Touradas , nova ofensiva contra as tradiçoes nacionais

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« Responder #60 em: Maio 26, 2009, 01:37:05 am »
Vou pôr a questão em pratos limpos, segundo o meu ponto de vista.

Argumentos a favor da tourada:
-Um símbolo da cultura Portuguesa, uma tradição já bem antiga;
-Uma festa que atrai milhares de pessoas, uma festa em honra da grande raça que é o Touro Bravo;
-A sustentação da raça, provavelmente sem a tourada a raça estaria reduzida a um número muito pequeno de animais bem como uma área muito pequena de habitat;
-O facto do animal não fugir da luta, não voltar a cara, leva a querer que o animal não sofre assim tanto como alguns lunáticos afirmam;
-O facto das bandarilhas não entrarem muito profundo no lombo do animal;
-O facto do animal não morrer na arena, e em alguns casos, nem chegar a morrer;
-O facto do animal ter uma vida de luxo, sem sofrimento e com tudo o que precisa até à lide, de forma a chegar em perfeitas condições à arena;
-O facto de existirem coisas muito mais graves praticadas aos animais bem como aos humanos e não serem alvo de manifestações;
-Uma indústria que alimenta muitos empregos.

Argumentos contra a tourada:
-O sofrimento visível do animal aos olhos de toda a gente, bem como de crianças e/ou pessoas mais sensíveis;
-Alguns mais lunáticos afirmam que o animal sofre também muito no transporte para a arena;
-Alguns mais extremistas afirmam também que as pessoas que gostam de tourada têm algum tipo de problema mental, visto o espectáculo ser sádico, bárbaro e cobarde, segundo os mesmos;
-O sofrimento do cavalo na arena, não estamos a falar de sofrimento físico, porque esse existe muito pouco, mas sim o sofrimento mental;
-Alguns lunáticos afirmam também que os animais são drogados antes da pega, para que assim seja mais fácil aos forcados pegarem o touro.

Soluções apresentadas:
-Abolição de toda e qualquer prática tauromatica;
-Abolição das lides, tanto a cavalo quanto em pé, apenas ficando as pegas;
-Colocação de uma protecção no lombo do touro, de modo a que as bandarilhas não penetrem no lombo do animal.
 

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komet

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« Responder #61 em: Maio 26, 2009, 02:01:41 am »
Só os defensores da abolição desse disparate é que são "lunáticos" ?  :lol:

Isso de ser tradição portuguesa antiga para mim é irrelevante, e olhe que sou bastante patriota... na perspectiva de um estrangeiro, além de ajudar ao mito que tugas e espanhóis é tudo a mesma treta, é algo que me envergonha em vez de me orgulhar...
"History is always written by who wins the war..."
 

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« Responder #62 em: Maio 26, 2009, 02:09:56 am »
Citação de: "komet"
Só os defensores da abolição desse disparate é que são "lunáticos" ?  :lol:

Isso de ser tradição portuguesa antiga para mim é irrelevante, e olhe que sou bastante patriota... na perspectiva de um estrangeiro, além de ajudar ao mito que tugas e espanhóis é tudo a mesma treta, é algo que me envergonha em vez de me orgulhar...

Não. Mas a maioria dos defensores dos animais são extremistas. Algo que não se passa com a maioria dos adeptos da tourada.

A tourada é uma tradição partilhada não só por Portugal e Espanha, mas também por França e mais alguns países da América Latina. O primeiro registo de um evento tauromático foi na Grécia. O que só revela o quanto esta tradição esteve e está espalhada pelo Mundo.

Isso de pensarem que Portugal é uma província de Espanha só revela um enorme grau de ignorância, e de falta de cultura. Pelo papel fundamental que Portugal teve na História Mundial, qualquer miúdo de 10 anos sabe que Portugal é um país.
 

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komet

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« Responder #63 em: Maio 26, 2009, 02:12:34 am »
Citação de: "antoninho"
Pensem nisto ou seja, vejam como fazer para não caírem na estupidez de acabarem com algo que garante a sobrevivência a esses animais.
Encontrem primeiro uma solução e depois avancem, até lá não inventem....


Então para salvar o lince da extinção temos que mandá-los para a arena também, assim temos desculpa efundos para os manter vivos!

