania limitada, a Ucrânia, a Moldova, a Geórgia, mesmo os países bálticos têm que aceitar enclaves protegidos por tropas russas, constituindo "países" que ninguém reconhece (na Moldova e na Geórgia por exemplo), ou aceitar direitos de passagem, estacionamento e bases militares que limitam a soberania (como acontece na Ucrânia e nos bálticos). Mais ainda: não tenham veleidades de ser soberanos ao ponto de quererem entrar em alianças como a OTAN, porque isso é inaceitável pela Rússia.



Quando os presidentes e dirigentes da Polónia, Lituânia e Ucrânia vão a Tiblissi apoiar os georgianos, eles sabem muito bem a parte do mundo em que vivem, o carácter do seu vizinho e antigo dominador, e o que está em causa. Os EUA muito fragilizados ainda tentaram ir além da retórica, mas não foram e sofreram uma derrota para os seus objectivos estratégicos. A UE é penoso de se ver, não conta para nada, os seus esforços diplomáticos, visto que não tem outra capacidade, ainda foram empurrados pela parte mais preocupada dos antigos países de Leste, mas são incapazes sequer de garantir aos georgianos a sua soberania sobre a Abkázia e a Ossétia, mesmo que virtual. O precedente do Kosovo também ajuda a Rússia, que pode, tão unilateralmente como fizeram os EUA e vários países da UE, reclamar independências à margem das Nações Unidas para as suas zonas de ocupação na Geórgia.

Balcãs e Cáucaso, como sempre, vão continuar a ser o sítio onde se medem as forças. E uma nova Rússia autocrática e agressiva mostrou o seu poder, a UE e os EUA mostraram o seu declínio. Bem-vindos ao século XXI.

(Publicado no Público em 16 de Agosto de 2008.)



--------------------------------------------------------------------------------


© José Pacheco Pereira
 
 

*

oultimoespiao

  • Perito
  • **
  • 468
  • Recebeu: 1 vez(es)
  • +8/-0
(sem assunto)
« Responder #293 em: Agosto 20, 2008, 01:59:54 am »
Vejao esta analize do P. P.
E uma sintese muito bem feita e talvez ajude a desfazer aqueles mais cepticos
 

*

Kawa

  • 238
  • +0/-0
(sem assunto)
« Responder #294 em: Agosto 20, 2008, 02:10:00 am »
Citação de: "oultimoespiao"
Vejao esta analize do P. P.
E uma sintese muito bem feita e talvez ajude a desfazer aqueles mais cepticos


Un analisis muy interesante, pero también bastante sectario ¿por que no pueden tener el mismo derecho que los kosovares, las minorías rusas o pro-rusas (los osetios no son rusos) de Ucrania, Georgia, Moldavia, Estonia o Letonia? ¿Por que no se hace lo mismo que con los kosovares con los Kurdos de Turquía que llevan siendo exterminados por los turcos desde 1918?

Habla de "inmigración" y políticas de "rusificación" ¿no fué así que los judios llegaron a lo que ahora es Israel? ¿no fué así como los kosovares llegaron a Kosovo desde Albania? Ya volvemos a las 2 varas de medir por lo que se ve :roll:
 

*

P44

  • Investigador
  • *****
  • 20935
  • Recebeu: 7069 vez(es)
  • Enviou: 8086 vez(es)
  • +8129/-13088
(sem assunto)
« Responder #295 em: Agosto 20, 2008, 09:11:28 am »
Citar
Georgia: Let's not start World War III
By Mike Jackson
Last Updated: 12:01am BST 17/08/2008

When the Cold War ended, there was a great sense of euphoria in the West and in the non-Russian republics of the Soviet Union. The nuclear sword of Damocles had been lifted, democracy had prevailed, peace dividends could be taken.

The non-Russian republics of the erstwhile union seized the opportunity to obtain their independence from Russia: the political map of eastern Europe, the Baltic, central Asia and - particularly - the Caucasus changed radically.

The end of the Cold War exposed the futility and pretence of the ideology which had underpinned the Soviet Empire - and also the falsity and pretence of the allegedly unified political construct that was the Soviet Union.

