CDS estranha que PM tenha dito a Chávez que a economia portuguesa estagnou
O CDS-PP estranhou hoje que o primeiro-ministro tenha «confidenciado» ao presidente venezuelano, Hugo Chávez, que a economia portuguesa está estagnada, quando o Governo tem sublinhado publicamente que «os resultados são satisfatórios».
«Nesta rentrée, tem sido assumido pelo Governo português que a economia nacional está a conseguir reagir, está a ter resultados satisfatórios. Este é o discurso perante os portugueses», realçou o líder parlamentar dos democratas-cristãos, Diogo Feio, em declarações à Agência Lusa.
Por essa razão, Diogo Feio estranha a declaração de Hugo Chávez terça-feira à noite em Caracas, segundo a qual o primeiro-ministro José Sócrates lhe disse recentemente que a economia portuguesa «está estancada».
«Há pouco [tempo], estive em Portugal e que me comentava o nosso amigo, o primeiro-ministro (José) Sócrates? Que a economia portuguesa está estancada! Estancada? E nós estamos crescendo 7,1%, é um dos primeiros lugares [em crescimento] em todo o mundo«, afirmou Hugo Chávez, aludindo ao encontro que manteve com José Sócrates, quando visitou Portugal a 23 e 24 de Julho.
Para o líder parlamentar do CDS-PP, »não é aceitável que exista um discurso interno relativamente às questões económicas e que exista um outro para chefes de Estado estrangeiros«.
«Esperemos que este episódio seja uma lição no sentido do que deve ser o relacionamento com chefes políticos autoritários que não fazem da discrição o seu molde de intervenção», salientou.
«Mais importante para o CDS é saber qual o modelo de economia que pretende o Governo, qual a solução para a nossa economia não esteja estagnada«, questiona Diogo Feio.
O líder parlamentar democrata-cristão salienta, por outro lado, que os dados de conjuntura hoje revelados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) apontam para »uma situação preocupante«.
«A confiança dos portugueses, das empresas, não está nos seus melhores níveis, o Governo tem de dar soluções, mais do que fazer confidências ao sr. presidente Hugo Chávez», frisou.
A economia portuguesa voltou a apresentar sinais de abrandamento em Junho e Julho, com desacelerações dos indicadores de clima económico e de actividade, segundo o Instituto Nacional de Estatística.
A síntese económica de conjuntura mostra que o indicador de clima económico subiu 0,4 por cento em Julho, menos 0,3 pontos percentuais do que no mês anterior, com o segundo abrandamento consecutivo.
O indicador da actividade económica subiu 0,7 por cento em Junho, contra os 1,4 por cento de Maio.
O INE refere que estes dois indicadores se agravaram «significativamente».
Lusa