A tourada como pretexto para manter uma espécie viva é um péssimo argumento, se a espécie tem possibilidade de viver em estado selvagem (que em Portugal não é à partida muito viável por várias razões), então tudo bem, não havendo essa possibilidade, a extinção, mesmo que venha a ser inevitável (coisa que poderia nem acontecer, existem criadores de raças de gado por "desporto"), é aos meus olhos, e aos de muita gente, mais aceitável do que viver para ser torturado para belo prazer de meia dúzia de lunáticos, que, permita-me, graças a deus parecem-me ser cada vez menos em proporção.
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« Responder #64 em: Maio 26, 2009, 02:23:08 am »
Citação de: "komet"
Citação de: "antoninho"
Pensem nisto ou seja, vejam como fazer para não caírem na estupidez de acabarem com algo que garante a sobrevivência a esses animais.
Encontrem primeiro uma solução e depois avancem, até lá não inventem....

Então para salvar o lince da extinção temos que mandá-los para a arena também, assim temos desculpa efundos para os manter vivos!

A tourada como pretexto para manter uma espécie viva é um péssimo argumento, se a espécie tem possibilidade de viver em estado selvagem (que em Portugal não é à partida muito viável por várias razões), então tudo bem, não havendo essa possibilidade, a extinção, mesmo que venha a ser inevitável (coisa que poderia nem acontecer, existem criadores de raças de gado por "desporto"), é aos meus olhos, e aos de muita gente, mais aceitável do que viver para ser torturado para belo prazer de meia dúzia de lunáticos, que, permita-me, graças a deus parecem-me ser cada vez menos em proporção.

Então, segundo a sua teoria:
Deveriamos deixar extinguir os Tubarões, visto serem alvo de injustiças, como por exemplo a pesca da famosa barbatana para a sopa dos chineses. Deveriamos deixar extinguir os primatas, que em África são chacinados e raptados para servirem de animais de estimação. Deveriamos deixar extinguir as focas que são alvo de crueldade naquele desporto maluco canadiano.

É esta a sua teoria? Deveriamos mesmo deixar as raças se extinguirem só porque sofrem? Diga-me um, só um, ser do reino animal que não tenha sofrido. E não valem recém-nascidos.
 

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komet

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« Responder #65 em: Maio 26, 2009, 03:01:37 am »
Todos esses animais têm um habitat para viverem, e todas as atrocidades que aponta são cometidas por seres humanos, o touro eventualmente não teria lugar na natureza após o fim das touradas, mas todos os outros que referiu têm...
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Gina

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« Responder #66 em: Maio 26, 2009, 11:39:05 am »
Tenho tentado ficar à parte desde tópico, porque é daqueles assuntos que dá que falar e que por mais que uma parte exponha as suas ideias, a outra parte nunca vai mudar a sua opinião! E depois dá-se a opinião uma vez e caiem três ou quatro a tentarem fazer-nos uma lavagem cerebral disfarçado de post!!!  :?  Pois... e o touro é gordo e feio!!!!  :roll: Não sou apegada a nenhum touro, não tenho nenhum como animal de estimação e apesar de haver gente parecida, não tenho nenhum familiar ou namorado que seja um touro... mas vi a dor a dilacerar aquele corpo e imagino que o touro e outro qualquer ser vivo munido de coração, carne e nervos sinta não muita, mas uma enorme e terrível dor... aposto que o pobre coitado para o fim quase que deseja a sua própria morte... Ah não! Esperem! Isso é uma coisa que só o people da Eutanásia é que tem direito!!! Poupem-me  c34x  e não me venham com a história que isto é Espanha e não Portugal... porque pela vontade de muitos isto também aconteceria cá:

(atenção que o vídeo é chocante... pelo menos eu ia-me vomitando toda quando o recebi... quem conseguir ver este vídeo sem se sentir enojado.. epá, parabéns é um cubo de gelo, aliás, um iceberg!!! Daqueles que afundou o Titanic!)

http://www.youtube.com/watch?v=WlkvSFhyEeM

Bjito*  :wink:

As minhas desculpas pelo extenso post...
Sorri :) Para que a vida te sorria de volta!
 

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FoxTroop

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« Responder #67 em: Maio 26, 2009, 11:48:59 am »
Apesar de não ser um apreciador de touradas, o extremismo dos defensores dos animais faz-me cocegas no fígado. Um animal que é criado em condições de excelência, para ser lidado e que muitas vezes não é morto é a preocupação de tão sensíveis mentes mas, o bife que "mamam" ao almoço que veio de um animal criado em más condições, essas sim muitas vezes indescritíveis, que sofre e bem durante o seu transporte para o matadouro (basta ver como vão empilhados nas viaturas), para ser morto numa manga à base de choque eléctrico, isso não os sensibiliza. Muito pelo contrário, até lhes causa agrado tão belo naco. Se gostam assim tanto dos animais passem a comer ervinha e deixem os peixinhos, as vaquinhas, os porquinhos, etc, etc, em paz e então já lhes reconheço a moral para criticar as touradas.

