Caro balburdio, existe um grande senão (no meu ponto de vista) na sua avaliação de projectos de aeronaves de ataque fora dos USA e Europa. Excepto os produtos russos todos as restantes aeronaves são cópias de cópias ou tentativas de evolução de cópias de modelos já com bastante idade, o que leva a que esses produtos levantem grandes dúvidas sobre as suas capacidades efectivas de combate.
Por isso tirando os russos e os grippen suecos (mas que é produto europeu e que tem apresentado a todos mostras de provas tecnológicas) não vejo os outros países a terem grande sucesso ou aeronaves com grandes capacidades. A França que tem uma grande tradição aeronáutica tem tido imensa dificuldade de convencer possíveis compradores dos seus aviões. Por isso não estou a ver grandes alternativas com capacidades.
Eu realmente gostava que houvesse mais alternativas e concerteza que elas chegarão, principalmente, os russo começarem a pensar logo de raíz nos seus produtos para o mercado NATO.
nenhum dos projectos indicados é baseado em tecnologias velhas, quando muito os modelos japones e coreano são baseados na aerodinamica de aparelhos actuais, mas se considerarmos que nesse campo (aerodinamica) os avanços foram muito menores que noutros (materiais, propulsão, electronica, sistemas de armas) essa questão torna-se irrelevante.
os restantes modelos são projectos de raiz.
dificuldades? a razão já a indiquei. pressões americanas!
a frança não vende os seus aparelhos, superiores, diga-se de passagem, porque os EUA criam enormes pressões economicas e politicas para vender o seu equipamento.
não tenhamos qualquer tipo de ilusão, o F-16 é um aparelho dos anos 70, muito modernizado e recauchutado mas é quase tão antigo quanto um Mirage F-1, e já ninguém pega em mirage F-1 !!!
a dassault teve de fechar a linha de produção do mirage-2000 por falta de clientes, os EUA robavam sistematicamente todos os clientes.
isto será por o F-16 ser superior? não, quer o avião frances em sí quer as armas que utiliza são grosso modo melhores que os americanos, além disso a frança não coloca tantas restrições, não faz segredo dos códigos fonte dos radares e sistemas de controlo, nem impôe condições de utilização.
o problema é que os EUA intervem ao mais alto nível nos negocios de venda de armas. Uma nação que recuse a proposta americana acaba por ser prejudicada nas suas relações económicas e mesmo políticas com os EUA.
há varios exemplos, começando por marrocos em que os EUA associaram o auxilio humanitario ao sucesso negocial.
os eua possuem, uma capacidade logistica fenomenal, todo o apoio humanitario acaba por passar por eles, vendo bem as coisas, os bens em sí nada custam, mas o seu transporte e distribuição saem caros a quem não tiver a logistica americana.
basta recordarmo-nos que nos tempos do Live-Aid, 90% dos fundos recolhidos destinaram-se a despess logisticas (navios, camiões, aviões, helicópteros, viaturas TT, etc.)
Ora essa capacidade americana é uma arma negocial que o tio sam não tem pudor em utilizar amiúde!
a frança já foi bastante mais eficiente a vender os seus excelentes produtos nestes mercados, mas pouco pode fazer contra a voragem da maquina de vendas americana cujo primeiro vendedor é o proprio presidente dos eua.
Depois surje o factor politico-económico. muitas nações quiseram entrar na OTAN, o objectivo é claro, pertencer a uma organização de protecção mútua que lhes confira segurança e beneficiar ainda de apoios à aquisição de equipamento.
Surjem logo aqui 2 falácias sempre caladas por todos, os apoios não existem a nivel da organização, são canalizados por ela mas tem origem nos EUA que controlam o processo, logo ou compra F-16 ou não recebe apoios! A segunda falácia reside desde logo na adesão à OTAN. Os EUA tem a ultima palavra e a sua recusa é irrevogavel. Logo ou compra F-16 ou nem sequer entra para a OTAN.
O ano passado tive na Croacia, em Dubrovnic, num hotel onde decorria um encontro do NTG (nato training group). fiquei na altura a saber que a croacia tinha assinado o Partnership for Peace e que era um candidato à adesão.
fiquei tb a saber que a croacia pretendia ate então adquirir 12 caças gripen para substituir os seus mig-21 remanscentes, mas que entretanto já incluia o F-16 no leque de possibilidades. isto após varias visitas de altos dignitarios americanos ao pais.
depois destas visistas o pais adquiriu uma serie de material americano mas de pouca monta, a croacia ainda não é um pais da OTAN, pelo que sei isso deve-se a ainda não ter optado definitivamente pelo F-16.
os americanos chegaram a oferecer alguns F-16 para os pressionar, mesmo assim ainda não ha decisão.
Aparentemente a croacia não quer o F-16 que considera inferior aos modelos russos com que poderia ter de lidar, mas quer pertencer à OTAN, pelo que já tentou todo o tipo de compromissos, desde adquirir apenas 4 ou 6 F-16 para contentar os EUA, adquirindo posteriormente os gripen, contudo a recente oferta de 2 a 6 f-16 gratuitos por parte dos EUA esvaziou este argumento.
o tempo dirá se a croacia prefere pertencer à OTAN ou ter um caça competitivo.