Partidos aplaudem «boa prestação portuguesa»
Da esquerda à direita parlamentar, todos aplaudem as medalhas de Nelson Évora e Vanessa Fernandes e o "bom desempenho" português nos Jogos Olímpicos, mas a oposição reclama mais apoios do Estado e uma verdadeira política desportiva.
"A prestação foi boa para o nível de desenvolvimento do desporto no país. Aliás, até quase que traduz por excesso a realidade desportiva que temos", disse à Lusa o deputado do BE João Semedo, num comentário à prestação portuguesa nos Jogos Olímpicos, que terminaram domingo em Pequim.
Considerando que houve "muita precipitação" na avaliação da prestação dos atletas portugueses, principalmente nas análises feitas antes de Nelson Évora ter conquistado a medalha de ouro no triplo salto, João Semedo recusou "sacrificar" os atletas.
"Se há alguém que tenha de ser sacrificado, então que sejam os governantes e os dirigentes pelos objectivos demagogos que traçaram", sublinhou, criticando o contrato programa celebrado pelo anterior Governo e o Comité Olímpico de Portugal no âmbito do projecto Pequim 2008, que tinha uma cláusula a prever o número de medalhas e pontos a alcançar nos Jogos Olímpicos.
O PCP salientou, por seu lado, "a qualidade da delegação portuguesa" presente nos Jogos Olímpicos e o conjunto dos resultados "muito positivos" dos atletas, com destaque para os 'medalhados' Nelson Évora e Vanessa Fernandes.
Para Octávio Augusto, da comissão política do PCP, os resultados obtidos por Portugal "até ajudaram a obscurecer a gravidade da situação do país em termos de prática desportiva".
"Estes resultados não deveriam servir para esconder políticas e opções erradas que têm sido tomadas pelo Governo no que diz respeito à prática desportiva", alerta o dirigente comunista.
Com vista à preparação dos próximos Jogos Olímpicos, em Londres, em 2012, Octávio Augusto defendeu a necessidade de "um maior investimento mas, sobretudo, de reflexão de todas as entidades envolvidas" no que diz respeito, por exemplo, à política desportiva escolar e aos apoios às colectividades.
"Se queremos uma verdadeira política desportiva temos de começar a trabalhar", corroborou o deputado do CDS-PP Abel Baptista, considerando que "sem isso, Portugal não conseguirá competir a nível mundial".
Quanto à prestação portuguesa, Abel Baptista reconheceu que "não foi muito à altura das expectativas".
Contudo, "apesar de tudo, Portugal conseguiu apresentar um número razoável de participantes e até bater alguns recordes".
Pelo PSD, o vice-presidente do partido Castro Almeida saudou "efusivamente" os dois atletas portugueses medalhados e deixou uma "palavra de reconhecimento" àqueles que deram o seu melhor, independentemente dos resultados alcançados.
"Todos os que deram o seu máximo esforço, merecem uma palavra de reconhecimento", declarou, defendendo a continuidade do apoio do Estado ao desporto escolar e à alta-competição para Portugal conseguir melhorar a sua prestação nos Jogos Olímpicos de 2012 e nos seguintes.
O porta-voz do PS, Vitalino Canas, elogiou igualmente as "boas prestações" dos atletas portugueses, admitindo, contudo, que alguma metas e objectivos não foram cumpridos.
Agora, continuou, as estruturas desportivas e federações devem começar a preparar os próximos Jogos Olímpicos.
Quanto ao papel do Estado, Vitalino Canas alertou para que o financiamento deve "acautelar que se trate de um projecto coerente".
Da parte do Governo, o secretário de Estado da Juventude e do Governo, confessou que a vitória de Nélson Évora no triplo salto foi a "maior alegria" que teve em Jogos Olímpicos.
"Foi a maior alegria que alguma vez tive nos Jogos Olímpicos. Isso prova que é preciso apostar nestes jovens", disse, ainda em Pequim.
Lusa