PS: Vi o vídeo, não me senti minimamente indisposto e não me parece que isso faça de mim um insensível ou um iceberg. Convido os excelsos defensores dos animais a visitarem um matadouro. Acreditem que se isto os impressiona então.......   :twisted:
 

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« Responder #68 em: Maio 26, 2009, 01:32:44 pm »
Citação de: "FoxTroop"
Apesar de não ser um apreciador de touradas, o extremismo dos defensores dos animais faz-me cocegas no fígado. Um animal que é criado em condições de excelência, para ser lidado e que muitas vezes não é morto é a preocupação de tão sensíveis mentes mas, o bife que "mamam" ao almoço que veio de um animal criado em más condições, essas sim muitas vezes indescritíveis, que sofre e bem durante o seu transporte para o matadouro (basta ver como vão empilhados nas viaturas), para ser morto numa manga à base de choque eléctrico, isso não os sensibiliza. Muito pelo contrário, até lhes causa agrado tão belo naco. Se gostam assim tanto dos animais passem a comer ervinha e deixem os peixinhos, as vaquinhas, os porquinhos, etc, etc, em paz e então já lhes reconheço a moral para criticar as touradas.

PS: Vi o vídeo, não me senti minimamente indisposto e não me parece que isso faça de mim um insensível ou um iceberg. Convido os excelsos defensores dos animais a visitarem um matadouro. Acreditem que se isto os impressiona então.......   :Palmas:

Você é vegetariano?
Eu não sou, mas critico veentemente a forma como os animais com destino aos talhos são tratados. No entanto não tenho outra alternativa. Infelizmente não tenho uma quinta para poder criar gado.
 

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« Responder #69 em: Maio 26, 2009, 01:41:47 pm »
Citação de: "Gina"
Tenho tentado ficar à parte desde tópico, porque é daqueles assuntos que dá que falar e que por mais que uma parte exponha as suas ideias, a outra parte nunca vai mudar a sua opinião! E depois dá-se a opinião uma vez e caiem três ou quatro a tentarem fazer-nos uma lavagem cerebral disfarçado de post!!!  :?  Pois... e o touro é gordo e feio!!!!  :roll: Não sou apegada a nenhum touro, não tenho nenhum como animal de estimação e apesar de haver gente parecida, não tenho nenhum familiar ou namorado que seja um touro... mas vi a dor a dilacerar aquele corpo e imagino que o touro e outro qualquer ser vivo munido de coração, carne e nervos sinta não muita, mas uma enorme e terrível dor... aposto que o pobre coitado para o fim quase que deseja a sua própria morte... Ah não! Esperem! Isso é uma coisa que só o people da Eutanásia é que tem direito!!! Poupem-me  c34x  e não me venham com a história que isto é Espanha e não Portugal... porque pela vontade de muitos isto também aconteceria cá:

(atenção que o vídeo é chocante... pelo menos eu ia-me vomitando toda quando o recebi... quem conseguir ver este vídeo sem se sentir enojado.. epá, parabéns é um cubo de gelo, aliás, um iceberg!!! Daqueles que afundou o Titanic!)

http://www.youtube.com/watch?v=WlkvSFhyEeM

Bjito*  :wink:

As minhas desculpas pelo extenso post...

Cara Gina, cabe a nós, como único ser desenvolvido do reino animal, decidir as coisas e tomar decisões. Nós humanos é que temos o dever de tomar decisões sobre os animais, temos o dever de proteger reservas naturais, temos o dever de proteger espécies ameaçadas, temos o dever de não deixar o Mundo um lugar deserto e árido.

Vamos agora falar de outro assunto que eu acho semelhante à tourada.
Os parques naturais em África, muitos deles têm programas de eco-turismo para arranjar dinheiro para continuar a proteger aquele habitat e aquelas espécies. O eco-turismo perturba os animais e interfere na sua vida. No entanto eles consideram o eco-turismo uma parte importante nas receitas do parque.

Os Jardins Zoologicos, que mantêm os animais fechados em jaulas pequenas, isso prejudica o animal. No entanto são papel fundamental na perservação de algumas espécies, como por exemplo o Panda Gigante.

O Touro não é um animal gordo e feio, é um animal nobre e corajoso.

Tive a ver o vídeo, só os primeiros segundos bastaram, uma palavra para o vídeo: Espanha.
E depois é o que o FoxTroop...
 