In the West, there was an element of triumphalism, which could only have caused resentment in Russia.

Inevitably, the euphoria in the West was not shared by Russia itself, which then went through a difficult and uncertain transition from Communist authoritarianism to a fledgling democracy and market economy - against a background of a sense of humiliation, loss and having been worsted.

Was the West as generous towards its former opponent as it might have been?

I believe more could have been done to welcome the new Russia into the international fold, to reassure Russia that it still maintained its very important standing as a permanent member of the Security Council and as a major actor on the world stage.

The break-up of the Soviet Union was anything but a simple matter - not least because large numbers of Russian nationals had made their homes and livelihoods in the old constituent republics of the Union.

When their boundaries became the borders of new sovereign states, the Russian nationals overnight found themselves minorities in a foreign country - a situation to which Moscow is extremely sensitive.

These Russian minorities are but one dimension of the Russian perception that what it calls the "Near Abroad" - the countries bordering Russia - are strategically vital to its security.

Moscow does not forget the searing experiences of being invaded over centuries through the Near Abroad. The outcome is grave Russian concern that many of these Near Abroad countries have become, or wish to become, members of Nato and the EU.

Rightly or wrongly, Russia sees this as a zero-sum game: Putin has criticised Western leaders for being still locked into a Cold War mentality, but the reverse also seems to be true - at least in part.

The post-Cold War history of the Balkans and the break-up of Yugoslavia have a lot to do with these perceptions and attitudes.

Nato took military action, over Kosovo for example, against Slobodan Milosevic's Serbian regime without the authority of a UN Security Council resolution, in Russian eyes riding roughshod over Russian concerns for its Slav and Orthodox links with the Serbs.

Nato relied for its justification on the emerging doctrine in international law that the prevention of humanitarian disaster - of ethnic cleansing - being perpetrated by a government on its own people can be more important than sovereignty itself. Whether we like it or not, this is precisely the justification advanced by Moscow for its intervention in Georgia.

The unscripted arrival of a relatively small Russian force at Pristina airport just before KFOR's advance into Kosovo in June 1999 was fundamentally a political act rather than a military one. In my judgment it was not an act designed to threaten KFOR, but rather to provide a political signal to the West that Russia should not be ignored, but be taken fully into account as a major power.

This was the essence of my disagreement with General Wesley Clark, then Nato's supreme allied commander. He seemed to see the drama in Cold War terms, which was not my perspective.

In the event, we were rapidly able to defuse the situation on the ground by treating the Russian contingent as part of KFOR - which was always the original intention.

The politics of it seemed to me to be particularly important when it is remembered that only a few days before it had been Viktor Chernomyrdin, the former prime minister of Russia and Moscow's special envoy to Belgrade, who - together with president of Finland Martti Ahtisaari - made it clear to Milosevic that the game was up.

Georgia is a sovereign democratic state that, like many others, gained its independence in the aftermath of the Soviet Union's collapse.

Strongly supported by the West, it aspires to Nato and EU membership. It also has to contend with two regions - Abkhazia and South Ossetia, both with Russian minorities - that did not, and do not, wish to be part of Georgia.

South Ossetia, in particular, has an independence movement not averse to the use of illegal violence; it is worth bearing in mind that by agreement with Georgia, Russia had deployed so-called peace-keeping forces in south Ossetia long before the current crisis.

Did Russia encourage the South Ossetian rebels to provoke the recent Georgian military action, thereby providing Russia with a casus belli? Did Georgian forces use excessive force in South Ossetia? Did Georgia wrongly calculate that in the face of Western support for Georgia, Russia would not react?

I do not know the answers, but I am clear that the problems arising from minority enclaves in such circumstances are fundamentally political, rather than purely military.

I write not to excuse the Russian actions and behaviour, but rather to explain them. For the West, the challenge is to find the right answer to Lenin's question: "What is to be done?"

Putin is determined to rebuild Russia's stature, and he is being much helped in this by the surge in energy prices. There is also evidence that after a decade and more of decline, the Russian armed forces are starting to rebuild and modernise.

