Lisboa vai comprar 150 a 300 milhões de Dólares em petróleo a Caracas
A Galp Energia e a Petróleos da Venezuela assinaram hoje um acordo que prevê que Lisboa compre a Caracas entre 150 e 300 milhões de dólares em petróleo, em 2010, revelou o ministro da Economia português.
«Foi acordado, entre a Galp e a Pdvsa [Petróleos da Venezuela S.A.], o montante de aquisições de petróleo por Portugal à Venezuela para o ano de 2010. Essa definição anual faz parte de um convénio assinado há uns anos atrás. Os valores fixados oscilam entre dois a quatro carregamentos, dois a quatro barcos. Em termos de valores financeiros, isso significa que o valor será entre 150 e 300 milhões de dólares», disse Vieira da Silva.
O ministro falava à margem do encerramento da terceira reunião da Comissão Mista Bilateral de Acompanhamento dos acordos celebrados entre Portugal e a Venezuela, que teve lugar no Hotel Gran Meliá Caracas.
Vieira da Silva explicou que «um terço desse valor constitui um fundo bilateral que depois pode ser utilizado para pagar exportações de empresas portuguesas à Venezuela» e que «neste momento esse fundo tem perto de 140 milhões de dólares, que estão adstritos às exportações que foram negociadas ao longo dos últimos tempos e muitas delas finalizadas» durante a terceira reunião da comissão bilateral.
«O reforço deste fundo permitirá o desenvolvimento de novos negócios de empresas portuguesas na Venezuela, para além de outros negócios que, incluindo-se no âmbito deste convénio, não têm necessidade de ter acesso a esse fundo bilateral e, portanto, são pagos normalmente como qualquer actividade comercial», frisou o ministro.
Segundo Vieira da Silva, a cooperação entre os dois países tem sido «multi-sectorial, nasceu muito ligada ao sector alimentar e energético» mas com «uma penetração depois nas áreas de construção civil, energia, farmacêutica, para citar apenas algumas das mais importantes».
«Têm sido essas que se têm vindo a desenvolver, com relevo muito significativo e crescente para a área da energia, em que as autoridades da Venezuela têm um interesse muito claro na colaboração das empresas e no conhecimento português, nomeadamente na área das energias renováveis», realçou.
Por outro lado, sublinhou que estão também a trabalhar na área da gestão do sistema electro-produto, «quer no âmbito deste convénio com o fundo bilateral, quer duma forma mais global».
Vieira da Silva recordou que a Galp tem vários projectos em desenvolvimento no domínio do gás natural e a EDP no domínio da electricidade, sublinhando que se abriram «boas perspectivas para aprofundar esse trabalho».
«Será provavelmente esse o passo que nos levará ao reforço da cooperação para a quarta comissão de acompanhamento», disse.
Por outro lado, precisou que são «negociações entre dois Estados, que envolvem também muitas empresas».
«Houve um objectivo que marcou muito esta reunião, foi o de simplificar procedimentos. Em negócios entre países distantes e com sistemas integrados em espaços económicos muito diferentes, o sistema de pagamentos é muitas vezes um problema e houve aqui um trabalho conjunto no sentido de agilizar o sistema de pagamentos dessas exportações que são feitas no âmbito do acordo bilateral», explicou o ministro.
Vieira da Silva encontra-se de visita à Venezuela, onde nas próximas horas manterá contactos com a comunidade lusa local a fim de conhecer as suas preocupações.
Lusa