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FoxTroop

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« Responder #70 em: Maio 26, 2009, 01:52:24 pm »
Citação de: "Captain Lunatic"
Citação de: "FoxTroop"
Apesar de não ser um apreciador de touradas, o extremismo dos defensores dos animais faz-me cocegas no fígado. Um animal que é criado em condições de excelência, para ser lidado e que muitas vezes não é morto é a preocupação de tão sensíveis mentes mas, o bife que "mamam" ao almoço que veio de um animal criado em más condições, essas sim muitas vezes indescritíveis, que sofre e bem durante o seu transporte para o matadouro (basta ver como vão empilhados nas viaturas), para ser morto numa manga à base de choque eléctrico, isso não os sensibiliza. Muito pelo contrário, até lhes causa agrado tão belo naco. Se gostam assim tanto dos animais passem a comer ervinha e deixem os peixinhos, as vaquinhas, os porquinhos, etc, etc, em paz e então já lhes reconheço a moral para criticar as touradas.

PS: Vi o vídeo, não me senti minimamente indisposto e não me parece que isso faça de mim um insensível ou um iceberg. Convido os excelsos defensores dos animais a visitarem um matadouro. Acreditem que se isto os impressiona então.......   :Palmas:

Você é vegetariano?
Eu não sou, mas critico veentemente a forma como os animais com destino aos talhos são tratados. No entanto não tenho outra alternativa. Infelizmente não tenho uma quinta para poder criar gado.


Não, não sou vegetariano. Pelo contrario, gosto muito da bela da picanha, do lombinho com cogumelos, do belo do robalo, do nosso bacalhau, etc, e sempre que em casa dos meus sogros havia a "faxina" do porco, participava activamente. Aliás, sempre que vejo um vegetariano tenho logo uma vontade enorme de o comer  :lol:  :lol:
 

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« Responder #71 em: Maio 26, 2009, 03:15:53 pm »
A tourada é arte e emoção.

É um ritual milenar pagão que subsistiu ao longo dos tempos e está fortemente enraizado na cultura de alguns países.

A tourada também é uma indústria há muita gente que vive da criação de toiros, de cavalos, e do espectáculo artístico em si mesmo.

A tourada é algo de primitivo, sangrento, violento, impressionante, nobre e apaixonante.

O touro sofre e é enfraquecido quando se colocam os ferros, os cavalos sofrem com as esporas e se sofrerem uma colhida tal como o homem sofre e alguns até já faleceram na arena e o público também sofre.

A tourada de facto contrasta com o mundo moderno hipocondríaco e efeminado onde se desmaia quando se vê sangue e hipócritamente se critica o sofrimento dos touros na arena mas não se critica o tratamento desumano e sofrimento da restante vida animal cujo destino é morrer no matadouro.

 Talvez seja por pura ignorância, falta de contacto com o mundo rural ou talvez porque não dá na televisão, ou porque nunca tiveram que matar um animal para comer, mas de certo algumas dessas pessoas não pararam de comer bifes embora não tenham visto o que é que aconteceu antes dos bifes chegarem ao talho.

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komet

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« Responder #72 em: Maio 27, 2009, 02:00:38 am »
Não entendo a comparação com o matadouro... Uns servem para alimentação os outros é para puro divertimento!
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Gina

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« Responder #73 em: Maio 27, 2009, 12:16:12 pm »
Para não me prolongar muito:

Citação de: "komet"
Não entendo a comparação com o matadouro... Uns servem para alimentação os outros é para puro divertimento!


 :G-Ok: Nem mais!
Sorri :) Para que a vida te sorria de volta!
 

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antoninho

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« Responder #74 em: Maio 27, 2009, 04:30:14 pm »
Já agora acerca dos talhos........



O que o consumo da carne tem a ver com as linhas de montagem de produção em massa?

Linhas de montagem é uma ideia que Henry Ford teve. As linhas de montagem permitiram a produção em massa de automóveis. Essas linhas de montagem logo foram copiadas para outras indústrias, tanto de bens como de serviços. A difusão desse conceito, por sua vez, permitiu a existência da sociedade de consumo em massa como a conhecemos hoje.

O que pouco se comenta é o fato de Henry Ford teve a ideia da linha de montagem ao visitar uma espécie de linha de “desmontagem”. Explicando melhor: segundo consta em sua autobiografia “My Life and Work” (1922), Henry Ford teve essa ideia ao visitar um matadouro em Chicago.

As linhas de desmontagem dos matadouros e frigoríficos foram inventadas por Gustavus Swift e Philip Armour, de acordo com um livro da Universidade de Illinois, “Work and Community in the Jungle: Chicago’s Packinghouse Workers 1894-1922″. Esses dois sim foram os verdadeiros pioneiros da produção em massa.