For me, the right course for the West - without compromising its own position and values - is to show a greater understanding of why Russia behaves as it does, to accept more willingly Russia's concerns for its Near Abroad.

While there are actions that we cannot condone, Russian perceptions exist and will take time to change.

This is the challenge for politicians and diplomats: strategic military hostility and confrontation must remain a thing of the past.



Sir Mike Jackson served as Chief of the General Staff


http://www.telegraph.co.uk/opinion/main ... do1701.xml
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

*

P44

  • Investigador
  • *****
  • 20935
  • Recebeu: 7069 vez(es)
  • Enviou: 8086 vez(es)
  • +8129/-13088
(sem assunto)
« Responder #296 em: Agosto 20, 2008, 09:22:44 am »
Democracia e Liberdade de Expressão, "papatango-mode".... :roll:

Citar
GEORGIA: Russian broadcasters blocked

New York, August 19, 2008—The Committee to Protect Journalists today urged the Georgian government to stop blocking Russian broadcasts and Web sites.

According to the Moscow-based radio Ekho Moskvy, Russian Television International (RTVi) broadcasting was cut after it aired Ekho Moskvy’s interview with Russia’s Foreign Minister Sergei Lavrov on the conflict in South Ossetia and the future of the relationship between Russia and Georgia. In the interview, Lavrov supported the Russian incursion into Georgia, and called for Georgian President Mikhail Saakashvili to step down.

RTVi is a New York-based independent Russian-language broadcaster that broadcasts via satellite; their programs in Georgia are transmitted by local cable companies. The station was accessible in the Georgian capital, Tbilisi, and in the cities of Poti, Batumi, and Telavi.

According to the Moscow Times, Georgian authorities have been blocking Russian news channels Rossiya, Channel One, and NTV, as well as Web sites ending in “.ru” since August 9. Zviad Pochkhua, editor-in-chief of the Tbilisi-based English-language newspaper The Financial, told CPJ that Russian news sites are accessible only via proxy servers, and that Russian news channels have been blocked since last week due to “biased reporting and propaganda.”

In a democracy such as Georgia the public has a right to hear a broad range of opinion and news, especially at this critical juncture in its history,” said CPJ Deputy Director Rob Mahoney. “We urge the authorities to allow RTVi to resume transmission and to unblock other Russian-language broadcasts and Web sites.”

RTVi News Service Director Georgy Tsikhiseli told CPJ that on Monday, Cable TV Union of Georgia informed an RTVi representative in London that Georgia will cease to broadcast on September 1 because of Russian aggression against the country. However, RTVi has been blocked in Georgia since Monday. Tsikhiseli said it was shocking news for the company because it believes it supported Georgian authorities and condemned Russia’s decision to begin military actions in Georgia.

“They slapped us in the face, and we did not deserve it,” Tsikhiseli told CPJ. “We reported on the conflict and tried to be as objective as possible—when airing reports from Russia we did not comment on them, but rather referred to Russian actions as aggression. It is an act of censorship, nothing less than that.” Tsikhiseli said the company is calling on Georgian authorities to intervene. CPJ tried to reach Cable TV Union of Georgia for comment, but calls went unanswered.



http://www.cpj.org/news/2008/europe/rus ... g08na.html
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

*

LM

  • Investigador
  • *****
  • 3307
  • Recebeu: 1542 vez(es)
  • Enviou: 4243 vez(es)
  • +2256/-125
(sem assunto)
« Responder #297 em: Agosto 20, 2008, 11:08:02 am »
Comparar os EUA e a Rússia actual é algo que me escapa totalmente...  :roll: talvez uma explicação seja sentimentos políticos mal resolvidos com a queda do comunismo - de facto fiquei admirado com a profundidade dos sentimentos anti-americanos em largas franjas da sociedade...

Dito isto, claro que os EUA não têm amizades, têm interesses - e como na maior parte dos casos os interesses deles são os nossos... ou julgam que o imperialismo e autoritarismo russo é bom para nós!? Que o oleoduto que passa na Geórgia, as suas tentativas de aproximação ao Ocidente (EUA+UE) não têm influencia na reacção russa...?!