Nesses frigoríficos, os animais eram suspensos de cabeça para baixo por uma corrente que corria presa à uma calha, passando de um funcionário para o outro. Cada um executando uma tarefa específica no desmembramento da carcaça (atordoamento, corte da cabeça, sangramento, escaldamento, retirada do couro, corte dos membros, remoção das vísceras, lavagem, serragem, etc).

Aos olhos de Ford, esse procedimento era tão eficiente que ele reverteu o processo de desmontagem no sentido de que em vez de fragmentar um animal, ele criaria um produto com a linha de produção: uma carcaça de automóvel passaria de funcionário a funcionário, sendo uma ou mais peças integradas em cada etapa, até atingir o produto final.

O que talvez ele não tivesse ideia ou não deu muita importância, é que, ao mesmo tempo, nesse processo ele estaria desmontando o ser humano também.

Uma das coisas básicas que deve acontecer em um frigorífico (linha de desmontagem) é que o animal deve ser tratado como um objecto inerte e inconsciente, cujo valor ético e cujas necessidades são ignoradas. Da mesma forma, o empregado da linha de montagem é tratado como um objecto inconsciente, cujas necessidades emocionais e criativas são ignoradas.

A introdução da linha de montagem teve um efeito rápido e perturbador nas pessoas. A padronização do trabalho e a separação do produto final se tornou fundamental na experiência dos empregados. O resultado foi um aumento na alienação dos trabalhadores em relação ao produto que eles construíam. Essa espécie de automação isolou as pessoas do senso de realização através da fragmentação de suas tarefas.

Para as pessoas que trabalham em frigoríficos, essa aniquilação do ser é dupla: não apenas elas têm que se conformar em executar a mesma operação tediosamente horas e horas, como também terão que ver o animal como “carne”, coisa que a sociedade já faz, mas com a diferença que esses funcionários estão lá, vendo o animal vivo e por inteiro, pelo menos nos estágios iniciais do processo.

Esses funcionários têm toda a probabilidade de se alienarem de seus próprios corpos, à medida que precisam isolar a imagem da carne da imagem do corpo do animal vivo. Corpo esse que é parecido com o corpo humano em muitos aspectos. Isso pode ser um dos motivos pelos quais a rotatividade de emprego é grande entre os trabalhadores de frigoríficos.

Henry Ford desmembrou o significado do trabalho, introduzindo produtividade, mas tirando a sensação dos empregados de estarem sendo produtivos. Esses empregados, em vez de estarem sendo considerados como seres humanos integrais, são considerados por tarefa, função e especialidade.

E tudo o que se deseja dos funcionários em uma empresa é o lucro que se possa obter deles, assim como tudo que se deseja de um animal no matadouro é o lucro que se possa obter de sua carne. O que os funcionários pensam, sentem ou sofrem não é levado em conta, da mesma forma que o que os animais sentem e sofrem também não é considerado.

E a metáfora acaba ficando evidente quando as pessoas usam certas expressões para comunicar o quotidiano das relações entre empresa e empregados. O “corte de cabeças” é usado para designar a eliminação de postos de trabalho. A expressão “tirar o meu couro” é usada para explicar o trabalho desgastante. Outros preferem dizer “tirar o meu sangue”. Muitas pessoas reclamam: “o chefe está no meu pescoço”. Recrutadores são chamados de “headhunters”. As baías ou cubículos dos escritórios imitam as cocheiras das fazendas-fábricas de criação intensiva, onde os seres são privados de contacto entre si e com o mundo exterior. Até mesmo um jornal do sindicato dos bancários se chama “O Massacre”.

Upton Sinclair já havia percebido esses paralelos no início do século ao escrever “The Jungle” (A Selva), usando o matadouro para descrever o destino dos trabalhadores. Bertold Brecht também empregou a imagem do abate dos animais para caracterizar a desumanidade nas grandes empresas em sua peça “Saint Joan of the Stockyards” (Santa Joana dos Currais).

Assim, o ciclo se fecha e o matadouro se torna um símbolo da de-humanização dos trabalhadores. E essa de-humanização, por sua vez, é consequência de um sistema derivado de matadouros.

E no fundo disso tudo, está o vício pelo qual um ser humano encara todas as coisas - natureza, seres sensíveis como os animais e seres criativos e inteligentes como os humanos - como meros objectos para o seu abuso egocêntrico. [Baseado em “The Sexual Politics of Meat” de Carol J. Adams]

The Eternal Treblinka, do Charles Patterson que mostra como os campos de concentração foram pensados a partir dos matadouros de Chicago.....