Antes os EUA no dia mau (Bush, por exemplo) que a Rússia / China nos dias bons.
Quidquid latine dictum sit, altum videtur
 

*

Rui Conceicao

  • Membro
  • *
  • 78
  • +0/-0
(sem assunto)
« Responder #298 em: Agosto 20, 2008, 12:48:50 pm »
Por favor certos foristas que entrem no sec XXI :twisted:
Hoje dia 12 de Junho de 2006, dois F 18 Espanhois
faziam exercicios sobre territorio Portugues(concelho de Mértola, entre 8am e 9am)
 

*

papatango

  • Investigador
  • *****
  • 8085
  • Recebeu: 1327 vez(es)
  • +6543/-1406
(sem assunto)
« Responder #299 em: Agosto 20, 2008, 01:05:41 pm »
Citação de: "P44"
Democracia e Liberdade de Expressão, "papatango-mode".... Rolling Eyes
Continua a baixar de nível P44.
Por este andar chega ao centro da terra. :twisted:

Pretensos especialistas analisaram a cara do Skashvili (que até meio para o gordito) e mostraram que ele era um nazi aparentado com o Hitler (que era meio cadavérico),  através da demonstração dos traços da cara.

O problema com as pessoas que odeiam as democracias e a liberdade é que na sua cegueira demente nem conseguem entender quando atingem o ridiculo em termos de «informação».

Pessoalmente tenho tido entre as referências com um minimo de credibilidade a Al Jazeera e a Euronews, embora tanto a BBC como o CNN seja aceitáveis, esta última um bocado forçada às vezes, mas quando acusa os russos normalmente apresenta provas e imagens.

Outro problema dos neo-soviéticos é que eles nunca entenderam como funciona a imprensa ocidental.
Lá bem debaixo da sua raiva do seu ódio acumulados após o fim da guerra fria, eles acham que a imprensa ocidental é toda completamente controlada e que há que contradize-la de alguma forma.

Aí eles inventam notícias e criam mentiras.

Este tipo de comportamento generalizado dos russos não é no entanto único. Do lado americano temos um exemplo claro exactamente da mesma coisa com a televisão Fox-News.

A Fox News, como a imprensa russa age com um ideário político. Eles tentam distorcer as notícias e mostrar o angulo mais interessante, muitas vezes arriscando perder completamente a credibilidade.

A Fox News hoje tem uma credibilidade limitada àqueles que querem notícias para justificar os seus pontos de vista políticos.
A imprensa russa, segue a mesma regra, mas  um nivel muito mais generalizado, uma vez que é controlada pelo aparelho do Estado Russo.

E claro, além disso, a Fox News despede jornalistas se eles se tornam demasiado «rebeldes», mas na Rússia os jornalistas são assassinados.

Também a Tele-Sur do Hugo Chavez, segue exactamente o mesmo ideário e o mesmo tipo de método.


Nós temos obrigação de entender estas coisas e tentar tirar as nossas próprias conclusões.

É evidente há muito tempo que o governo da Geórgia agiu da mesma forma que o governo russo.
No entanto, a dimensão do crime contra a liberdade de imprensa é tão gigantesca que até impressiona.
A Georgia não controla grande parte do seu território e a mensagem da suas emissoras chega apenas a Tbilisi e ao leste do país.

Mas não é isso que está em causa. Na Russia a maior parte das criticas são feitas contra a imprensa do ocidente, porque os russos não entendem que no ocidente as pessoas estão mais preparadas para identificar o que é propaganda e o que são os factos.

É por isso que os russos estão irritados. Eles estão a perder completamente a guerra no campo da informação, exactamente porque nunca aceitaram a liberdade de imprensa nopaís deles.

Eles querem ser aceites normalmente no ocidente sem entender que sem darem liberdade à sua própria imprensa, eles estão a condenar toda a imprensa russa ao mesmo gheto da falta de credibilidade.

[1] - Para quem não sabe, era a sede da KGB, onde se torturavam os presos políticos e onde o nosso grande camarada Putin aprendeu a sua artes.
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
Contra a Estupidez, não temos defesa
https://shorturl.at/bdusk